sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

ECONOMIA TAMBÉM É COM SIR ELTON JOHN

Diferente de outros posts, o de hoje tem seus motivos especiais. Por uma questão de economia e não ECONOMIA, não estarei entre os fãs de Sir Elton John nos shows que ele realiza agora em São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1995 já tive o prazer de assistir em São Paulo sua extraordinária performance, quando da turnê Made in England, um show inesquecível. Terceiro artista mais importante da história do pop, dono de título de nobreza, 200 milhões de discos vendidos. Se hoje, aos 61 anos, Elton John está longe do melhor momento de sua carreira, ele ainda conserva um certo magnetismo e a velha pompa. Em 2008, em lista elaborada pela revista americana "Billboard", sir Elton John aparece como o terceiro artista mais importante do pop -atrás de Beatles e Madonna..

Como também não fui convidado pelo Banco Cruzeiro do Sul para assistir um show para poucos e bons ontem em São Paulo, na fantástica Sala São Paulo, deixo para a minha colega de blogosfera Barbara Gancia http://www.barbaragancia.com.br/, que esteve lá, relatar abaixo um show fantástico:

Minha noite de ontem foi de glória celestial. Tive o privilégio de assistir ao show de Sir Reginald Kenneth Dwight, na Sala São Paulo, a convite do Banco Cruzeiro do Sul.

Vários roqueiros de renome estavam na platéia, como o heavy metal José Serra, o aerosmith Gilberto Kassab, o funkeiro Sérgio Cabral, o metaleiro ACM Neto, a banshee Ellen Gracie, o rapper Paulo Skaf, a família Jackson Ermírio de Moraes e a família Osbourne Camargo (leia-se Camargo Corrêa).

Apesar de serem todos roqueiros de longa data e de terem aplaudido Sir Reggie com vontade, a turma não mexeu as ancas. Ficou todo mundo sentadinho feito boneco Playmobil.

Não quero estragar a festa de quem vai ao Anhembi no sábado e no domingo. Digo apenas que o rocket man toca todos, repito TODOS, os hits da carreira dele.

De “Tiny Dancer” a “Bennie and the Jets”, passando por “Yellow Brick Road”, “Daniel”, “Crocodile Rock” e “Skyline Pigeon”. Nem “Sorry Seems to be The Hardest Word” fica de fora. Acompanhado por guitarra, baixo, teclado e percussão, ele demonstra estar em grande forma (agora que parou com a manguaça) e nem se incomodou pelo fato de a platéia ser meio blasé. Bem, para quem está acostumado à família real britânica, isso não deve ter sido lá um grande problema.

Antes do “grand finale”, ele se despediu dizendo: “Quero dizer que foi um privilégio tocar nesta sala maravilhosa e começar o ano no Brasil, que é um dos países mais fantásticos do mundo”.

A cereja do bolo ficou por conta da minha volta para casa. Tinha programado voltar de táxi, mas meu blogueiro predileto, Reinaldo Azevedo http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/ , mais dona Reinalda, insistiram em me dar carona. Morra de inveja, doce internauta!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

UM DIA NA CRISE - 14/01/2009

É rara uma leitura hoje em dia de algum texto que transmita otimismo com relação ao ambiente econômico que estamos passando. O mundo espera e torce pela posse de Obama como um divisor que resultará no retorno dos Estados Unidos ao crescimento e, por extensão, no resto do mundo. Mas os textos continuam muito pessimistas.

No Financial Times, Martin Wolf considera o plano de Obama inadequado e incompleto. Em seu blog, Nouriel Roubini comenta sobre a primeira recessão econômica global. E para o meu desconforto, porém já esperado, Bresser-Pereira, na Folha de S. Paulo comenta que os neoclássicos, com a arrogância dos seus modelos matemáticos, são em parte responsáveis pela gravidade da crise.

Tudo isso num dia no qual a Bovespa fecha em baixa de 3,95%, o dólar comercial sobe para R$ 2,346 e a taxa do risco-país vai para os 462 pontos. No front externo o Federal Reserve advertiu que a economia americana piorou ainda mais nos últimso dois meses de 2008, o banco alemão Deutsche Bank informou um prejuízo de 3,9 bilhões de euros (US$ 5,187 bilhões) em 2008, ante lucro recorde de 6,5 bilhões de euros (US$ 8,645 bilhões) de 2007, enquanto a americana Alcoa reportou um prejuízo de US$ 1,19 bilhão de outubro a dezembro de 2008.

Ainda bem que amanhã será OUTRO DIA.

domingo, 11 de janeiro de 2009

A CRISE E O VERDADEIRO CAPITALISMO

Para quem ainda acha que a CULPA da atual crise econômica é exclusivamente do CAPITALISMO, recomendo um artigo do Professor Bruce Scott, da Escola de Administração da Universidade de Harvard, que li na VEJA da edição de 31/12/2008. Abaixo um breve trecho do excelente artigo "Capitalismo não existe sem governo."

"O capitalismo não pode ser culpado pelo que aconteceu. A culpa deve ser atribuída aos ideólogos que o entenderam mal, acreditando que o equilíbrio do mercado equivale ao interesse público, por definição. Na verdade, ele equivale ao interesse dos banqueiros e especuladores que, nas palavras de Martin Wolf, colunista do Financial Times, conseguiram 'privatizar os lucros e socializar os prejuízos' e com isso ajudaram a desacreditar o capitalismo no mundo todo."

Ele recomenda como uma definição precisa do que é CAPITALISMO, a que o Professor Thomas McCraw escreveu no livro Creating Modern Capitalism: "Em seus elementos mínimos, uma sociedade capitalista é organizada em torno de uma economia de mercado que enfatiza a propriedade privada, a oportunidade empresarial, a inovação tecnológica, a inviolabilidade dos contratos, o pagamento de salários em dinheiro e a disponibilidade de créditos."

DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"

Neste final de semana, escolhi como o meu texto favorito, um artigo do PAUL KRUGMAN, nosso Nobel de Economia em 2008 e colunista do The New York Times, com o sugestivo título "COMBATENDO A DEPRESSÃO."
Boa leitura aos meu quase dois leitores e uma boa semana. Sem crises.
"Se não agirmos de forma rápida e ousada", declarou o presidente eleito Barack Obama em seu mais recente discurso semanal, "nós poderemos ver uma retração econômica mais profunda que poderia levar a um desemprego de dois dígitos". Se você me perguntar, ele estava atenuando o caso.
O fato é que os recentes números econômicos são assustadores, não apenas nos Estados Unidos, mas ao redor do mundo. O setor manufatureiro, em particular, está despencando em toda parte. Os bancos não estão emprestando, as empresas e os consumidores não estão gastando. Não vamos medir palavras: isto se parece muito com o início da segunda Grande Depressão.
Logo, nós agiremos "de forma rápida e ousada" o suficiente para impedir que isso aconteça? Nós descobriremos em breve.
Nós não deveríamos nos ver nesta situação. Por muitos anos a maioria dos economistas acreditava que impedir outra Grande Depressão seria fácil. Em 2003, Robert Lucas, da Universidade de Chicago, declarou que o "problema central na prevenção à depressão foi resolvido, para todos os fins práticos, e foi resolvido na verdade há muitas décadas".
Milton Friedman, em particular, persuadiu muitos economistas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) poderia ter detido a Depressão simplesmente fornecendo aos bancos mais liquidez, o que teria impedido a queda acentuada na oferta de dinheiro. Ben Bernanke, o presidente do Fed, famosamente pediu desculpas a Friedman em nome de sua instituição: "Você está certo. Nós erramos. Nós sentimos muito. Mas graças a você, não erraremos de novo".
Na verdade, entretanto, impedir depressões não é tão fácil. Sob a liderança de Bernanke, o Fed tem fornecido liquidez como uma equipe do corpo de bombeiros tentando apagar um incêndio e a oferta de dinheiro está aumentando rapidamente. Todavia o crédito permanece escasso e a economia ainda está em queda livre.
A alegação de Friedman de que a política monetária poderia ter impedido a Grande Depressão foi uma tentativa de refutar a análise de John Maynard Keynes, que argumentava que a política monetária é ineficaz sob as condições de depressão e que a política fiscal - gastos deficitários em grande escala pelo governo - é necessária para combater o desemprego em massa. O fracasso da política monetária na crise atual mostra que Keynes acertou na primeira. E o pensamento keynesiano está por trás dos planos de Obama de resgatar a economia.
Mas esses planos podem ser difíceis de vender.
O noticiário diz que os democratas esperam aprovar um plano econômico com amplo apoio bipartidário. Boa sorte para eles.
Na verdade, a dissimulação política já começou, com os líderes republicanos erguendo bloqueios à legislação de estímulo ao mesmo tempo em que posam como campeões da deliberação legislativa cuidadosa - o que é engraçado considerando o comportamento de seu partido nos últimos oito anos.
De forma mais ampla, após décadas declarando que o governo é o problema, não a solução, sem contar o desprezo à economia keynesiana e ao New Deal, a maioria dos republicanos não vai aceitar a necessidade de uma solução de grandes gastos, tipo Franklin Delano Roosevelt, para a crise econômica.
O maior problema diante do plano de Obama, entretanto, provavelmente será a exigência por muitos políticos de provas de que os benefícios dos gastos públicos propostos justificam seus custos - um ônus de prova nunca imposto às propostas de redução de impostos.Este é um problema com o qual Keynes estava familiarizado: dar dinheiro, ele apontou, tende a ser recebido com menos objeções do que os planos de investimento público, "que, por não serem um desperdício total, tendem a ser julgados segundo princípios rigidamente 'comerciais'". O que se perde nessas discussões é o argumento-chave para o estímulo econômico - o de que sob as condições atuais, um aumento dos gastos públicos empregaria americanos que caso contrário estariam desempregados e dinheiro que caso contrário estaria ocioso, colocando ambos para trabalhar produzindo algo útil.
Tudo isso me deixa preocupado a respeito das perspectivas do plano de Obama. Eu estou certo que o Congresso aprovará o plano de estímulo, mas temo que o plano será adiado e/ou reduzido. E Obama está certo: nós realmente precisamos de uma ação rápida e ousada.
Este é o meu cenário de pesadelo: o Congresso leva meses para aprovar um plano de estímulo, e a legislação que surge ao final é cautelosa demais. Como resultado, a economia despenca por grande parte de 2009 e, quando o plano finalmente começa a entrar em vigor, ele é suficiente apenas para desacelerar a queda, não impedi-la. Enquanto isso, a deflação se estabelece, enquanto empresas e consumidores começam a basear seus planos de gastos na expectativa de uma economia permanentemente deprimida - bem, você consegue ver onde isso vai parar.
Logo, este é o nosso momento da verdade. Nós faremos de fato o necessário para impedir a Segunda Grande Depressão?

