Becker, 83, University Professor of Economics and of Sociology at the
University of Chicago, died on May 3 after a long illness. He won the Nobel
Memorial Prize in Economic Sciences in 1992 “for having extended the
domain of microeconomic analysis to a wide range of human behavior and
interaction, including non-market behavior.” - See more at:
http://news.uchicago.edu/article/2014/05/04/gary-s-becker-nobel-winning-scholar-economics-and-sociology-1930-2014#sthash.YA3VLLWM.dpuf
domingo, 4 de maio de 2014
FHC: A que ponto chegamos!
Para reflexão neste domingo o artigo quinzenal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Eu, como boa parte dos leitores de jornal, nem
aguento mais ler as notícias que entremeiam política com corrupção. É um
sem-fim de escândalos. Algumas vezes, mesmo sem que haja indícios firmes, os
nomes dos políticos aparecem enlameados. Pior, de tantos casos com provas
veementes de envolvimento em “malfeitos”, basta citar alguém para que o leitor
se convença de imediato de sua culpabilidade. A sociedade já não tem mais
dúvidas: se há fumaça, há fogo.
Não escrevo isso para negar responsabilidade
de alguém especificamente, nem muito menos para amenizar eventuais culpas dos
que se envolveram em escândalos, nem tampouco para desacreditar de antemão as
denúncias.
Os escândalos jorram em abundância, não dá
para tapar o sol com a peneira. O da Petrobras é o mais simbólico, dado o
apreço que todos temos pelo que a companhia fez para o Brasil. Escrevo porque
os escândalos que vêm aparecendo numa onda crescente são sintomas de algo mais
grave: é o próprio sistema político atual que está em causa, notadamente suas
práticas eleitorais e partidárias.
Nenhum governo pode funcionar na normalidade
quando atado a um sistema político que permitiu a criação de mais de 30
partidos, dos quais 20 e poucos com assento no Congresso.
A criação, pelo governo atual, de 39
ministérios para atender as demandas dos partidos é prova disso e, ao mesmo
tempo, é garantia de insucesso administrativo e da conivência com práticas de
corrupção, apesar da resistência a essas práticas por alguns membros do
governo.
Não quero atirar a primeira pedra, mesmo
porque muitas já foram lançadas. Não é de hoje que as coisas funcionam dessa
maneira. Mas a contaminação da vida político-administrativa foi se agravando
até chegarmos ao ponto a que chegamos.
Se, no passado, nosso sistema de governo foi
chamado de “presidencialismo de coalizão”, agora ele é apenas um
“presidencialismo de cooptação”. Eu nunca entendi a razão pela qual o governo
Lula fez questão de formar uma maioria tão grande e pagou o preço do mensalão.
Ou melhor, posso entendê-la: é porque o PT tem vocação de hegemonia. Não vê a
política como um jogo de diversidade no qual as maiorias se compõem para fins
específicos, mas sem a pretensão de absorver a vida política nacional sob um
comando centralizado.
Meu próprio governo precisou formar maiorias.
Mas havia um objetivo político claro: precisávamos de três quintos da Câmara e
do Senado para aprovar reformas constitucionais necessárias à modernização do
país.
Ora, os governos que me sucederam não
reformaram nada nem precisaram de tal maioria para aprovar emendas
constitucionais. Deixaram-se levar pela dinâmica dos interesses partidários.
Não só do partido hegemônico no governo, o PT, nem dos maiores, como o PMDB,
mas de qualquer agregação de 20, 30 ou 40 parlamentares, às vezes menos, que,
para participar da “base de apoio”, organizam-se numa sigla e pleiteiam
participação no governo: um ministério, se possível; se não, uma diretoria de
empresa estatal ou uma repartição pública importante. Daí serem precisos 39
ministérios para dar cabida a tantos aderentes. No México do PRI, dizia-se que
fora do orçamento não havia salvação...
A raiz desse sistema se encontra nas regras
eleitorais que levam os partidos a apresentarem uma lista enorme de candidatos
em cada estado, para, nelas, o eleitor escolher seu preferido, sem saber bem
quem são ou que significado político-partidário têm. Logo depois, nem se lembra
em quem votou. A isso se acrescenta a liberalidade de nossa Constituição, que
assegura ampla liberdade para a formação de partidos.
Por isso, não se podem obter melhorias nessas
regras por intermédio da legislação ordinária. Algumas dessas melhorias foram
aprovadas pelos parlamentares. Por exemplo, a exigência de uma proporção mínima
de votos em certo número de estados para a autorização do funcionamento dos
partidos no Congresso.
Ou a proibição de coligações nas eleições
proporcionais, por meio das quais se elegem deputados de um partido coligado
aproveitando a sobra de votos de outro partido. Ambas foram recusadas, por
inconstitucionais, pelo Supremo Tribunal Federal.
Com o número absurdo de partidos (a maior
parte deles meras siglas sem programa, organização ou militância), forma-se, a
cada eleição, uma colcha de retalhos no Congresso, em que mesmo os maiores
partidos não têm mais do que um pedaço pequeno da representação total.
Até a segunda eleição de Lula, os presidentes
se elegiam apoiados em uma coalizão de partidos e logo tinham de ampliá-la para
ter a maioria no Congresso.
De lá para cá, a coalizão eleitoral passou a
assegurar maioria parlamentar. Mas, por vocação do PT à hegemonia, o sistema
degenerou no que chamo de “presidencialismo de cooptação”. E deu no que deu: um
festival de incoerências políticas e portas abertas à cumplicidade diante da
corrupção.
Mudar o sistema atual é uma responsabilidade
coletiva. Repito o que disse, em outra oportunidade, a todos os que exerceram
ou exercem a Presidência: por que não assumimos nossas responsabilidades, por mais
diversa que tenha sido nossa parcela individual no processo que nos levou a tal
situação, e nos propomos a fazer conjuntamente o que nossos partidos, por suas
impossibilidades e por seus interesses, não querem fazer: mudar o sistema? Sei
que se trata de um grito um tanto ingênuo, pedir grandeza. A visão de curto
prazo encolhe o horizonte para o hoje e deixa o amanhã distante. Ainda assim,
sem um pouco de quixotismo, nada muda.
