quarta-feira, 29 de abril de 2009

DA SÉRIE: ECONOMIA - LEITURA INEVITÁVEL

  • Neste blog temos, por enquanto, duas séries: uma com o título "ECONOMIA - LEITURA INEVITÁVEL", onde estão textos que, concordando ou não com eles, entendo sejam assuntos que não podemos evitar conhecer. A outra série tem o título "ECONOMIA - VOCÊ SABIA?" onde constam questões econômicas que até por serem tantas, sempre é bom uma revisão ou atualização de algum tema.
  • Nesta postagem, vamos ler direto da Folha de S. Paulo, o colega Delfim Netto escrevendo sobre os grandes e influentes Keynes e Marx, que é o título do próprio artigo. Boa leitura. 
  • MARX E KEYNES têm pelo menos três curiosos paralelismos. Primeiro, um bando de fanáticos dogmáticos que pretendem ter o monopólio do entendimento de suas teorias transformaram-se em sacerdotes de suas igrejas. Dizem (e, quando têm poder, fazem!) as maiores barbaridades em nome dos seus deuses, comprometendo as suas memórias. 
  • Segundo, a relação dos dois com economistas que os precederam envolve um considerável cinismo e a sutil apropriação de ideias que reconhecem muito mal. Os dois foram, obviamente, fatos novos. O problema é que se pretendem sem raízes. 
  • A relação de Keynes com Marx é das mais ambíguas. As referências a Marx na "Teoria Geral" (1936) ou são inócuas ou depreciativas. Ainda em 1934, ele diz a Bernard Shaw que "meus sentimentos em relação ao "Das Kapital" é o mesmo que tenho em relação ao Alcorão...", reafirmando o que já havia dito em 1925: que não podia aceitar uma doutrina fundada numa "bíblia acima e além de qualquer crítica, um livro-texto obsoleto de economia que eu sei que é cientificamente errado e sem interesse de aplicação no mundo moderno". 
  • O enigma (o "conundrum", como diria um velho ex-quase "maestro" do Fed que ajudou a meter o mundo na confusão em que se encontra) é que em 1933 Keynes estava elaborando a sua revolucionária Teoria Monetária da Produção. Nela, a moeda produz efeitos reais sobre a produção e o emprego, ao contrário do que supõe, até hoje, a maioria dos economistas, para os quais a moeda é neutra no longo prazo. 
  • De acordo com notas publicadas por alguns alunos, ele se referia nas aulas ao famoso problema da "realização", isto é, a possibilidade de vender a produção para "realizar" o seu valor em moeda, e dizia que "em Marx há um núcleo de verdade"! 
  • Chegou a utilizar a conhecida fórmula de Marx em que este havia mudado a ênfase de uma economia de trocas: trocar bens ("commodities" em inglês) por moeda, para comprar bens (C-M-C), para uma economia da produção, onde a moeda compra bens para a produção e esta é vendida por moeda (M-C-M). Esta mudança na forma de ver o mundo é uma das bases da construção keynesiana. 
  • O terceiro ponto é que a conclusão da obra de ambos não deixa de ser paradoxal e frustrante. Marx comprometeu sua vida estudando o capitalismo e, por isso, não teve tempo de nos ensinar como construir o socialismo; Keynes construiu uma teoria para salvar o capitalismo e terminou com uma receita ("a coordenação estatal dos investimentos para manter o pleno emprego") que não conseguiu explicar como realizar sem levar a alguma forma de socialismo...   

terça-feira, 28 de abril de 2009

ECONOMIA TAMBÉM NOS TRÊS PODERES

Esta é do meu conterrâneo cearense Sinfrônio, no Diário do Nordeste, da minha especial Fortaleza e vai para a blogueira Cibele Bastos. É como sempre digo: Economia está em tudo. Vejam na charge: não existe almoço grátis. Eenquanto um está rindo a toa, outro está chorando.  

domingo, 26 de abril de 2009

NOVO BLOG DE ECONOMIA NA REDE

Esta eu li a pouco no Blog do Noblat e recomendo aos meus quase dois leitores o blog da colega LUCIANA SEABRA http://economiaclara.wordpress.com/,  atualmente mestranda em Ciências Econômicas pela UNICAMP.

