quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A nova equipe econômica e a FEBRABAN: mudanças à vista, finalmente.

A presidente Dilma fez excelentes escolhas ao nomear Joaquim Levy para ministro da Fazenda, confirmar Alexandre Tombini como presidente do Banco Central, e indicar Nelson Barbosa para o ministério do Planejamento. Os três têm larga experiência na formulação e implementação de políticas macroeconômicas, sempre colocando o interesse público em primeiro lugar. 
Como secretário do Tesouro, Joaquim Levy executou com firmeza as políticas do ex-presidente Lula de ampliação do superávit primário e de redução e melhoria da composição da dívida pública. Os bons resultados destas políticas contribuíram para a retomada da confiança, a conquista pelo Brasil do grau de investimento, e a aceleração do crescimento econômico que se seguiu. Levy tem experiência e credibilidade internacional, adquiridas no exercício de funções em importantes organizações multilaterais como o FMI, o Banco Central Europeu e o BID, além de sólida formação acadêmica. 
A confirmação de Alexandre Tombini no comando do Banco Central renova a expectativa do combate firme à inflação e a confiança na continuidade do excelente trabalho de regulação e supervisão prudencial exercido pelo BACEN, o qual tem sido essencial para a estabilidade e solidez do sistema financeiro nacional. Com sua larga experiência doméstica e internacional, qualificação técnica e dedicação, Tombini tem sido um comandante exemplar do Banco Central. 
Nelson Barbosa acumulou experiência em importantes cargos, como secretário de Acompanhamento Econômico, secretário de Política Econômica e de secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Assume agora o ministério do Planejamento, pelo qual também já havia passado em 2003, com expectativa de que dará contribuição positiva para uma atuação coesa e harmônica da nova equipe econômica. Estamos mais otimistas com o próximo ano, esperando que estas indicações contribuam para a retomada da confiança o que, como os mercados indicam, já começou a ocorrer. A FEBRABAN, seus bancos associados e eu pessoalmente desejamos grande sucesso aos novos Ministros e ao Presidente do BACEN, nos colocamos à disposição para continuar a trabalhar em prol do desenvolvimento do Brasil." 
Diretoria de Comunicação
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Twitter: @febraban

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

"Fiscal, a mãe de todas as ordens" - Delfim Netto.

Li hoje no no site do CORECON SP, mais um artigo do mestre Delfim Netto, escrito para o Valor Econômico em 19/11/2014.

O professor Marcio Holland, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, coordenou, no dia 7, um magnífico Encontro de Política Fiscal na Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Com uma única e óbvia exceção, os participantes são o "crème de la crème" dos especialistas nacionais e internacionais sobre o assunto. O ilustre ministro Guido Mantega fez uma cuidadosa e equilibrada exposição, na qual defendeu, com sóbria habilidade, a política fiscal do governo.

Mas afinal, o que é a política fiscal? Podemos repetir a síntese do professor R.A.Musgrave ("The Theory of Public Finance", 1959) que sugeriu que ela consiste na intervenção deliberada do poder incumbente sobre a receita e a despesa públicas para cumprir alguns papéis que dele se espera: 1) de alocador de recursos para suprir os bens públicos (justiça, saúde, educação, infraestrutura, pesquisas etc.) que se acomodam muito mal nas condições que tornam eficiente a sua oferta pelo mercado; 2) de redistribuidor de recursos no espaço social para reduzir as desigualdades e atender às necessidades básicas dos menos favorecidos e, redistribuir no tempo, para a seguridade social; e 3) de estabilizador da conjuntura, com a manobra de aumentar ou diminuir receita e a despesa públicas para amortecer as flutuações ínsitas no sistema capitalista.

Essa descrição, tão "certinha", contrasta fortemente com as dificuldades e incertezas que cercam a sua execução: a existência de defasagens na resposta aos estímulos, o uso de conceitos não mensuráveis como o produto potencial, o estabelecimento de prioridades (análise custo/benefício), da taxa de desconto social, do custo de oportunidade etc.