Se, de fato, queremos sair do lodaçal que
afoga a política e conservar a democracia que tanto custou ao povo conquistar,
vamos esperar que uma crise maior destrua a crença em tudo e a mudança seja
feita não pelo consenso democrático, mas pela vontade férrea de algum salvador
da pátria?
Thomas Piketty e Elio Gaspari - O capital no século 21.
Leio hoje na FOLHA o comentário de Elio Gaspari sobre o livro "Capital" do Thomas Piketty, atual destaque no mundo da Economia.
Amanhã o Metropolitan Museum de Nova York abre
a escadaria para o baile anual do seu instituto de moda. A entrada custa US$ 25
mil, e o freguês terá passado pela seleção de Anna Wintour, a bruxa do filme
"O Diabo Veste Prada", diretora da revista "Vogue", czarina
da moda e princesa do mundo das celebridades. O "Met Gala" é o tapete
vermelho mais bonito, rico e exclusivo do mundo. Quem não tiver a graça de
pisá-lo poderá ir para um bar discutir o livro "Capital", do
professor francês Thomas Piketty. Por caminhos diferentes, estará no mesmo
mundo.
Piketty escreve com a elegância com que a
atriz Gwyneth Paltrow se veste. Montado num banco de dados rico como a vitrine
da joalheria Cartier, o professor é claro: o mundo entrou num período de
concentração da renda. As pessoas e os países ricos ficarão mais ricos. Para as
nações emergentes, inclusive o Brasil, fica a suspeita que crescerão a taxas menores.
Nos Estados Unidos, essa época de ostentação
da riqueza é comparada à "Gilded Age", que foi do fim do século 19 ao
início do 20. A expressão designava uma abastança exuberante, porém
superficial. Piketty não a usa, fala mais na "Belle Époque" francesa.
A diferença está no fato de que uma teve o escritor Marcel Proust, e a outra,
bilionários vulgares, cuja ideia de refinamento levava-os a copiar castelos e
casar as filhas com nobres europeus quase sempre falidos, jamais monógamos,
talvez heterossexuais. (Só na cesta dos duques, compraram 22.)
Durante a festa do século 19 também
pontificava um jornalista. Ele organizava o baile anual de Caroline Astor e
dizia que a elite de Nova York tinha 400 pessoas, o número de convidados que
cabiam no salão da milionária. Na lista de La Wintour, entram 700 convidados.
Ela é uma jornalista cuja determinação, instinto estético e visão comercial
deveriam ser matéria de estudo para quem entra nesse ramo da profissão. (O
teste de que uma pessoa é desprovida do sentimento da inveja está em
admirá-la.) Wintour perfilhou o instituto de moda do Metropolitan, para quem
vai o dinheiro dos ingressos. A partir de amanhã a nova ala de roupas do museu
levará seu nome. Será inaugurada por Michelle Obama.
O baile de Piketty tem a harmonia de uma
valsa. No início do século 20 os 1% que estavam no andar de cima ficavam com
20% da renda dos Estados Unidos e da Inglaterra. Até 1980 essa riqueza encolheu
à metade, mas, a partir daí, voltou a crescer e retornou ao ponto inicial. A
queda deveu-se a políticas sociais? Não, foram as duas guerras. Os bilionários
de hoje seriam diferentes, afinal, Bill Gates fez a Microsoft. Tudo bem, mas a
francesa Liliane Bethencourt (L'Oreal) tem US$ 25 bilhões e nunca trabalhou na
vida. Herdou. Entre 1990 e 2010 as fortunas de ambos cresceram 13% ao ano,
apesar de Bill Gates já ter parado de trabalhar.
O "Capital" é um monumento de
pesquisa e elegância. Piketty trabalhou com acervos estatísticos jamais
estudados, e reconhece que isso só foi possível porque apareceu o computador.
Obsessivo, mergulhou até nas listas de bilionários das revistas de negócios,
mesmo ressalvando que têm pouco valor científico. (Os brasileiros que compraram
ações de Eike Batista sabem que é isso mesmo.) Se os números dos bilionários da
"Forbes" merecem pouca fé, as carteiras de investimentos das
universidades americanas merecem toda. Os patrimônios mobiliários daquelas que
têm fundos com mais de um bilhão de dólares cresceram 8,8% ao ano entre 1980 e
2010. Já as pobrezinhas, com menos de 100 milhões, ficaram com 6,1% ao ano.
Harvard, com US$ 30 bilhões, teve rendimentos de 10,1% anuais. (As reservas da
Universidade de São Paulo encolheram.)
Quando Caroline Astor dava seu baile, o andar
de cima sustentava que assim era a vida e o de baixo lotava as ruas para ver a
passagem dos magnatas. A partir de amanhã o mundo poderá ver na rede imagens do
baile de Anna Wintour. Retratará uma época. O "Capital no Século 21"
também está na rede, em inglês, por enquanto. Sai por US$ 21,99.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
1º de Maio de 2014.
Uma mudança de quase 3.000 km de uma região
imensamente úmida e chuvosa o ano inteiro para outra com clima seco e onde se
alternam as quatro estações em um único dia é uma tarefa complexa.
Por isso, ainda não foi possível manter este
ambiente econômico atualizado, divulgando sempre a Economia para os meus ainda,
espero, dois fiéis leitores.
Hoje, neste feriado do Dia do Trabalho,
reafirmo meu compromisso com a manutenção deste espaço, mesmo com a redução do meu
tempo de dormir. Afinal, "there is no free lunch".
E 2014 promete: muito futebol e pouco crescimento econômico, por exemplo. E que o tempo seja realmente o senhor da razão.
quarta-feira, 30 de abril de 2014
Capitalismo.
Leio hoje na FOLHA artigo do Professor Delfim Netto elogiando a mais nova sensação do mundo econômico nos últimos dias: o livro do Thomas Piketty.