sábado, 25 de abril de 2009

ECONOMIA E POLÍTICA BRASILEIRA - 2009

O brasileiro mediamente informado deveria REVOLTAR-SE com o que estamos assistindo diariamente nos poderes da República: Ministros da mais alta Corte de Justiça discutindo como alunos ameninados por causa de alguma namorada; Governadores eleitos sendo depostos e assumindo quem não teve a maioria dos votos dos eleitores; Parlamentares envolvidos com: empréstimo de celular a filha, cuja conta é paga com o nosso dinheiro; Ex-diretor do Senado usando babá como laranja; passagens pagas a amigos e apadrinhadas sem qualquer relação com o objetivo do Poder; Um Parlamento que não tem um programa mínimo, servindo apenas para carimbar as decisões do Executivo; Um Executivo em plena campanha eleitoral 2010; Uma floresta amazônica sendo devastada sem que exista eficazmente um sério controle do que ainda resta;  Uma comitiva governamental enviada para conferência da ONU sobre racismo com tamanho quase de um ônibus; CPIs que deveriam apurar e responsabilizar a quem é devido, terminando em pizza; Um Movimento dos Sem Alguma Coisa desrespeitando completamente o Estado de Direito; Um Estado que não cumpre com os serviços básicos para a população que paga encargos de 1º mundo para serviços de 5º mundo etc etc etc. São tantas as situações que estão virando mesmo ROTINA e nos deixando apenas com um imenso tédio e enfado, pois sabemos que apesar de enojados com  tanto DESCALABRO, a passividade nacional aceita sem contestações. Até quando? ACORDA BRASIL    

LAMENTÁVEL que com o desemprego atingindo mais de 2.000.000 de brasileiros apenas em seis grandes capitais, com previsão de chegar a 11%; com o mundo no meio da maior crise econômica desde os anos 30, temos que acreditar que estamos imunes a ela, que se trata de uma simples marolinha e que temos todas as condições para reverter eventuais dificuldades apenas com a assinatura do Presidente. TRISTE e INJUSTO país sem líderes capazes de efetivamente trabalharem para o desenvolvimento nacional. Por que as pessoas que hoje comandam o país realmente não trabalham buscando manter, sem qualquer sombra de dúvida, a inflação sob controle; buscando realizar um crescimento sustentado, com mudança estrutural e aumento da produtividade média da economia e, finalmente, com toda a força necessária, mudar para melhor as condições de vida da maioria da população brasileira?  

Precisamos de um Estado eficiente e que invista bem o que arrecada demais de todos, numa saúde básica, numa educação de qualidade e num sistema de segurança que zele pelo bem-estar da população. SE quisermos um BRASIL “potência mundial”, vamos deixar esta politicalha mesquinha e, APROVEITAR a crise atual para realizarmos TODAS as reformas que TODOS sabem quais são, mas NINGUÉM é competente para realizar.

VAMOS TRABALHAR PESSOAL?          

DA SÉRIE: ECONOMIA - VOCÊ SABIA?

1 - Você sabia que o nosso BRASIL foi o recordista mundial de INFLAÇÃO, quando se considera o período de 30 ANOS que se estende do início da década de 1960 ao início de 1990?  
2 - Que a INFLAÇÃO no BRASIL no período de 1988 a 1993 foi, em média, superior a 1.000% ao ano, chegando a 2.700% em 1993 e caminhando para quase 7.000% ao ano em 1994, se não fosse o PLANO REAL?
3 - Você sabia que a INFLAÇÃO brasileira em fechou em 5,90% ao ano em 2008 - segundo o IPCA divulgado pelo IBGE?

ECONOMIA TAMBÉM É GISELE BÜNDCHEN

Não poderíamos deixar de fora nesta semana a informação que GISELE BÜNDCHEN é capa da VANITY FAIR do mês de maio. Para tornar este blog bem mais bonito, vide acima GISELE clicada por MARIO TESTINO. E esqueçamos de crise econômica por alguns momentos... 
O título do texto da VANITY já diz tudo And God Created Gisele:
How does the world’s most successful supermodel — darling of the cameras, advertisers, and tabloids, and worth an estimated $150 million — make her life even more fabulous? By marrying star quarterback Tom Brady, then setting her sights on a higher consciousness. As Gisele Bündchen embarks on her next chapter, the exuberant 28-year-old beauty tells about her secret engagement, the shock of finding out Brady’s ex-girlfriend was pregnant with his baby, and how they’re working out the bi-coastal routine of a new family.  

