sábado, 18 de julho de 2009

ECONOMIA AMERICANA - ENTREVISTA

Gosto muito de ler entrevistas, principalmente se o assunto é de meu interesse e se entrevistado e repórter são inteligentes. Direto do francês Le Monde, vamos ler juntos o que pensa hoje Timothy Geithner, o Secretário de Tesouro de BARACK OBAMA. Afinal, o peso da economia americana ainda faz tremer determinados mercados econômicos... Além do que, a entrevista é uma aula aula free de ECONOMIA para um bom início de um final de semana.

Le Monde: Qual é o seu maior temor para os próximos meses?

Timothy Geithner:Na verdade, estou mais otimista do que há três meses, e de certa forma acredito que estamos melhores do que poderíamos imaginar no início de 2009. A confiança na política adotada nos Estados Unidos e no mundo está trazendo resultados. O retorno do crescimento passa por se construir novas fundações do sistema. Nossa missão consiste em ir nessa direção. Com perseverança, tenho certeza de que conseguiremos consertar os estragos. Mas isso vai levar tempo, pois estamos atravessando uma recessão muito profunda.

Le Monde: Para quando o sr. prevê o retorno do crescimento?
Geithner: A maioria das previsões contam com uma melhora dos indicadores nos Estados Unidos a partir do quarto trimestre. Em outras partes do mundo, a situação é diferente, ainda que se observem sinais de estabilização. Mais uma vez, nós devemos essas melhoras à confiança instilada pelo G20 de Londres, em abril. É bem diferente da forma como o mundo lidou com a Grande Depressão. Nós soubemos adotar muito rapidamente uma estratégia coletiva. Isso é muito importante para restaurar a confiança.
Le Monde: No entanto, parece que os bancos retomaram seus maus hábitos, preparando-se para pagar bônus enormes. O setor bancário realmente aprendeu algo com a crise?
Geithner: Creio que uma de nossas principais missões consiste em implementar reformas que tornem o sistema mais estável e menos vulnerável. O presidente Obama tomou a decisão estratégica de agir rapidamente, ainda que a crise estivesse em sua fase crítica. Se tivéssemos esperado, teria sido mais difícil encontrar um consenso político. Sabe, é difícil fazer as pessoas mudarem. Devemos tentar fazê-las compreender que isso é necessário para conseguir mais estabilidade. O sistema financeiro americano, com seus empréstimos hipotecários, perverteu o conceito de inovação. Nós queremos criar um sistema mais estável antes que o mundo se esqueça dos erros recentes.
Le Monde: O déficit público americano acaba de ultrapassar a impressionante marca do US$ 1 trilhão (cerca de R$ 1,9 trilhão). Isso não pode prejudicar a confiança dos investidores quanto à capacidade dos Estados Unidos em pagar suas dívidas?
Geithner: Não, creio que não. O déficit é muito grande em razão da recessão e das políticas adotadas nos últimos anos. Mas, assim como outros países, incluindo a França, nós adotamos uma estratégia que consiste em sustentar a demanda para consertar o sistema financeiro e restabelecer o crescimento.
Le Monde: A estabilidade do dólar está ameaçada?
Geithner: O dólar tem um papel muito importante no sistema financeiro internacional, e acredito que ele vai continuar sendo a principal moeda de reserva. Mas reconheço que os EUA devem assumir suas responsabilidades. Não podemos simplesmente solucionar a crise e consertar o sistema financeiro. Mas devemos nos certificar de que ainda temos a capacidade de estabilizar o sistema monetário e financeiro internacional. É importante para os Estados Unidos e para o mundo, e tenho confiança de que conseguiremos.
Le Monde: Quais são seus objetivos para o próximo G20?
Geithner: Primeiramente, devemos nos certificar de que as políticas implementadas permitirão o retorno do crescimento. Em segundo lugar, devemos verificar se estamos fazendo progressos na reforma do sistema financeiro. Em terceiro lugar, devemos fazer o possível para provocar mudanças mais profundas nas instituições financeiras internacionais, garantir uma vigilância mais rígida e uma capacidade financeira mais forte. Nós não queremos, uma vez que vamos sair da crise, repetir determinados desequilíbrios que foram responsáveis por ela. Nosso modelo de crescimento deve ser mais equilibrado e mais estável. É preciso que os americanos poupem mais e que os outros países do mundo se orientem para um desenvolvimento mais provocado pela sua demanda interna. Isso seria saudável. Já estamos observando um grande aumento da taxa de poupança nos Estados Unidos. É bom para nós a longo prazo. Mas isso reflete uma realidade de base - a natureza do crescimento será mais equilibrada.
Le Monde: Essa propensão a poupar mais é uma mudança estrutural ou apenas uma consequência da recessão?
Geithner: É difícil saber. Tendo a pensar que para as famílias, trata-se de uma mudança duradoura de comportamento. Mas não sabemos quanto tempo isso vai durar.
Le Monde: Alguns acreditam que os europeus não têm feito o suficiente em matéria de estímulo. O sr. concorda com essa opinião?
Geithner: Eu nunca disse que os europeus não faziam o suficiente. Nós estamos enfrentando desafios, estruturas políticas e escalas diferentes. O importante é agirmos juntos, e nesse domínio, cada país fez a sua parte.
Le Monde: Algumas personalidades, como o vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, acreditam que seria necessário um segundo plano de estímulo para os Estados Unidos. O sr. concorda?
Geithner: Ainda não chegou a hora de tomar esse tipo de decisão. O plano atual foi baseado em dois anos. As medidas fiscais já produziram efeitos. Quanto aos grandes investimentos de infraestrutura, que terão um impacto sobre o emprego, esses se concentrarão no segundo semestre.
Le Monde: O Federal Reserve (Fed) decidiu comprar títulos públicos, o que significa financiar diretamente o déficit público. Ele não perdeu parte de sua independência?
Geithner: Não vejo as coisas dessa forma. O Fed faz o que é necessário e adequado em qualquer crise financeira. Nós temos um banco central independente, capaz de manter uma inflação estável a um nível baixo. É muito importante, e é por isso que apoiamos sua ação.