É evidente que o papel do poder incumbente não se esgota aí. Ele ainda: 1) tem - através de instituições adequadas - que garantir o bom funcionamento dos mercados que controlam a alocação dos fatores de produção privados e que produzem os bens e serviços para atender à demanda dos consumidores; e 2) deve ter a capacidade de regulá-los para evitar a concentração e estimular a competição.

Quando convenientemente conduzida, a política fiscal: 1) "garante" a relativa estabilidade da atividade econômica e do emprego, fundamentais para a coesão social; 2) dá credibilidade ao ajuste "mais fino" da política monetária que, com pequenas manobras da taxa de juro real de longo prazo, compatibiliza a soma da demanda privada com a demanda pública para manter a taxa de inflação baixa e relativamente estável; 3) por sua vez, "credibilidade" e "previsibilidade" tornam possível uma política salarial capaz de manter o desejável aumento do salário real sem pressões marginais sobre a taxa de inflação; e 4) propicia uma relativa estabilidade da taxa de câmbio real, fundamental para determinar o nível de atividade, oferecendo um "buffer" de recursos para minorar os excessos das flutuações idiossincráticas.

Por essa rápida descrição deve ficar claro que o equilíbrio fiscal é o maestro que comanda a política monetária, salarial e a cambial. A ordem fiscal é a mãe de todas as ordens! É por isso que um Estado forte, constitucionalmente controlado, capaz de regular o funcionamento dos mercados e implementar uma política fiscal adequada - 1) pequeno déficit fiscal/PIB e 2) relação dívida bruta/PIB relativamente constante e em nível apropriado para garantir espaço para as manobras anti e pró-cíclicas -, é condição necessária, ainda que não suficiente, para a promoção do desenvolvimento social e econômico sustentável com equilíbrio interno (aumento harmonioso entre a igualdade de oportunidade e o investimento) e externo (relativo equilíbrio do balanço em conta corrente durante o ciclo).

Por motivos internos e externos, estamos hoje muito longe dessa configuração. No quadriênio 2011-2014, em parte pela perda do "bônus" externo, apresentamos: 1) um crescimento do PIB per capita de 0,6% ao ano; 2) uma taxa de inflação que namorou o nível superior da margem de tolerância da meta; 3) uma significativa deterioração da situação fiscal com déficit nominal de 5% do PIB e clara tendência de aumento da relação dívida bruta/PIB. Parte disso se explica pela estagnação do PIB, mas é preciso insistir que ela não parece ser apenas cíclica, tem uma componente estrutural. Por fim, 4) acumulamos um déficit em conta corrente de US$ 270 bilhões, devido à tragédia imposta ao setor industrial. O resultado positivo do período - que não é pouca coisa -, é que se manteve o nível de emprego.

A situação é muito desconfortável. Não estamos à beira do fim do mundo, mas é imperioso corrigi-la com a devida urgência. Isso exige um novo diagnóstico, ajustado às novas condições internas e externas e envolverá mudanças na política macroeconômica e, ainda mais, na micro, para encurtar a distância entre o governo e o setor privado produtivo.


Dilma recebeu das urnas um "voto de confiança". Esse é o fato fundamental incontornável. Supera todas as opiniões, mesmo as que se pensam "científicas"... Por que não dar-lhe, então, algum tempo para que apresente um bom programa de política fiscal?

Paris é uma festa até para quem quer estudar.


Leio na VEJA.com que Paris é a melhor cidade do mundo para estudar

Conheço algumas da cidade abaixo relacionadas e realmente estudar em Paris não tem preço. O chame de ler um livro num de seus famosos cafés e vendo o melhor do mundo é inesquecível.

Pelo terceiro ano consecutivo, a capital francesa aparece no topo da lista das 50 melhores cidades para estudar, ranking divulgado pela consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS), especializada em ensino superior. Todos os anos a organização internacional avalia o desempenho de instituições para graduação e pós-graduação.

