quinta-feira, 19 de novembro de 2009

DOIS GIGANTES - UM G2?

Nesta semana Barack Obama está pela Ásia, mas já alertou que a economia dos Estados Unidos poderá caminhar para uma "recessão de duplo mergulho" se não forem tomadas medidas urgentes para conter os níveis crescentes da dívida pública norte-americana. Dias atrás recebemos os números da economia americana demonstrando que o país havia emergido da recessão, no terceiro trimestre.

No entanto, Obama advertiu que a recuperação econômica pode ser curta se os EUA não retomar o caminho da retidão fiscal. Pensando nisso recordei dos dados abaixo e, apesar de não acreditar numa SUPER CHINA, mas sim numa recuperação extraordinária dos Estados Unidos, não há como não ficar de olho em números tão grandes:

  • US$ 337,8 bilhões foi quanto a CHINA exportou em 2008 para os EUA.
  • US$ 69,7 bilhões foi quanto os EUA vendertam à China. US$ 268,1 bilhões foi o déficit para o lado americano.
  • US$ 1,4 TRILHÃO é quanto a CHINA possui em moedas e títulos do Tesouro americano, ou seja, algo como TODO O PIB DO BRASIL.
  • 19% das exportações chinesas vão para os EUA.
  • Existem 7.000 empresas americanas na China.
  • A CHINA será, em 2010, a segunda maior economia do mundo.

A primeira continua sendo a de sempre.... Até quando?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ATÉ ONDE O DÓLAR VAI CHEGAR?

Ainda o dólar. Segundo a Folha de S. Paulo, o REAL foi a moeda que mais subiu neste ano em relação ao dólar. Mesmo assim, o real permanece desvalorizado em 7,2% na comparação com a divisa dos EUA, segundo estudo do Bank of America que leva em conta dados como exportações e taxa de poupança.
Segundo Benoit Anne, do departamento de moedas estrangeiras de emergentes, em dois ou três anos, o dólar deverá valer R$ 1,60 (hoje está cotado a R$ 1,71). A divisa brasileira acumula alta de cerca de 30% neste ano em relação ao dólar. "Em termos nominais, o real ainda está subvalorizado", disse Anne. "Nós achamos que o real deve se apreciar no longo prazo, baseado em nosso modelo”.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

ENTREVISTA - FHC

De Fernando Henrique Cardoso em entrevista hoje ao EL PAÍS:
"La economía va bien; las instituciones, no tanto".

domingo, 15 de novembro de 2009

MURO DE BERLIM = 1961/1989

Reconheço que hoje este blog está mais político do que econômico, apesar da mistura economia e política estar no cerne da nossa existência. Com atraso, devido a uma curta viagem que fiz semana passada, deixei de comentar sobre os 20 anos da derrubada do Muro de Berlim, mais exatamente em 9 de novembro de 1989. Porém hoje registro este impactante momento histórico, sem esquecer do célebre discurso no Portão de Brandemburgo em comemoração ao 750º aniversário de Berlim em 12 de junho de 1987, quando Ronald Reagan desafiou Mikhail Gorbachev, então Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética, para derrubar o muro como um símbolo de crescente liberdade no Bloco de Leste: Damos as boas-vindas à mudança e à abertura, pois acreditamos que a liberdade e segurança caminham juntos, que o progresso da liberdade humana só pode reforçar a causa da paz no mundo. Há um sinal de que os soviéticos podem fazer que seria inconfundível, que faria avançar dramaticamente a causa da liberdade e da paz. Secretário Geral Gorbachev, se você procura a paz, se você procura prosperidade para a União Soviética e a Europa Oriental, se você procurar a liberalização, venha aqui para este portão. Sr. Gorbachev, abra o portão. Sr. Gorbachev, derrube esse muro.

Ao final, mais uma vez, caiu o comunismo e venceu o capitalismo.

POR QUE DILMA SERÁ A NOVA PRESIDENTE, SEGUNDO CARLOS PIO.