A DIFERENÇA ENTRE BRASIL E ESTADOS UNIDOS

O parágrafo abaixo bem que poderia ser tema na campanha eleitoral brasileira de 2010: é uma receita nota dez. Porém, pensando melhor, aqui neste BRASIL não temos tempo para isso. Eles irão é mesmo falar de assaltos aos cofres públicos etc etc etc.

Já em outro país, quase desenvolvido como o nosso, leiam o que diz um dos principais assessores econômicos do OBAMA, o economista Lawrence Summers "A economia americana reconstruída tem que ser mais orientada para a exportação e menos para o consumo; mais orientada para o meio ambiente e menos para a energia fóssil (menos petróleo); mais orientada para a biotecnologia e para o software e menos para a engenharia financeira; mais orientada para a classe média e menos para o crescimento da renda que favorece desproporcionalmente uma fatia muito pequena da população."

Que pena que o tempo aqui no BRASIL é gasto em pizza... Cada povo tem a opção política que escolhe. Então em 2010, vamos mudar para continuar igual?

sexta-feira, 17 de julho de 2009

EM FOCO: A THE ECONOMIST DESTA SEMANA

Mesmo com o dia tendo apenas 24 horas, chegamos na 300ª postagem.
OBRIGADO aos meus quase dois (milhões) leitores que, na medida do possível, acompanham este blog.
E neste especial post, comento a matéria de capa da THE ECONOMIST desta semana sobre o que deu errado na economia. E o elogio a NOURIEL ROUBINI, um dos poucos colegas que alertaram o mundo para esta atual crise.
E para fechar, uma capa como somente a THE ECONOMIST sabe publicar.

domingo, 12 de julho de 2009

EM FOCO: A THE ECONOMIST DESTA SEMANA

Este assunto eu tinha lido antes e não iria postar. Porém, com novas denúncias aparecendo temos mais é que divulgar. Na The Economist desta semana, uma matéria nada favorável ao Brasil e a nós, povo brasileiro, porém amplamente verdadeira. Em reportagem sobre o SENADO, o título da matéria resume quase tudo que assistimos diariamente: CASA DOS HORRORES.

O BRASIL E A CRISE EM SEU QUASE ANIVERSÁRIO

Dentro de poucos meses estaremos “comemorando” um ano de crise econômica. Nesse longo período muitos “profetas” desenharam um mundo negro, incluindo o Brasil globalizado nesse contexto. Considerando que DEUS é e continua sendo BRASILEIRO, conforme pesquisa publicada na revista EXAME "a soma das perdas das 500 maiores empresas do BRASIL em 2008 é MENOR que o prejuízo da FORD nos Estados Unidos no mesmo ano."