A Folha prestou mais um
grande serviço traduzindo e publicando na semana passada (26/4) longa e
excelente resenha assinada por um competente provocador, o economista Paul
Krugman, de um livro destinado a ser um clássico. Trata-se de "Le Capital
au XXIe Siècle" (o capital no século 21), de Thomas Piketty, agora
traduzido para o inglês. Krugman acredita que ele vai mudar duas coisas: como
pensamos a sociedade e como fazemos teoria econômica.
Piketty está nos EUA,
numa espécie de "road show" de seu livro, em que expõe a indecente e
quase inacreditável concentração da renda e da riqueza do 1% (e do 0,1%) dos
americanos mais ricos. Num auditório lotado, foi sabatinado e aplaudido por dois
Prêmios Nobel: Joseph Stiglitz e o próprio Krugman. Como de costume, a esquerda
apressada viu nisso o espectro de Marx, e a direita retardada, apenas o
resultado do mérito!
Os números de Piketty
sugerem que o "capitalismo competitivo" está dando lugar a um "capitalismo
patrimonialista". É importante insistir que ele rejeita toda grande
história com suas leis determinísticas. A concentração da renda é, basicamente,
resultado de decisões do sistema político. Em palavras que não são de Piketty,
o processo civilizatório depende de um jogo paciente e dialético entre duas
instituições fundamentais: a urna (em que cada cidadão tem apenas o seu voto) e
o mercado (no qual cada cidadão tem votos proporcionais à sua riqueza), que
exige que elas sejam independentes entre si, o que não é um problema trivial.
Se o mercado se apropria da urna, o processo civilizatório entra em estagnação
ou em regressão. Se a urna se apropria do mercado, temos o populismo, que
termina no autoritarismo.
Nos EUA, Piketty afirmou:
"Acredito na propriedade privada, mas o capitalismo e o mercado devem ser
escravos da democracia, e não o oposto". Ao contrário do que pensam alguns
economistas, o amadurecimento do capitalismo não leva, necessariamente, à maior
igualdade ou à maior liberdade de iniciativa, duas componentes essenciais do
processo civilizatório.
Não é trivial porque o
controle político tem, por natureza, de procurar sua perpetuação e reprodução.
Estamos diante de um problema que só pode ser resolvido por uma profunda
reforma institucional. Por exemplo, o Senado, que é mais facilmente capturado
pelo "mercado", deve ter apenas o poder revisor para equilibrar a
Federação. O senador não deve ter iniciativa legislativa e, muito menos,
suplente. E o deputado deve ser escolhido por uma forma de eleição distrital,
para que o custo de campanha seja muito menor e visível aos eleitores.
Esperemos que alguma
editora enfrente a tarefa de traduzir e publicar o livro de Piketty.
sábado, 5 de abril de 2014
A revisão histórica de Delfim Netto.
Como é bom quem fez História, manifestar a sua opinião muitos anos depois. E o que leio hoje no portal UOL na entrevista com o mestre Delfim Neto.
Folha - Na sua opinião, o que levou ao golpe de
1964?
Antonio Delfim Neto - O Brasil estava uma balbúrdia tão grande que era claro que alguma coisa ia acontecer. Havia uma desorganização total, passeatas na rua, mentiras de toda a natureza, boatos. O Jango abandonou o governo. Essa é que é a verdade. Não foi uma surpresa o que aconteceu. As instituições todas estavam ameaçadas, sob enorme risco. Nem sei se o risco era verdadeiro ou não, é que o governo era uma balbúrdia.
Antonio Delfim Neto - O Brasil estava uma balbúrdia tão grande que era claro que alguma coisa ia acontecer. Havia uma desorganização total, passeatas na rua, mentiras de toda a natureza, boatos. O Jango abandonou o governo. Essa é que é a verdade. Não foi uma surpresa o que aconteceu. As instituições todas estavam ameaçadas, sob enorme risco. Nem sei se o risco era verdadeiro ou não, é que o governo era uma balbúrdia.
Onde o senhor estava no dia 31/03/64?
Eu estava indo para a escola [Faculdade de Economia da USP] de manhã. Estávamos
vivendo um momento muito difícil, uma agonia completa, uma desorganização muito
grande, mas eu fiquei surpreendido. Você não sabia o que ia acontecer.
E depois do golpe?
As coisas ficaram normais. Foi cassado o Adhemar [de Barros, governador de São Paulo]. E o Laudo Natel, o vice-governador que foi empossado, me convidou para ser secretário da Fazenda. Eu gostei e fiquei. Isso foi em 1966. Fiquei até março de 1967, quando recebi uma carta do presidente Costa e Silva me convidando para ser ministro.
Eu tinha conhecido o presidente Costa e Silva. Ele estava se preparando para assumir e estava ouvindo algumas pessoas e pediu para o [Rui] Gomes de Almeida (ex-presidente da Associação Comercial do Rio) um nome para falar sobre agricultura no Brasil.
Naquele tempo, agricultura era café. E como eu tinha um trabalho sobre café, ele indicou meu nome. Fui lá, fiz uma palestra para ele numa manhã. Terminou, fui embora e nunca mais conversamos.
As coisas ficaram normais. Foi cassado o Adhemar [de Barros, governador de São Paulo]. E o Laudo Natel, o vice-governador que foi empossado, me convidou para ser secretário da Fazenda. Eu gostei e fiquei. Isso foi em 1966. Fiquei até março de 1967, quando recebi uma carta do presidente Costa e Silva me convidando para ser ministro.
Eu tinha conhecido o presidente Costa e Silva. Ele estava se preparando para assumir e estava ouvindo algumas pessoas e pediu para o [Rui] Gomes de Almeida (ex-presidente da Associação Comercial do Rio) um nome para falar sobre agricultura no Brasil.
Naquele tempo, agricultura era café. E como eu tinha um trabalho sobre café, ele indicou meu nome. Fui lá, fiz uma palestra para ele numa manhã. Terminou, fui embora e nunca mais conversamos.
Qual foi sua reação quando recebeu o convite?
Aceitar. Nós tínhamos trabalhado toda a vida na universidade sobre desenvolvimento econômico. Então eu aceitei.