Segundo a consultoria, Paris possui 17 universidades avaliadas como as melhores do mundo no QS World University Rankings 2014/15 - só perdendo para Londres, que tem 18. Além disso, as taxas relativamente baixas de matrícula significam um destino mais acessível aos estudantes. Outro critério levado em conta foi a 16º posição da capital francesa no ranking da The Economist 2014 Global Liveability Ranking, que lista as 140 melhores cidades para se viver.

A capital da França lidera o ranking desde 2012. Em segundo lugar aparece Melbourne, na Austrália - que subiu três colocações desde o ano passado. Em seguida encontra-se Londres, na Inglaterra, em 4º lugar vem Sydney, na Austrália, e em 5º lugar aparece a cidade de Boston, nos Estados Unidos.

O ranking considera dezoito critérios para a realização do ranking, entre eles segurança, poluição, acessibilidade ao transporte público e oportunidades de emprego. Confira a lista:

1º     Paris (França)
2º     Melbourne (Austrália)
3º     Londres (Reino Unido)
4º     Sydney (Austrália)
5º     Boston (EUA) e Hong Kong (China)
7º     Tóquio (Japão)
8º     Montreal (Canadá)
9º     Toronto (Canadá)
10º   Seul (Coreia do Sul) e Zurique (Suíça)
12º    Vancouver (Canadá)
13º    San Francisco (EUA)
14º    Munique (Alemanha)
15º    Cingapura (Cingapura)
16º    Berlim (Alemanha)
17º    Nova York (EUA)
18º    Barcelona (Espanha)
19º    Chicago (EUA)
20º   Canberra (Austrália) e Viena (Áustria)
22º   Auckland (Nova Zelândia)
23º   Brisbane (Austrália)
24º Buenos Aires (Argentina)
25º   Edinburgo (Reino Unido) e Taipé (Taiwan)
27º   Pequim (China)
28º   Copenhague (Dinamarca)
29º   Adelaide (Austrália)
30º   Manchester (Reino Unido)
31º    Los Angeles (EUA) e Xangai (China)
33º   Dublin (Irlanda)
34º   Estocolmo (Suécia)
35º   Kyoto (Japão)
36º   Milão (Itália)
37º   Amsterdã (Holanda)
38º   Helsinque (Finlândia)
39º   Madri (Espanha) e Perth (Austrália)
41º    Filadélfia (EUA)
42º   Washington (EUA)
43º   Moscou (Rússia)
44º   Santiago (Chile)
45º   Coventry (Reino Unido)
46º   Pittsburgh (EUA)
47º   Bruxelas (Bélgica)
48º   Osaka (Japão) e Praga (Rep. Checa)
50º   Cidade do México (México)

A propósito, por que será que não foi citada nenhuma cidade brasileira? 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Joaquim Vieira Ferreira Levy: um economista na Fazenda?

Neste período no qual o nome de Joaquim Levy está em todas as manchetes, localizei no site http://gama-ca.com.br/noticias/joaquim-levy-concedeu-entrevista-exclusiva-poucos-dias-antes-de-ser-cotado-para-fazenda uma excelente matéria na qual podemos previamente identificar o que esperar nesta nova fase da economia brasileira. 

Dias antes de cogitarem o nome de Joaquim Levy como Ministro da Fazenda do segundo mandato de Dilma Rousseff, o editor-chefe da Investidor Institucional, Luís Leonel, realizou uma entrevista exclusiva com o executivo da Bram – Bradesco Asset Management, que foi publicada na edição 265, de novembro. É uma entrevista longa em formato ping pong, que começou a circular na semana passada (a partir de 12 de novembro), em que Levy explica os desafios para recolocar nos eixos a economia do país.

Ainda não houve o anúncio oficial, mas fontes do mercado de assets já confirmam que Levy será o novo Ministro da Fazenda, no lugar de Guido Mantega. A necessidade de retomar o equilíbrio fiscal foi um dos pontos ressaltados por ele na entrevista ao citar o exemplo da economia australiana. “O novo governo [da Austrália] está começando um aperto fiscal importante e os juros, ainda que observando as dilações do aperto nos EUA, têm sido pró-ativos”, disse na entrevista. Ainda em relação à condução da política econômica australiana, Levy destaca o nível da taxa de investimento, mais alta que a do Brasil.