Com cada qual fazendo a sua parte, cabendo ao governo não atrapalhar o livre mercado, como escrevi em posts meses atrás, o fim do mundo não chegará ao BRASIL através dessa crise. O governo já tem muito problema em Brasília para resolver, verdadeiros marimbondos de fogo... Portanto, acompanhe o movimento do mercado, mas deixe o mesmo trabalhar. Afinal, alguém neste país precisa TRABALHAR e Brasília parece não ser a capital mundial do trabalho para muitos moradores...

POLÍTICA ECONÔMICA E ALGUNS FUROS

Um dos pilares da atual política macroeconômica é o rigoroso controle das contas públicas. O economista e professor da PUC-Rio Rogério Werneck, foi entrevistado no GLOBO e Miriam Leitão deu o devido destaque em seu blog ao assunto. Eis os pontos mais críticos na opinião do professor.

* Política fiscal anticíclica só pode ser feita com gastos reversíveis. E o governo está chamando de anticíclico o que é aumento dos gastos correntes como elevação do custo do funcionalismo. Quando a crise acabar, eles não poderão ser anulados.

* Na relação com os estados, o governo abriu “um guichê de favores”. Isso tem um claro objetivo político, sobre o qual o economista não falou, mas cada um pode concluir. Do ponto de vista fiscal, pode detonar um processo de “eu também quero” interminável.

* O governo está aceitando renegociar as dívidas dos estados.

* O aparelhamento do Banco do Brasil para forçar uma queda das taxas de juros bancárias. O BB, como todos sabem, quebrou durante a crise bancária e teve que ser capitalizado pelo dinheiro de todos nós. Rogério não falou na Caixa, mas ela também está indo pelo mesmo caminho.

* A proposta de que o Planalto volte a ter controle sobre a política monetária do Banco Central. A crítica de Rogério não está dirigida ao governo Lula, mas ao PSDB, que na sua confusa linha de oposição, consegue atacar até o que iniciou quando era governo. É uma proposta tosca.

Há ainda grandes riscos na Previdência. Um deles, da revisão dos poucos avanços recentes. A retirada do fator previdenciário está sendo negociada. Além do custo direto disso, ainda se formará um novo esqueleto pelas ações dos que se sentirem prejudicados pelo período de vigência do fator. Há ainda o risco de uma nova dívida de R$ 36 bi com a derrubada do veto presidencial a um reajuste equiparado ao mínimo de 2006. Poucos economistas têm falado sobre riscos fiscais. Os que estão no mercado financeiro já encurtaram seu olhar. Limitam-se a olhar a relação dívida pública líquida como percentual do PIB e pensar: ela caiu para 35%, teve uma subida agora para 40%, mas voltará a cair no futuro. Não é problema, dizem. Estão enganados.

A dívida mais cara é a interna, e ela subiu de 40% do PIB para 60% do PIB no período do governo Lula em que a arrecadação mais subiu. Neste momento em que os juros estão caindo, há um bônus, que é a queda do custo dessa dívida. Isso é uma oportunidade, lembrou Rogério, que está sendo desperdiçada.

O professor apontou também outro ponto crônico: o fato de que o governo não consegue investir. “Há muito tempo a economia brasileira vem lidando com séria atrofia do investimento público”. Quem apenas aprecia a cena brasileira, pode achar que é exagero, já que aí está o PAC aumentando o investimento. É engano.

Este blog considera o assunto muito sério e deve ser debatido amplamente HOJE, mas principalmente durante a CAMPANHA ELEITORAL DE 2010.

CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA

Estão abertas as inscrições para o XVIII Congresso Brasileiro de Economia (CBE) - evento promovido pelo COFECON a cada dois anos, desta vez em parceria com o CORECON-SP.

O encontro terá lugar na capital paulista, no Anhembi Parque (Av. Olavo Fontoura, 1.209), de 16 a 18 de setembro. As inscrições podem ser feitas no site oficial do CBE (www.cbe2009.com.br) e estão abertas até o próprio evento.