BRASIL E LULA NA "NEWSWEEK" DESTA SEMANA

Novamente o Brasil está brilhando nas edições semanais das mais importantes revistas semanais do mundo. Desta vez na NEWSWEEK, onde registra que Lula está construindo um gigante regional singular, único e onde nenhum governo foi tão determinado como o dele em estender o alcance internacional do Brasil. Com inúmeras fotos do Nosso Guia abraçando grande líderes mundiais, comenta que já contam em 45 o número de países visitados pelo mesmo. (E até pouco tempo atrás como ouvíamos reclamações sobre a viagens de FHC...São as voltas que o mundo dá...)

A "THE ECONOMIST" DESTA SEMANA

Nesta semana a The Economist traz na capa a pergunta: Um vislumbre de esperança? Para a revista, a pior coisa para a economia global seria presumir que o pior da crise acabou. Na verdade, eu acredito que hoje, INEXISTE NO MUNDO uma só pessoa que tenha a data do fim desta crise. Diante disso, "muita calma nesta hora".

quarta-feira, 22 de abril de 2009

ECONOMIA, CRISE E ECONOMISTAS

Desde que esta crise não sai da mídia, temos lido diversos textos ou artigos com críticas aos Economistas por não terem detectado antecipadamente essa terrível situação. Matéria do Peter Coy, Editor de Economia da BusinessWeek, republicada no Valor Ecônomico de 22/04/09, é capaz de deixar qualquer colega capaz de engolir todos os livros-textos que leu em sua vida. Como o artigo é longo e para poupar meu fígado, deixo com meus quase dois leitores, apenas o início do texto. (Porém, quem conseguir ler todo o texto, vale a pena o esforço).
A maioria dos economistas fracassou em prever a pior crise econômica desde a década de 30. Agora eles não conseguem se entender sobre as formas de resolvê-la. As pessoas estão começando a se perguntar: para que mesmo servem os economistas? Um analista escreveu recentemente num blog sobre habitação que os economistas se saíram pior na previsão do mercado habitacional do que seu pai, que nem tem educação formal, ou que sua mãe, que só terminou o colegial. "Se você é um economista e não viu isso se aproximando, você deveria reconsiderar seriamente o valor da sua formação e talvez devesse fazer algo que tenha um valor palpável para a sociedade, como colher vegetais", escreveu no patrick.net. Bem feito, seus espertalhões fracassados! Andem, pulem de uma curva de oferta.
Ainda bem que autor consegue esclarecer alguns itens a nosso favor, principalmente ao relembrar o economista britânico John Maynard Keynes: "Homens práticos, que se julgam livres de qualquer influência intelectual, geralmente são escravos de algum economista defunto".
E descobre o nosso principal pecado: a arrogância. Realmente, ele não conhece e/ou não leu TODOS os economistas do mundo...