Levy apontou ainda que a Austrália enfrentou desafios parecidos com os do Brasil, com a queda dos preços das commodities no mercado mundial, em função da desaceleração da economia chinesa. Ao contrário do Brasil, o governo australiano tomou medidas que agora estão dando resultados com o maior crescimento do PIB do país. Para ele, um dos grandes entraves para a volta do crescimento da economia brasileira é o baixo nível de investimentos no setor produtivo, principalmente, na infraestrutura.

“O menor crescimento da China deve exigir mais de nós. Além disso, a urgência para destravarmos a infraestrutura aumentou, até pelo cenário global em que a produtividade será ainda mais importante”, disse na entrevista. E a falta de investimentos é reflexo do baixo nível da poupança doméstica, o que Levy aponta como outro desafio importante: o de incentivar o crescimento da poupança interna, da qual os fundos de pensão são importantes agentes. 

Leia a seguir os principais destaques da entrevista:

Poupança interna
“O desafio para o Brasil é o nosso baixo nível de poupança que acaba demandando tanto dos fundos de pensão”.

Relação com Congresso
“O congresso brasileiro já mostrou inúmeras vezes que é capaz de responder aos desafios da nação, especialmente quando o Executivo enuncia uma estratégia com prioridades definidas”.

Lula
“O importante é definir uma estratégia que o mercado entenda. Quando o presidente Lula começou a governar, estabeleceu-se que não haveria ‘pacotes’ e que os objetivos seriam definidos, anunciados e implementados de forma muito clara. Acho que isso foi um dos fatores do sucesso do seu mandato…”

Meirelles
“…o presidente do Banco Central Henrique Meirelles sempre lembrava que menos incerteza, também em relação à inflação, tendia a aumentar o investimento privado. Acho que funcionou bem”.
Aperto fiscal
“Vou fazer um paralelo com uma expressão comum nos EUA: o valor de uma casa é definido por três fatores, que são localização, localização, e localização. Pois bem, o equilíbrio aqui tem três ingredientes: fiscal, fiscal, e fiscal”.

Grau de investimento
“…não vejo, especialmente na comparação internacional e com a reputação que se construiu nos últimos 20 anos, motivos para o Brasil perder o ‘investment grade’”.

Papel do BNDES
“Tornar as debêntures de infraestrutura uma ‘asset class’ global é o desafio número um, e pode trazer vantagens grandes também para as entidades fechadas, mesmo que elas não tenham um diferencial tributário específico”.

Selic
“A subida da Selic é positiva na medida em que sinaliza o compromisso com a estabilidade de preços”.

Bancos públicos
“O importante é que haja planejamento de longo prazo e adequado nível de provisões. A grande recapitalização que o governo FHC fez na CEF e no BB, em um momento de stress fiscal enorme para todo o país, foi fundamental para saneá-los dos equívocos dos 20 anos anteriores…”

Inovação
“Quando olhamos para horizontes mais longos, o país precisa sinalizar o que quer. Como observei, o investidor vê várias coisas boas no Brasil, mas nossa capacidade de inovação vai ser cada vez mais desafiada”.