O STÁLIN DE NIEMEYER É OUTRO

Li na FOLHA artigo de OSCAR NIEMEYER, cujo início transcrevo abaixo:

"Estou no Rio, em meu apartamento em Ipanema, alheio à agitação que hoje, 31 de dezembro, afeta toda a cidade. Recebo, pelo telefone, o abraço de fim de ano de meu amigo Renato Guimarães, lembrando-me, com entusiasmo, do livro sobre Stálin que, meses atrás, lhe emprestei. Uma obra fantástica do historiador inglês Simon Sebag Montefiore, sobre a juventude de Stálin, que tem alcançado enorme sucesso na Europa, reabilitando a figura do grande líder soviético, tão deturpada e injustamente combatida pelo mundo capitalista."

Stálin, O Pai dos Pobres, um inocente injustiçado pelo capitalismo? É demais. Preciso reler todos os livros que li sobre esse pobre rapaz.

A LÓGICA DO CISNE NEGRO

Gostei de ler "A lógica do Cisne Negro - O impacto do altamente improvável" do libanês Nassin Nicholas Taleb. Meu colega de blog Márcio Laurini já tinha bem comentado sobre o assunto em seu http://raciocioniosespurios.blogspot.com/ e realmente merece a leitura nestes tempos de crises e de férias (para alguns, of course.)

Alguns trechos confirmaram algumas idéias que tenho, enquanto outros aguçaram meus sentidos para localizar o verdadeiro Cisne Negro em qualquer situação. Para o autor, a noção de resultados assimétricos é a idéia central do livro. Escreve ele que: NUNCA CONHECEREI O DESCONHECIDO POIS, POR DEFINIÇÃO, ELE É DESCONHECIDO. NO ENTANTO, SEMPRE POSSO TENTAR ADIVINHAR COMO ELE IRÁ ME AFETAR, E DEVO BASEAR MINHAS DECISÕES EM TORNO DISSO. A IDÉIA DE QUE PARA QUE SE TOME UMA DECISÃO SEJA NECESSÁRIO SE CONCENTRAR NAS CONSEQUÊNCIAS (QUE SE PODE SABER) EM VEZ DE NA PROBABILIDADE (QUE NÃO SE PODE SABER) É A IDÉIA CENTRAL DA INCERTEZA. BOA PARTE DA MINHA VIDA É BASEADA NELA. NO FINAL DE CONTAS, ESTAMOS SENDO CONDUZIDOS PELA HISTÓRIA, ENQUANTO TODO O TEMPO ACHAMOS QUE SOMOS NÓS QUE ESTAMOS NO CONTROLE "

É claro que ele tem um raciocínio lógico que faz o leitor concordar com suas idéias, porém para um fã incondicional da análise de séries temporais, em muitos trechos do livro fiquei deveras preocupado com suas palavras. Afinal, acredito no resultado de muitos trabalhos nessa área. No entanto, fato é que todos não podem esquecer do Cisne Negro. Ele existe.

O ESTADO DO PARÁ NA "EXAME"

É muito triste quando vemos uma foto de um desmatamento no estado do Pará, na página 49 da edição especial da EXAME CEO de Dezembro/2008. Segundo os autores do artigo "É hora de enfrentar o aquecimento" o grande problema do Brasil é o desflorestamento no norte do país que ainda produz quantidades enormes de dióxido de carbono. Sem isso, as emissões per capita do Brasil seriam de apenas cinco toneladas. Adicionando a cifra do desflorestamento, o número mais que dobra.

Até quando o Estado não agirá com o rigor da lei na punição aos infratores e numa solução na qual a responsabilidade social seja em benefício dos moradores locais?

O PRESIDENTE E A REVISTA PIAUÍ nº 28

Um dos assuntos mais comentados na semana foi a matéria que o jornalista Mario Sergio Conti, diretor de redação da revista PIAUÍ fez com o Presidente Lula: "O primeiro e o terceiro poder - Azia, ou o dia da caça."

Na reportagem ficamos sabendo (de novo) que o Nosso Guia não lê blogs, nem sites, nem jornais, nem revistas. E não é por falta de tempo. Simplesmente não lê porque "eu tenho problema de azia".

Para encerrar cita que gosta de Eli Gaspari - Clóvis Rossi - Janio de Freitas - Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim. Não gosta de Merval Pereira - Ali Kamel e Diogo Mainardi.

Diante disse, recordo de Nixon quando disse que "O inimigo é a imprensa."

POLÍTICA AMERICANA - PRESIDENTES

Sempre que vejo reunidos todos os ex-presidentes americanos com o que está atualmente no poder, comparo o sorriso de todos com o que temos aqui no Brasil. Mesmo sendo a política um assunto complicado em todos os lugares do mundo, por aqui, nos últimos 500 anos, temos um aprendizado que ainda não chega ao nível deles.
Que um dia possamos ter no Brasil um interesse mais presidencial do que pessoal. Amém.

BRASIL EM CRISE? - PARTE II

Que cinema é a maior diversão, ninguém discute. Considerando que a estréia do filme "Se Eu Fosse Você 2", foi vista por mais de 575.000 brasileiras e brasileiros, um recorde para filmes brasileiros nos últimos 14 anos, pergunto: onde está a crise? Ou, melhor ainda, SE existe crise: "Fui ao cinema para divertir-me".

Enquanto isso, no outro lado do Atlântico, alguns bilionários procuram o caminho da morte, incapazes de enfrentarem uma crise.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

BRASIL EM CRISE?

Como uma charge consegue demonstrar toda uma situação e até fazer-nos rir de coisas sérias. Para deleite dos meus quase dois leitores, vide o que vi no blog do colega Daniel Simões http://academiaeconomica.blogspot.com/.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O MUNDO EMERGENTE - 2009

A revista EXAME enviou no final do ano passado para APENAS 8.000 pessoas no Brasil, uma edição especial sobre "Como o surgimento de novas potências está redefinindo a geografia econômica mundial." (Lamento dizer, mas não estou entre os que receberam a revista. Deve ser por falha na entrega...)

Com excelentes artigos de grandes pensadores como Joseph Nye - Moisés Naím - Hernando de Soto - David King - Paul Collier - Antoine Van Agtmael - JHim O´Neill - Jorge Castañeda - o nosso Samuel de Abreu Pessoa da FGV - Alberto Alesina e Bill Clinton entre outros. Muito além da qualidade editorial da Abril, os artigos merecem uma obrigatória leitura para todos que desejam aprofundar sua visão global.

Apenas como entrada, cito uma breve passagem do texto do Joseph Nye quando ele comenta a comparação que muitos fazem hoje entre a derrocada de Roma diante dos povos bárbaros e a de que os Estados Unidos estariam com seus dias de glória contados. Para ele "muitos previram o fim do dólar como reserva monetária primária, e a verdade é que o dólar tem se apreciado. É melhor tomar cuidado com previsões sobre o fim da economia americana. Sim, foram cometidas muiotas bobagens. Mas não, o poderio americano não acabou."

Retorno depois ao assunto, pois são artigos, como o de Moisés Naím, no qual ele cita que "esta crise financeira vai transformar profundamente a economia global e terá consequências mais profundas e duradouras que os atentados às torres gêmeas. Mas ela nem marca o fim do capitalismo nem o início do fim dos Estados Unidos."

É nisso que eu também acredito e que torço para que as atuais previsões se revertam e ao final de 2009 tenhamos um resultado muito diferente do hoje previsto.

domingo, 4 de janeiro de 2009

AS IDÉIAS DE ROBERTO CAMPOS EM 2009

Neste 2009 em que tantos tentam ressuscitar John Maynard Keynes e afirmar que acabou o livre mercado, o liberalismo e o neoliberalismo, eu também busco no além-mundo, as palavras de um grande Economista e formador do pensamento econômico liberal no Brasil: ROBERTO CAMPOS. Falhas existem e precisam de correções, mas a solução não é necessariamente e obrigatoriamente o Estado.

"Sou chamado a responder rotineiramente a duas perguntas. A primeira é 'haverá saída para o Brasil?'. A segunda é 'que fazer?'. Respondo àquela dizendo que há três saídas: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo. A resposta à segunda pergunta é aprendermos de recentes experiências alheias."

"O mercado é apenas o lugar em que as pessoas transacionam livremente entre si. Só isso. Mas não é pouco, porque no seu espaço a interação competitiva entre os agentes econômicos equivale a um plebiscito ininterrupto, que não só permite fazer uma apuração, a todos os momentos revista, das preferências dos indivíduos, como lhes dá uma medição quantitativa, tornando possível, por conseguinte, o cálculo racional."

"A melhor maneira de promover a eficiência no uso de recursos é a concorrência interna e externa. Donde ser a oposição à abertura econômica e à globalização - em nome do combate ao neoliberalismo - uma secreção de cabeças suicidas. Ou talvez, o perfume de flores assassinas que mesmerizam mosquitos ideológicos."

LULA NA NEWSWEEK - 2008/2009

Na edição da NEWSWEEK que está nas bancas e na qual cita a nova elite global, está lá na página 39, o nosso Luiz Inácio Lula da Silva - President, Brazil.

Conforme a revista "Economists groaned when the hirsute former union man took office in 2003, but soon they were gasping instead. Brazil, once at the edge of ruin, now has $ 207 billion in Treasury reserves and the lowest inflation rate in the developing world. Thanks to Lula's fiscal smarts, Brazil is among the world's healthiest emerging economies".

Nada como uma "herança maldita" para manter e produzir bons resultados. É o que ouvimos na época do Clinton em 1992: "É a economia, estúpido". E a popularidade chegando ao Everest...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"

Neste começo de ano, nada como ler um texto de um colega ex-presidente do BACEN que de maneira didática resume o mundo hoje e sua perspectiva para 2009. Direto da Folha de S.Paulo, lemos Antonio Carlos Lemgruber em 2009 - Odisséia Econômica. Em 31/12/2009, com certeza, iremos conferir este artigo e ver quem está com a melhor bola de cristal.