terça-feira, 21 de abril de 2009

GUSTAVO FRANCO NO ESTADÃO

Para melhor entendimento da atual época, vide abaixo, entrevista no Estadão de 17/04/2009 com o Economista GUSTAVO FRANCO:
'Cada mês será melhor, mas pior que o de 2008'' 
Para o economista, a redução da taxa Selic seria mais eficaz para a economia que qualquer pacote do governo Os efeitos da crise internacional na economia brasileira transformaram uma política fiscal "quase irresponsável" em um quase acerto, na opinião do economista Gustavo Franco. Ex-presidente do Banco Central, o hoje sócio-fundador e estrategista-chefe da Rio Bravo Investimentos diz que o sentimento de alívio seria "mais justo" do que euforia no governo. 
Para ele, a redução da taxa Selic para um dígito será mais eficaz para a atividade do que qualquer pacote do governo, "inclusive o PAC, de efeito pequeno na economia como um todo". A seguir, os principais trechos da entrevista: 
Foi um erro classificar os efeitos da crise como marola? 
Uma coisa são as declarações das autoridades, outras são as ações. 
As declarações são, às vezes, infelizes, mas não têm a menor importância, a não ser no noticiário, no imaginário e na política. Para a economia propriamente dita, não creio que seja verdade que as autoridades econômicas tenham tratado a crise com pouca importância. 
Do ponto de vista das medidas efetivamente tomadas, acho que a direção, sem dúvida, é correta. 
E o que, na sua opinião, não está na direção correta? 
A política fiscal. Antes de setembro tínhamos uma situação inadequada, excessivamente expansionista, quase irresponsável, sobreaquecendo a economia. 
Depois de setembro, as coisas se precipitam com enorme velocidade e essa política contracíclica se inverte, fica menos deslocada e excessiva. 
As autoridades começam a falar de política anticíclica e aumentam o gasto público. Isso dá a sensação de observar um relógio parado que pelo menos uma vez por dia marca a hora certa. 
O relógio estava errado, veio a crise, do ponto de vista fiscal ficou certo, mas o tempo não para de passar e daqui a pouco vai precisar encolher, o que será mais complicado. 
Os indicadores econômicos melhoram mês a mês, mas há grande saldo negativo em relação há um ano. Está bom ou ruim? 
Temos agora uma das pequenas armadilhas da estatística. 
O País vinha crescendo a um ritmo bastante veloz e a partir de setembro teve um encolhimento em curva muito rápida. 
A partir daí recomeçamos a crescer lentamente. Vamos continuar, lá pelo meio do ano, com a sensação de que cada mês é melhor do que o anterior, mas ainda pior do que o mesmo mês do ano passado. 
Essa situação vai prevalecer durante muito tempo e as pessoas vão se divertir com os paradoxos da estatística. A sensação vai ser de crescimento e de que as estatísticas estão erradas. 
Essa evolução será suficiente para evitar crescimento negativo este ano? 
Difícil dizer. Dependendo do ritmo que as coisas andarem é possível, sim, crescimento positivo este ano. 
Há muita gente projetando crescimento negativo, ou perto se zero. Mas isso é adivinhação. Depende do que ocorrer no futuro, especialmente em relação à política monetária. 
Há um fato histórico, que é a taxa de juros cair a um dígito. Isso será muito mais útil e relevante do que os impulsos que vêm nessas iniciativas governamentais; são sempre seletivas e de pouco alcance. Eu incluiria aí o próprio PAC. 
O investimento total do setor público este ano de 2009 será um pouquinho maior do que 1% do PIB, mesmo com o PAC, o que não é muito diferente do que foi nos últimos anos.
Este governo, como muitos que o precederam, sempre procura pegar os investimentos que vai fazer de qualquer jeito e reempacotá-los de um jeito que parece uma iniciativa deste governo. 
Há euforia no governo? 
Acho deslocada totalmente a ideia de euforia. Alívio talvez seja o sentimento mais justo de perceber nas autoridades. 
Uma coisa muito séria está se dissipando sem que isso tenha produzido nenhuma catástrofe. 
Mas produziu, sim, um efeito negativo. Não há nada para comemorar. As perspectivas são razoáveis e vamos conseguir sair dessa. 
No setor privado e no mercado financeiro não há nenhum sinal de euforia, mas de cautela. Às vezes Brasília produz um sentimento desvinculado da realidade próprio daquele ambiente.

ECONOMISTAS NO COFECON

Numa positiva iniciativa, o COFECON - CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA  divulga diariamente no endereço http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1703   o pensamento econômico de colegas que estão em destaque, naquele determinado dia, nos diversos meios da mídia. Boa leitura e que cada um aproveite e entenda melhor a complexa Economia e a diversidade de pensamento dos nossos Economistas.

domingo, 19 de abril de 2009

ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ - QUAL O MODELO?

  • Em matéria no jornal O LIBERAL de hoje, o colega Sérgio Bacury, presidente do CORECON PA faz importante alerta sobre a situação econômica no estado do Pará. Segundo ele, as diferenças sociais vão se ampliar na próxima década. E desabafa: "O Pará não sabe o que quer. Não sabe se quer ser uma economia mineral, de agronegócio, de exportação de madeira. E como não se define, não define um modelo de desenvolvimento. Aí o futuro que vemos é o de ficarmos depedentes desses grandes empreendimentos, sobretudo os minerais, que não dinamizam a economia e ainda geram mais pobreza."

POLÍTICA NEM SEMPRE SÉRIA

  • Esta eu li do economista TODD. G. BUCHHOLZ e, não sei ainda o motivo, mas lembrei de Brasília: "Ninguém está a salvo quando o Congresso está em sessão - incluindo os congressistas."
  • Alguma dúvida?

