domingo, 13 de fevereiro de 2011

A INFLAÇÃO NO BRASIL É UM DRAGÃO ADORMECIDO?

A população brasileira que hoje esta na faixa dos seus 16 anos desconhece o que seja a inflação. O Brasil registrou entre 1980 a junho de 1994, quando foi lançado o Plano Real, uma inflação acumulada de 10,5 trilhões por cento. Esse terrível dragão foi finalmente domado pelo Plano Real, o poder de compra dos brasileiros aumentou e os presidentes Fernando Henrique e Lula da Silva conseguiram governar de uma maneira que favoreceu as classes sociais de baixa renda.

Com o mundo convivendo ainda com os estragos causados pela crise econômica de 2008, registra-se no Brasil um sinal que a inflação pode voltar. Esse perigo latente não deve, sob hipótese alguma, ser desconsiderado pelo atual governo. Durante estes últimos 16 anos o povo brasileiro aprendeu a viver num país onde o preço de um bem hoje é o mesmo de amanhã e foi o mesmo de ontem. Aceitar a volta da inflação somente trará prejuízos a todos, mas em época eleitoral a tolerância do governo com o assunto, resultou em sinal amarelo hoje para o novo governo.

O Brasil, que tem uma meta oficial de inflação de 4,5% ao ano, brilhantemente defendida pelo Banco Central, acumula uma alta de 6% nos doze meses encerrados em janeiro/2011. O país vem crescendo a uma taxa anual de quase 8%, o que vem resultando num aumento mais forte da demanda, que a oferta não consegue atender, o que acarreta o aumento de preços de diversos produtos.

Para combater essa situação, além dos últimos aumentos na taxa básica de juros – hoje em 11,25% ao ano, uma das mais elevadas do mundo, recentemente o governo cortou no próprio orçamento algo em torno de R$ 50 bilhões, um número mágico que até o momento ninguém consegue detectar onde e quais despesas efetivamente sofrerão os cortes. A boa notícia é que, conforme Olivier Blanchard, quando os efeitos sobre as expectativas são levados em conta, uma redução dos gastos do governo não leva necessariamente a uma queda do produto.

Quando analisamos o comportamento das curvas IS e LM nessa situação específica, fica bastante claro que os gastos do governo diminuindo, levam a um deslocamento da curva IS para a esquerda. Porém, se o governo consegue reduzir a taxa de juros, a curva IS desloca-se para a direita e a essa taxa de juros em queda estimula os gastos e aumenta o produto.

Isso posto, mais do que nunca compete ao governo saber onde deve cortar, sem prejuízo às suas funções básicas de assegurar melhores benefícios para a população e sem esquecer da estratosférica carga tributária cobrada da sociedade. Fazendo a sua parte e deixando o mercado trabalhar, o governo atingirá seus objetivos, ou seja, não deixar o dragão inflacionário voltar a dominar este país, bem como, conseguir manter a taxa de juros num patamar que atenda ao consumo consciente da população.

Como comentou nesta semana Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central do Brasil, “Não podemos tolerar que a inflação fuja do controle num país como o Brasil, que ainda trem resquícios de indexação. Quanto menor a inflação, menor o custo para mantê-la em patamar baixo, porque todos os agentes econômicos trabalham com a perspectiva de que ela vai se manter assim e resistem à tentação de reajustar seus preços”.

FÓRUM MUNDIAL DE SUSTENTABILIDADE.

Para quem tem interesse no assunto e, principalmente, para quem está na região norte deste BRASIL, agende 24 a 26 de março próximos, em Manaus, para o FÓRUM MUNDIAL DE SUSTENTABILIDADE. Entre os palestrantes confirmados estão BILL CLINTON, Sir RICHARD BRANSON e ARNOLD SCHWARZENEGGER.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Egypt is free!!!

As imagens que a BBC mostra neste momento, direto do Egito, são inesquecíveis. Somos participantes da história em tempo real e, ao mesmo tempo, como é fascinante ver um povo muito feliz, cantando e dançando pela queda de um ditador. É a história repetindo-se, agora com a força e o poder das redes sociais. Por mais que estejamos no século XXI e a revolução tenha um contexto diferente de outras quedas de tiranos em outras épocas, a liberdade mais uma vez venceu. Viva o povo egipcío nesta celebração única e histórica!!!