Aceitar. Nós tínhamos trabalhado toda a vida na universidade sobre desenvolvimento econômico. Então eu aceitei.
Havia algum tipo de condição?
Nenhum. No dia seguinte à carta, fui fazer uma visita para agradecer.
Nenhum. No dia seguinte à carta, fui fazer uma visita para agradecer.
E qual era a situação econômica da época?
A situação econômica estava caminhando. O trabalho do [Otávio Gouveia de] Bulhões (ex-ministro da Fazenda) e do [Roberto] Campos (ex-ministro do Planejamento) foi muito bom. Fizeram um trabalho muito bom de arrumação. Criaram o mecanismo de correção monetária, o FGTS, o BNH. Você tinha na verdade uma grande modernização da economia. Mas tinha grandes problemas também. O comércio exterior era um problema sério.
A situação econômica estava caminhando. O trabalho do [Otávio Gouveia de] Bulhões (ex-ministro da Fazenda) e do [Roberto] Campos (ex-ministro do Planejamento) foi muito bom. Fizeram um trabalho muito bom de arrumação. Criaram o mecanismo de correção monetária, o FGTS, o BNH. Você tinha na verdade uma grande modernização da economia. Mas tinha grandes problemas também. O comércio exterior era um problema sério.
Eles também criaram incentivos para a exportação?
Não. Tinha um sistema de cambio fixo, muito inconveniente porque à medida que você tem inflação, seu câmbio real vai caindo. Quando em 68, nós introduzimos o "crawling peg", era um sistema cambial em que você corrigia o câmbio praticamente toda semana, usando uma regra que era a diferença entre a inflação americana e a inflação brasileira. Isso deu um grande estímulo ao setor exportador.
O programa que apresentei para o presidente Costa e Silva era de que nós iríamos fazer crescer a participação de outros produtos, de forma que café não fosse mais câmbio.
Em 1966, 1967, café era câmbio. Essa era uma frase do velho [Eugênio] Gudin (ex-ministro da Fazenda) e é verdade. Cerca de 60%, 70% da receita cambial era café.
De forma que você passou praticamente 10 anos não cobrando nenhum imposto sobre a exportação. O que é o correto porque o imposto tem de ser cobrado no destino.
Não. Tinha um sistema de cambio fixo, muito inconveniente porque à medida que você tem inflação, seu câmbio real vai caindo. Quando em 68, nós introduzimos o "crawling peg", era um sistema cambial em que você corrigia o câmbio praticamente toda semana, usando uma regra que era a diferença entre a inflação americana e a inflação brasileira. Isso deu um grande estímulo ao setor exportador.
O programa que apresentei para o presidente Costa e Silva era de que nós iríamos fazer crescer a participação de outros produtos, de forma que café não fosse mais câmbio.
Em 1966, 1967, café era câmbio. Essa era uma frase do velho [Eugênio] Gudin (ex-ministro da Fazenda) e é verdade. Cerca de 60%, 70% da receita cambial era café.
De forma que você passou praticamente 10 anos não cobrando nenhum imposto sobre a exportação. O que é o correto porque o imposto tem de ser cobrado no destino.
Por que vocês reverteram a decisão do governo
Castelo de dar independência ao Banco Central?
Você estava com uma recessão profunda, um desemprego terrível e o Banco Central insistia em fazer uma política econômica restritiva com o seguinte objetivo: mudar a expectativa inflacionária. Tudo isso estava certo. Só que o custo disso era uma barbaridade. Então foi isso que acabou com a tal independência do Banco Central.
Só que foi uma boa coisa. O Banco Central não tem de ser independente, tem de ser autônomo, tem de prestar conta à autoridade que a urna elegeu, ou que está no poder. Tem de receber uma missão e cumprir com autonomia.
Tanto é verdade que mudou a política e de um crescimento negativo, de quase zero, você teve uma expansão enorme.
Você estava com uma recessão profunda, um desemprego terrível e o Banco Central insistia em fazer uma política econômica restritiva com o seguinte objetivo: mudar a expectativa inflacionária. Tudo isso estava certo. Só que o custo disso era uma barbaridade. Então foi isso que acabou com a tal independência do Banco Central.
Só que foi uma boa coisa. O Banco Central não tem de ser independente, tem de ser autônomo, tem de prestar conta à autoridade que a urna elegeu, ou que está no poder. Tem de receber uma missão e cumprir com autonomia.
Tanto é verdade que mudou a política e de um crescimento negativo, de quase zero, você teve uma expansão enorme.
A que o senhor atribui o chamado milagre econômico?
Nunca houve milagre. Milagre é efeito sem causa. O crescimento do Brasil naquele período foi consequência do trabalho dos brasileiros, basicamente da grande arrumação que houve no setor econômico, produzido no governo Castelo Branco.
Você teve uma enorme arrumação das finanças públicas, você teve uma redução da taxa de inflação. O Brasil estava falido, essa é que é a verdade. De forma que você criou uma base para que os brasileiros pudessem trabalhar muito mais ativamente.
Nunca houve milagre. Milagre é efeito sem causa. O crescimento do Brasil naquele período foi consequência do trabalho dos brasileiros, basicamente da grande arrumação que houve no setor econômico, produzido no governo Castelo Branco.
Você teve uma enorme arrumação das finanças públicas, você teve uma redução da taxa de inflação. O Brasil estava falido, essa é que é a verdade. De forma que você criou uma base para que os brasileiros pudessem trabalhar muito mais ativamente.
A nova política do Costa e Silva cumpriu a função
de ganhar credibilidade em um momento em que a oposição ao regime tinha sido
muito forte?
A credibilidade foi ganha. Você ganha credibilidade quando você cumpre a palavra que você dá. Então, os empresários sabiam que o que tinha sido prometido ia acontecer.
A credibilidade foi ganha. Você ganha credibilidade quando você cumpre a palavra que você dá. Então, os empresários sabiam que o que tinha sido prometido ia acontecer.
E o aumento da concentração de renda incomodava?
