domingo, 18 de dezembro de 2011

Previsões para 2012: um ano acidentado.


NOURIEL ROUBINI é presidente da Roubini Global Economics, professor da Escola Stern de Administração de Empresas (Universidade de Nova York) e coautor do livro "Crisis Economics". Este artigo foi publicado hoje na FOLHA DE S.PAULO e o autor conhece o que escreve.  

Fragilidade e desequilíbrio em 2012.

A perspectiva da economia mundial em 2012 é clara, mas não bonita: recessão na Europa, crescimento anêmico (na melhor das hipóteses) nos Estados Unidos e desaceleração acentuada na China e na maioria das economias emergentes.

As economias asiáticas estão expostas à China. A América Latina está exposta à queda nos preços das commodities (causada pela desaceleração econômica na China e nas economias avançadas).

A Europa Central e Oriental está exposta à zona do euro. E os tumultos no Oriente Médio estão causando sérios riscos econômicos -na região e no resto do mundo-, porque o risco geopolítico continua elevado e os altos preços do petróleo restringirão o crescimento mundial.

Os Estados Unidos enfrentam consideráveis riscos diante da crise na zona do euro. Também precisam enfrentar um arrocho fiscal significativo, o processo de redução de dívidas em curso no setor domiciliar, a crescente desigualdade de renda e o impasse político.

Entre as demais economias avançadas, o Reino Unido já está atravessando uma recessão de duplo mergulho, porque a consolidação fiscal apressada e a exposição à zona do euro solapam seu crescimento. No Japão, a recuperação pós-terremoto vai se esgotar porque os governos fracos que se sucedem no país não conseguirão implementar reformas estruturais.

Enquanto isso, as falhas no modelo de crescimento chinês estão se tornando evidentes. A queda nos preços dos imóveis está iniciando uma reação em cadeia que terá efeito negativo sobre os incorporadores imobiliários, o investimento e a arrecadação do governo. O boom de construção começa a se estagnar, no exato momento em que as exportações líquidas começam a prejudicar o crescimento, devido à demanda fraca nos Estados Unidos e especialmente na zona do euro.

Tendo buscado esfriar o mercado imobiliário com medidas que conterão os preços em disparada, os líderes chineses enfrentarão dificuldade para promover uma retomada do crescimento. E não serão os únicos. EUA, União Europeia e Japão também vêm postergando as sérias reformas estruturais de que necessitam para restaurar um crescimento equilibrado e sustentável.

Ao mesmo tempo, alguns desequilíbrios cruciais em conta-corrente -entre os EUA e a China (e outras economias de mercado emergente), e dentro da zona do euro, entre os países centrais e os periféricos- continuam largos. Um ajuste ordeiro desse problema requer demanda interna menor nos países que gastam mais e acumulam grandes deficit em conta-corrente e superavit comerciais menores nos países que poupam demais, via valorização cambial nominal e relativa.

A fim de manter o crescimento, os países que gastam demais precisam de depreciação nominal e real para melhorar suas balanças comerciais. Já os países superavitários precisam estimular a demanda interna, notadamente o consumo.

Mas esse ajuste de preços relativos via movimentos cambiais está parado, porque os países superavitários resistem à valorização das taxas de juros e preferem impor recessão deflacionária aos países deficitários. As batalhas cambiais resultantes estão sendo travadas em várias frentes: intervenções em mercados cambiais, relaxamento quantitativo e controles sobre influxos de capital. E, com o enfraquecimento do avanço mundial em 2012, essas batalhas talvez cresçam a ponto de virarem guerras comerciais.

Por fim, as autoridades econômicas estão esgotando suas opções. A desvalorização cambial é uma ferramenta finita, porque nem todos os países poderão depreciar suas moedas e melhorar suas exportações líquidas ao mesmo tempo. A política monetária será relaxada e tornará a inflação irrelevante nas economias avançadas (e menos relevante nos mercados emergentes).

Restaurar um crescimento robusto já seria suficientemente difícil sem o espectro permanente da redução de dívidas e a séria escassez de ferramentas de política econômica. Mas é esse o desafio que a economia mundial, frágil e desequilibrada, enfrentará em 2012.

Para parafrasear Bette Davis em "A Malvada": "Apertem os cintos: o ano será acidentado".

sábado, 17 de dezembro de 2011

Belo Monte: Racionalidade sempre.


Na VEJA Online:
A Justiça Federal no Pará revogou, nesta sexta-feira, liminar que determinava a paralisação das obras da hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu. O juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins revogou a liminar que ele mesmo concedeu no final de setembro depois de avaliar melhor a questão.