LORD KEYNES É GENIAL MESMO EM 2009

Ao final de sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, JOHN MAYNARD KEYNES afirma que "as idéias dos economistas e dos filósofos políticos, seja quando estão certos, seja quando estão errados, são mais poderosas do que geralmente se imagina. Na verdade o mundo é governando por pouca coisa mais." 
John Maynard Keynes is doubtlessly one the most important figures in the entire history of economics.  He revolutionized economics with his classic book, The General Theory of Employment, Interest and Money (1936).  This is generally regarded as probably the most influential social science treatise of the 20th Century, in that it quickly and permanently changed the way the world looked at the economy and the role of government in society.  No other single book, before or since, has had quite such an impact.
      Alguém duvida, mesmo discordando de KEYNES como seu colega, crítico ferrenho, MILTON FRIEDMAN, do poder da assinatura acima?

          sábado, 18 de abril de 2009

          O BNDES NA ECONOMIST DESTA SEMANA

          O BNDES é matéria nas páginas da The Economist que está nas melhores bancas de revistas do mundo, of course, quando a revista inglesa relata que o BRASIL redescobre em meio a esta crise os encantos do banco. Apesar de nossa torcida para que as decisões do banco sejam extremamente técnicas, existe preocupação porque afinal estamos no BRASIL (um país sério de verdade?) A charge acima é o retrato do que não desejamos como mix entre política e economia. Afinal, nestes mais de 500 anos, temos muitos exemplos de péssima utilização do $$$$ público.   

          INCERTEZAS ECONÔMICAS EM 2009

          • Economia rima com incerteza, sem dúvida. E como. Li na Folha que dois dos principais membros do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) sugeriram que o pior da crise financeira já passou no país. Donald Kohn, vice-presidente do Fed, e William Dudley (diretor da unidade regional do banco em Nova York) defenderam os cortes de juros e as injeções de capital na economia como forma de reativar o crescimento americano. Enquanto isso, a economista suíça Beatrice di Mauro, primeira mulher a integrar o grupo de cinco peritos em economia que assessora o governo da Alemanha, disse que os piores efeitos da crise financeira ainda estão por vir e que é preciso rigor com os bancos que não estão preparados para superá-la. Afinal, quem tem razão nesse caso? Vai chover ou vamos a la playa? Acredito que nunca foi tão importante como agora estudar a questão das Expectativas Racionais. SE existir otimismo, como tentamos fazer na nossa vida, também na Economia o que está tóxico pode ficar saudável...  

          MERCADO FINANCEIRO - REFORMA JÁ.

          • Recentemente, PAUL KRUGMAN escreveu no The New York Times que as autoridades ao invés de "reorganizar os caixas dos bancos, deveriam era tornar o setor bancário chato, como era no período entre meados de 1930 a 1980." Lembrou ele que em 2005, o economista RAGHURAM RAJAN, da Universidade de Chigago, alertou que o "rápido crescimento das finanças tinha aumentado o risco de um derretimento catastrófico". (Palavras de fazer inveja a Mãe Diná...). Com a boa notícia divulgada em 17/04/09, que o CITIGROUP  teve o primeiro lucro trimestral desde 2007, no valor de US$ 1,6 bilhão, ante um prejuízo US$ 5,1 bilhões no mesmo período do ano passado, isso demostra que o sistema financeiro - que está no olho do furacão, logo virará esse jogo. No entanto, KRUGMAN tem toda a razão ao pedir uma reforma financeira séria. Será que o OBAMA topa? 