O PRAZER DA PESQUISA!!!

Estimados colegas, bom dia e bom final de semana!

Quando você lê PAUL KRUGMAN no ESTADÃO analisando “o prazer da pesquisa”, você realmente reconhece que não existe almoço grátis. Tem que gostar muito do que faz e trabalhar bastante. A declaração de amor vinda de um intelectual de seu nível é assunto que merece ser realmente divulgado para todas as gerações da A à X,Y e Z...

Uma reflexão de ordem pessoal: percebi, algumas horas atrás, que estava desfrutando realmente de um bom fim de semana e isso me fez parar e pensar sobre o que de fato me agrada nesse meu atual papel de intelectual público.

Não é o semistatus de celebridade que ele proporciona; na verdade não me sinto muito à vontade quando sou reconhecido. E também não tem a ver com a capacidade de ter minha voz ouvida, é ótimo poder usar o mais valioso espaço jornalístico do mundo e agradeço a chance de, talvez, fazer uma diferença; mas a responsabilidade que acompanha esse privilégio é muito grande e às vezes me sinto carregando um pesado fardo.

Não, o que eu realmente adoro fazer é pesquisa – procurar entender como funcionam os sistemas de saúde, o que vem ocorrendo com a política monetária, como acessar e interpretar dados sobre o mercado de trigo.

Mas eu não estaria realizado essas pesquisas mesmo que nunca tivesse me afastado da carreira acadêmica? Sim, contudo… O problema de ser um acadêmico bem-sucedido é que é muito fácil cair na rotina, passar o tempo fazendo coisas de menor importância num trabalho que torna você um personagem importante; além do que, mesmo grandes economistas raramente fazem um trabalho revolucionário na minha idade. É por isso que muitos economistas de primeira classe buscam uma segunda carreira, de um tipo ou outro, seja na área de administração, relacionada com políticas públicas, etc.

No meu caso, estou escrevendo para o público em geral. O importante desta coluna é que ela, de uma maneira ou outra, obriga-me a continuar aprendendo novos estratagemas, a explorar áreas pelas quais nunca me interessei muito antes. E me força ainda a encontrar um modo de falar sobre os assuntos numa linguagem mais direta.

E eu amo isso.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF: PT SAUDAÇÕES.

Considero de menor importância esta discussão sobre se devemos chamar Presidenta Dilma ou Presidente Dilma. Entendo que a situação econômica é complexa e deveria merecer maior atenção do que ficar discutindo esse assunto. Mas gostaria de ratificar a minha posição, utilizada desde o início do governo da Presidente Dilma Rousseff, e para isso utilizo do artigo do Professor PASQUALE CIPRO NETO, hoje na FOLHA DE S.PAULO.

A Senadora Marta Suplicy interrompeu o presidente da Casa para "corrigi-lo". José Sarney usou a forma "presidente" para referir-se a Dilma Rousseff; Marta o interrompeu ("Pela ordem, senhor presidente: presidenta da República", disse ela a Sarney, que, em seguida, disse à senadora que as duas formas são corretas gramaticalmente). O fato é que Dilma Rousseff assumiu há 41 dias, e a polêmica continua, como continuam as manifestações a respeito do tema, algumas descabidas.

Já expliquei aqui que a terminação "-nte", presente em inúmeras palavras portuguesas, espanholas e italianas (e também inglesas e francesas, em que passa a "-nt" -em inglês, "presidente" é "president"; em francês, "président"), vem do particípio presente latino. Seu valor, em nossa língua e nas outras, é o de indicar o agente ("presidente" é "aquele/a que preside").

Também já disse que 99,99% das palavras terminadas em "-nte" têm forma única para o masculino e para o feminino. A mulher que gere (sim, "gere", do verbo "gerir", sinônimo de "gerenciar") uma agência bancária, por exemplo, não é gerenta; é gerente (gerenta, aliás, parece ter um certo tom pejorativo, não?).