Perfil – Joaquim Vieira Ferreira Levy
Nascido em 1961 no Rio de Janeiro e formado em Engenharia Naval, obteve o doutorado em economia pela Universidade de Chicago em 1992 e o mestrado em economia pela Fundação Getúlio Vargas em 1987. Iniciou sua carreira em 1984, no departamento de engenharia e na diretoria de operações da Flumar Navegação. Foi professor do curso de mestrado da FGV em 1990, antes de integrar os quadros do Fundo Monetário Internacional, onde, de 1992 a 1999, ocupou cargos nos departamentos do hemisfério ocidental, europeu e de pesquisa, em particular nas divisões de mercado de capitais e da União Europeia. No período de 1999 a 2000 exerceu, como economista visitante no Banco Central Europeu, atividades nas divisões de mercado de capitais e de estratégia monetária. No ano de 2000 foi nomeado secretário-adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda, e em 2001, economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Em janeiro de 2003, foi designado secretário do Tesouro Nacional. Em 2006 foi nomeado secretário da Fazenda do estado do Rio de Janeiro. Entre 2007 e 2010 foi vice-presidente da área de finanças e administração do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Washington. Em 2010 retorna ao Brasil para assumir o comando da asset do Bradesco (Bram).

Fonte: Investidor Institucional. A matérias publicadas compreendem as áreas de Consultoria Atuarial, Previdência Complementar e/ou Planos de Saúde, sendo de responsabilidade de seus autores e não refletindo, necessariamente, a opinião da GAMA Consultores Associados


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

XIX Prêmio Tesouro Nacional 2014: parabéns aos vencedores.

TEMA 1: Política Fiscal


Marcelino Batista Guerra Junior; Fortaleza-CE


Fernando Motta Correia; Curitiba-PR


Augusto Alberto Andreis; Sapiranga-RS


TEMA 2: Economia do Setor Público


Maria Júlia Castro Wegelin; Rio de Janeiro-RJ


Henrique Coelho Kawamura; Foz do Iguaçu-PR


Daniel Voigt Godoy; Porto Alegre-RS


Edison Benedito da Silva Filho; Brasília-DF


Gustavo Moreira de Souza; Rio de Janeiro-RJ


TEMA 3: Tópicos Especiais


Wilton Bernardino da Silva(representante); Recife-PE

Nelson Leitão Paes  e Raydonal Ospina Martínez


Fábio Avila de Castro; Brasília-DF


Márcio Bruno Ribeiro; Brasília-DF


Alex Fabiane Teixeira(representante); Brasília-DF


João Henrique Pederiva 

FGV na lista dos mestrados mais inovadores.

Leio no VALOR ECONÔMICO, uma excelente matéria sobre a FGV.

A Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV Direito SP) foi incluída na lista de mestrados mais inovadores da área compilada pelo jornal britânico "Financial Times". Ela foi a única instituição da América Latina a entrar na lista, formada por 98 escolas e dominada por nomes da Europa e Estados Unidos.

Esta é a sétima edição da lista anual do "FT", que destaca os programas de mestrado em direito (LLM) mais inovadores do mundo, e a segunda vez que a FGV Direito é incluída. A publicação considera métodos inovadores de ensino, a participação de alunos de outros países e a proximidade dos cursos com ensino de negócios.


No relatório, o jornal destaca a importância de profissionais de direito possuírem habilidades comerciais e visão global para se manterem atualizados no mercado de trabalho atual. Diferente dos rankings de melhores cursos de MBA publicados pelo jornal, a lista não elenca os programas por ordem de qualidade.

Economia brasileira: previsões para um ano medíocre.

No Boletim Focus divulgado nesta data pelo Banco Central, não temos boas notícias para os meus quase dois (milhões de) leitores.

A inflação continua sua espiral ascendente, com o IPCA 2014 estimado para 6,43% e para 2015 6,45%, tudo isso bem acima da meta de 4,50%.

Para 2014 o PIB continua em queda livre não devendo ultrapassar a casa dos 0,20%, prevendo-se uma leve alta para 0,80% para 2015.

Quanto à Taxa Selic, manteve-se para 2014 e 2015 os percentuais de 11,50% e 12,00%, respectivamente.

E para quem deseja viajar nas férias que chegam em  breve, o dólar não colabora. Estima-se fechar 2014 em R$/US$ 2,55 e para 2015 R$/US$ 2,65.

Colegas mais pessimistas estimam o PIB 2014 em algo próximo a zero e o US$ a quase R$ 3,00.