CAPITALISMO E IGREJA - HOJE

Semana passada o Papa BENTO XVI divulgou sua primeira encíclica sobre o mundo da economia e do trabalho. Em sua “Caritas in Veritate – A verdadeira Caridade”, uma surpresa: o Papa não demoniza o sistema capitalista. Ao contrário de João Paulo II, o Papa reconhece o papel do lucro como motor da economia e os méritos do capitalismo globalizado. Para o teólogo Mário de França Miranda, da PUC RJ “a encíclica deixa claro que não há solução, hoje, fora do CAPITALISMO.”

Que os teólogos pré-capitalistas revejam seus conceitos e os anjos digam AMÉM.

sábado, 11 de julho de 2009

REVISTA NOVA NO MERCADO - O PRAZER DA LEITURA

Existe no Brasil uma revista denominada DICTA & CONTRADICTA que está em sua edição nº 3. A revista reúne artigos e resenhas de intelectuais brasileiros e estrangeiros sobre os grandes temas da cultura ocidental: a ética, a filosofia, a literatura e as artes, sob uma perspectiva de longo prazo, desvinculada da política partidária e com uma vocação, na medida do possível, universal.

Com isso, a revista – com uma mentalidade acadêmica, mas sem academicismos – procura atender a uma demanda do mercado por textos de maior transcendência e profundidade.

Altamente recomendável nestes tempos de tanta vulgaridade a solta.

E O PIB EM 2009? VAMOS APOSTAR HOJE?

Nada contra bingos, jogo do bicho, apostas em cavalos, rifas, cartas e baralhos, planos de capitalização com sorteios etc etc etc, mas não gosto do imprevisível ou, digamos, do Cisne Negro. Porém, apostei sexta-feira passada com o Controller da nossa empresa que o PIB brasileiro de 2009 fechará no vermelho ou em até 0,9% positivo, enquanto ele apostou num crescimento entre 1 a 1,5%.
A conferir em 2010, junto com os nossos candidatos(as) a Presidente...

FHC E OS 15 ANOS DO PLANO REAL

Somente quem viveu e conviveu com hiperinflação reconhece os méritos do PLANO REAL e como não devemos acordar o dragão da inflação. Ele não morreu. Está apenas dormindo um sono profundo, mas que pode acordar dependendo de um grito ou de um gasto desnecessário. Para comemorar estes 15 anos de REAL, nada como um texto do nosso Fernando Henrique Cardoso, o próprio FHC, direto do jornal O Estado de São Paulo. A visão de FHC é correta: precisamos ver além de hoje.
O pós-Real

Fernando Henrique Cardoso

Por mais que o governo atual se tenha omitido em rememorar os 15 anos do Real e que o temor da inflação esteja distante do cotidiano das pessoas, muita gente escreveu nas páginas econômicas dos jornais sobre o significado do controle da inflação desde os "longínquos" tempos de 1994. Não cabe, portanto, voltar ao tema.