          POLÍTICA ECONÔMICA VERSUS 2010

          Na Folha de S.PauloLUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 66, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso). No texto abaixo ele coloca os pontos nos iiss para quem ainda possa achar que entre uma política econômica séria e uma eleição em 2010, de que lado o governo fica.
          O processo de decisão sobre mudanças no superávit primário para 2009 mostra o que de pior tem o governo Luiz Inácio Lula da Silva: hesitação, confusão de conceitos e mistificação da opinião pública. Até as pedras sabem que a aproximação do ano eleitoral de 2010 está no centro dessa questão. O acaso, que tanto afeta a vida dos governantes nesta era da democracia de massas, tirou de Lula os benefícios de uma economia que crescia de forma exuberante. Em uma situação mais tensa, com a perspectiva de uma batalha eleitoral no mínimo equilibrada, o governo deixou de lado o discurso racional dos últimos anos. 
          Assistimos agora a um debate dentro do governo entre os que colocam a disputa eleitoral como centro de suas ações e alguns membros da equipe econômica que procuram navegar na crise econômica com um mínimo de cuidado. Os sinais externos desse conflito são assustadores. Os agentes políticos já perceberam essa armadilha e passaram a exercer uma pressão sobre o governo que excede os limites do razoável. 
          Tomemos o exemplo dos prefeitos. Seus Orçamentos foram feitos no pressuposto da manutenção da bonança dos últimos anos. Poucos foram os que, aos primeiros sinais da crise, definiram Orçamentos menos ambiciosos. Acreditaram piamente na imagem oficial da marolinha. Posteriormente, em um alegre encontro em Brasília, ouviram as doces palavras de um presidente à beira da euforia. Agora foram acordados desse sonho pela dura realidade da arrecadação fiscal nos primeiros meses do ano. Personagens-chave na campanha eleitoral do próximo ano, colocaram uma faca no pescoço de nosso presidente, e a chantagem triunfou. Também no governo federal a realidade de uma arrecadação em queda cobrou seu preço.
          Os gastos com pessoal e benefícios da Previdência Social, contratados na época da euforia e a serem pagos neste ano de vacas mais magras, comprometerão o Orçamento federal. O espaço de redução de despesas - principalmente no item investimentos-  é muito pequeno para compensar os erros cometidos. Além disso, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é uma das marcas da possível candidata oficial nas eleições de 2010 e não pode ser ainda mais desmoralizado. A única solução possível é a redução do superávit primário. 
          Pressionado, o governo reagiu no estilo Lula: com mistificação da opinião pública por meio da manipulação de conceitos e dos números. Aproveitando-se da crise, carimbou a redução do superávit primário como medida anticíclica. Para defender-se, um gaguejante ministro da Fazenda apontou o aumento do déficit fiscal decidido em Brasília como um dos menores entre as maiores economias do mundo. Não diferenciou, entretanto, a qualidade do esforço fiscal em outros países - estes, sim, de natureza anticíclica - com o nosso. 
          Aumentar os gastos com salários de funcionários públicos em 27% não é medida anticíclica nem no Brasil de Lula, nem na China de Mao e, muito menos, nem na nova China da dupla Hu-Wen. A mesma observação vale para as prefeituras que vão usar os recursos adicionais apenas para gastos correntes. 
          Medidas anticíclicas de verdade abrangem controle estrito do custeio, redução de impostos - como o do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos carros - e aumento de investimentos produtivos. Um pouco de verdade nas justificativas oficiais para a redução do superávit primário não faria mal a ninguém. 

          GOVERNO E ARRECADAÇÃO

          Esta é do colega Cristiano Gomes http://tracalogo.blogspot.com/ e temos que concordar: a utilização pelo governo do que ele arrecada do meu, do seu, do nosso $$$$ não é das melhores. É mais fácil cortar na própria carne ou na dos outros? Você já visitou algum Posto de Saúde e foi atendido dignamente? Já trafegou pela PA-150 e contou quantos buracos ela possui? 
          Com 36,54%, um ponto acima de 2007, a carga tributária em relação ao PIB bateu novo recorde em 2008. A atual decisão de reduzir a meta de superávit primário deste ano, que cairá de 3,8% para 2,5% do PIB, será o menor esforço fiscal desde 1999. Ao reduzir o superávit primário deste ano, o governo ganhou uma folga de mais R$ 40 bilhões para gastar em 2009. E lá vem eleição... Coincidências da vida...