Carlos Pio, professor de Economia Política Internacional da Universidade de Brasília (licenciado), atualmente pesquisador visitante da Universidade de Oxford, Inglaterra, foi meu professor quando da minha especialização em Relações Internacionais pela UnB. Recentemente ele publicou no ESTADÃO o provocativo artigo abaixo, com ampla divulgação em outros blogs. Como recebi o artigo através da nossa comunidade de Economia Política, divulgo integralmente o texto para conhecimento dos meus quase dois fiéis leitores, evidentemente deixando claro, como já escrevi ao grupo, que AINDA temos muita coisa a fazer até 2010. De qualquer maneira, é muito importante o alerta do CARLOS PIO.

Daqui a exatos 12 meses os brasileiros vão escolher o seu novo presidente. Poucos analistas parecem ter dúvidas de que teremos segundo turno e de que este será disputado pela candidata do presidente Lula, a ministra Dilma Rousseff, e por um dos candidatos do principal partido da oposição, provavelmente o governador José Serra. Mas quase ninguém arrisca um prognóstico sobre o pleito, cautela essa provocada pelo que parece ser uma disputa apertada entre dois candidatos "sem graça", tecnocratas de cabeça e coração. Eu vou arriscar: Dilma ganha de Serra (ou Aécio Neves) no segundo turno, com folgada margem. Vou explicar por quê.

Para começo de conversa, é fundamental enfatizar como o processo de seleção dos candidatos presidenciais afeta o desenlace da campanha. No nosso caso, demonstra o quanto a democracia brasileira ainda é dominada por indivíduos que estão no topo das organizações partidárias (e não por regras institucionalizadas). Em si mesmo, esse fato limita um verdadeiro debate de ideias sobre os problemas nacionais e sobre as diferentes alternativas existentes para resolvê-los. Dilma foi escolhida por uma única pessoa - o presidente Lula -, possivelmente após ouvir a opinião de alguns de seus conselheiros mais próximos. Serra será (ou não!) candidato a partir de uma decisão individual sua, à qual os dois partidos que o apoiam (PSDB e DEM) acederão sem maiores questionamentos. Se ele preferir não se candidatar a presidente, como em 2006, Aécio assumirá o posto também por decisão individual - mesmo que sob forte pressão dos aliados. Nesse processo terão sido ouvidas, talvez, quatro ou cinco outras pessoas. Ciro Gomes e Marina Silva se autodeclararam candidatos e suas legendas aceitaram - esta última tendo, por sinal, saído do PT com esse propósito.

Em suma, em todos os "partidos" a escolha do candidato a presidente se dará de forma não institucionalizada e, por conseguinte, sem debate público sobre as diferenças entre os eventuais postulantes no que diz respeito aos diagnósticos de nossos principais problemas e ao conteúdo das soluções que virão a propor. O eleitor também não saberá de antemão a diferença entre os candidatos no que concerne à governabilidade - isto é, como o eleito articulará sua base de apoio congressual e seu Ministério para viabilizar as ações do governo. Assim, a decisão do eleitor será tomada sob forte névoa de incerteza.

Sem debate público interno aos partidos, sem processo institucionalizado de escolha dos seus respectivos candidatos e sem um mínimo de clareza sobre a montagem futura das alianças políticas necessárias para governar, as eleições tendem a assumir um caráter ainda mais plebiscitário do que normalmente ocorre em regimes presidencialistas. Plebiscitário aqui assume o sentido de julgamento dos méritos do atual governo, desconsiderando a oposição. Destituí-lo, pela rejeição à candidata do presidente, representa incorrer em grau ainda mais acentuado de incerteza e insegurança para todo eleitor que tem algo de substancial a perder com a vitória da oposição - uma Bolsa-Família, uma tarifa de importação elevada, um subsídio tributário, uma vaga em universidade federal ou bolsa do governo federal, um emprego em empresa estatal ou de capital misto.