A determinação foi resultado de uma ação movida pela Associação dos Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (Acepoat). Segundo a associação, mil famílias que dependem da pesca serão prejudicadas pela hidrelétrica.

O juiz afirmou que, ao contrário de sua avaliação inicial, a pesca não será impedida durante a construção da usina, pois o curso da água não será alterado. O parecer ainda diz que estão sendo desenvolvidos projetos de incentivo à pesca sustentável pela Norte Energia.

Agora, estão liberadas as obras no leito do rio Xingu, como implantação de porto, explosões, implantação de barragens, escavação de canais e outras necessárias para construir a hidrelétrica. Segundo a assessoria do consórcio Norte Energia, empresa responsável pela construção, a decisão não prejudicou o andamento das obras, pois as atividades ainda não atingiram o curso do rio Xingu.

Brasil: previsões 2012.


Do blog do sempre bem informado Paulo Moreira Leite, na ÉPOCA, destaco o post abaixo, onde constam as previsões econômicas do BRADESCO para o Brasil em 2012. 

O destino do Brasil no ano que vem é a verdadeira conversa neste fim de ano. Depois de um 2011 decepcionante, que pode fechar em 3%, a pergunta decisiva é saber como o país ficará nos próximos doze meses.   Para contribuir neste debate, o blogue publica a íntegra de uma nota de Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco. Líder de uma equipe de 29 economistas que monitora o pulso de vários setores da economia brasileira e de países estratégicos no cenário mundial, Octávio de Barros está convencido de que o país voltará a subir para um patamar em torno de 3,7%.

É um número inferior aos 5% que o governo federal tem anunciado mas próximo da média dos dois mandatos do governo Lula, que foi de 4%. Em 2010 o Brasil cresceu 7,5% e em 2007, o ano anterior ao colapso de Wall Street, rodava a 6,1%. Mas no primeiro ano de seu governo, o crescimento foi de 1,1%.

O centro do raciocínio de Octávio de Barros é que a principal causa de nosso esfriamento em 2011 não se encontra na crise externa e sim nas medidas internas, que a equipe economica de Dilma Rousseff tomou ao longo de 2011. Os juros sofreram uma grande alta no primeiro semestre, e só começaram a ser reduzidos em 31 de agosto. O crédito sofreu um arrocho e os investimentos públicos — que seguem sendo um fator crucial para o crescimento brasileiro — também foram reduzidos. Nas últimas semanas, essas medidas foram revertidas e o país vive hoje um  processo que ele define como “afrouxamento monetário sem precedentes.” Em bom português, isso quer dizer que o governo abriu o arsenal de medidas anti-recessivas para mudar a curva da economia.  A experiência ensina que projeção econômica não é uma atividade infalível, por mais cuidadosa que seja sua análise.

Mas convém conhecer a logica de um dos economistas que, até por sua posição no coração de uma das mais influentes instituições financeiras do país, tornou-se uma das vozes mais acatadas nos debates que envolvem a conjuntura. Vamos ler a íntegra de sua análise:

1. De quem é a culpa pela desaceleração brasileira e qual o alcance da retomada em 2012?
-Nossa visão é a de que alguns fatores vão tornar possível a “reaceleração” da economia brasileira em 2012. Primeiro, não podemos subestimar o impacto do afrouxamento monetário em curso sem precedentes. A reversão parcial das medidas macroprudenciais, o aumento dos investimentos públicos de infraestrutura, a expectativa de um BNDES mais ativo, as eleições municipais, um mercado de trabalho ainda apertado e o aumento significativo do salário mínimo completam os ingredientes para a retomada. Não bastasse isso, as recentes medidas de redução da taxação sobre ingressos de capitais, desoneração de IOF do crédito, redução de IPI de determinados bens duráveis, os estímulos setoriais etc, poderão reforçar nossa previsão atual de 3,7% para o crescimento de 2012. Tudo isso em um ambiente onde a confiança do empresário não industrial está praticamente intacta e a dos consumidores em alta. Seguimos apostando em um ciclo que nos levaria a 9,5% de Selic nominal. Dado o nosso cenário de não ruptura com excessiva volatilidade, consideramos que o real seguirá oscilando ao final do ano que vem entre R$1,70 e R$ 1,80 por dólar. Mesmo o investimento sendo uma variável cíclica, ele seguirá relativamente insensível à desaceleração de curto prazo na economia brasileira.