O temor dos Estados Unidos: uma nova Grande Depressão. Podem ser 6% negativos no último trimestre de 2008 (PIB real). Já na Europa, sobretudo na Alemanha, há sempre o medo da hiperinflação, que destruiu o país na década de 1920 e gerou Hitler. No Japão, a década de 1990 já teve "pequena" depressão. E o Brasil? Sem dúvida alguma, a memória da "superinflação" de 1954 a 1994 conduz a política monetária de juros altos.

Teoricamente, estaríamos mais próximos das preocupações alemãs do que das norte-americanas. Isso está evidenciado na posição da diretoria do Banco Central, que, por sinal, já está sendo chamado de Bundesbank (Banco Central alemão) pela revista "The Economist".

A chamada base monetária nos Estados Unidos duplicou em seis meses. Estão emitindo dinheiro como nunca, para evitar o pior, depois de terem levado os juros a zero. No Brasil e na Alemanha, isso seria uma heresia, mas o Federal Reserve, liderado por Bernanke, não quer repetir a Grande Depressão e está apelando para o que não foi feito na década de 1930: a emissão de moeda.

Certamente, o Japão vai atrás dos Estados Unidos. Mas a Alemanha não vai. O governo alemão não pretende emitir dinheiro nem sair por aí fazendo gasto público. Tem horror de inflação e rejeita a ideia "keynesiana" de que é possível sair da recessão via gasto público.

O Brasil parece ter alemães no Banco Central e norte-americanos no Ministério da Fazenda. O Banco Central mantém os juros altos. Já o Ministério da Fazenda é keynesiano e quer estimular a economia pelo gasto público, assim como deverá ocorrer neste ano nos Estados Unidos, com o novo presidente Barack Obama imitando o "New Deal" de Franklin Delano Roosevelt.

Os Estados Unidos e o Japão, de um lado, e a Alemanha, de outro, demonstram coerência na condução da política econômica. Os EUA e o Japão se mostram expansionistas para evitar a depressão; a Alemanha não acredita na "capacidade" do setor público de tirar o país da recessão e se mostra conservadora. Já no caso brasileiro há inconsistência entre a política monetária e a fiscal. O aumento do gasto público é financiado por tributos ou pela emissão de títulos. Isso dificulta o gasto do setor privado, sobretudo quando a política monetária não dá um elemento de compensação, mantendo os juros elevados.

Existe solução para o "caminho" brasileiro? Há espaço para o Brasil baixar os juros para um dígito, sem prejudicar as metas inflacionárias. Com a queda nos preços de produtos de comércio exterior em dólar, o impacto da desvalorização do câmbio está mitigado. Além disso, o "hiato do produto" (que reflete o desemprego) vai aumentar em 2009, ou seja, vamos crescer menos do que o produto potencial (no máximo, 2%). O Brasil é capaz de combinar as lições da Alemanha, dos Estados Unidos e do Japão, baixando os juros, sem pressionar a inflação e descongestionando o mercado de crédito para o setor privado.

O ano de 2009 vai ser difícil. Crescimento negativo nos países desenvolvidos. Uma nova Grande Depressão deverá ser abortada via expansão da moeda e das despesas públicas nos Estados Unidos e no Japão. Já o Brasil deverá experimentar baixo crescimento e praticamente nenhuma aceleração da inflação. Do ponto de vista político, mais desemprego e mais inflação em 2009 no Brasil vão ser ruins para o presidente Lula, mas o importante é o seguinte: poderá ser pior se não houver coordenação maior de política econômica. Ou seja: 2% de crescimento do PIB e 6% de inflação serão bons resultados em 2009.

2009 - QUE VENHA E QUE BRILHE O SOL TODOS OS DIAS

Finalmente ele chegou. O tão aguardado 2009 está conosco e começando de arrepiar: se já não bastasse a crise na economia, agora quase real, temos israelenses e palestinos numa guerra sem fim. Quanto à guerra, é bem mais antiga do que eu e além do sofrimento causado, eventualmente pode resultar num aumento no preço do barril do petróleo e prejudicar ainda mais o mundo de hoje.

Agora com relação à economia, temos que ter muita calma nesta hora. De certa maneira os indicadores econômicos brasileiros estão dentro de padrões que indicam um crescimento do PIB para o final de 2009 em quase 2,5 %, o que, se confirmado, será um ótimo resultado comparado ao que esperamos dos grandes países. É claro que economista faz previsão e acerta. Também erra. No entanto, generalizar que todos os economistas falharam em 2008 é uma grande falácia. Mesmo que em 01/01/2009 a grande maioria dos economistas esteja pessimista quando ao que irá acontecer durante 2009, não podemos nos esquecer dos Cisnes Negros. Eles existem e podem, com a nossa sorte, ajudar a reverter esta conjuntura negativa.

Apesar de 2008 ter trazido Keynes aos jornais como a solução ideal para a crise, entendemos que o desafio no curto prazo, deva ser como sustentar a demanda agregada com a força do Estado. Para Keynes esse seria o melhor caminho, mas entendemos que não podemos retornar ao Estado máximo. Situações emergenciais carecem de uma atuação diferenciada, mas não manter a mesma postura no longo prazo. Falhas ocorreram em 2008 e em anos anteriores com suas “bolhas” causadas pela “ganância” de alguns e forte ausência de uma fiscalização rigorosa, porém, democraticamente o livre mercado é a melhor saída para um mundo no qual a riqueza continue existindo e aumentando o poder de compra de milhões que necessitam de condições mínimas para o seu conforto.

Em um ano que inicia com tantas dúvidas, nada como o humor sarcástico de Oscar Wilde para tantas incertezas: “Sempre vale a pena fazer uma pergunta, mas nem sempre vale a pena dar uma resposta.”

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

EM 2008 REFLEXÕES PARA 2009

"A vida é o que é... A gente é que pode ser mais."

"Não importa o que fizeram de você, mas o que você faz com o que fizeram de você."

"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos."

ENTENDENDO O CAPITALISMO

Diogo Costa no http://www.ordemlivre.org/node/447 fecha de maneira espetacular este ano de 2008. E que venha 2009, pois com, ou, preferencialmente, SEM CRISE, o livre mercado continua livre e democrático. A aula abaixo merece a nossa leitura e o agradecimento ao seu autor. Este blog, cujo próprio título já vem com o CAPITALISMO em seu cerne, não poderia deixar de divulgar O QUE O CAPITALISMO NÃO É.

Foi Karl Marx quem cunhou o depreciativo termo "capitalista" para identificar um sistema econômico que havia recebido de Adam Smith uma expressão mais descritiva e bonita: "sistema de liberdade natural". A origem negativa do termo é um dos motivos pelos quais a discussão sobre o capitalismo necessita de um esclarecimento. Seja para atacá-lo ou defendê-lo, é importante entendermos primeiro o que o capitalismo não significa.

O capitalismo não é exclusivamente "capitalista". A acumulação de capital é um fato existente em qualquer sociedade, independentemente de sua estrutura política e econômica. Max Weber já dizia em A ética protestante e o espírito do capitalismo que "a ganância pelo ouro é tão antiga quanto a história do homem". E que onde o capitalismo era mais atrasado encontrava-se "o reino universal da absoluta falta de escrúpulos na busca dos próprios interesses por meio do enriquecimento". No entanto, as pessoas ainda encaram o capitalismo como um ordenamento moral, um modo de vida em que a acumulação de riqueza é o bem superior. Mas a defesa do capitalismo não significa a defesa de um homo economicus cuja única preocupação na vida é ganhar dinheiro. Há muitas coisas mais importantes do que a acumulação de capital, como a família, a religião, a arte e a cultura. E isso realça a importância da economia de mercado. É verdade que no livre mercado há mais oportunidade para aquele que pretende enriquecer, mas nele o filósofo também tem mais oportunidade de aprender e o artista tem mais oportunidade de se expressar. E é por meio do livre mercado que o filantropo, a pessoa que deseja ajudar o próximo, dispõe de mais recursos para fazer assistência social, e, através do sistema de preços livres, pode utilizar seus recursos de forma mais eficiente.

O capitalismo não é a burocracia internacional. As pessoas de esquerda costumam identificar pelo termo "neoliberal", tanto as reformas modernizadoras que diminuem a participação do Estado na economia, quanto as organizações inter-governamentais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Como neoliberalismo e capitalismo são termos intercambiáveis no discurso vulgar, o FMI e o Banco Mundial aparecem como braços operadores do capitalismo internacional. Essa confusão também costuma ser feita por pessoas de direita que, definindo-se por sua oposição sem reservas à esquerda, acabam defendendo instituições burocráticas como se fossem partes integrantes do sistema capitalista. Nesse caso, a esquerda tem razão em denunciar a arrogância de agências internacionais, que nada mais são do que uma forma de planejamento central de larga escala. Enquanto o liberal entende que a prosperidade depende da utilização do conhecimento e dos incentivos dispersos na sociedade, os burocratas internacionais acreditam que podem comandar o desenvolvimento econômico na Zâmbia ou em Guiné-Bissau de seus escritórios em Washington e Nova York. O resultado não tem sido animador. O jornalista Andrew Mwenda, de Uganda, continua sem resposta para sua pergunta sobre exemplos históricos de países que tenham realmente prosperado graças à ajuda externa. De 1975 a 2000, o continente africano recebeu em auxílio externo uma média de 24 dólares per capita por ano. Entretanto, o PIB africano per capita diminuiu a uma taxa média anual de 0,59%. Durante o mesmo período, o PIB per capita do sul asiático cresceu a uma média de 2,94%, apesar de ter recebido em auxílio externo uma média de apenas 5 dólares per capita a cada ano. Políticas de abertura de mercado têm um efeito mais positivo do que o planejamento internacional financiado por impostos. Na verdade, em vez de criar economias de mercado ativas e autônomas, as políticas do Banco Mundial diminuem a dependência dos governos por sua própria população, já que a receita não vem dos tributos extraídos do desenvolvimento econômico doméstico, mas das negociações com outros burocratas. O poder da população é transferido para essas organizações, criando uma cultura de dependência em que a miséria local apenas aumenta o poder de barganha dos governos que recebem auxílio externo. O resultado é a perpetuação da miséria.