          domingo, 12 de abril de 2009

          CONSENSO DE WASHINGTON E A CRISE

          Por mais que reclamem, muito do que o BRASIL tem de bom hoje é resultado de umas idéias que foram erroneamente denominadas de Consenso de Washington, situação essa que já postei anterirmente. A entrevista abaixo, que acabei de receber do meu ex-Professor da UnB Carlos Pio e foi publicada no Estadão de hoje, esclarece muito do que aconteceu e serviu para hoje. Com vocês, John Williamson, o criador do Consenso de Washington:
          O Consenso de Washington não morreu, e o cumprimento das suas recomendações fiscais explica a resistência da América Latina, em especial Chile e Brasil, diante da pior crise global desde os anos 30. A afirmação é do economista britânico John Williamson, o "pai" do Consenso de Washington, um conjunto de recomendações de política econômica elaborado em 1989, com foco específico na América Latina. Segundo o economista, o governo Lula tomou decisões muito boas na área macroeconômica. Para ele, a postura fiscal rígida dos países latino-americanos os ajudou a atravessar a atual crise com custos relativamente moderados. Na recente reunião do G-20, em Londres, o primeiro-ministro Gordon Brown declarou que "o velho Consenso de Washington acabou". Williamson discorda, mas diz que são necessários ajustes. Williamson falou por telefone com o Estado na quinta-feira, de seu escritório no Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington:
          A reunião do G-20 em Londres aponta para um novo consenso econômico global. O Consenso de Washington acabou?
          Não, as nossas recomendações ainda valem. Esse novo consenso tem uma parte em comum com o que eu venho dizendo, mas também vai além. Eles falam no crescimento ser compartilhado, que haja prosperidade não apenas para os ricos e poderosos, mas que seja disseminada e chegue aos menos privilegiados. Isso é muito importante. Eles também falam sobre regular o sistema financeiro, e certamente isso não é algo que estivesse no Consenso de Washington inicial. Eu gostaria de ter colocado pelo menos alguma menção, mas nem isso eu fiz. Esse é um acréscimo merecido. 
          Que outros pontos do comunicado de Londres não estão no Consenso de Washington?
          Eles mencionam a importância de instituições globais fortes, o que não estava no consenso original. Mas, nesse caso, eu tenho uma desculpa bem melhor, porque estava escrevendo para a América Latina, uma região específica, e não para o mundo todo. Não haveria porque falar de instituições globais naquele contexto. O ponto final que eles enfatizaram, e que também não consta do Consenso de Washington, é o meio ambiente, algo que realmente entrou na agenda nos últimos anos.
          A regulação não entrou no Consenso de Washington original?
          É até um pouco embaraçoso, porque um dos tópicos (do documento original) era sobre desregulação. Mas eu estava me referindo à desregulação do tipo que elimina barreiras à entrada e saída de mercados, e não em desregulação financeira. Eram temas como os empresários não encontrarem diversos obstáculos para demitir funcionários, o que os torna menos inclinados a contratar. Ou desregulação em áreas como transporte por caminhão, ferrovias, aviação, como ocorreu nos Estados Unidos nos últimos vinte anos.
          Mas o que havia sobre o setor financeiro?
          Fui bastante específico em falar de liberalização do sistema financeiro, e é provavelmente verdade que, se mantivéssemos um setor financeiro completamente regulado, não haveria acontecido uma crise desse tipo. Eu ainda acho que o melhor sistema envolve liberalização mas, junto com isso, uma boa supervisão do sistema financeiro, e regras, regulação. Posteriormente, eu reconheci a importância do tema, e afirmei que, se é para liberalizar o sistema financeiro, tem de regular também. Eu disse que ter uma sem a outra é um convite a problemas.
          De qualquer forma, parece ser consensual agora que a regulação insuficiente, que foi endossada pelo establishment econômico-financeiro global, é uma das grandes causas da crise.
          Claro que houve uma falha. Com o benefício do olhar retrospectivo, vemos que foi um erro dar tanta liberdade. Algumas coisas que aconteceram no sistema financeiro foram claramente excessos. Acho certo apertar a regulação, mas não é preciso também usar os princípios corretos. Não se trata apenas de coordenação internacional, da questão do pagamento a banqueiros, mas também de impedir que os bancos se tornem grandes demais. É muito pouco saudável ter bancos "grandes demais para falir". Também é preciso ter uma supervisão prudencial macroeconômica. Tradicionalmente, a ênfase é inteiramente na supervisão prudencial microeconômica, e isso não está certo, porque os bancos são atingidos por choques similares, simultâneos. Havia uma suposição implícita na regulação de que isso não ia acontecer, mas aconteceu. 
          Em que pontos o comunicado de Londres coincide com o Consenso de Washington?