Desejo chamar a atenção para conquistas que ainda não fizemos ou para as que não me parecem asseguradas. Os progressos na construção de um país mais estável e melhor - depois do cataclismo inflacionário do final dos anos 70 ao início dos 90 - começaram antes de 1994. A organização do Tesouro Nacional, o fim do orçamento monetário, a abertura comercial, a renegociação da dívida externa em outubro de 1993 e o início da renegociação das dívidas dos Estados e municípios foram passos prévios indispensáveis à estabilização. Da mesma forma como foi importante o saneamento financeiro que levou ao fechamento de cerca de cem bancos sob as regras do Proer e do Proes, na época tão vilipendiados por setores da esquerda e da direita que tinham olhares antiquados. A redemocratização do Brasil deu o marco de referência no qual esses processos ocorreram. As modificações foram feitas às claras, com muita luta no Congresso e nos tribunais, sem "tapetão".
Até que ponto a estabilidade está garantida? Depende: se o tripé da política econômica (metas de inflação, câmbio flutuante e Lei de Responsabilidade Fiscal) for mantido e levado adiante com consistência, pouco haverá a temer. Mas isso ocorrerá? Pelo que se vê nos últimos meses, há riscos: gastos crescentes, sobretudo onerando a folha de pagamentos, com arrecadação cadente, são sinais inquietantes. Eles não são inquietantes em si mesmos, pois bem poderiam ser justificados, como quer o governo, pelo momento difícil da economia. Então, por que a dúvida?
A dúvida decorre da falta de modificações comportamentais, que não dependem só do governo, mas para as quais a ação pública tem efeito catalisador. Voltou a se instaurar no Brasil um certo desdém quanto à gravidade de "pequenos" desvios que, pouco a pouco, podem tornar-se uma avalanche. Isso não ocorre só na economia. Nela, a aceitação pela opinião pública de um "pequeno" aumento dos gastos com pessoal, por exemplo, embora postergável, apoia-se na ideia de que "é preciso dar emprego", ou de que "sem um governo com mais funcionários como atender às necessidades sociais do País?" Em si, os comentários seriam justificáveis. Porém a reiteração de práticas fiscais menos rigorosas, e não só no caso de pessoal, mas também de facilidades na concessão de subsídios a empresas, debilita a higidez de um sistema público que nunca foi muito controlado.
Dito assim, de forma quase banal, pode parecer que faço tempestade em copo d?água. Por trás dos exemplos triviais, entretanto, está a verdadeira preocupação: a paralisia do espírito reformista, a leniência com a corrupção, a inversão na relação entre "baixo" e "alto" clero no Congresso - ou mesmo a sua identidade em práticas condenáveis - estão a indicar que a velha cultura corporativista-clientelista está estrangulando o impulso de modernização que se fez sentir com mais força a partir da implantação do Real. Hoje prevalece uma política de concessões continuadas, que agrada aos beneficiários, sejam eles pobres ou ricos, sendo facilmente assimilada e aplaudida. Temo que o pós-Real, tal como está sendo vivido, encubra uma volta ao passado, em vez de ser um passo adiante na modernização do País.
Mesmo noutro aspecto, crucial para a consolidação dos ganhos do Real, o da política de desenvolvimento econômico, há sinais inquietantes. Sempre foi aspiração nacional ver o crescimento sustentável da economia. Posso dizer o quanto me decepcionaram os efeitos negativos das crises financeiras internacionais sobre as taxas de crescimento. O mesmo ocorre agora com o presidente Lula, que lastima a queda dos 5% de crescimento do ano passado para o ponto quase zero de 2009. Mas isso é efeito de ciclos e conjunturas. O que independe deles é o "estilo de desenvolvimento". Quando se acrescenta o adjetivo sustentável, não se quer dizer apenas que tenha continuidade no tempo, pois os ciclos continuarão a ocorrer e a afetar as taxas de crescimento. Quer dizer, isso sim, que não seja predatório dos recursos não-renováveis nem do meio ambiente em geral.
Ora, em matéria de crescimento econômico, estamos assistindo no pós-Real a uma volta ao passado. O espírito dos anos 70, do "milagre econômico" dos governos militares, voltou à cena: um "desenvolvimentismo produtivista", que não busca a compatibilidade entre crescimento econômico e a geração de novas formas de energia, muito menos de restrição às emissões de gases-estufa. Quase voltamos ao "bendita poluição" dos anos 70, que significava mais fábricas e menos miséria. Se na época essa visão já não se justificava, menos ainda hoje.
Essa captura do novo pelo velho, esse renascer no Brasil de uma cultura do desperdício, do patrimonialismo e da ocupação predatória do território vêm juntos com a neutralização de forças renovadoras, agora cooptadas. É o caso do próprio PT, que trocou a luta contra os resquícios do Estado Novo na legislação sindical e a bandeira da ética na política pelo que há de mais arcaico em nossas práticas políticas. Daí que falar de "reformas" passou a ser politicamente incorreto; e crescer a qualquer preço, prova do sucesso.
Não quero ser pessimista, menos ainda em época de celebração. Mas, como alertava o conselheiro Acácio, as consequências vêm sempre depois. Temo, reitero, que o pós-Real esteja sendo vivido como se, assegurada a estabilização, bastasse "pau na máquina" e o futuro do País estaria garantido. Entretanto, há muita construção ainda a ser feita e boa parte dela diz respeito às instituições e ao comportamento. Quando se trata de mudança cultural, se pelo menos não engatinhamos, retrocedemos. O ideal seria avançar muito mais.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