O capitalismo não é a política norte-americana. Apesar de os Estados Unidos historicamente terem tido um de seus pilares no livre mercado, grandes contribuições para a compreensão do capitalismo foram feitas em outros paises. Sem contar que, ultimamente, o governo americano tem feito um ótimo trabalho de difamação do nome do livre mercado. O crescimento nos gastos da atual administração superam a de qualquer outro presidente desde o democrata Lyndon Johnson, criador do programa assistencialista da Great Society. George W. Bush foi o primeiro presidente americano a assinar um orçamento de mais de 2 trilhões de dólares. E também foi o primeiro presidente americano a assinar um orçamento de mais de 3 trilhões de dólares. Um aumento que inclui gastos significativos na previdência social e saúde pública, além dos gastos bélicos. As recentes aventuras no Oriente Médio também não podem ser consideradas políticas pró-capitalistas. A própria guerra e a permanência no Iraque são um experimento socialista de escala internacional, que já custou mais de 1 trilhão de dólares e cerca de 30 mil vidas. Liberais defensores do capitalismo não acreditam que nações são violentamente construídas por meio da política, mas que se desenvolvem espontânea e pacificamente. É o socialismo que defende a prosperidade planejada. E o que o governo americano tem feito no Iraque é um planejamento de longo alcance.

O capitalismo não é a defesa irrestrita das grandes corporações. Os defensores do livre mercado entendem que os negócios podem tanto servir quanto prejudicar a população em geral. Em um sistema intervencionista, toda empresa que quer aumentar o seu lucro tem duas opções: investir em produtividade, para competir pelos consumidores, ou investir em lobby, para competir pelos favores políticos. A competição para servir à sociedade é capitalismo, a competição para servir ao governo é mercantilismo. São os mercantilistas que defendem legislações protecionistas de corporações contra a competição estrangeira e doméstica. Os liberais defendem um mercado aberto, em que a manutenção de um negócio depende do oferecimento de serviços e produtos que satisfaçam ao consumidor.

O capitalismo não é a perpetuação das elites. São os oponentes do capitalismo que, ao defender maior concentração de poder nas mãos de políticos e burocratas, constroem um sistema corrupto e estático, no qual há pouco espaço para a mobilidade social e pouca oportunidade para o desenvolvimento da criatividade humana. Há doses de capitalismo em diferentes sociedades do mundo, mas não há uma sociedade onde a economia seja puramente livre, e nem o Brasil está entre as economias mais livres do mundo. Na verdade, de acordo com o ranking de liberdade econômica publicado anualmente pelo Fraser Institute, do Canadá, o Brasil encontra-se no 101º lugar entre 168 países examinados, empatado com Paquistão, Etiópia, Bangladesh e Haiti. No Brasil, há excesso de burocracia para a entrada e a permanência no mercado, uma legislação trabalhista rígida, que empurra os trabalhadores para a informalidade e uma legislação tributária que já foi considerada pelo Fórum Econômico Mundial como a mais complexa de todo o mundo. Os oponentes do livre mercado insistem no controle governamental da economia para resolver os problemas que foram criados pelo próprio governo. Defender o livre mercado é defender a estrutura de um sistema econômico dinâmico em que se estimula a produção de riquezas e se permite a mobilidade social.

O capitalismo não é a defesa do tratamento desigual das pessoas. Há diversas formas de tornar as pessoas mais iguais. Os igualitários normalmente não pretendem torná-las mais iguais em conhecimento ou em beleza, mas em recursos, pelo menos em alguns recursos que consideram fundamentais. É bem verdade que o livre mercado não se baseia na igualdade de recursos. Mas isso não significa um tratamento desigual das pessoas. A igualdade liberal, da qual floresce o capitalismo, é a igualdade de direitos, a igualdade perante a lei. Isso significa que as questões de justiça e o uso da sua liberdade no mercado não dependem de quem você é, mas do que você faz. O capitalismo é um sistema econômico de cooperação mútua, apoiado em uma estrutura de direitos na qual prevalece a igualdade jurídica entre as pessoas. As pessoas no livre mercado não são iguais em "distribuição de renda", mas são iguais em liberdade.

Por fim, capitalismo não é socialismo. O capitalismo não é uma imposição do governo, nem o mercado é uma ideologia em que a teoria necessariamente precede a prática. O capitalismo é simplesmente o que ocorre quando as pessoas têm liberdade para fazer trocas, apoiadas em direitos de propriedade bem definidos. É o socialismo que necessita da mobilização social para alcançar um objetivo comum entre todas as pessoas. O socialismo precisa da pregação e da concentração de poder na autoridade manipuladora. O socialismo é a politização da vida econômica, é um discurso interminável do Fidel Castro, é a transformação de tudo o que é belo e espontâneo no dirigismo rígido da política. O livre mercado é apenas o conjunto de ações de agentes humanos livres sobre a alocação de recursos escassos. Se os propósitos desses agentes são morais, a ordem gerada será igualmente moral. E é quando nós conseguimos sinceramente compreender e avaliar o capitalismo que passamos a ter o discernimento para defendê-lo ou atacá-lo.

domingo, 28 de dezembro de 2008

CRISE ECONÔMICA 2008 - QUEM NÃO VIU EM 2007?

Lendo hoje na Folha o Elio Gaspari comentar que esta crise econômica estava aí já em janeiro/2008, fui buscar a EXAME de 31/12/2007 e na página 27 leio novamente que: "Ao final do governo Clinton, em 2000, o superávit nas contas públicas americanas beirava os 2% do PIB. Bush cortou impostos, aumentou gastos e gerou um déficit estimado em quase 200 bilhões de dólares em 2007. O buraco nas contas, aliado ao desequilíbrio no balanço de pagamentos, enfraqueceu o dólar - que se desvalorizou quase 50% em relação ao euro nos últimos oito anos. Para piorar, a economia americana passa pela crise imobiliária, que pode jogar o país numa recessão nos próximos trimestres." Na página 29 leio que "o mais recente relatório do banco do investimento Merril Lynch avalia que a chance de recessão em 2008 é de 100%".

Diante disso, que lemos em 31/12/2007, alguma surpresa com o que está acontecendo hoje?

sábado, 27 de dezembro de 2008

HUNTINGTON 1927-2008 + GUERRA SANTA SEM FIM

Mesmo vendo ECONOMIA em tudo na vida, este blog também tem seus momentos de outros fatos. Desde que começei a ler que sou conhecedor de um eterno conflito lá no distante Oriente Médio entre Israel e palestinos. Fato é que nem nesta época de final de ano eles conseguem viver um segundo sequer em PAZ. Hoje, no mais violento ataque de Israel contra grupos radicais palestinos ocorrido nos últimos anos, cem bombas, lançadas de 60 aviões de guerra contra 50 alvos, deixaram um saldo de mais de 200 mortos, segundo fontes médicas palestinas, e mais de 200 feridos. Triste notícia para um final de ano que já vai indo triste.

Continuando a ler as notícias de hoje, quase não acreditei quando li na Folha online que o cientista político Samuel Huntington, autor do famoso ensaio "O Choque de Civilizações", morreu aos 81 anos em Martha's Vineyard, no Estado americano de Massachusetts, conforme informou neste sábado a Universidade Harvard.

Huntington morreu na última quarta-feira (24/12). O cientista político deixou de lecionar em Harvard em 2008, após 58 anos de "serviços bons e leais", segundo a universidade americana. Ele foi autor, co-autor e editor de 17 obras e 90 artigos científicos sobre a política americana, a democratização, a política militar, a estratégia, e até mesmo política de desenvolvimento, informou o comunicado.

Nascido Samuel Phillips Huntington em 18 de abril de 1927 em nova York, ele conseguiu se formar na Universidade de Yale aos 18 anos e começou a lecionar em Harvard aos 23. "O Choque de Civilizações", publicado em 1996, foi traduzido a 39 idiomas. O livro também foi considerado como uma visão prévia do conflito com grupos muçulmanos que culminou nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

Realmente, apesar de sua morte ter ocorrido na véspera de Natal, somente foi divulgada a pouco. Mesmo não querendo acreditar, pesquisei ainda na Harvard Magazine http://harvardmagazine.com/breaking-news/samuel-p-huntington-dies-age-81 , confirmado o fato, divulgado há menos de três horas, conforme abaixo.

Political scientist Samuel P. Huntington, the Weatherhead University Professor emeritus, died December 24, at age 81, on Martha’s Vineyard. He retired from teaching in 2007, after 58 years of service at Harvard, according to the official University news release on his life and career.

Huntington was best known for his views on the importance of cultural identities and affiliations in shaping relations between and among states and nations—an argument popularly summarized by his vivid phrase, “the clash of civilizations,” first spelled out in a 1993 journal article and then expanded upon in a internationally best-selling book published in 1996.

Existem professores que marcam toda uma geração, que apresentam idéias novas, que criam polêmicas admiráveis e que ficamos conhecendo ao longo de nossas experiências acadêmicas. Quando fiz na Universidade de Brasília uma especialização em Relações Internacionais, não tive que deixar de ler e conhecer um pouco mais desse tal choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial. Por isso, esta notícia de sua morte e da situação na faixa de Gaza, tudo no último sábado de 2008, é para marcar de tristeza este mundo em CRISE (para não dizerem que não falei de economia).

E um fato que também marca é o belo exemplo de Professor Huntington: 58 anos lecionando em Harvard. Que exemplo de vida para todos nós, indiferente das posições políticas do grande Mestre.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

REVISTA EXAME - 2009

Acabo de receber a EXAME com a feliz data de 31/12/2008, UM ANO PARA FICAR NA HISTÓRIA. Cláudia Vassallo, na sua Carta ao Leitor, consegue ser realista e otimista. Para ela (e eu concordo integralmente), "este ano mudou o mundo e nos deu uma lição de humildade. Cisnes Negros (de novo o livro que estou lendo) continuarão a surgir na economia sem que tenhamos capacidade de antever sua aparição. Continuaremos a ser surpreendidos por eles, sem que isso seja necessariamente ruim. ECONOMISTAS, analistas financeiros, gurus, acadêmicos, NINGUÉM conseguiu desenhar os contornos que o mundo tomaria após o anúncio da quebra do LEHMAN BROTHERS."

Humildade é a própria EXAME reconhecer através de sua Diretora de Redação que também "nós, jornalistas de EXAME cometemos erros". E encerra sua carta com o otimismo de que "não é preciso ser sábio ou profeta para dizer, hoje, que 2009 será tão ou mais emocionante que 2008." E que muitas profecias ruins não se cumpram...

DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"

Não posso deixar de divulgar recente artigo com o sugestivo título "Somos todos keynesianos", de MARTIN WOLF no "FINANCIAL TIMES". Uma excelente leitura para este feriadão de final de ano. E que venha 2009.

Somos todos keynesianos, agora. Quando Barack Obama assumir a Presidência, proporá um gigantesco pacote de estímulo fiscal. Pacotes semelhantes estão sendo propostos por diversos governos.

O fantasma de John Maynard Keynes (1883-1946), pai da macroeconomia, voltou para nos assombrar. Com ele retornou o de seu mais interessante discípulo, Hyman Minsky. Todos sabemos agora o que quer dizer o "Momento Minsky" - o ponto no qual um período de mania financeira se transforma em pânico.

Como todos os profetas, Keynes ofereceu lições ambíguas aos seus seguidores. Poucos ainda crêem na sintonia fina fiscal que seus discípulos propunham nas décadas após a 2ª Guerra. Mas ninguém mais acredita, tampouco, nas metas monetárias propostas pelo celebrado adversário intelectual de Keynes, o americano Milton Friedman (1912-2006).

Agora, 62 anos após a morte do economista britânico, numa nova era de crise financeira, é mais fácil compreender o que segue relevante em seus ensinamentos.

Eu vejo três lições amplas.

A primeira, desenvolvida por Minsky, é que não deveríamos levar a sério as pretensões dos financistas. "Um banqueiro sólido não é aquele que prevê o perigo e o evita, mas o que, quando quebra, quebra ao modo convencional, em companhia de seus pares, de maneira a que ninguém possa culpá-lo." Ou seja, o conceito de "mercados eficientes" não era com ele.

A segunda lição é a de que a economia não pode ser analisada da mesma maneira que uma empresa individual. Para uma empresa, faz sentido cortar custos. Caso o mundo tente fazê-lo, resultará numa contração da demanda. Um indivíduo pode não gastar toda sua renda, mas o mundo deve fazê-lo.

A terceira e mais importante lição é que a economia não deveria ser tratada como uma narrativa moral. Nos anos 1930, havia duas visões ideológicas opostas em competição: a austríaca e a socialista. Os austríacos Ludwig von Mises e Friedrich von Hayek argumentavam que era necessário purgar os excessos dos anos 1920. Os socialistas argumentavam que o socialismo precisava substituir completamente o capitalismo. As posições se baseavam em religiões laicas concorrentes: a primeira, na idéia de que a busca de vantagem pelos indivíduos garantia uma ordem econômica estável; a segunda, na idéia de que essa motivação só poderia conduzir a exploração, instabilidade e crise.

Keynes foi um gênio peculiarmente inglês, já que insistia em que deveríamos abordar um sistema econômico não como uma narrativa moral, mas como um desafio técnico. Ele desejava preservar o máximo de liberdade, mas reconhecia que um Estado mínimo era inaceitável em uma sociedade democrática e de economia urbanizada. Desejava preservar a economia de mercado, mas não acreditava que o "laissez-faire" propicia tudo de melhor no melhor dos mundos possíveis.

Esse mesmo debate moralista retornou, hoje. Os "liquidacionistas" insistem em que um colapso resultaria no renascimento de uma economia purificada. Seus oponentes de esquerda argumentam que a era dos mercados acabou. E mesmo eu desejo punição aos alquimistas financeiros que alegavam que dívidas cada vez maiores serviriam para transformar chumbo econômico em ouro.

Para Keynes, abordagens como essas são tolas. Os mercados não são infalíveis ou indispensáveis. Servem de sustentação a uma economia produtiva e às liberdades individuais. Mas também podem sair do rumo, e precisam ser administrados.

A tarefa urgente é restaurar a saúde da economia mundial.

O desafio de prazo mais curto é sustentar a demanda agregada, como Keynes recomendaria. Igualmente importante será o financiamento direto do banco central à captação. Boa parte do ônus caberá aos EUA, em larga medida porque europeus, japoneses e até chineses são inertes demais, complacentes demais ou fracos demais.

Dada a correção do consumo doméstico já em curso nos países com déficits comerciais, é provável que esse período de altos gastos dos governos persista por anos. Ao mesmo tempo, é preciso um grande esforço para purgar os balanços domiciliares e do sistema financeiro.

Converter dívida em capital certamente será necessário.

Também pragmática deve ser a tentativa de construir um novo sistema de regulamentação financeira mundial e uma política monetária que contenha os "booms" de crédito e as bolhas de ativos. Como Minsky deixou claro, não há resposta permanente. Mas reconhecer a fragilidade sistêmica de um sistema financeiro complexo poderia ser um bom começo.

Como foi o caso nos anos 1930, temos uma escolha: lidar com esses desafios de forma cooperativa e pragmática ou permitir que as viseiras ideológicas e o egoísmo nos obstruam. O objetivo é claro: preservar uma economia mundial aberta e ao menos razoavelmente estável, que ofereça oportunidades à maior proporção possível da humanidade.

Como Oscar Wilde poderia ter dito, na economia a verdade é raramente pura e jamais simples. É a maior lição da crise. E também uma lição de Keynes.

PÂNICOS INFUNDADOS E DESASTRES INESPERADOS

Nesta época de final de ano e com o pessimismo geral sobre 2009 abatendo muita gente boa, vale a pena ler o artigo abaixo, escrito por MICHAEL SKAPINKER, colunista do "Financial Times". É por ler artigos com a mensagem abaixo que continuo otimista com relação a 2009. Eu, Nosso Guia e mais alguns poucos colegas.

Meus caros quase dois leitores: reflitam e leiam nas entrelinhas que podemos ter um 2009 diferente do que estão falando. Estou lendo "A lógica do Cisne Negro" de Nassim Nicholas Taleb, decano de Ciências da Incerteza na Universidade de Massachusetts. O artigo do Skapinker é o meu Cisne Negro.

Em abril de 1961 o filósofo Bertrand Russell declarou, em uma reunião da Campanha pelo Desarmamento Nuclear, que, se as grandes potências não alterassem suas políticas, seria "improvável ao mais alto grau que qualquer de nós aqui presentes continue vivo dentro de 10 anos".

As bombas nucleares ainda podem ser detonadas ao longo dos próximos 10 anos, ou talvez até no ano que vem. Alguns dos países que dispõem desse tipo de arma, ou parecem determinados a adquiri-la, são mais assustadores do que aqueles que as tinham em seus arsenais naquela época. Mas, 47 anos depois da previsão apocalíptica de Russell, continuamos aqui.

Vocês se lembram do vírus do milênio? A suposição era de que ele viesse a paralisar o mundo, porque os computadores seriam incapazes de enfrentar a mudança de 99 para 00 em seus calendários internos.

Qual foi a origem daquilo tudo? O vírus do milênio foi um perigo genuíno que governos e empresas evitaram porque agiram com decisão? Ou vivemos um momento de histeria empresarial e pessoal maciça?

Suspeito que a resposta correta seja essencialmente a última. Pode ser que, dentro de uma geração, o aquecimento global venha a ser considerado mais ou menos à mesma luz. Também pode ser que não. Nem tudo sobre o que entramos em pânico é infundado.

Mas é surpreendente como o desastre que acaba nos atingindo é exatamente aquele pelo qual não esperávamos.

Havia gente preocupada com os créditos hipotecários de risco (subprime), com a securitização e com a complexidade financeira, dada a possibilidade de que tudo isso terminasse em desastre, mas suas preocupações foram desconsideradas.

Quando o desastre nos atinge, muitas vezes surge a revelação de que alguém o havia previsto. Mas muitas vezes as previsões sombrias não se confirmam, e as vozes solitárias são desdenhadas e esquecidas.

E por que não somos muito bons em prever o futuro? Para começar, porque o mundo é complicado demais para que possamos considerar todas as eventualidades. Em segundo lugar, porque tendemos a reproduzir o comportamento daqueles que nos cercam. Dissidentes têm poucos amigos.

Terceiro, porque, em nossa incerteza, tendemos a confiar naqueles que acreditamos saber melhor. Hoje, tendem a ser economistas, intelectuais e celebridades. Se todas essas pessoas inteligentes acreditam em alguma coisa, quem somos nós para contradizê-las?

Quarto, gostamos de histórias.

Adotamos narrativas que explicam o mundo e nos apegamos a elas mesmo quando os fatos sugerem que podem estar erradas. Apenas quando estamos encarando o colapso começamos a duvidar do que dizem.

A história do capitalismo acabou em frangalhos este ano. Ocorre que, desta vez não há algo de melhor à espera do outro lado.

O próximo capítulo será fascinante. As taxas de juros dos Estados Unidos caindo a zero, ou bem perto disso. Boa parte do sistema bancário estatizado. Um presidente carismático na Casa Branca.

O que acontece a seguir? Não sei.

Vocês, tampouco. Por mais desesperados que estejamos para descobrir, devemos ser maduros o bastante para admitir que não existe quem possa nos contar. Isso torna a vida mais difícil, mas o que seria de nós, de outra forma? A curiosidade quanto ao que acontece a seguir é parte essencial da alegria e da angústia de ser humano.

O "NEW DEAL" DE BARACK OBAMA

Recente reportagem do The Wall Street Journal citou os cinco setores nos quais o presidente eleito Barack Obama estará estimulando economicamente. São eles: a infra-estrutura de transporte; a eficiência energética; a reforma dos prédios escolares; a expansão da banda larga e os registros de saúde digitais. Sem querer ser pessimista, muito pelo contrário, minha avaliação inicial é que esse New Deal nos moldes do que o presidente Roosevelt fez na Grande Depressão dos anos 30 não será suficiente para reverter os atuais péssimos números da economia americana.

Penso que ele deveria reunir-se rapidamente com o Nosso Guia, em conjunto com a Mãe do PAC e aprender como se coloca em funcionamento um Plano de Aceleração do Crescimento e não se tem, ainda, o resultado desejado. Afinal, aqui a crise não entra.