A forma "presidenta" é uma das raras exceções, registrada -há muito- por vários dicionários (desde o de Cândido Figueiredo, por exemplo, publicado há quase um século). Outra das exceções, também antiga, é "infanta" ("1. Em Portugal ou Espanha, filha de reis que não é herdeira da coroa"; "2. Esposa do infante", explica o "Houaiss", que define "infante", no caso, como "Em Portugal e Espanha, filho de reis, porém não herdeiro do trono").

"Presidenta" é uma variante de "presidente", que, como as demais palavras terminadas em "-nte", é "substantivo ou adjetivo de dois gêneros". Em outras palavras, tanto faz, ou seja, pode-se empregar "a presidente Dilma Rousseff" ou "a presidenta Dilma Rousseff". Pois bem. O fato de haver registro de "presidenta" certamente decorre do fato de haver uso dessa forma (os dicionários não inventam palavras; registram as que ocorrem no corpus definido para a pesquisa). Mas a existência da variante de uma palavra não dá a ninguém o direito de exigir dos outros o uso dessa variante, muito menos o direito de corrigir quem não a usa, mas...

Posto isso, talvez pudéssemos trocar dois dedos de prosa sobre os possíveis motivos do pito que Marta deu em Sarney. Poder-se-ia pensar que o pito tem tom feminista, mas, como esse campo é minadíssimo, explosivo, prefiro não entrar nele.

Outra hipótese (talvez mais consistente) está em que, com o pito, Marta contesta o fato de que, ao empregar "a presidente", o presidente do Senado ignora o opção de Dilma Roussef por "presidenta". Aí o terreno se torna movediço...

Aproveito o mote para lembrar outros vocábulos que terminam em "-nte", como "adolescente" e "valente", que derivam, respectivamente, dos verbos "adolescer" e "valer". Sim, "adolescente" é "aquele/a que adolesce", assim como "valente" é "aquele/a que vale".

O caro leitor já empregou alguma forma de "adolescer"? Já disse a um de seus filhos algo como "Pobre de mim quando você adolescer!"? Elaiá! Certamente, não. O mais comum é algo como "Pobre de mim quando você entrar na adolescência!", não? Isso prova (mais uma vez) que nem sempre temos noção da relação que há entre as palavras ou de seu processo de formação.

Antes que me esqueça, "adolescer" vem do latim, em que significa "desenvolver-se, crescer". É isso.

APAGÕES NO GOVERNO!

Já que estamos falando do CEARÁ, nada como rever o genial SINFRÔNIO e a sua charge do dia no DIÁRIO DO NORDESTE. E que não venham mais apagões... SE ainda for possível...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

É O MEU CEARÁ!!!

Raramente escrevo sobre o meu CEARÁ, mas hoje, lendo o discurso de agradecimento do bibliófilo conterrâneo JOSÉ AUGUSTO BEZERRA ao receber o troféu Sereia de Ouro, lá em FORTALEZA, destaco com satisfação, trecho que mostra a importância do meu Estado no cenário nacional. Nosso Estado muito tem colaborado também com a inteligência nacional. Fundou a primeira Academia de Letras do Brasil, antes da Academia Brasileira de Letras, criou um dos primeiros Institutos Históricos do país, implantou a primeira Secretaria de Cultura em um estado, e é a sede da Associação Brasileira de Bibliófilos, também a mais antiga em atividade no espaço cultural brasileiro. Aqui nasceram o criador do romance nacional, José de Alencar; o maior historiador do País, Capistrano de Abreu; o elaborador do nosso primeiro Código Civil, Clóvis Bevilacqua; o maior filósofo brasileiro, Farias Brito; um dos maiores filólogos, Heráclito Graça; o maior documentalista, o Barão de Studart; a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz, cujo centenário de nascimento também ocorre neste ano; o maior poeta popular do Brasil, Patativa do Assaré e daqui saem os grandes humoristas do País. Em outras áreas ainda podemos destacar líderes nacionais. Na religião católica, D. Helder Câmara; na doutrina espírita, Bezerra de Menezes; na religiosidade popular, Padre Cícero; na música, Alberto Nepomuceno; nas revoluções: Antônio Conselheiro, líder da Guerra de Canudos; Tristão de Alencar, Presidente da Revolução do Equador e Dragão do Mar, ícone da Abolição dos Escravos. Então, como povo, somos tão-somente o resultado de tudo quanto antes por aqui se passou, e os troféus são símbolos de momentos importantes dessa nossa História. O Troféu Sereia de Ouro, por exemplo, é um pouco de um homem e seu tempo. Uma síntese da imaginação e um reflexo das esperanças do inesquecível Edson Queiroz, um dos maiores filhos do Ceará, em todos os tempos. Sabemos que ao receber este reconhecimento, uma espécie de Prêmio Nobel da nossa região, levamos conosco, na realidade, um pouco das ideias de alguém que tinha em mente gerar riquezas e empregos para sua terra, e erigiu um conglomerado empresarial. Que estava determinado a criar oportunidades para os filhos do Ceará, através da educação, pois sabia que só pela cultura um povo se salva, e ergueu uma das maiores Universidades privadas do País. Que tencionava estimular a criatividade e o trabalho de outros que também tinham sonhos, na sua região, e instituiu o Troféu Sereia de Ouro.