2. Cenário doméstico para 2012: aceleração do crescimento à vista em um cenário global de desaceleração e riscos
- Para o ano novo, projetamos expansão de 3,7% do PIB, taxa que deverá ser puxada pela retomada do consumo das famílias e dos investimentos. O setor externo será marcado pela ausência de dificuldades de financiamento externo. Já a política fiscal será caracterizada pelo superávit primário menor e aumento de gastos, mas sem prejudicar a trajetória cadente da relação dívida/PIB. Finalmente, esperamos desinflação para o primeiro semestre do ano que vem, ajudada pela desaceleração global. Vislumbramos que há espaço para que a taxa básica de juros seja reduzida nas três primeiras reuniões do Comitê de Política Econômica (Copom) de 2012, em passos graduais de 50 pbs, alcançando 9,5% em abril, quando o ciclo de afrouxamento será encerrado.

3. A economia global representa o principal risco a ser monitorado
- O desafio europeu e o ajuste da economia global retirarão um pouco menos que 1,5 ponto percentual do PIB mundial em 2012, sendo o pior momento do PIB mundial possivelmente no primeiro trimestre do ano que vem. Na nossa visão, a economia global representa o principal risco a ser monitorado, lembrando que nosso cenário base é de estagnação no mundo desenvolvido, mas não de ruptura. De forma resumida: (i) na Europa, a crise de dívida soberana em uma união monetária cria situação complexa; (ii) nos EUA, a recessão pode ser evitada, mas crescimento do PIB será bastante moderado em 2012; (iii) na China, a desaceleração da atividade é real e será limitada pela disposição do governo em acelerar os estímulos fiscais e monetários.

4. Setores de bens de consumo e de serviços serão o eixo da dinâmica do crescimento setorial em 2012
- Os segmentos de bens de consumo, do comércio e dos serviços serão o eixo da dinâmica de expansão da economia em 2012, estimulados pelo cenário positivo para o mercado de trabalho e para a renda, além da expansão do crédito e as mudanças estruturais na economia brasileira A indústria como um todo deverá continuar registrando desempenho inferior ao do comércio varejista, influenciada pela desaceleração mundial, ociosidade manufatureira observada nos países desenvolvidos e penetração das importações, que mudou de patamar (para cima) a partir de 2009/2010.

O alarme de Krugman e a austeridade.


Amity Shlaes, é colunista da Bloomberg News e diretora do Four Percent Growth Project, no Bush Institute. Este artigo foi publicado especialmente para o Valor Econômico. 

Então, é oficial. O "The New York Times", ou pelo menos o colunista Paul Krugman, declarou que estamos em uma depressão mundial. E chegou bem a tempo para o Natal.

A democracia está em jogo, sustentou Krugman em sua coluna de 11 de dezembro e a Europa, social e economicamente, se inclinará ao fascismo, se não deixar de buscar uma "austeridade cada vez mais rigorosa, sem esforço de contrabalanço para promover o crescimento".

São suposições importantes e previsões assustadoras. Krugman, no entanto, sente-se à vontade em fazê-las porque diz ter evidências. Sua evidência de que a democracia europeia cambaleia em favor de uma repressão é o caso da Hungria, membro da União Europeia (UE), mas que ainda tem sua própria moeda, o florim. No país, o partido governista Fidesz defende políticas que suprimem a liberdade de expressão, a independência judicial e a mídia jornalística.

Quanto à teoria de que a austeridade desacelera o crescimento, Krugman evoca a Grande Depressão. Fazê-lo traz autoridade por si só, já que a Grande Depressão é misteriosa e sua força na imaginação pública é forte.

O colunista, frequentemente, faz referências ao relato em três estágios. No fim dos anos 20 ou início dos 30, o presidente dos Estados Unidos, Herbert Hoover, cometeu um erro fatal e impôs medidas de austeridade, na forma de aumentos de impostos e cortes orçamentários. A economia dos EUA faliu. O presidente Franklin Roosevelt veio, gastou e começamos a nos recuperar. Depois de 1936, Roosevelt hesitou e apertou o cinto governamental - de novo, a austeridade. Caímos em depressão econômica. A economia não voltou às taxas de crescimento de 1929 até o aumento de gastos da Segunda Guerra Mundial.

Nem todos entre nós concordam com os detalhes desse roteiro. Hoover, por exemplo, aumentou os gastos. Argumentar, no entanto, que a austeridade, caso tivesse sido promovida em grau suficiente, teria promovido o crescimento e a recuperação nos anos 30 é embarcar em uma aventura condicional vulnerável.

Há evidências de que a austeridade promoveu o crescimento no passado e não o fascismo. Esses exemplos podem ser menos conhecidos, mas sugerem que a austeridade pode trazer a recuperação com mais velocidade do que quando se gasta.

Um forte exemplo na história dos EUA é a recessão no início dos anos 20. O governo reagiu à desaceleração sem gastar; cortou-se pela metade. A recuperação foi tão rápida que poucas pessoas se lembram dessa recessão.