AINDA É NATAL 2008

Ontem foi Natal, mas como seria melhor se fosse todo dia. Diante disso, vale à pena ler de novo o artigo “NATAL SECRETO” da Míriam Leitão. Ela inicia seu texto comentando que os americanos não desejam mais Feliz Natal e isso não é devido à crise nem pelas profecias terminais dos nossos colegas economistas. O politicamente correto lá é trocar o específico MERRY CHRISTMAS pelo genérico HAPPY HOLIDAYS. O final do seu artigo é perfeito. Lá vai a Míriam dizendo que “A diversidade é ninguém abrir mão da própria identidade. Refletir antes de falar para não ofender o outro. Não impor o pensamento dominante como único padrão possível, incentivar os valores da convivência entre desiguais, tudo isso é bom, universalmente bom. E é dessa aceitação do outro, da união de todos, que se faz o verdadeiro espírito de NATAL”. Para quem desejar ler na íntegra seu post, basta acessar http://oglobo.globo.com/economia/miriam/#149608

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

NOITE ESPECIAL - NATAL 2008

Rafael ou Raffaello Sanzio é um dos maiores mestres do Renascimento italiano. Para fazer justiça a esta noite, uma belíssima imagem da Sagrada Família. Essa pintura é de 1518 e Rafael pintou nesta obra Isabel, mãe de São João Batista, Maria, mãe de Jesus, as duas crianças e São José.

Em São Paulo tive o prazer, por diversas vezes, de ver um dos mais belos quadros de Rafael, a "Ressurreição de Cristo", que está lá no Museu de Arte de São Paulo - MASP.

Hoje, realmente a noite não é de ECONOMIA.

MENSAGEM DE NATAL - 2008

Apesar da revista "Dicta & Contradicta" já ter lançado o seu número dois, até o momento ainda não tive o prazer de comprá-la aqui neste interior do Pará. Porém espero que em breve, eu consiga localizar uma banca que tenha a mesma.

Já tinha lido algumas ótimas referências com relação a revista e a sua apresentação que está no site http://www.dicta.com.br/a-revista/, já diz para que veio. A Dicta & Contradicta é uma revista semestral lançada em 10 de junho de 2008 em São Paulo pelo Instituto de Formação e Educação.

Reúne artigos e resenhas de intelectuais brasileiros e estrangeiros sobre os grandes temas da cultura ocidental: a ética, a filosofia, a literatura e as artes, sob uma perspectiva de longo prazo, desvinculada da política partidária e com uma vocação, na medida do possível, universal. Com isso, a revista – com uma mentalidade acadêmica, mas sem academicismos – procura atender a uma demanda do mercado por textos de maior transcendência e profundidade.

Normalmente procuro escrever mensagens de NATAL/ANO NOVO diretas, objetivas, sem procurar adoçar um momento em detrimento de outros 364 amargos. Neste ano, minha mensagem de NATAL/ANO NOVO é a mensagem da DICTA & CONTRADICTA. Depois que li, refleti e resolvi postar algo maior que a minha objetividade. Espero que meus dois quase leitores, também gostem da mesma. BOA LEITURA E BOAS FESTAS.

De todas as épocas do ano, o Natal parece ser a mais carregada de “peso”, de “sombras”. Claro que a ocasião é de festa: afinal, é Deus quem nasce, mais uma vez. Mas é de se pensar que ninguém sabe o que acontece quando Deus nasce. Por isso, o “peso”, as “sombras”. Em um mundo dominado por uma “crise” que jamais encontra uma solução, o Natal parece ser somente uma ocasião para comprar e dar presentes ou, pior, para descansar a cabeça de um ano díficil e preparar-se para um ano que promete ser mais díficil ainda.

Entretanto, ele não é apenas um “descanso para a mente do homem comum” ou o “nascimento de Deus”. O Natal é o nascimento do Deus que veio para nos salvar - eis a diferença. Um deus pode nascer e até ajudar o crente em seus caminhos no mundo tortuoso; mas um deus que nasça para salvar efetivamente o crente e, ainda depois deste resgate, continua a ter paciência para dar conselhos e confortá-lo - isso sim é quase impossível (e olhem que o tal do crente nunca é o melhor dos seres humanos).

No entanto, isso aconteceu - e a rejeição deste simples fato coloca em perigo não só uma questão civilizacional, mas também a nossa própria existência pessoal. Vivemos em um mundo que, mais cedo ou mais tarde, vai nos devorar em suas presas e temos Alguém com quem, através de um pouco de esforço, podemos conversar, dialogar e chegar em finais muito surpreendentes. E este Alguém também pede muito pouco - na verdade, segundo o Salmo 51, pede apenas um coração verdadeiramente contrito. Por “contrito” entenda-se o verdadeiro exame de consciência que só você e Deus podem saber o que se passa dentro do seu coração. Mas se perdermos a noção deste Alguém, como poderemos conversar, dialogar? Perdemos isso e tudo está perdido - nada mais, nada menos.

O Natal serve para mergulharmos nas suas “sombras”, no seu “peso” e relembrarmos constantemente que o nosso nascimento não acontece em um único dia, mas em todos os dias. O mesmo ocorre com a Ressurreição - que é um Natal redobrado, por assim dizer. Esta é a verdadeira alegria deste evento - uma alegria agridoce, sem dúvida, pois, como nos lembra São João de Ávila, a madeira da manjedoura é o prenúncio da madeira da Cruz. Mas entre uma e outra há todo um percurso e é nele que esse Alguém está do nosso lado, sem hesitar, sem nunca recusar seu conforto, mesmo que seja no mais perturbador de todos os silêncios.

Um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo para todos os leitores que fizeram deste blog uma realidade!

domingo, 21 de dezembro de 2008

VEJA - SOMOS VICIADOS EM PETRÓLEO

Muito interessante a entrevista desta semana na VEJA com o economista americano JEREMY RIFKIN. Ele defende a tese de que a atual crise financeira, a crise energética e o aquecimento global estão interligados e não serão solucionados separadamente.

Fico satisfeito com esse entendimento, pois ao prever que o barril de petróleo deve custar US$ 200 em 2030, ainda temos algum tempo para fazer valer a importância da busca de novas fontes de energia, o que deve beneficiar o Brasil. Mesmo que hoje o preço do barril esteja por volta dos US$ 45, ele comenta que por causa do aumento da população mundial e do consumo, o preço do petróleo vai subir em breve, por mais lenta que a economia esteja.

Para RIFKIN, "para sair do pântano financeiro e climático, é preciso acelerar a revolução verde."Entendo que o Brasil pode fazer muito e ser destaque no mundo. É só ver a quantidade de alternativas energéticas que temos em nosso país.

TEMPO É TUDO - LUXO É POUCO

Este breve texto abaixo eu li num suplemento da revista TIME edição de inverno, presente de um colega recém-chegado do exterior. Numa matéria de 64 páginas exclusiva sobre o luxo no mundo, é que vemos que uma das melhores coisas da vida é mesmo o TEMPO.

Don´t talk to me about luxury.

OK, you can.

But forget it.

You must know that the only real luxury is TIME.

TIME and a cup of tea. And a pear. Or an apple. Maybe a little cake.

That is enough.

CONTABILIDADE MAIS ECONOMIA

Antoninho Marmo Trevisan é o atual Presidente da Academia Brasileira de Ciências Contábeis. Em recente artigo no VALOR ele cita o Tratactus de Computis et Scripturis (“Contabilidade por Partidas Dobradas”, do padre Luca Paciolo, (reconhecido como o pai da contabilidade), publicado em 1494 e que estabeleceu um conceito inexorável: PARA CADA DÉBITO DEVE EXISTIR UM CRÉDITO EQUIVALENTE.

Diante dessa sábia fórmula, Trevisan sintetiza de maneira didática que “o desrespeito ao clássico ensinamento, que os contabilistas aprendem no primeiro ano do seu curso superior, foi a causa da pandêmica crise do sub-prime surgida nos Estados Unidos.” Continua ele que “para um mesmo bem, representado na compra do imóvel, foram criadas inúmeras fontes de recursos, mas sem o necessário lastro físico”.

Então vamos concordar numa coisa: o livre mercado é a base do capitalismo e sempre vai em busca do algo mais. SE esse algo mais deu errado, a falha não é exclusiva do livre mercado, MAS da omissão do Estado na regulamentação dessa enorme movimentação financeira interglobal que a internet possibilitou. Acredito na possibilidade da feliz união entre o livre mercado com o Estado, cada qual fazendo a sua parte, não deixando porém de olhar um ao outro. Também não entendo que o retorno do Keynes em pleno século XXI possa ser a salvação do mundo.

REVISTA TIME - 2008

Como já era esperado, a revista TIME escolheu Barack Obama como a personalidade do ano de 2008. Como primeiro negro eleito presidente dos Estados Unidos ele "destronou séculos de ordem social estabelecida". Sou totalmente favorável à escolha e acredito que a maioria mundial também. Que ele faça a partir de 20/01/2009, o melhor para os Estados Unidos. O resto do mundo, agradece antecipadamente.

Vide abaixo, direto da Time, com objetividade:

Person of the Year 2008: Barack Obama In one of the craziest elections in American history, he overcame a lack of experience, a funny name, two candidates who are political institutions and the racial divide to become the 44th President of the United States.

DA SÉRIE "TEXTO DE QUEM ESCREVE BEM"

Como já escrevi algumas vezes para os meus quase dois leitores(as), além dos meus parcos e sucintos comentários semanais, entendo que tenho o dever de publicar textos de outros colegas (indiferentes se pensam ou não igual à minha "própria teoria econômica"), porém trazem à pauta, assuntos que precisamos entender melhor e são matérias atuais que sempre nos levam a pensar numa maneira de "solucionar" nossos problemas micro e macroeconômicos. São textos recomendáveis e que, por vezes, por inúmeros outros motivos, muitos leitores não tiveram a oportunidade de conhecer.

Neste post, trago a coluna de Delfim Netto, com o título "CUIDADO", publicada em 17/12/2008 na Folha de S. Paulo. Os destaques em negrito são por minha conta e risco. Boa leitura.

Não deixa de ser um pouco assustadora a facilidade com que se fala em "refundar" o capitalismo como resposta à crise que o laxismo dos Bancos Centrais e a imoralidade de agentes do sistema financeiro depositaram sobre a economia real.