A ESCOLHA DE DILMA!

Entendo que a medida anunciada hoje pelo governo está no caminho certo - corte de R$ 50 bilhões no orçamento deste ano. Espero que seu objetivo seja alcançado, mas tenho quase certeza que muitos e-leitores lembraram hoje de Lula. Fala Mantega: "A redução de gastos tende a ser definitiva. Pode ter alguma mudança pontual por algum caso no país, como alguma enchente, ou uma arrecadação maior do que o esperado". Caro ministro, realmente está difícil escolher entre aumentar o que já pagamos de impostos ou uma enchente aqui em casa... E na TV vi alguém falando que hoje era realmente o começo do governo. Então está combinado!!!

ESTADOS UNIDOS E CHINA.

Hoje, na FOLHA DE S. PAULO, mais um texto de ANTONIO DELFIM NETTO sobre os EUA e a CHINA.

Uma fotografia vale mais do que mil palavras. Nada poderia exibir melhor a mudança fundamental que está ocorrendo no mundo do que a foto de Hu Jintao e Barack Obama, na visita que fez aos EUA. Um afro-americano e um chinês são os líderes das duas maiores potências mundiais, com uma população equivalente a 1/4 da mundial e 1/3 do PIB total. Eles prometeram uma convivência pacífica e de respeito mútuo. É isso que definirá o destino do resto do mundo nas próximas décadas.

É ilusão do "resto do mundo" pensar que pode explorar as pequenas divergências (quando comparadas aos imensos interesses envolvidos) entre os EUA e a China.

Essa relação simbiótica inicialmente estimulada pela estratégia externa americana (quando explorou a separação entre a velha URSS e a China no tempo da Guerra Fria) cresceu de forma insuspeitada. Atualmente, é de interesse fundamental para a China e os EUA mantê-la.

É grave miopia, também, supor que cada uma delas não procurará expandir suas relações com o "resto do mundo", ao mesmo tempo em que aumentará a sua autonomia militar "dissuasiva". Essa é a situação objetiva da conjuntura mundial, que deve ser considerada um dado do problema na formulação das políticas de desenvolvimento de todos os países do "resto do mundo".

Tomemos como exemplo a taxa de câmbio do yuan, que nos prejudica. Já era evidente, mas reafirmou-se com a visita, o fato de que os "protestos" americanos (como também no que se refere aos direitos humanos) não têm consequência. Faz dez anos que o Congresso americano ameaça denunciar a China como manipuladora do câmbio, o que obrigaria o Executivo a agir.

Por que isso nunca se concretizou? Porque, a despeito da gritaria dos sindicatos, o Congresso serve aos interesses da indústria dos Estados Unidos instalada na China!

A superdesvalorização do yuan serve aos mesmos interesses, ainda que à custa de alguma inflação na China.

Como disse Zhou Qiren, um assessor do BC chinês, "o valor do yuan é determinado livremente pela oferta e procura no mercado de câmbio, no qual o BC é o maior comprador e, portanto, o determina". E acrescentou: "a inflação chinesa, que reduz o poder de compra do cidadão comum é devida, principalmente, ao excesso de emissão de yuans para a compra de reservas". Tudo isso para manter funcionando a simbiótica máquina exportadora chinesa.