Quem viver, sobreviverá? 

domingo, 23 de novembro de 2014

MBA Esalq/USP 4,5 e 6 Dez/2014.


Um lugar ao sol.


Thomas Piketty - O Capital no Século 21.

O prêmio Business Book of the Year, do Financial Times e McKinsey, deste ano foi para o épico "O Capital no Século 21" (Ed. Intrínseca), do economista francês Thomas Piketty, que analisa as raízes e consequências da desigualdade e os meios para enfrentar a questão. Segundo Lionel Barber, editor do FT e presidente do júri, a decisão foi tomada após um "vigoroso debate" sobre a "incrivelmente forte" lista de seis finalistas.

Pelo primeiro lugar, Piketty receberá um prêmio de 30 mil libras, enquanto cada um dos demais autores dos livros finalistas vão receber um prêmio de 10 mil  libras.

Os demais finalistas são: "Hack Attack", de  Nick Davies, sobre o escândalo de escuta telefônica que envolveu o império de mídia de Rupert Murdoch; "The Second Machine Age", de Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, sobre a promessa da revolução digital; "Creativity, Inc.", do cofundador da Pixar Ed Catmull, com Amy Wallace, sobre como Catmull administrou a "criatividade inteligente" do estúdio de animação; "House of Debt", análise de Atif Mian e Amir Sufi de como evitar futuras recessões; e "Dragnet Nation", de Julia Angwin, uma investigação do crescimento da "vigilância da economia".

Hora da saudade!

ANTONIO DELFIM NETTO, mais uma vez um belo texto na Folha de S. Paulo. 

Nos idos de 1945/50, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, o prof. Dorival Teixeira Vieira era um autodidata ranzinza e exigente que ministrava o curso de "Teoria da Formação de Preços". Usava um quadro negro quadriculado e giz de várias cores para realizar duvidosas "demonstrações" geométricas. Evitava o cálculo diferencial em que tinha menor proficiência do que os alunos que haviam frequentado os cursos de outro excelente autodidata, o prof. Luiz Berthet. Fui seu aluno, seu admirador e, por fim, seu amigo por toda a vida.

No honesto propósito de nos colocar na fronteira do conhecimento daquele período, um dia, depois de muito ensaio, aventurou-se numa demonstração geométrica intuitiva da teoria do equilíbrio geral. Após longo esforço, acreditou tê-la demonstrado. Um companheiro realmente brilhante, Roberto Keffer Avelino, fez-lhe a pergunta que até hoje os economistas do "cientifismo" não responderam: quantas pessoas morrem de fome nesse equilíbrio? Se nenhuma, acrescentou Keffer, então ele não tem nada a ver com o Brasil ou com qualquer outro lugar do mundo...

Dois outros professores relativizavam a crença em modelos abstratos na economia. O autodidata, de inteligência e generosidade incomparáveis, Luiz de Freitas Bueno, que insistia na nascente econometria, para dar-lhes consistência; e a única profissional consagrada, a ilustre Alice Canabrava, que insistia, com toda a razão, que sem a história os modelos eram vazios e que a "história engajada" os destruía.

Desde cedo, também por influência de outro brilhante autodidata, o prof. Heraldo Barbuy fomos inoculados com um vírus resistente a aceitar que a moeda era um mero instrumento facilitador das trocas dotado de algumas características materiais. Não, a moeda é um fato social que modifica o comportamento dos agentes. E vacinados, também, contra a ideia que considera o mercado de trabalho como "natural", igual a um bem qualquer, onde o preço é determinado pelo encontro da "oferta" e da "procura". Não, o homem tem uma dignidade própria: ele se constrói e é o instrumento da construção de uma sociedade civilizada. A separação brutal entre o "trabalho" e o "capital" que vivemos é apenas um instante na sua longa construção.

Santo pragmatismo consequencialista! Ele permitiu à FEA-USP enriquecer-se com uma visão ampla e tolerante do mundo, além de divertir-se com as maravilhas e sofisticadas formalizações matemáticas da Economia. Ela nunca esqueceu, entretanto, que só existe para gerar conhecimento que torne mais fácil eliminar o número dos que morrem de fome e facilitar a construção da sociedade civilizada.

sábado, 1 de novembro de 2014

Thomas Piketty: O Capital no século XXI.