          O primeiro é a ideia de que a globalização é uma coisa boa, e de que precisamos manter o comércio internacional fluindo, e não voltar para uma situação de diversas economias fechadas. Isso está logo no começo. O comunicado também foi muito explícito em dizer que a maioria das economias que fazem parte do G-20 é baseada em princípios de mercado, e eles veem isso como importante. Esse era um dos pontos que eu mais quis enfatizar no Consenso de Washington.
          Por quê?
          Porque se trata de uma grande mudança de pensamento. No período inicial do pós-Guerra, havia um argumento de que as pessoas em países em desenvolvimento não respondiam a incentivos econômicos da mesma forma que nos países desenvolvidos, e que, então, um tipo de pensamento econômico diferente tinha de ser usado. Eu acho que isso está errado, e não penso que o comunicado de Londres tenha embarcado neste caminho.
          Mas a recomendação de aumentar gastos públicos para sair da recessão não contradiz a defesa de disciplina fiscal pelo Consenso de Washington?
          Não, o comunicado menciona duas vezes a importância de se alcançar sustentabilidade fiscal no longo prazo, o que eu defendia para a América Latina. É claro que é apropriado ter políticas fiscais expansionistas neste momento, no meio de uma recessão, mas também é apropriado torná-las menos expansionistas à medida que o tempo passa e essas economias se recuperam.
          O Consenso de Washington está ligado à agenda liberal de Margaret Thatcher e Ronald Reagan?
          Bem, a intenção era de buscar um consenso, e, portanto, determinar o que tinha sobrevivido em termos de ideias ao final daquele período. Em relação a Margaret Thatcher, foi importante que ela tenha introduzido e tornado popular a privatização. Acho que ela estava certa. Mas o Consenso de Washington nunca foi um apoio generalizado às ideias de Reagan e Thatcher.
          Como o sr. vê a América Latina e o Brasil diante da crise?
          Eu realmente acredito que diversos países latino-americanos seguiram razoavelmente bem a parte macroeconômica do Consenso de Washington, especialmente o item relativo à disciplina fiscal. O governo Lula, por exemplo, tomou decisões muito boas na área macroeconômica. E eu acho que essa postura fiscal dos países latino-americanos os ajudou enormemente a atravessar a atual crise com custos relativamente moderados. É claro que o Chile é a estrela, mas aquilo é verdadeiro também em relação ao Brasil - e mesmo, até certo ponto, à Argentina. Já diversos países da Europa Oriental, cujas políticas fiscais divergiram fortemente da disciplina recomendada no Consenso de Washington, estão sendo muito mais duramente atingidos nesta crise.
          Quer dizer que, no final das contas, a América Latina implementou o Consenso de Washington?
          Bem, eu não acho que todos os países, e aí incluo o Brasil e, obviamente, a Argentina, tenham ido tão bem em relação aos temas de aperfeiçoamento da economia de mercado, mas isso é mais relevante para o crescimento de longo prazo do que para a capacidade de resistir a uma crise no curto prazo. A liberalização comercial, por exemplo, foi feita de uma forma infeliz, com a conta de capital liberalizada (liberalização dos fluxos de capital) simultaneamente. Então, houve esse fluxo de capital que tendeu a tornar as exportações não competitivas (pela valorização do câmbio), e isso foi um erro. E há muitas falhas na educação, das quais tratamos na revisão do Consenso de Washington.
          As mudança no FMI decididas em Londres estão em linha com o que o sr. defende?
          Bem, realisticamente, ninguém esperava que eles concordassem um dia sobre como reformar o FMI. Mas, em linhas gerais, fiquei surpreso com o quanto o comunicado foi na direção que venho favorecendo. Por exemplo, na questão de escolher o diretor-gerente, com base no mérito, e não da geografia, não tendo mais de ser de algum país em particular.
          E em relação ao aumento dos recursos para o FMI?
          Sou a favor e acho que ajuda muito na situação atual, mas não escrevi especificamente sobre isso. Uma questão que não foi resolvida, na minha opinião, é que os novos empréstimos, com poucas condicionalidades, são para países que sofrem fugas de capital ou paradas súbitas da entrada de capital. Isso deixa de fora todos os países dependentes de commodities, e que podem ter problemas no balanço de pagamentos (no caso de os preços das commodities caírem muito), sem ser por culpa deles. Já houve empréstimos desse tipo, mas, desta vez, uma falha foi não reativar este instrumento.
          O que o sr. acha do plano de Tim Geithner (secretário do Tesouro americano) para sanear os bancos do país?
          Os americanos pagarão um preço alto por serem tão avessos à possibilidade de nacionalização temporária. Ninguém iria querer um sistema bancário permanentemente estatal, mas provavelmente a melhor coisa seria permitir que alguns bancos sejam nacionalizados temporariamente, e serem privatizados de novo no futuro. Não acho que isso represente uma ameaça tão aterradora, a ponto de se pagar qualquer preço para evitá-la - e é assim que encaro a abordagem do Geithner.  

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