É difícil saber como isso acabará. O melhor é aproveitar as oportunidades que agora o quadro nos oferece, mas, ao mesmo tempo, colocar as barbas de molho e construir o mercado interno que necessitamos para dar emprego de boa qualidade a 150 milhões de brasileiros em 2030.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

GEITHNER NO BRASIL E NA FGV!

Na FOLHA DE S. PAULO de hoje, o secretário do Tesouro dos EUA elogiou a atuação das autoridades econômicas brasileiras na gestão do câmbio. E isso durante palestra na nossa Fundação Getúlio Vargas - FGV. O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, elogiou, em palestra na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, a atuação das autoridades econômicas brasileiras na gestão do câmbio. Contudo, ele destacou que a equipe econômica "precisa encontrar maneiras para que reformas fiscais que o Brasil tem de enfrentar corrijam alguma pressão de capital". Ele referiu-se ao grande fluxo de recursos que ingressam no País e que colaboram para que o real mantenha-se valorizado em relação ao dólar. De acordo com Geithner, três fatores podem explicar por que há forte fluxo de capitais para o País. "O mundo está muito confiante nas perspectivas para o Brasil", citou ele, primeiramente, referindo-se à expectativa de que o País continue em expansão nos próximos anos, com aumento da renda da população e inflação baixa. Em segundo lugar, destacou "as taxas de juros muito altas", que já baixaram em relação aos últimos anos, graças ao trabalho de autoridades - neste ponto, Geithner citou especificamente o ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, que estava ao seu lado como moderador no evento da FGV. Um terceiro motivo citado pelo secretário do Tesouro dos EUA é a adoção de moedas desvalorizadas por países emergentes com certa administração de seus governos - comentário indireto relacionado à China, embora Geithner não tenha citado o nome do país.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

PROBLEMAS Á VISTA!

Conforme já comentado neste espaço sobre o preço do barril de petróleo, hoje no VALOR Roubini alerta para risco de dupla recessao devido à crise no Egito.
SÃO PAULO – O impulso aos preços do petróleo - recentemente fruto da crise política do Egito - pode fazer com que algumas economias desenvolvidas experimentem uma dupla recessão. O alerta é do economista Nouriel Roubini, conhecido por ter previsto a crise financeira mundial. “Este aumento (do petróleo) e a consequente elevação dos preços de outras commodities, especialmente alimentos, pressiona para cima a inflação no já superaquecido mercados dos emergentes - onde o petróleo e os preços dos alimentos representam cerca de dois terços da cesta de consumo -, tem também efeitos negativos no comércio e gera choque de renda nas economias avançadas, recém-saídas da recessão”, afirmou o economista, em artigo publicado no jornal britânico Financial Times. Segundo ele, não é possível saber em qual grau haverá um contágio da crise no Egito para os demais países produtores de petróleo da região. Mas Roubini alerta para o fato de que grande parte das recessões já verificadas seguiram instabilidades no Oriente Médio e suas pressões sobre o preço do petróleo. Ele cita a guerra do Yom Kippur, em 1973, que provocou um forte aumento no preço da commodity, levando à estagflação global; a revolução iraniana em 1979, que desencadeou a recessão de 1980; e a invasão iraquiana do Kuwait, em agosto de 1990. Os preços do petróleo também tiveram um papel importante na recessão global mais recente. Os EUA entraram em recessão em dezembro de 2007, após o estouro da bolha do subprime, mas isso se tornou mundial, apenas no Outono de 2008. “Essa recessão global não foi provocada apenas pelo dano colateral da falência do Lehman. No verão de 2008, os preços do petróleo duplicaram em cerca de 12 meses. Isso foi muito negativo para o comércio e gerou um choque da renda real e não apenas para os EUA, a maior parte da Europa e Japão”, afirmou o economista. Roubini alerta ainda para os riscos de que os protestos contra os governos do Oriente Médio não gerem democracias estáveis, mas provoquem o nascimento de regimes mais radicais e instáveis. Ele classifica como desapontadoras as experiências recentes de “eleições livres” e “democracia” no Oriente Médio.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...