Um plebiscito sobre a renovação do mandato do grupo político do presidente será decidido em função do apoio do eleitor mediano (aquele que separa a distribuição dos votos de todo o eleitorado entre 50% + 1 e 50% - 1) à seguinte questão: "Você concorda que as coisas estão claramente melhores hoje do que no passado recente?" Esse foi o sentimento que marcou claramente as eleições de 1994, 1998 e 2006, todas vencidas pelos governos da ocasião. E parece-me razoável supor que tal sentimento é característico de períodos em que 1) a inflação está sob controle, 2) o governo tem capacidade de manejar os instrumentos de política necessários para dar um mínimo de segurança e estabilidade diante de um contexto externo instável e ameaçador, 3) há perspectiva de crescimento econômico e de queda do desemprego, 4) o gasto público e as políticas sociais focalizadas nos mais pobres estão em expansão. É isso o que vivemos hoje, não?

Pois bem, em tal conjuntura tão favorável ao governo o melhor que a oposição oferece é dar seguimento às políticas correntes e prometer mais eficiência administrativa e menos corrupção! É pouco, muito pouco! A oposição precisa ter propostas novas e capacidade para convencer o eleitorado de que elas são necessárias, viáveis e urgentes. Mas como fazer isso sem debate intrapartidário aberto e institucionalizado, assentado na diferença de diagnósticos e soluções? E como "testar", antes do pleito, o potencial eleitoral das ideias e os riscos embutidos nas novidades sem realizar prévias?

Afinal, alguém aí sabe o que Serra e Aécio pensam sobre os problemas nacionais? Alguém acha que algum deles ousaria propor mudança de rumos em relação ao que Lula vem fazendo? O que eles farão em relação a Bolsa-Família, câmbio com viés de apreciação, Mercosul paralisado, protecionismo comercial excessivo, política industrial e tecnológica concentradora de renda, educação de mal a pior, malha de transportes precária, regulação arcaica do setor de energia, infraestrutura em frangalhos e política externa terceiro-mundista? Algum deles propõe privatizar o que ainda está nas mãos do governo federal? Algum deles propõe que o Mercosul feche um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos ou a China, como fizeram México e Chile?

Sem que as diferenças sejam explicitadas o eleitor mediano não aceitará correr o risco de votar na oposição.

E o tempo para esse debate já terminou!

BRASIL - INFRAESTRUTURA ZERO

Domingo passado, neste horário, eu fiz uma conexão de horas no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antonio Carlos Jobim (grande até no nome) e, num ambiente completamente lotado de viajantes, notadamente turistas estrangeiros, o sistema de ar-condicionado não funcionava. Pesquisando no local, soubemos que estava desligado há mais de uma semana.
Pobre de um país que deseja sediar Copas e Olimpíadas, e não consegue deixar em funcionamento um simples sistema de refrigeração de UM aeroporto.
E olhem que não falei do apagão...

PROJEÇÕES 2009/2010 BRASIL

Segundo estudos do Itaú Unibanco, a economia brasileira registrará crescimento - PIB ZERO em 2009 e 5,5% em 2010 - ano eleitoral. A inflação (IPCA) prevista de 4,3% para 2009 cairá um pouco em 2010 para 4,1% e os juros (taxa Selic), dos atuais 8,75% em 2009, chegará a 10,2% em 2010.
A conferir, mas essas projeções estão na média do mercado e do próprio governo.

ECONOMIA AMERICANA AINDA EM RISCO? FALA ROUBINI.

NOURIEL ROUBINI, hoje na FOLHA DE S. PAULO, registra a sua preocupação com a economia americana.

Embora os Estados Unidos tenham recentemente registrado crescimento de 3,5% para o seu PIB no terceiro trimestre, o que sugere que a mais severa recessão desde a Grande Depressão está encerrada, a economia norte-americana na verdade está muito mais fraca do que os dados oficiais sugerem.

Os indicadores oficiais de Produto Interno Bruto podem superestimar grosseiramente o crescimento econômico, porque não capturam os sentimentos negativos que prevalecem entre as pequenas empresas e a sua severa queda de produção.