"Capitalismo" é o codinome de um sistema de organização econômica apoiado no livre funcionamento dos mercados. Nele há uma clara separação entre os detentores do capital (os empresários) que correm os riscos da produção e os trabalhadores que eles empregam com o pagamento de salários fixados pelo mercado. É possível (e até necessário) discutir a qualidade dessa organização e sugerir-lhe alternativas. O difícil é negar a sua eficiência, a sua convivência com a liberdade individual e os dramáticos resultados que desta última emergiram a partir dos meados do século 18.

Depois de uma estagnação milenar, nos últimos 250 anos ela permitiu a multiplicação por seis da população mundial, multiplicou por dez a sua produção per capita e elevou de 30 para 60 anos a expectativa de vida do homem, o que não é pouco.Certamente ela não é perfeita.

Tem, por exemplo, uma tendência a produzir uma detestável desigualdade. Mas o seu problema mais grave -conhecido desde sempre- é a sua ínsita tendência à flutuação (em períodos e amplitudes variáveis) com repercussões sobre o emprego e a segurança econômica dos cidadãos. Quando se trata das flutuações macroeconômicas e da desigualdade, os economistas se dividem em duas tribos: uma crê que o sistema de economia de mercado, deixado a si mesmo e com tempo suficiente, resolve os dois problemas. Logo, ela dá ênfase à estabilidade monetária, fundamental para o bom funcionamento dos mercados. A outra crê que a solução exige uma intervenção inteligente, cuidadosa e firme do Estado que corrija a desigualdade de oportunidades e mantenha a demanda global. Logo, ela dá ênfase à estabilidade do emprego no nível mais alto possível.

A tentativa (de falsa inspiração keynesiana) patrocinada pelo Partido Trabalhista inglês depois da Segunda Guerra, de produzir simultaneamente a estabilidade monetária e o pleno emprego, terminou, como todos sabemos, num Estado-corporativo ineficiente, cuja desmontagem foi iniciada por Thatcher. As implicações políticas (na organização do Estado) e econômicas (na limitação da liberdade de iniciativa produtora das inovações) da "refundação" do capitalismo para eliminar as "crises" são muito mais sérias do que supõe a vã filosofia de alguns trêfegos passageiros do G20. Como diriam os romanos: Cuidado, o cachorro é perigoso!

sábado, 20 de dezembro de 2008

ECONOMIA REAL - FINAL DE ANO

Por uma questão de comprar presentes de última hora, tive que retornar ao shopping por volta das 17 horas de hoje. E qual a minha boa surpresa de encontrar muita gente lotando as lojas. Não dá para afirmar SE todos estavam comprando, mas pelo menos desfez minha visão anterior de fim de festa sem animação.

Espero também que os meses iniciais de 2009, não tragam além das notícias da crise, uma quantidade elevada de devedores. Boas vendas geram empregos, que resultam em salários, que geram novas compras e a vida continua... No entanto, com juros altos (o brasileiro somente observa o valor da prestação) e os bancos e financeiras restringindo o crédito, este Natal não parece ser o do bom Papai Noel.

Vamos também pensar que se as empresas contrariarem o Nosso Guia e apostarem na demissão como única saída para a crise, um retorno da inflação para delírio de alguns que apostam na possibilidade do crescimento econômico com uma inflação crescente, nossas exportações desabando e o dólar subindo, quem poderá nos tirar deste pesadelo?

ECONOMIA NO FINAL DE 2008 - MUNDO REAL

Li na Folha que o relatório mensal da consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU) prevê retração de 0,4% na economia mundial em 2009, o pior desempenho desde o final da Segunda Guerra Mundial.

Segundo o relatório, o Brasil "não está imune à crise econômica global e os eventos das últimas semanas, incluindo a rápida desvalorização do real, seriam exemplos claros da vulnerabilidade brasileira à crise." Estou hoje em Belém e visitando o Shopping Iguatemi por volta das 13 horas fiquei impressionado com a pouca quantidade de consumidores. Afinal, estamos a poucos dias do Natal e conforme conversei com vendedores que conheço, todos também estavam sem entender o fraco movimento. Até em demissões eles falaram que suas chefias já comentam entre si.

Quando vejo o Nosso Guia reclamando contra os empresários que já estão demitindo funcionários, quando leio sobre grandes empresas totalmente engajadas no moderno time de “responsabilidade social para inglês ver” também desligando seus colaboradores, observando o movimento de compras/consumo neste final de ano, não resta alternativa que não pensar em como manter os últimos indicadores de crescimento econômico que o Brasil registrou, em uma situação que agora de marolinha está virando um tsunami.

Mesmo com o cenário nada otimista que estamos prevendo, vamos torçer por experiências criativas, sem demagogias eleitoreiras com pensamento em 2010, que possam superar este momento, trazendo bons resultados aos funcionários, aos empresários e ao governo. E que venha logo este 2009, antes que essas famosas consultorias escrevam que o mundo acabou...

domingo, 14 de dezembro de 2008

TUDO IGUAL NA TERRA - A.C./D.C

"O orçamento deve ser equilibrado, o Tesouro deverá ser recarregado, a dívida pública deve ser reduzido, a arrogância do funcionalismo deve ser temperado e controladas, bem como a assistência às terras estrangeiras a fim de que não deverão ser abreviados Roma tornar-se insolvente. As pessoas devem aprender de novo a trabalhar, em vez de viverem em assistência pública."

Quem escreveu esta frase foi Marcus Tullius Cicero ou Marco Túlio Cícero, filósofo, orador, escritor, advogado e político romano, lá da nossa distante Roma, em meados de 30 A.C.

Um dúvida: Como ele já poderia conhecer o Nosso Guia?

OS ECONOMISTAS DE OBAMA

Recentemente somente se tem falado sobre a crise e como os grandes Economistas não tiveram o dever de solucioná-las antes dela nos atingir em cheio (Lá nos USA, of course). Aqui, somente marolinha... Por enquanto...

Em primeiro lugar, existe todo um poder político que não necessariamente pensa exatamente igual a quem tem as "idéias econômicas" corretas para a hora certa.

Em segundo lugar, conforme escreveu o Millor Fernandes "A economia compreende todas as atividades do país, mas nenhuma atividade do país compreende a economia." Logo, devem ou não serem ouvidos e respeitados os Economistas? Eu já penso que por trás de um grande político deve ter sempre um respeitado Economista.

Por isso, concordo com o Stephen J. Dubner do blog freakonomics.com quando comenta de sua alegria em saber que Obama está com um poderoso time de Economistas para virar o jogo desta crise. Estão lá dentre outros: Lawrence Summers, Peter Orszag, Christina Romer, Austan Goolsbee, Timonthy Geithner e o experiente Paul Volcker. Somente para termos uma idéia de como funciona no governo BUSH, o diretor do Escritório de Gestão e Orçamento, que supervisiona gastos de uns US$ 3 trilhões é um político. O de OBAMA será um Economista profissional.

POLÍTICA ECONÔMICA PÓS COPOM DE 10/12/08

É lamentável que a Força Sindical prometa organizar a partir de janeiro de 2009, um movimento para derrubar o Henrique Meirelles da presidência do BACEN, caso ele continue com a política de juros elevados.

Por que ao invés dessas manifestações de engarrafar ainda mais o nosso caótico trânsito, esses senhores não discutem o assunto civilizadamente e apresentem propostas ao governo?

É necessário que todos entendam que cada caso é um caso. Levantamento recente da LCA Consultores informa que analisando a taxa básica de juros de 52 países desde a quebra do banco Lehman Brothers, 28 reduziram a taxa, 17 a mantiveram (incluindo o Brasil) e 7 países elevaram a taxa no período. Logo, o BACEN/COPOM tem seus motivos para não baixar ainda hoje nossa taxa.

Vamos aguardar mais um pouco, pois como li em algum texto, "EM ECONOMIA, É FÁCIL EXPLICAR O PASSADO. MAIS FÁCIL AINDA É PREDIZER O FUTURO. DIFÍCIL É ENTENDER O PRESENTE".

COMO REAGIR À CRISE? LEIA E OPINE

"Como Reagir à Crise? Políticas Econômicas para o Brasil" é um livro virtual que está no sítio http://www.iepecdg.com/ - Instituto de Políticas Econômicas da Casa das Garças, que é um centro de estudos cariocas dirigido pelos economistas Edmar Bacha e Ilan Goldfajn.

O bom é que a reação à crise já começa pelo livro, que é FREE. Reúne artigos de pesos pesados como Armínio Fraga, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Alkimar Moura, Armando Castelar Pinheiro, Francisco Lopes entre outros.

Entre tantos textos de excelente qualidade acadêmica, fico com um pequeno trecho da parte do Pedro Malan quando escreve que "O Brasil não está em recessão, nem em deflação, mas em processo de desaceleração do crescimento que vai significar sim redução das receitas e portanto vai exigir cortes na expansão de gastos antes contemplados e não o contrário, como vem acontecendo com as contratações e aumentos anticíclicos." Resumindo: o governo deve conter o gasto público como o único caminho para o País atravessar a crise.

FINAL DE ANO 2008 - INDICAÇÃO DE LIVRO

Como acontece todos os anos, além da festa de final de ano com todos os funcionários da empresa, a nossa área tem uma confraternização mais próxima. Ela ocorreu sexta à noite e para minha alegria ganhei do meu "amigo secreto ou oculto" o livro do LARRY ROHTER "DEU NO NEW YORK TIMES".

Ler a respeito do Brasil segundo a ótica de um experiente repórter do jornal mais influente do mundo é algo inédito, o que faz do livro um tremendo sucesso.

Como IBIAPINENSE, CEARENSE, NORDESTINO, portanto, quase mais um BRASILEIRO, uma das melhores partes do livro que já li, (e olha que já encontrei várias), foi a que cito abaixo:

"Se o ideal brasileiro é o da miscigenação, seja ela racial ou cultural, então o NORDESTE é o seu principal candinho. Foi no NORDESTE que as três principais correntes da identidade nacional brasileira - europeus, africanos e ameríndios - se encontraram pela primeira vez e formaram a mistura que faz do BRASIL o que ele é hoje em dia. O NORDESTE é ao mesmo tempo o berço da CULTURA BRASILEIRA e seu melhor laboratório."

Pergunto aos meus quase dois leitores: isso é ou não é para iniciar um excelente DOMINGO?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

BACEN - REUNIÃO COPOM - RESULTADO

Conforme este que vos escreve postou em 08/12/2008 (vide abaixo), mesmo com a pressão do Nosso Guia e com Delfim Netto solicitando via Folha de S. Paulo, "por favor -0,25% de redução da taxa Selic", o COPOM ratificou o que escrevemos antecipadamente: a taxa de juros está mantida nos atuais 13,75% ao ano.