DIRETO DA FONTE - FMI E SUAS PROJEÇÕES

The global economy is beginning to pull out of a recession unprecedented in the post–World War II era, but stabilization is uneven and the recovery is expected to be sluggish, according to the IMF’s latest forecast.
Economic growth during 2009-10 is now projected to be about ½ percentage points higher than forecast by the IMF in April, reaching 2.5 percent in 2010, according to the World Economic Outlook Update, published on July 8. Among the major economies, growth rates have been marked up mainly for the United States and Japan.
The good news is that the forces pulling the economy down are decreasing in intensity,” IMF Chief Economist Olivier Blanchard told a July 8 press briefing. “The bad news is that the forces pulling the economy up are still weak. The balance is slowly shifting, and this leads us to predict that, while the world economy is still in recession, the recovery is coming. But it is likely to be a weak recovery,” Blanchard said.
The IMF also released a separate update to its Global Financial Stability Repor t(GFSR). Financial conditions have improved, as forceful policy intervention has reduced the risk of systemic collapse and expectations of economic recovery have risen. “The unprecedented policy response in both the financial and macroeconomic domains has reduced the risk of systemic collapse and begun to restore market confidence,” José Vinãls, Director of the IMF’s Monetary and Capital Markets Department told the briefing. But many vulnerabilities remain and complacency must be avoided.
Direto da página do FMI, o início de seu documento divulgado nesta data com as previsões para a economia mundial. Segundo ELES, em 2009 o Brasil terá uma queda de 1,3% no seu PIB e, para 2010, um aumento de 2,5%. Isso é quase igual ao previsto para a economia global: queda de 1,4% em 2009 e aumento de 2,5% em 2010. Como sempre, a confirmar. Afinal, PREVISÕES SÃO PREVISÕES. E nada mais.

UMA PAUSA NA ECONOMIA COM FOTOGRAFIA.

Este blog é fã da página http://antonioguerreiro1.blogspot.com/, onde encontramos o melhor da fotografia da personalidade brasileira. Seja de ontem ou de agora. Celebridades de verdade. E hoje, por também ser fã do trio acima, não pode deixar de publicar essa bela imagem do que temos de melhor na MPB.

domingo, 5 de julho de 2009

PREVISÕES ECONÔMICAS - 2009/2010

Este post eu li na página da Míriam Leitão http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2009/06/29/mercado-preve-queda-menor-do-pib-em-2009-de-0-5-200002.asp e como sou muito fã de previsão econômica, vamos torcer para que essa NÃO se confirme. Afinal, como diria Winston Churchill, "A arte da PREVISÃO consiste em antecipar o que acontecerá DEPOIS e DEPOIS explicar o porque não aconteceu." A confirmar em 2010...

Mercado prevê queda menor do PIB em 2009, de 0,5%

O mercado financeiro ajustou, mais uma vez, sua previsão para o desempenho da economia neste ano. Instituições consultadas pelo relatório Focus, do Banco Central (BC), passaram a prever uma queda de 0,50% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2009, ante uma previsão de queda de 0,57% da semana anterior.

Há quatro semanas, o mercado chegou a prever uma contração da economia em 0,73% neste ano. A revisão do PIB, para um tombo um pouco menor, ocorreu apesar de um novo ajuste na previsão da produção industrial. A queda passou para 5,04%, ante um declínio de 4,75% previsto na semana passada.

O mercado manteve a previsão para a inflação oficial neste ano, em 4,4%, mas elevou a projeção para 2010: de 4,3% para 4,32%. Nos dois casos, a inflação segue abaixo do centro da meta do governo de 4,5% para ambos os anos.

A estimativa para a taxa Selic no fim deste ano permaneceu em 8,75%. Para 2010, foi mantida em 9,25%. O cenário para o câmbio permaneceu em R$ 2 tanto para o fim deste ano e quanto para o do próximo.

SORRIA COM ECONOMIA E POLÍTICA.

É muito próxima a linha que separa a ECONOMIA da POLÍTICA. Tanto é verdade que temos até uma área denominada de ECONOMIA POLÍTICA.
Direto lá do meu Ceará, no nosso DIÁRIO DO NORDESTE, Mestre SINFRÔNIO destaca neste domingo de férias, a imagem da semana e cujo resultado pode alterar tanto a ECONOMIA como a POLÍTICA.

PENSAMENTOS AO ALCANCE DE TODOS

Duas frases para este domingo de sol, férias para muitos e trabalho para alguns:
"Quem viu viu, quem não viu soube, e quem nunca viu nem soube vai morrer sem ter visto e sem saber."

Esta é do historiador e filósofo escocês Thomas Carlyle: "A história do mundo não é nada mais do que a biografia de grandes homens", dizia ele em sua inabalável admiração por heróis, fossem reis, políticos, militares, poetas ou santos.

DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL

Direto da Folha de S. Paulo deste domingo, mais um artigo sobre os 15 anos do PLANO REAL, agora escrito por RUBENS RICÚPERO, Ex-Ministro da Fazenda do Presidente Itamar Franco. Como tudo na vida existe o fato e a versão. Plural e democrático, este blog prefere ficar conhecendo os dois lados da moeda, o REAL, de preferência a versão e o fato REAL.
O dia mais dramático foi a véspera da introdução do Real. Quinze anos depois, fora do país, relembro a tensão daquelas horas. Os artífices do plano corriam contra o relógio a fim de completar a complexa medida provisória para o "Diário Oficial" daquela noite. Enquanto isso, gente poderosa dentro e fora do governo montava ofensiva para desfigurar tudo o que vinha sendo construído.
Chegamos a milímetros da catástrofe. Não fosse o apoio do presidente Itamar Franco, o destino do Real e do Brasil teria sido outro. Como nada transpirou do perigo, a impressão que ficou foi a do desdobramento de um plano automático, o deslizar das águas de um rio tranquilo. Quem viveu aquelas horas de angústia sabe que não foi bem assim. Mais de uma vez, teria bastado uma decisão infeliz para pôr tudo a perder.
A contagem regressiva começara em abril quando sucedi Fernando Henrique Cardoso. Logo descobri que não havia data prevista para o lançamento da moeda. Nem existia consenso sobre o tempo necessário para fazê-lo com segurança. Achavam alguns que se precisaria ao menos de um ano para criar as condições indispensáveis.
Como não se podia esperar tanto, fixou-se a data para a sexta-feira de 1º de julho, três meses depois, o mínimo prazo possível. O tempo foi usado para fornecer à população informação abundante e honesta sobre a moeda e as condições para conquistar a estabilidade perdida havia mais de uma geração.
No dia D as pessoas estavam prontas e sentia-se no ar a excitação alegre dos domingos de eleição. O lançamento simbólico ocorreu na agência da Caixa no Planalto, quando o presidente, acompanhado por este criado, trocou algum dinheiro antigo pelo novo. De lá saí para percorrer agências bancárias e em toda parte encontrei alegria e esperança. Quando me disseram que em todo o país a troca de moeda se fazia de modo ordeiro e sem pânico, não sendo preciso abrir os bancos no domingo, senti que a moeda tinha pegado e a batalha estava ganha.
Quis contar essa história para exprimir o que, ao longo de todo esse tempo, sempre foi minha convicção: o Real deu certo porque a estabilidade era o desejo profundo do povo brasileiro. Perdera-se a memória de preços estáveis, mas, sem saber como, as pessoas queriam voltar ao normal.
O presidente Itamar acreditou que era possível e persistiu no esforço até encontrar em FHC e seus colaboradores os atores capazes de converter o sonho em realidade. Mesmo setores políticos retardatários como o PT acabaram por mudar porque não podiam se isolar do povo. O presidente Lula teve o mérito de ser o agente da mudança do seu partido e consolidou no governo a estabilidade ameaçada, aproveitando condições mais propícias para expandir e melhorar o consumo de massas.
Com isso, chegamos ao amadurecimento que invejávamos no Chile: hoje nenhum setor importante questiona a estabilidade como patamar a partir do qual deve ser edificado um projeto nacional de prosperidade e justiça.
Obra coletiva de três presidentes, de vários ministros, de presidentes do Banco Central e de economistas competentes, o Real deixou de ser fator de divisão. Não é propriedade nem bandeira de ninguém porque representa uma conquista que pertence a todo o povo brasileiro. No momento em que a corrupção substituiu a hiperinflação como ameaça mortal, sirva o exemplo para crermos que, se quisermos, também esse câncer poderá ser extirpado.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