Finalmente, a edição brasileira com a tradução da competente colega Monica Baumgarten de Bolle, do mais recente fenômeno editorial no mundo da economia: Thomas Piketty e O Capital no século XXI.    



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Aécio Neves e Dilma Rousseff: a grande final em 26/10/2014.


Dia 26 de outubro, neste próximo domingo, milhões de brasileiros terão a oportunidade de escolher o novo Presidente da República.
É um momento muito importante e, apesar de discordar do voto obrigatório, entendo que cada eleitor deva manifestar democraticamente a sua preferência.
Para que o Brasil continue consolidando a sua jovem democracia, avalie com muita atenção cada candidatura e faça a sua escolha pensando no futuro.
Boa sorte aos candidatos e aos eleitores.

E que DEUS abençoe o BRASIL. 

O voto dos economistas.


Pesquisa realizada pelo VALOR ECONÔMICO mostra como votam os economistas em nossos departamentos de Economia.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Salve o Nobel.

Delfim Netto, hoje na FOLHA DE S. PAULO. 

O estudo do funcionamento econômico da sociedade pode ser convenientemente dividido em dois ramos: a macroeconomia e a microeconomia.

A macro procura entendê-lo e criar instrumentos para que seu administrador (o governo eleito periodicamente) possa produzir um bom equilíbrio interno e externo. Durante muito tempo os economistas acreditaram --e alguns ainda acreditam-- que, com uma adequada âncora cambial (o "padrão ouro"), o sistema deixado a si mesmo ("laissez faire") produziria "naturalmente" aqueles equilíbrios. A variável de ajuste "natural" era o aumento do desemprego e a redução do salário real, que se tornou politicamente inaceitável pelo avanço do sufrágio universal.

Mas o fato importante é que mesmo uma macroeconomia virtuosa não garante uma alocação eficiente dos fatores de produção disponíveis se não forem dados estímulos adequados aos agentes econômicos. Quem cuida do crescimento e sugere instituições e mecanismos que aumentam a produtividade de todo o sistema econômico é a microeconomia. Ela tem avançado dramaticamente desde a exploração do uso da teoria dos jogos, da teoria dos leilões e dos estudos sobre a formação de preços em mercados especiais, onde há necessidade de submeter à maior concorrência monopólios e oligopólios de forma a proteger os consumidores com bons serviços e "modicidade tarifária". Esta aproximação da teoria com a realidade foi, justamente, premiada com o Nobel de economia de 2014 a Jean Tirole.

O governo Dilma chegou ao diagnóstico correto em 2011 quando anunciou que a aceleração do investimento público era a boa saída para a volta ao crescimento. Foi lento, entretanto, em entender que o sucesso das concessões de infraestrutura, por serem transferências de monopólios públicos para o setor privado, envolvem contratos necessariamente "abertos" que duram de 20 a 30 anos e exigem: 1) bons projetos executivos que especifiquem claramente a qualidade dos serviços que se espera delas ao longo do tempo; 2) a construção de leilões adequados --tarefa de profissionais especializados-- para estabelecer a taxa de retorno e 3) agências reguladoras de Estado competentes e estáveis para garantir a integridade econômica e financeira dos contratos. Quando se nomeia um "companheiro de passeata" para uma agência de Estado aumenta-se o "risco" da concessão e, portanto, sua taxa de retorno.


É por isso que talvez ninguém tenha mais necessidade do que o governo brasileiro de aprender na obra fundamental do novo Nobel sobre a formação de preços em mercados especiais. A presidente Dilma precisa incorporar Tirole às suas leituras após domingo...

A curva de Rousseff.

ALEXANDRE SCHWARTSMAN, 51, é doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil, sócio-diretor da Schwartsman & Associados Consultoria Econômica e professor do Insper.