A distribuição de renda incomoda porque, no fundo, o homem tem alguns desejos, alguns valores que são fundamentais. Um deles é a liberdade de iniciativa. A segunda é que ele quer uma relativa igualdade. E a terceira é que uma sociedade razoável precisa ter igualdade de oportunidades. O que significa que todos têm de partir do mesmo ponto em uma sociedade competitiva. Isso significa, no fundo, educação e saúde, universais e gratuitas, que é o que está na Constituição na verdade.
Então, a desigualdade, ela incomoda. Como você não podia atacar outra coisa, o processo político transformou a desigualdade numa coisa muito mais significativa porque todos estavam melhorando. Todos melhoraram, só que uns melhoraram mais do que os outros e a distância entre nós estava crescendo. O que não é uma coisa agradável.
A distribuição de renda incomoda porque, no fundo, o homem tem alguns desejos, alguns valores que são fundamentais. Um deles é a liberdade de iniciativa. A segunda é que ele quer uma relativa igualdade. E a terceira é que uma sociedade razoável precisa ter igualdade de oportunidades. O que significa que todos têm de partir do mesmo ponto em uma sociedade competitiva. Isso significa, no fundo, educação e saúde, universais e gratuitas, que é o que está na Constituição na verdade.
Então, a desigualdade, ela incomoda. Como você não podia atacar outra coisa, o processo político transformou a desigualdade numa coisa muito mais significativa porque todos estavam melhorando. Todos melhoraram, só que uns melhoraram mais do que os outros e a distância entre nós estava crescendo. O que não é uma coisa agradável.
Havia uma cobrança nesse sentido?
Ah sim, o que se poderia fazer era aumentar enormemente a oferta de gente que tinha o beneficio da educação, principalmente os de universidade. E isso foi feito. Você teve um aumento dramático de vagas nas universidades. Mas isso não produz efeito instantâneo.
Ah sim, o que se poderia fazer era aumentar enormemente a oferta de gente que tinha o beneficio da educação, principalmente os de universidade. E isso foi feito. Você teve um aumento dramático de vagas nas universidades. Mas isso não produz efeito instantâneo.
Por outro lado o ensino básico foi deixado de lado?
O ensino básico foi deixado de lado. Acho que aí houve um erro. Na verdade, acho que, desde o Império, nós deixamos o ensino básico na mão da prefeitura. Isso foi um erro mortal. As prefeituras nunca se comoveram com o ensino básico.
Houve um grande esforço de alfabetização com o Mobral, que o Mário Henrique Simonsen dirigia. Mas a gente descobriu depois que o alfabetizado virava analfabeto tão logo terminava o curso de alfabetização. Como ele não lia coisa nenhuma, só ouvia rádio, seis meses depois ele era incapaz de ler de novo.
O ensino básico foi deixado de lado. Acho que aí houve um erro. Na verdade, acho que, desde o Império, nós deixamos o ensino básico na mão da prefeitura. Isso foi um erro mortal. As prefeituras nunca se comoveram com o ensino básico.
Houve um grande esforço de alfabetização com o Mobral, que o Mário Henrique Simonsen dirigia. Mas a gente descobriu depois que o alfabetizado virava analfabeto tão logo terminava o curso de alfabetização. Como ele não lia coisa nenhuma, só ouvia rádio, seis meses depois ele era incapaz de ler de novo.
Há críticas de que quando o senhor deixou o governo
Costa e Silva já se acumulavam desequilíbrios, como pressões inflacionárias.
Quais foram os fatores que levaram o país a quebrar após os choques do
petróleo?
Em 1972, eu estava em Roma numa reunião do Fundo (Fundo Monetário Internacional). E o Giscard D´Estaing que era o ministro de finanças da França, tinha ficado muito amigo do Brasil. E ele me disse: olha Delfim, os árabes estão preparando um cartel. Eles vão elevar o preço do petróleo a US$ 6. Nós pagávamos US$ 1,20 o barril.
Quando voltei para o Brasil, comuniquei isso ao presidente, o presidente convocou uma reunião. Nossa proposta, minha e do [Antonio] Dias Leite (ex-ministro de energia) era: vamos abrir a exploração de petróleo. Vamos fazer contrato de exploração de petróleo com empresas privadas, que era para acelerar o processo.
O Geisel se opôs dramaticamente. Quem quebrou o Brasil foi o Geisel. O Geisel era o presidente da Petrobras. A Petrobras passou 20 anos produzindo 120 mil barris por dia. Quando houve a crise do petróleo, as reservas eram praticamente iguais a um ano de exportação, não tinha dívida. A dívida foi feita no governo Geisel.
O Geisel, na verdade, era o portador da verdade. O Geisel sempre tinha a verdade pronta.
Em 1972, eu estava em Roma numa reunião do Fundo (Fundo Monetário Internacional). E o Giscard D´Estaing que era o ministro de finanças da França, tinha ficado muito amigo do Brasil. E ele me disse: olha Delfim, os árabes estão preparando um cartel. Eles vão elevar o preço do petróleo a US$ 6. Nós pagávamos US$ 1,20 o barril.
Quando voltei para o Brasil, comuniquei isso ao presidente, o presidente convocou uma reunião. Nossa proposta, minha e do [Antonio] Dias Leite (ex-ministro de energia) era: vamos abrir a exploração de petróleo. Vamos fazer contrato de exploração de petróleo com empresas privadas, que era para acelerar o processo.
O Geisel se opôs dramaticamente. Quem quebrou o Brasil foi o Geisel. O Geisel era o presidente da Petrobras. A Petrobras passou 20 anos produzindo 120 mil barris por dia. Quando houve a crise do petróleo, as reservas eram praticamente iguais a um ano de exportação, não tinha dívida. A dívida foi feita no governo Geisel.
O Geisel, na verdade, era o portador da verdade. O Geisel sempre tinha a verdade pronta.
Como foi seu conflito com o economista Mario
Henrique Simonsen?
Nunca houve conflito com o Simonsen. Isso é uma tolice. Uma invenção. Primeiro, o Simonsen foi embora porque quis. O Simonsen tinha consciência clara de que o Brasil tinha quebrado. Tanto que ele não entregou o orçamento. Ele foi embora em agosto sem briga nenhuma.