É muito importante a releitura da teoria econômica e a leitura de bons textos, com economistas favoráveis e outros contrários ao seu pensamento. Cada dia é um aprendizado e ainda temos muito a aprender. Porém, somos otimistas e estudar sempre vale a pena. Um dia, você vai precisar de algo que aprendeu.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

CHOMSKY COM A BARBARA GANCIA

Recentemente publiquei um post comentando uma entrevista do NOAM CHOMSKY na Folha de S. Paulo. Meu objetivo, conforme citei, era conhecer o "pensamento" de intelectuais de quem discordo frontalmente. Hoje, a minha predileta Barbara Gancia, de quem sou leitor há anos também na Folha, escreveU em seu blog http://www.barbaragancia.com.br/ o post abaixo. Nota dez para a colega blogueira.

A Folha publica hoje entrevista com o lingüista Noam Chomsky assinada pelo correspondente em Washington, Sérgio Dávila. Nada contra dar espaço a um hipócrita como Chomsky, é da vocação da Folha ouvir todas as vozes do espectro político.

Mas dizer que ele é “um dos principais intelectuais progressistas em atividade” é comprazer com o que há de pior no pensamento da esquerda (se é que há alguma coisa que ainda se salve no pensamento da esquerda).

Considerado como o homem que revolucionou a lingüística moderna, Chomsky integra o MIT (Massachusetts Institute of Technology) na qualidade de lingüista, não de pensador político. Suas opiniões sobre questões políticas já não são levadas a sério desde que ele chamou Jimmy Carter de sangüinário, nos idos anos 70.

Chomsky é daqueles esquerdistas radicais cheios de teorias estapafúrdias de conspiração, que apóiam todo e qualquer regime totalitário que se declare marxista. Mas não vou perder meu dia de sol (uma feijoada, um passeio no parque e a festa de fim de ano do Bandsports me aguardam) para explicar quem é o trelelé.

Faça o seguinte, doce internauta: entre no Google e digite a palavra “Chomsky” ao lado de “crackpot” (excêntrico de idéias bizarras) e/ou de “kook” (pessoa considerada esquisita, excêntrica ou louca) e veja quantas páginas não falam sobre os absurdos que esse senhor costuma proferir.

O cara pode ser para a lingüística o que Einstein foi para a física. Mas, em matéria de política, prefiro conversar com o mendigo que anda na rua falando sozinho a ouví-lo…

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

BACEN - REUNIÃO COPOM

Hoje, 08/12/2008, nosso Presidente Lula teve as 11h uma reunião com Henrique Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil. Será que na pauta estava um pedido formal para a queda dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária - COPOM dias 09 e 10/12/2008?

Espero que o assunto tenha sido mesmo a crise mundial e não uma pressão política, verdadeira interferência na autoridade monetária.

A propósito, acredito que a taxa básica de juros será mantida nos 13,75% ao ano atuais, para que possamos manter a inflação dentro da meta. Afinal, estamos no final do ano e todo cuidado é pouco com o consumo.

PAUL KRUGMAN - DIA DA PREMIAÇÃO NOBEL

Hoje é o dia que a Academia Real de Ciências de Estocolmo premiará o nosso Nobel em Economia: PAUL KRUGMAN. Minha homenagem a esse grande Economista é publicando seu mais recente artigo sobre se "O GASTO DE HOJE PREJUDICARÁ A ECONOMIA DE AMANHÃ?" Enquanto aguardamos seu esperado discurso na cerimônia em Estocolmo, vamos analisar nas entrelinhas o que passa na cabeça desse Nobel 2008. O texto original publicado em 01/12/2008 encontra-se no endereço http://www.nytimes.com/2008/12/01/opinion/01krugman.html?_r=1 -DEFICITS AND THE FUTURE.

Neste momento, há um intenso debate sobre quão agressivo deve ser o governo dos Estados Unidos na tentativa de recuperar a economia. Muitos economistas, inclusive eu, estão clamando por uma grande expansão fiscal para evitar que a economia siga em queda livre. Outros, no entanto, preocupam-se com o fardo que o enorme déficit orçamentário irá colocar sobre as futuras gerações.

Mas as preocupações com o déficit estão totalmente equivocadas. Sob as condições atuais, não há conflito entre o que é bom no curto prazo e o que é bom no longo prazo; uma forte expansão fiscal pode, na verdade, melhorar as perspectivas de longo prazo da economia.

A alegação de que os déficits orçamentários enfraquecem a economia a longo prazo é baseada na crença de que o financiamento governamental desloca o investimento privado – o governo, ao emitir muita dívida, eleva rapidamente a taxa de juro, deixando as empresas pouco dispostas a investir em novas plantas e equipamentos, e isso, por sua vez, reduz a taxa de crescimento da economia a longo prazo. Sob circunstâncias normais, esse argumento faz muito sentido.

Mas as atuais circunstâncias estão muito além da normalidade. Imagine o que poderia ocorrer no próximo ano se a administração Obama capitulasse frente aos falcões do déficit e encolhesse seus planos fiscais. Isso levaria a taxas de juro mais baixas? Certamente, não conduziria à redução das taxas de juro de curto prazo, que são mais ou menos controladas pelo Federal Reserve. O Fed já está mantendo essas taxas o mais baixas possível – virtualmente, em zero – e não mudará essa política a menos que veja sinais de que a economia está ameaçada de superaquecimento. E essa não parece ser uma perspectiva realista em breve.

E sobre o juro de longo prazo? Essas taxas, já no nível mais baixo em meio século, refletem principalmente taxas futuras de curto prazo. Austeridade fiscal pode empurrá-las ainda mais para baixo – mas somente criando expectativas de que a economia poderia se manter profundamente deprimida por um longo tempo, o que iria reduzir, não elevar, o investimento privado.

A idéia de que apertar a política fiscal quando a economia está deprimida na verdade leva à redução do investimento privado não é apenas um argumento hipotético: é exatamente o que ocorreu em dois importantes episódios da história. O primeiro ocorreu em 1937, quando Franklin Roosevelt equivocadamente deu ouvidos aos preocupados com déficit de sua própria era. Ele reduziu de forma acentuada o gasto do governo, entre outras coisas cortando o Works Progress Administration (agência criada em 1935 para gerar empregos e sair da Grande Depressão) pela metade, e ainda elevando impostos. O resultado foi uma severa recessão, e uma queda abrupta no investimento privado. O segundo episódio teve lugar 60 anos depois, no Japão. Em 1996-97, o governo japonês tentou equilibrar seu orçamento cortando gastos e elevando impostos. E outra vez a recessão que se seguiu conduziu a uma queda drástica no investimento privado.

Apenas para ser claro, não estou afirmando que a tentativa de reduzir déficits orçamentários sempre é ruim para o investimento privado. Você pode se basear no caso da restrição fiscal de Bill Clinton nos anos 90, que ajudou a abastecer o maior boom de investimentos dos EUA da década, o que por sua vez ajudou a provocar uma recuperação no crescimento da produtividade.

O que torna a austeridade fiscal tão má idéia, tanto nos EUA de Rooselvet quanto no Japão dos anos 90, foram circunstâncias especiais: nos dois casos, o governo recuou frente a uma armadilha de liquidez, uma situação na qual a autoridade monetária cortou taxas de juro tão rápido como possível, e a economia ainda continuou a funcionar bem abaixo de sua capacidade. E nós estamos no mesmo tipo de armadilha hoje – motivo pelo qual preocupações com déficit estão deslocadas.

Mais uma coisa: expansão fiscal será ainda melhor para o futuro dos EUA se uma grande parte dessa expansão tomar a forma de investimento público – construção de estradas, reforma de pontes e desenvolvimento de novas tecnologias, iniciativas que tornam a nação mais rica no longo prazo.

O governo deve ter uma política permanente de grandes déficits orçamentários? Claro que não. Embora a dívida pública não seja tão ruim como a maioria das pessoas acredita – é basicamente dinheiro que nós devemos a nós mesmos –, no longo prazo o governo, como os indivíduos, tem de equilibrar o gasto e a receita.

Mas neste momento temos um rombo no gasto privado: os consumidores estão redescobrindo as virtudes de poupar no mesmo momento em que as empresas, escaldadas por excessos passados e limitadas pelos problemas no sistema financeiro, estão cortando investimento. Com o tempo, essa lacuna poderá fechar, mas até que isso ocorra o gasto do governo terá de ser feito da forma mais eficiente possível. Caso contrário, o investimento privado e a economia como um todo irão despencar ainda mais.

A questão essencial, então, é que as pessoas que consideram a expansão fiscal de hoje ruim para as futuras gerações entenderam tudo errado. O melhor plano de ação, tanto para os trabalhadores de hoje quanto para seus filhos, é fazer o que for necessário para conduzir a economia no rumo da recuperação.

domingo, 7 de dezembro de 2008

INFLAÇÃO + CRESCIMENTO = POSSÍVEL?

Há poucos dias li na Folha sobre a pressão que o Presidente Lula está fazendo sobre o BACEN para reduzir a taxa de juros (atualmente em 13,75%aa) na próxima reunião do COPOM. Enquanto isso, eu aqui no meu canto na Selva, que torço tanto pela independência do Brasil, digo, do BACEN, tenho que ler tamanha notícia. Trabalhei muito no banco na época da inflação e não tenho nenhuma saudade dela. Por que ainda temos colegas que entendem que INFLAÇÃO pode conviver, e bem, com o CRESCIMENTO ECONÔMICO? Ou esqueçem que dragão sempre come alguma coisa???

Hoje o blog http://gustibusgustibus.wordpress.com/ comentou sobre o assunto, o que não posso deixar de publicar conforme abaixo: Lula estuda limitar autonomia do BC sobre juros. Podem se preparar para conviver com um inflação mais alta, caso isso realmente aconteça. Para curar a “doença” da inflação, existem dois remédios: política monetária e política fiscal. Por aqui na Selva, a política fiscal é expansionista, basta ver o crscimento dos gastos do governo, restanto somente a política monetária como “remédio”. Se o nosso ilustre presidente quer eliminar esse “suprimento”, vamos ter que conviver com esta doença tão comum na década de 1980 até meados de 1990.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...