15 ANOS DO PLANO REAL - E QUE VENHAM MAIS 15

Ontem, por motivos alheios à minha vontade, fiquei sem acesso a internet. No entanto, a mente estava nas comemorações pelos 15 anos de PLANO REAL. Para quem já viveu num país com hiperinflação e hoje se orgulha dos índices mensais menores que 1%, NUNCA irá defender uma ECONOMIA COM INFLAÇÃO. Por isso, dedico ao Presidente FHC e a sua brilhante equipe, um AGRADECIMENTO especial por chegarmos a 2009 com um sentido econômico de país civilizado.
Por favor, esqueçam Sarney, seu bigode e seus marimbondos de fogo. Esqueçam tudo de ruim que este país não merece e vamos manter severa vigilância numa turma de colegas (alguns no governo) que, por incrível que pareça, acalentam o sonho de um país crescer com inflação. Eu realmente não consigo entendê-los.
INFLAÇÃO NUNCA MAIS. DESENVOLVIMENTO SIM.
Direto da EXAME, uma avaliaçao da situação de 2009 em relação a 1994 pelo nosso estimado Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República (1995-2002) e ex-ministro da Fazenda (1993-1994): Não há comparação entre o Brasil de hoje e o Brasil há 15 anos. Além de uma doença econômica, a hiperinflação foi um flagelo social e uma ameaça política. Aumentava a pobreza, concentrava a renda, impedia o país de se desenvolver e colocava em risco a democracia recém- conquistada. Nenhum dos avanços obtidos nesses 15 anos teria sido possível se a inflação não tivesse sido derrotada.

O plano deu certo porque resistimos à tentação populista de aplicar mais um choque econômico. Acreditávamos que a sociedade entenderia a sua lógica e que voluntariamente daria seu apoio à nova moeda, sem que o governo tivesse de reescrever contratos e congelar preços.

Demos dois passos em um só: derrotamos a inflação e mostramos que o Brasil estava maduro para um novo modo de relação entre o governo e a sociedade, entre o estado e o mercado. Hoje a herança do Plano Real está incorporada ao patrimônio do país. A necessidade de novas reformas, porém, está aí a desafiar os governos a não se acomodar com a realidade presente.
E outra avaliação do nosso colega e mestre Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central (1997-1999): Reduzir a inflação acumulada em 12 meses para patamares inferiores a 10% foi fundamental para que nós pudéssemos promover a desvalorização da moeda em 1999. Nós cumprimos a primeira etapa de uma grande missão ao controlar a inflação e iniciamos reformas importantes para assentar a economia. Entre elas, estão as privatizações, a reforma previdenciária, a renegociação de dívidas com os Estados, a reorganização do sistema bancário e a implantação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
A agenda do crescimento é um prolongamento natural da agenda da estabilização e isso eu dizia desde 1995. As reformas a serem feitas não podem se restringir apenas ao equilíbrio fiscal, mas abranger as empresas de forma a ampliar a formação bruta do capital fixo do setor privado via redução das taxas de juros e pela não absorção total dos recursos da poupança pelo setor público.
Como foi um trabalho em equipe, não poderíamos esquecer dos colaboradores: Pedro Parente, ex-ministro-chefe da Casa Civil (1999-2002) e ex-ministro do Planejamento (1999): O Real representa avanços importantes tanto do ponto de vista macroeconômico - com o novo regime de metas da inflação - quanto institucional - uma vez que o governo Lula manteve a política econômica da administração anterior.

O que ainda não foi feito e é responsabilidade de todos os governos foram reformas mais profundas tanto do ponto de vista tributário quanto trabalhista e previdenciário no sentido de reduzir impostos que embutem custos muito altos, principalmente para as empresas. Outro ponto a ser aprimorado é a estrutura dos gastos públicos, que já era ruim e piorou muito diante do aumento de despesas com pessoal.

e Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central (1995-1997): O Plano Real foi uma medida transformadora e de avanço para a economia brasileira no sentido de acabar com a inflação elevada e crônica, mas não esgota o que deve ser feito para garantir um crescimento sustentado com uma melhor distribuição de renda e diminuição da pobreza.

Muitas das coisas positivas que vivemos agora foram viabilizadas lá atrás com a implantação do Plano Real. Entre elas estão o retorno do crédito de longo prazo e os juros na casa de um dígito. Uma das condições para que os agentes econômicos invistam em um mercado é a confiabilidade e isso não é construído da noite para o dia.

Outro fator importante que contribuiu muito para esse processo foi a alternância de poder sem perda da qualidade na política econômica. No entanto, apesar de todos os avanços, não dá para parar e dizer que a obra está completa. Parafraseando o velho ditado: o preço da estabilidade é a eterna vigilância.
Essa eu tenho que repetir:
O PREÇO DA ESTABILIDADE É A ETERNA VIGILÂNCIA.
Nota:
Espero que o meu nobre, fiel e inteligente leitor PEDRELIANO goste deste post.

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