Vou lhe contar mais. O Figueiredo soube que o Simonsen tinha ido embora quando contaram para ele que o Simonsen estava na praia tomando banho.
Nunca houve conflito com o Simonsen. Isso é uma tolice. Uma invenção. Primeiro, o Simonsen foi embora porque quis. O Simonsen tinha consciência clara de que o Brasil tinha quebrado. Tanto que ele não entregou o orçamento. Ele foi embora em agosto sem briga nenhuma.
Vou lhe contar mais. O Figueiredo soube que o Simonsen tinha ido embora quando contaram para ele que o Simonsen estava na praia tomando banho.
O quão importante foi o apoio dos empresários para
o regime?
Na verdade, como o Brasil crescia, os empresários estavam satisfeitos. Não só os empresários. O Brasil estava satisfeito. Essa é que é a verdade. O governo criou condições amigáveis para o funcionamento de uma economia de mercado. O sujeito sabia o seguinte: palavra empenhada era palavra cumprida.
Na verdade, como o Brasil crescia, os empresários estavam satisfeitos. Não só os empresários. O Brasil estava satisfeito. Essa é que é a verdade. O governo criou condições amigáveis para o funcionamento de uma economia de mercado. O sujeito sabia o seguinte: palavra empenhada era palavra cumprida.
Como o senhor via a questão da repressão durante o
governo militar?
No governo você não tinha a menor informação. Você tinha uma separação completa entre o governo e as instituições, as forças armadas. Nunca teve nenhuma interferência. Na verdade, nós víamos nos jornais alguma coisa.
Uma vez eu perguntei ao presidente Médici e ele disse: não, não há.
Ele me disse: "é uma guerra, Delfim. Mas não há tortura".
Tortura é uma coisa deplorável. Quando o sujeito está sob a guarda do Estado é que ele tem de ser protegido.
No governo você não tinha a menor informação. Você tinha uma separação completa entre o governo e as instituições, as forças armadas. Nunca teve nenhuma interferência. Na verdade, nós víamos nos jornais alguma coisa.
Uma vez eu perguntei ao presidente Médici e ele disse: não, não há.
Ele me disse: "é uma guerra, Delfim. Mas não há tortura".
Tortura é uma coisa deplorável. Quando o sujeito está sob a guarda do Estado é que ele tem de ser protegido.
Mas em 1970 os que estavam dispostos para a guerra
já não estavam todos mortos?
Não sei se estava todo mundo morto. É outra coisa. Hoje estamos longe. Precisa ver como eram as coisas. Seguramente, não tem um lado só. O importante é: o governo nunca teve a menor interferência militar. Nunca. Desde o começo, o governo tentou preservar as instituições de mercado. Não era por ideologia. Era por pragmatismo. Porque não tem como você construir de novo uma sociedade democrática sem que o mercado esteja funcionando razoavelmente bem.
Não sei se estava todo mundo morto. É outra coisa. Hoje estamos longe. Precisa ver como eram as coisas. Seguramente, não tem um lado só. O importante é: o governo nunca teve a menor interferência militar. Nunca. Desde o começo, o governo tentou preservar as instituições de mercado. Não era por ideologia. Era por pragmatismo. Porque não tem como você construir de novo uma sociedade democrática sem que o mercado esteja funcionando razoavelmente bem.
quinta-feira, 27 de março de 2014
A CELPA é CCC+ e o Pará é quem ganha com isso.
A Standard & Poor's e o atual rating da CELPA, evidenciam que a empresa localizada no Pará está no caminho certo.
A
Celpa, companhia brasileira de distribuição de energia elétrica, permanece sob
processo de recuperação judicial. A empresa vem implementando um plano de
reestruturação para melhorar a qualidade dos serviços e a geração de fluxo de
caixa.
Alteramos
a perspectiva dos ratings da Celpa, de estável para positiva, porque esperamos
que a empresa continue melhorando seu desempenho operacional nos próximos anos
à medida que implementa seu plano de reestruturação.
Reafirmamos
os ratings ‘CCC+’ da Celpa.
O pessimismo de José Serra é verdadeiro?
José Serra, como gostaria que você estivesse errado...
Com a palavra os meus amigos petistas...
Se falta o rumo, todas as escolhas são ruins.
O presidente a ser eleito
neste ano vai receber a pior herança econômica desde Itamar Franco, cuja posse
foi em outubro de 1993 em razão da renúncia de Fernando Collor de Mello, que
seria fatalmente colhido pelo impeachment.
No baú de heranças
negativas estará a falta de manobra na área externa diante de um ambiente
econômico internacional pouco fulgurante para o Brasil e da acelerada
desindustrialização, que causa pesados déficits na balança comercial.
Também há a pressão
fiscal: custeio em alta contínua, despesas crescentes com juros e subsídios
selvagens à área energética, semiestagnação econômica, que freia o crescimento
da arrecadação, e Estados em má situação orçamentária devida ao ano eleitoral
de 2014.
Não haverá, é bem
verdade, risco a curto prazo de calotes nas áreas externa ou fiscal, mas nem
por isso as agências internacionais de risco, tão atrapalhadas quanto
influentes, deixarão de atazanar as expectativas dos investidores em relação à
economia brasileira.
O próximo presidente vai
enfrentar ainda problemas agudos nas áreas de saúde e de segurança pública, e
há a chaga social provocada pelas drogas. Essas três questões são as que mais
afligem dois terços dos brasileiros.
Na economia, a inflação
reprimida está à espreita. Tarifaços nas áreas de energia elétrica,
combustíveis e transportes urbanos serão inevitáveis em 2014, a menos que se
replique entre nós a desastrosa experiência do governo dos Kirchners, na
Argentina, comprimindo preços, deteriorando a capacidade de cada um desses
setores e expandindo ainda mais desabridamente os subsídios fiscais.
Um analista atento e
desapaixonado, não precisa ser da oposição, concordará com a tese de que o pior
cenário para enfrentar os problemas nacionais seria o sucesso da reeleição.
Invertendo o ditado popular, quem pariu Mateus é o menos indicado para
embalá-lo.