Não tenho, é claro, a menor ilusão de que a presidente da República leia minhas colunas. Aliás, considerados seus maus-tratos à língua, não tenho a menor ilusão que leia qualquer coisa.

Ainda assim continua a ser surpreendente (ou seria "estarrecedor"?) sua insistência em temas há muito demonstrados equivocados, em particular a suposta oposição entre inflação e desemprego, como explorado neste espaço em meados do ano.

À época ela alegou que a fixação da meta de inflação em 3% levaria o desemprego "lá pelos 8,5%, 9%, 10%, 11%, 12%. Por aí". Como se depreende da afirmação acima, precisão não parece ser exatamente o forte da presidente, mas, mais recentemente, voltou à carga, agora argumentando que o desemprego chegaria a 15%, aumentando assim o intervalo de confiança de suas "projeções" de 3,5 para inimagináveis 6,5 pontos percentuais, uma margem de erro de fazer corar qualquer pesquisa eleitoral.

As implicações da peculiar matemática presidencial podem não ter ficado claras à primeira vista, mas são contundentes.

Como o IPCA deve fechar o ano na casa de 6,5%, buscar uma meta de 3% corresponderia a uma redução de 3,5 pontos percentuais da inflação. Por outro lado, dado que o desemprego se encontra na faixa de 5%, sua elevação para 8,5% corresponderia também a 3,5 pontos percentuais, ou seja, na "estimativa" mais otimista, cada ponto percentual a menos de inflação "custaria" um ponto percentual a mais de desemprego.

Já no caso mais pessimista, a elevação do desemprego atingiria dez pontos percentuais (de 5% para 15%) para a mesma redução (de 6,5% para 3%) da inflação, ou seja, cada ponto percentual a menos de inflação "custaria" 2,9 pontos percentuais a mais de desemprego!

Em outras palavras, o coeficiente que captura a presumida troca entre inflação e desemprego implícita na curva de Rousseff varia de 1 a 2,9, uma diferença abissal (alguns diriam "estarrecedora").

À parte o erro conceitual primário (não há troca persistente entre inflação e desemprego, conforme estabelecido por mais de 40 anos de pesquisa na área), as afirmações presidenciais transparecem um descaso desumano ("estarrecedor", talvez) com os números.

Fosse eu um diplomata, diria que as estimativas poderiam ser melhoradas; como não sou, posso afirmar: trata-se de números chutados (isso mesmo, c-h-u-t-a-d-o-s!), sem a menor preocupação com qualquer referência à realidade, sem base estatística e, portanto, desprovidos da mínima relevância.

Mesmo com o devido desconto que se dá à verdade no período eleitoral (coisa triste de se dizer), essa posição é reveladora. A atual administração demonstra o mais profundo desprezo para com os números. Estatísticas só valem se corroborarem a visão preexistente, jamais como forma de testá-la e assim permitir, caso necessário, correção dos rumos.

Insistimos há anos que o atual arranjo de política econômica (a tal "nova matriz macroeconômica", algo sumida de retórica governamental recente) redundaria apenas em menos crescimento, inflação mais alta e desequilíbrios externos crescentes.

As evidências a esse respeito eram visíveis desde 2012, ao menos, expressas no então "pibinho" de 1% (que hoje seria motivo de comemoração) e na inflação que já então teimava em não retornar à meta. Mesmo assim, foram ignoradas.

Dados ruins das contas fiscais têm sido escamoteados e agora até mesmo os números de distribuição de renda se tornaram sujeitos a interesses políticos de curto prazo, culminando com a postergação da divulgação de pesquisas do Ipea sob o ridículo argumento de que violariam as leis eleitorais.


O resultado é que, cada vez mais, temos que navegar sem instrumentos, enquanto se nega à população a possibilidade de avaliar os rumos do país. Nesse sentido, as "estimativas" dos parâmetros da "curva de Rousseff" não são a exceção, mas a regra no modelo de condução desastrada de política econômica no Brasil.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...