O PIB do terceiro trimestre, se corrigido de acordo com esses fatores, pode ter registrado crescimento anualizado de 2%, e não de 3,5%.

A história dos Estados Unidos, de fato, é um conto de duas economias. Existe uma parcela menor que está se recuperando lentamente e uma parcela maior que continua em profunda e persistente desaceleração.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

AS PESSOAS MAIS PODEROSAS DO MUNDO EM 2009

Diretamente da FORBES http://www.forbes.com/2009/11/11/worlds-most-powerful-leadership-power-09-people_land.html, leiam abaixo a lista das pessoas mais PODEROSAS do mundo. É claro que BARACK OBAMA estaria presente - é o nº 1, LULA está em 33º, e ELE, OSAMA bin LADEN figura na 37ª colocação. Ainda bem...
  1. Barack Obama
  2. Hu Jintao
  3. Vladimir Putin
  4. Ben S. Bernanke
  5. Sergey Brin and Larry Page
  6. Carlos Slim Helu
  7. Rupert Murdoch
  8. Michael T. Duke
  9. Abdullah bin Abdul Aziz al Saud
  10. William Gates III
  11. Pope Benedict XVI
  12. Silvio Berlusconi
  13. Jeffrey R. Immelt
  14. Warren Buffett
  15. Angela Merkel
  16. Laurence D. Fink
  17. Hillary Clinton
  18. Lloyd C. Blankfein
  19. Li Changchun
  20. Michael Bloomberg
  21. Timothy Geithner
  22. Rex W. Tillerson
  23. Li Ka-shing
  24. Kim Jong Il
  25. Jean-Claude Trichet
  26. Masaaki Shirakawa
  27. Sheikh Ahmed bin Zayed al Nahyan
  28. Akio Toyoda
  29. Gordon Brown
  30. James S. Dimon
  31. Bill Clinton
  32. William H. Gross
  33. Luiz Inacio Lula da Silva
  34. Lou Jiwei
  35. Yukio Hatoyama
  36. Manmohan Singh
  37. Osama bin Laden
  38. Syed Yousaf Raza Gilani
  39. Tenzin Gyatso
  40. Ali Hoseini-Khamenei
  41. Joaquin Guzman
  42. Igor Sechin
  43. Dmitry Medvedev
  44. Mukesh Ambani
  45. Oprah Winfrey
  46. Benjamin Netanyahu
  47. Dominique Strauss-Kahn
  48. Zhou Xiaochuan
  49. John Roberts Jr.
  50. Dawood Ibrahim Kaskar
  51. William Keller
  52. Bernard Arnault
  53. Joseph S. Blatter
  54. Wadah Khanfar
  55. Lakshmi Mittal
  56. Nicolas Sarkozy
  57. Steve Jobs
  58. Fujio Mitarai
  59. Ratan Tata
  60. Jacques Rogge
  61. Li Rongrong
  62. Blairo Maggi
  63. Robert B. Zoellick
  64. Antonio Guterres
  65. Mark John Thompson
  66. Klaus Schwab
  67. Hugo Chavez

KEYNES É POP EM 2009

Na EXAME que esta nas bancas, uma matéria sobre JOHN MAYNARD KEYNES com o título KEYNES É POP. Para nossa leitura, um pequeno trecho sobre esse genial economista. Há muitos anos, muitos anos mesmo, quer dizer, desde que a internet chegou ao BRASIL, eu tenho e tive somente dois e-mails: o jmelo@uol.com.br e o johnkeynesce@hotmail.com, minha homenagem a um dos maiores economistas de todos os tempos, indiferente se concordamos integralmente ou não com as suas ideias.
Escreve a EXAME que "No mundo das personalidades da economia, medalhões como Alan Greenspan e alguns dos banqueiros mais incensados dos últimos tempos saíram com a reputação em frangalhos - e hoje quem surfa a onda são profetas da crise, como Nouriel Roubini e Robert Shiller. Também na academia ocorre algo semelhante. Nos competitivos e frequentemente ácidos departamentos de economia das principais universidades, a hora é de questionar verdades estabelecidas, encostar antigas estrelas e promover um reordenamento no mundo das ideias. Nesse contexto, perdem espaço os principais defensores da corrente neoclássica, entre os quais se inclui a maioria dos vencedores do prêmio Nobel de Economia. Por sua vez, depois de anos hibernando, surge com renovado vigor a figura do inglês John Maynard Keynes para retomar o posto de maior pensador econômico dos séculos 20 e, pelo menos por enquanto, 21. Keynes voltou a ser pop -- tanto quanto é possível a um economista ser pop. O que não é pouco para alguém que escreveu seu principal livro em 1936 e morreu antes de conhecer a guerra fria, a TV em cores e o rock’n roll.