Com a reeleição não daria
para evitar uma deterioração rápida e forte das expectativas sociais e dos
agentes econômicos. Não existiria, por exemplo, o voto de confiança de que todo
novo governo dispõe para corrigir rumos.
A reeleição da atual
presidente também reproduziria a baixa qualidade da gestão governamental,
consequência do despreparo da equipe, uma das piores de todos os tempos. A
presidente Dilma Rousseff ignorou e continua ignorando o bê-á-bá de qualquer
manual de bom governo, segundo o qual ministros, secretários e presidentes de
empresas públicas devem entender de sua área específica mais do que o
presidente, governador ou prefeito.
Ela nivelou a equipe por
baixo e ignorou a prudência, que recomenda que se combine a delegação de
funções com o exercício da liderança. Não fez nem uma coisa nem outra.
Chefe de governo tem de
definir prioridades, fortalecer os meios, antecipar-se aos acontecimentos,
cobrar cronogramas, exercer o comando político e comunicar-se com clareza e
coerência com a população. É tudo o que não existe hoje, quando o Brasil vive
sob um governo que não sabe o que quer, transforma soluções em problemas,
facilidades em dificuldades, e erra a mancheias.
De fato, o foco principal
da crise brasileira hoje em dia está no governo. O pesadelo dos agentes
econômicos não reside tanto nos indicadores ruins sobre a economia, mas na
possibilidade de o governo Dilma se prolongar por mais quatro anos.
Nenhum governo é imune a
equívocos, maiores ou menores. Mas a singularidade dos governos do PT foi
transformar o que deveria ser uma anomalia em método. O caso da Petrobrás é
eloquente.
Havia um sistema de
concessões de exploração de petróleo que funcionava bem, expandindo a produção
e entregando um enorme poder ao governo para extrair receitas. Mas deu-se nó em
pingo d'água e criou-se para o pré-sal um novo método, de "partilha",
que tornou obrigatória a presença direta da empresa em cada poço, com um mínimo
de 30%.
Como ela não tem
capacidade executiva nem recursos para tanto, isso complicou sua situação
financeira e operacional, já agravada pelo represamento de seus preços como
estratégia para reprimir a inflação.
A gestão incompetente, a
falta de pulso do governo e o loteamento político desenfreado levaram também ao
fracasso dos investimentos em refinarias.
Em Pernambuco, a
construção da Refinaria Abreu e Lima, orçada em US$ 2,5 bilhões, não sairá por
menos US$ 20 bilhões e ficará pronta cinco anos depois do prazo. Outras duas,
no Maranhão e no Ceará, mal saíram do papel.
No Rio, a Comperj repete
a rotina de atrasos, estouro absurdo do orçamento, etc. E há, como sabem os
leitores, a pexotada da refinaria de Pasadena. Se faltaram à então ministra e
conselheira Dilma Rousseff as informações adequadas para impedir, em 2006, a
Petrobrás de fazer um negócio desastroso, ela dispunha, nos anos seguintes, de
todos os dados de que precisava para cobrar responsabilidades: como
conselheira, ministra e presidente. Os procedimentos em curso na Petrobrás, se aplicados
à iniciativa privada, quebrariam qualquer empresa.
As consequências disso
tudo são conhecidas: estagnação da produção nacional de petróleo e aumento de
cinco vezes do volume importado de gasolina entre 2010 e 2013. Pelo conceito do
custo de oportunidade, a perda da Petrobrás no acumulado de janeiro de 2003 a
dezembro de 2013 foi de R$ 53,4 bilhões. Tornou-se a empresa de petróleo mais
endividada do mundo e perdeu metade do seu valor de mercado.
Além da tragédia da
Petrobrás, a era petista produziu outro grande estrago no setor de
infraestrutura: desorganizou o sistema elétrico brasileiro. A distância entre o
que a Presidência da República pensa que sabe sobre o setor e o que
efetivamente sabe é avassaladora e se refletiu numa medida provisória, a MP 579,
que não era necessária e serviu de gatilho do atual estrago: aumento alucinante
dos subsídios ao setor, preços reprimidos e derrubada da Eletrobrás, cujo valor
de mercado representa hoje menos de um sétimo do seu patrimônio líquido.
Para quem não sabe aonde
vai todos os caminhos são bons. Quando, no entanto, quem está sem rumo comanda
um país, aí todas as escolhas são ruins.
segunda-feira, 3 de março de 2014
Os bilionários brasileiros em 2014.
Para alegrar o Carnaval, abaixo a lista da FORBES com os bilionários brasileiros em 2014, um deles bastante conhecido de alguns dos meus fiéis leitores. E outro, que não poderia deixar de ser um cearense realmente rico.