O BRASIL NA THE ECONOMIST

É a glória. Ou quase. Fato é que o BRASIL é capa da THE ECONOMIST que está nas melhores bancas do mundo. Um trecho da matéria na livre tradução do REINALDO AZEVEDO em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/.
“E, talvez, este seja o maior perigo que o Brasil enfrenta: a húbris. Lula está certo ao dizer que seu país merece respeito, como ele merece muito da adulação que tanto o agrada. Mas ele é também um presidente de sorte, colhendo o resultado do boom das commodities e governando numa plataforma de crescimento construída por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.Manter essa boa perfomance num mundo que enfrenta tempos difíceis significa que o sucessor de Lula terá de tentar resolver alguns problemas que ele fez questão de ignorar. O resultado da eleição pode determinar a velocidade com que o Brasil avança na era pós-Lula. O caminho do Brasil, no entanto, parece definido. Seu salto é ainda mais admirável porque foi dado por meio da reforma e da construção de um consenso democrático. Quem dera a China pudesse dizer o mesmo”.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

AINDA O DÓLAR: ATÉ QUANDO?

Brincar com o dólar ainda pode causar muitas complicações econômicas. Um brinde do SINFRÔNIO, antes da leitura do LONGO, mas NECESSÁRIO artigo abaixo do colega NOURIEL ROUBINI.

ROUBINI: UMA NOVA BOLHA NO AR?

De fato, num mundo RÁPIDO, todos querem saber TUDO, lendo o MÍNIMO. Sorry, mas existem textos que devem ser LIDOS E RELIDOS PAUSADAMENTE, SEM PRESSA E SEM RECLAMAÇÕES. Destaco para os meus, ainda espero, dois leitores, NOURIEL ROUBINI, direto do FINANCIAL TIMES, comentando que juros negativos nos EUA e dólar fraco geram a "mãe" de todos os "carry trades" e bolha global cujo estouro é inevitável. ROUBINI já demonstrou,como poucos colegas, poucos mesmos, o quanto entende da ECONOMIA de hoje. Portanto, considero obrigatória a leitura do mesmo, para depois não ficarmos com cara de marido traído...

Desde março vem ocorrendo um aumento maciço em ativos de alto risco de todo tipo - participações, preços do petróleo, energia e commodities -, um estreitamento dos "spreads" de alta rentabilidade e alta classificação e um aumento maior ainda nas classes de ativos de mercados emergentes (suas ações, obrigações e moedas).

Ao mesmo tempo, o dólar caiu muito, enquanto a rentabilidade dos títulos governamentais tem aumentado ligeiramente, mas se mantido baixa e estável.