Colocação no Mundo
|
Nome
|
Fortuna estimada
|
Idade
|
Setor de atuação/Origem
da fortuna
|
34
|
Jorge Paulo Lemann
|
US$ 19,7 bi
|
74
|
Bebidas
|
55
|
Joseph Safra
|
US$ 16 bi
|
75
|
Bancos
|
119
|
Marcel Herrmann Telles
|
US$ 10,2 bi
|
64
|
Bebidas
|
137
|
João Roberto Marinho
|
US$ 9,1 bi
|
60
|
Mídia
|
137
|
José Roberto Marinho
|
US$ 9,1 bi
|
58
|
Mídia
|
137
|
Roberto Irineu Marinho
|
US$ 9,1 bi
|
66
|
Mídia
|
146
|
Carlos Alberto Sicupira
|
US$ 8,9 bi
|
66
|
Bebidas
|
367
|
Francisco Ivens de Sa
Dias Branco
|
US$ 4,1 bi
|
77
|
Alimentos
|
367
|
Eduardo Saverin
|
US$ 4,1 bi
|
31
|
Cofundador do Facebook
|
396
|
Walter Faria
|
US$ 3,8 bi
|
58
|
Bebidas
|
483
|
Aloysio de Andrade
Faria
|
US$ 3,3 bi
|
93
|
Bancos
|
520
|
André Esteves
|
US$ 3,1 bi
|
45
|
Bancos
|
520
|
Antonio Ermirio de
Moraes
|
US$ 3,1 bi
|
85
|
Diversos
|
520
|
Ermirio Pereira de
Moraes
|
US$ 3,1 bi
|
81
|
Diversos
|
520
|
Maria Helena Moraes
Scripilliti
|
US$ 3,1 bi
|
83
|
Diversos
|
580
|
Fernando Roberto
Moreira Salles
|
US$ 2,9 bi
|
67
|
Bancos, mineração
|
580
|
João Moreira Salles
|
US$ 2,9 bi
|
52
|
Bancos, mineração
|
580
|
Walther Moreira Salles
Junior
|
US$ 2,9 bi
|
57
|
Bancos
|
580
|
Pedro Moreira Salles
|
US$ 2,9 bi
|
54
|
Bancos, mineração
|
609
|
Abilio dos Santos Diniz
|
US$ 2,8 bi
|
77
|
Varejo
|
642
|
Miguel Krigsner
|
US$ 2,7 bi
|
64
|
Cosméticos
|
663
|
Edson de Godoy Bueno
|
US$ 2,6 bi
|
70
|
Hospitais, planos de
saúde
|
796
|
Rossana Camargo de
Arruda Botelho
|
US$ 2,2 bi
|
64
|
Construção
|
796
|
Renata de Camargo
Nascimento
|
US$ 2,2 bi
|
63
|
Construção
|
796
|
Regina de Camargo Pires
Oliveira Dias
|
US$ 2,2 bi
|
60
|
Construção
|
796
|
Moise Safra
|
US$ 2,2 bi
|
79
|
Bancos
|
828
|
Antonio Luiz Seabra
|
US$ 2,1 bi
|
71
|
Cosméticos
|
925
|
Nevaldo Rocha e família
|
US$ 1,95 bi
|
84
|
Varejo
|
931
|
Dulce Pugliese de Godoy
Bueno
|
US$ 1,9 bi
|
66
|
Hospitais, planos de
saúde
|
931
|
Michael Klein
|
US$ 1,9 bi
|
63
|
Varejo
|
931
|
Rubens Ometto Silveira
Mello
|
US$ 1,9 bi
|
64
|
Açúcar, etanol
|
931
|
Lirio Parisotto
|
US$ 1,9 bi
|
60
|
Investimentos
|
1036
|
Jayme Garfinkel e
família
|
US$ 1,75 bi
|
67
|
Seguros
|
1092
|
Julio Bozano
|
US$ 1,6 bi
|
78
|
Bancos
|
1143
|
Ana Maria Marcondes
Penido Sant'Anna
|
US$ 1,55 bi
|
58
|
Pedágio rodoviário
|
1143
|
Cesar Mata Pires
|
US$ 1,55 bi
|
--
|
Construção
|
1154
|
Sergio Lins Andrade e
família
|
US$ 1,5 bi
|
66
|
Construção
|
1154
|
Victor Gradin e família
|
US$ 1,5 bi
|
81
|
Construção
|
1154
|
Alexandre Grendene
Bartelle
|
US$ 1,5 bi
|
64
|
Calçados
|
1210
|
Lina Maria Aguiar
|
US$ 1,4 bi
|
76
|
Herança/bancos
|
1210
|
João Alves de Queiroz
Filho
|
US$ 1,4 bi
|
61
|
Bens de consumo
|
1284
|
Eggon da Silva
|
US$ 1,3 bi
|
85
|
Maquinário industrial
|
1284
|
Elie Horn
|
US$ 1,3 bi
|
70
|
Imobiliário
|
1284
|
Carlos Francisco
Ribeiro Jereissati e família
|
US$ 1,3 bi
|
67
|
Shopping centers
|
1284
|
Jorge Moll Filho
|
US$ 1,3 bi
|
69
|
Hospitais
|
1284
|
Jose Isaac Peres e
família
|
US$ 1,3 bi
|
73
|
Shopping centers
|
1284
|
Werner Voigt
|
US$ 1,3 bi
|
84
|
Maquinário industrial
|
1284
|
Lilian Werninghaus
|
US$ 1,3 bi
|
79
|
Maquinário industrial
|
1372
|
Lia Maria Aguiar
|
US$ 1,2 bi
|
72
|
Herança/bancos
|
1372
|
Guilherme Peirão Leal
|
US$ 1,2 bi
|
64
|
Cosméticos
|
1372
|
Rubens Menin Teixeira
de Souza
|
US$ 1,2 bi
|
57
|
Construção de casas
|
1372
|
Dorothea Steinbruch
|
US$ 1,2 bi
|
--
|
Siderúrgica
|
1442
|
Alfredo Egydio Arruda
Villela Filho
|
US$ 1,15 bi
|
44
|
Bancos
|
1442
|
Daisy Igel
|
US$ 1,15 bi
|
86
|
Gás, petroquímica
|
1465
|
Ana Lucia de Mattos
Barretto Villela
|
US$ 1,1 bi
|
40
|
Bancos
|
1465
|
Edir Macedo e família
|
US$ 1,1 bi
|
69
|
Comunicação
|
1465
|
José Mendes Nogueira e
família
|
US$ 1,1 bi
|
86
|
Mineração
|
1540
|
Giancarlo Franceso
Civita
|
US$ 1,05 bi
|
--
|
Mídia
|
1540
|
Victor Civita Neto
|
US$ 1,05 bi
|
--
|
Mídia
|
1540
|
Roberta Anamaria Civita
|
US$ 1,05 bi
|
--
|
Mídia
|
1540
|
José Roberto Ermirio de
Moraes
|
US$ 1,05 bi
|
56
|
Diversos
|
1540
|
José Ermirio de Moraes
Neto
|
US$ 1,05 bi
|
61
|
Diversos
|
1540
|
Liu Ming Chung
|
US$ 1,05 bi
|
51
|
Papel e celulose
|
1540
|
Neide Helena de Moraes
|
US$ 1,05 bi
|
59
|
Diversos
|
1565
|
Carlos Martins
|
US$ 1 bi
|
57
|
Educação
|
- Fonte: Forbes
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