Essa recuperação dos ativos de alto risco é movida em parte por melhores condições econômicas fundamentais. Evitamos uma quase depressão e um derretimento do setor financeiro com um estímulo monetário e fiscal maciço e pacotes de socorro aos bancos. Quer a recuperação tenha formato de V, conforme a visão consensual, ou tenha formato de U e seja anêmica, como eu argumento, os preços dos ativos deveriam estar subindo gradualmente.
Contudo, ao mesmo tempo em que as economias americana e global iniciaram uma recuperação modesta, desde março os preços dos ativos vêm subindo vertiginosamente, numa alta grande e sincronizada. Em 2008, quando o dólar subia, os preços dos ativos estavam em queda forte, mas, desde março, eles têm recuperação acentuada, enquanto o dólar cai. Os preços dos ativos de alto risco vêm subindo demais, cedo demais e rápido demais em comparação com os fundamentos.
O que está por trás dessa alta maciça? Com certeza, foi ajudada pela onda de liquidez advinda de juros a quase zero e flexibilização quantitativa das condições monetárias. Mas um fator mais importante que alimenta a bolha de ativos é a fraqueza do dólar americano, movida pela "mãe" de todos os "carry trades" [operação em que o investidor pega empréstimos com juros muito baixos, como os dos EUA hoje, e aplica em outros ativos]. O dólar virou a principal moeda a financiar os "carry trades", na medida em que o Fed [BC dos EUA] vem segurando os juros. Os investidores que estão vendendo o dólar a descoberto para comprar ativos de rentabilidade maior e outros ativos globais em base altamente alavancada não estão só contraindo empréstimos a juros zero em termos do dólar - estão contraindo empréstimos a juros muito negativos, que podem chegar a 10% ou 20% negativos ao ano-, na medida em que a queda do dólar leva a ganhos maciços de capital sobre posições do dólar.
Resumindo: negociantes estão contraindo empréstimos a juros negativos de 20% para investir em base altamente alavancada em uma massa de ativos globais de alto risco que estão subindo devido ao excesso de liquidez e a um "carry trade" maciço. Cada investidor que joga esse jogo de alto risco fica parecendo um gênio -mesmo que só navegue numa bolha imensa-, já que os retornos totais têm estado na faixa entre 50% e 70% desde março.
A consciência que as pessoas têm do valor em risco de seus portfólios deveria ter aumentado devido à correlação crescente dos riscos entre classes diferentes de ativos, todos movidos por essa política monetária comum e pelo "carry trade". Na prática, virou uma grande negociação comum -você compra o dólar para adquirir qualquer ativo de alto risco.
Ao mesmo tempo, porém, o risco percebido das classes individuais de ativos vem declinando, na medida em que a volatilidade diminuiu graças à política do Fed de comprar tudo que está à vista. Assim, o efeito conjunto da política de taxa zero sobre fundos do próprio Fed, flexibilização quantitativa das condições monetárias e aquisição maciça de instrumentos de dívida de longo prazo está aparentemente fazendo o mundo ser seguro -por enquanto- para o maior de todos os "carry trades" e a maior de todas as bolhas de ativos globais altamente alavancados.
Ao mesmo tempo em que essa política alimenta a bolha global, também alimenta uma nova bolha de ativos americanos. Dinheiro fácil, facilitação do crédito e fluxo maciço de capitais para os EUA por meio de um acúmulo de reservas em divisas estrangeiras em outros países tornam os deficit fiscais dos EUA mais fáceis de financiar e alimentam a bolha americana de participações e crédito.
Finalmente, um dólar fraco é bom para as participações acionárias americanas, já que pode gerar crescimento maior e elevar os lucros de multinacionais.
A política americana insensata que alimenta esses "carry trades" obriga outros países a adotar a mesma política monetária. Políticas de juros a quase zero e flexibilização quantitativa já eram seguidas no Reino Unido, na zona do euro, no Japão, na Suécia e em outras economias avançadas, mas a debilidade do dólar vem agravando essa flexibilização monetária global. Ásia e América Latina, preocupadas com a fraqueza do dólar, estão intervindo agressivamente para impedir a valorização excessiva de suas moedas. Isso segura os juros de curto prazo em níveis inferiores aos desejáveis. É possível que os BCs também sejam forçados a reduzir os juros.
Preocupados com o dinheiro quente que vem inflando suas moedas, algumas autoridades, como as do Brasil, vêm impondo controles aos fluxos de capital entrantes. Mas a bolha do "carry trade" vai se agravar: se as moedas estrangeiras se valorizarem mais, o custo negativo dos empréstimos do "carry trade" ficará ainda maior. Se intervenções ou operações no mercado aberto controlarem a valorização das moedas, a flexibilização monetária doméstica decorrente alimentará a bolha nessas economias. Assim, a bolha perfeitamente correlacionada de todas as classes de ativos globais cresce diariamente.
Mas essa bolha vai estourar um dia, levando ao maior estouro coordenado de ativos já visto: se fatores puderem levar o dólar a reverter sua queda e a se valorizar repentinamente -como em inversões anteriores-, o "carry trade" alavancado terá de ser encerrado de uma hora para a outra, à medida que os investidores cobrem suas transações a descoberto com dólar. Haverá um estouro da boiada, com o fechamento de posições de alto risco e alavancagem longa em todas as classes de ativos financiadas por transações em dólar a descoberto gerando colapso coordenado de todos esses ativos de alto risco -ações, commodities, ativos de emergentes e instrumentos de crédito.
Por que esses "carry trades" desabarão? Para começar, o dólar não pode cair a zero, e em algum momento se estabilizará; quando isso acontecer, o custo de empréstimos em dólar repentinamente se tornará zero, em lugar de altamente negativo, e o risco de uma inversão no dólar levará muitos investidores a cobrirem suas transações a descoberto. Em segundo lugar, o Fed não poderá suprimir a volatilidade para sempre. Em terceiro, se o crescimento americano surpreender positivamente, os mercados podem começar a esperar que um arrocho do Fed chegue mais cedo, não mais tarde. Em quarto, pode haver fuga do risco movida pelo medo de um repique recessivo ou risco geopolítico, como um choque EUA/Israel-Irã.
Esse processo pode não ocorrer por algum tempo, já que o dinheiro fácil e a liquidez global excessiva ainda poderão elevar os ativos por algum tempo.
Mas, quanto mais se prolongarem e quanto mais crescer a bolha, maior o crash. O Fed e outros responsáveis pela política econômica parecem não ter consciência da bolha monstro que criam. Quanto mais tempo permanecerem cegos, mais dolorosa será a queda.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O DÓLAR E O REAL - ATÉ QUANDO?

Mesmo distante do meu CEARÁ, sempre que posso dou uma espiada nos jornais O POVO e DIÁRIO DO NORDESTE. E como, mesmo na seca, cearense de verdade não perde uma piada, vale curtir a charge de hoje, lá no O POVO.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

CARTÕES NO BRASIL - QUANTIDADE

Dados da ABECS - Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços registra com base em outubro/2009 a fabulosa quantidade de 565.228.000 cartões em poder dos brasileiros.
E que venha o Natal e todo o poder de compra desse mercado. Porém, lembrem que quem compra através de cartão, em algum momento terá que pagar a conta. Ou não?

domingo, 1 de novembro de 2009

THE KEYNES COMEBACK - 2009?

From The Economist: The Keynes comeback

A trio of new books celebrate the man and declare victory for his ideas.

Keynes: The Twentieth Century’s Most Influential Economist. By Peter Clarke.Bloomsbury; 224 pages; £16.99. To be published in America in November. Buy from Amazon.co.uk

Keynes: The Return of the Master. By Robert Skidelsky. PublicAffairs; 240 pages; $25.95. Allen Lane; £20. Buy from Amazon.com, Amazon.co.uk

The Keynes Solution: The Path to Global Economic Prosperity. By Paul Davidson. Palgrave Macmillan; 208 pages; $21.95 and £14.99. Buy fromAmazon.com, Amazon.co.uk

Who has had the biggest influence on global economic policy over the past year? Plausible cases can be made for a handful of global bigwigs. But a moment’s reflection suggests the answer lies elsewhere, with an English economist who died in 1946. As policymakers have battled the biggest economic bust since the Depression, John Maynard Keynes has been their guide. Keynes’s intellectual framework — a world in which pervasive uncertainty leads to persistently inadequate demand — has seemed more relevant in recent months than at any time since the 1930s. And his solutions, particularly the use of fiscal stimulus, have been adopted on a dramatic worldwide scale.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...