Para seguir o modelo de Krugman de selecionar um único país, podemos observar a Austrália dos anos 30. No início da década, a Austrália, assim como os EUA, sofria de deflação e desemprego acentuado. A renda nacional havia encolhido em todos os anos entre 1925 e 1932. Nesse ano, o índice de desemprego chegou a 19,7%. O governo considerou substituir o padrão-ouro com um "padrão-mercadorias", atrelado às commodities.

Os australianos se perguntavam se os gastos poderiam trazer a recuperação. O poderoso premiê de Nova Gales do Sul, J.T. Lang, procurou focar seus eleitores em um projeto de obras públicas, a grande ponte Sydney Harbour Bridge, que foi completada em 1932. Muitas autoridades imaginaram que ainda mais liquidez seria a resposta para os problemas da Austrália.

Como a escritora Anne Henderson destaca na nova biografia de Joseph Lyons, o primeiro-ministro do país na época, o governo federal australiano afastou-se da política de gastos e optou pela austeridade. A partir de 1932, Lyons liderou o país em meio a uma campanha de corte de orçamento para reduzir em 20% todos os gastos desvinculados, que o governo pode usar livremente, o que incluiu os salários do setor público. Lyons e outros líderes se comprometeram a pagar dívidas australianas, no que ficou conhecido como o "plano dos premiês".

"A Austrália converteu empréstimos imensos em Londres" e recomprou dívidas "para assegurar, aos que emprestavam dinheiro, a solidez da política da Austrália", contou-me Henderson, por e-mail. Os impostos foram elevados em uma campanha total para transformar o déficit federal em superávit. A Austrália permitiu-se apenas um ano de déficit.

De início, as pessoas disseram que Lang, e não Lyons, estava certo. De 1933 em diante, no entanto, a Austrália começou a recuperar-se. Em 1936, o desemprego havia recuado para cerca de 11%. E continuou em queda. A Austrália recuperou-se com muito mais velocidade que os EUA.

Em 1935, um Lyons triunfante navegou aos EUA, no cruzeiro italiano Renault, para relatar o sucesso de seu governo: "Tivemos de cortar salários e aposentadorias cruelmente durante o auge da Depressão", disse Lyons a repórteres no píer, em Nova York. Naquele momento, contudo, já estava recuperando as aposentadorias. Ao cortar, a Austrália deu à sua economia a chance de crescer e, à sua moeda a crucial credibilidade. Lyon pode ter elogiado Mussolini, mas a Austrália não virou fascista.

Outros contam a história da Austrália de forma diferente. Enfatizam a depreciação da libra australiana e a resultante melhora das relações de troca. Ou argumentam que a Austrália, pequena, e os EUA, um país poderoso, não são comparáveis.

A questão é, contudo, que esses tipos de dados, da Hungria à Austrália, precisam ser examinados cuidadosamente. Os roteiros normalmente conhecidos nem sempre são os certos.

E nem sempre são análogos ao presente. O experimento de austeridade de David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, é recente demais para ser declarado como um fracasso. A recuperação pode ser lenta, como foi a da Austrália. O Reino Unido, no entanto, verá os benefícios a sua competitividade relativa criados pelos cortes mais cedo do que tarde. O dinheiro que evita a incerta área do euro fluirá para o Reino Unido.

Em resumo, só porque alguém evoca a Grande Depressão não significa que uma nova era fascista esteja sobre nós. Ou que é hora de uma "suspensão da descrença". 

Ciência sem Fronteiras.


Especialmente para quem gosta de estudar, leia abaixo o editorial do ESTADÃO de hoje sobre "Ciência sem Fronteiras". 

Lançado há seis meses com o objetivo de acelerar a internacionalização do ensino superior no País e regulamentado por decreto assinado esta semana pela presidente Dilma Rousseff, o programa Ciência sem Fronteiras anunciou a primeira chamada pública para a concessão de 12,5 mil bolsas a estudantes que queiram fazer graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado e cursos de formação de tecnólogos no exterior. As bolsas de graduação poderão ser pleiteadas por quem obtiver mais de 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a definição dos critérios de seleção, das áreas a serem financiadas e do valor das bolsas ficará a cargo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

As primeiras bolsas se destinam, basicamente, a estudos nos EUA, Inglaterra, Alemanha, França e Itália e as áreas escolhidas - matemática, física, química e biologia - estão entre aquelas em que o Brasil é carente. Previstas para o início de 2012, as próximas chamadas públicas privilegiarão as engenharias e as ciências aplicadas, como nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia mineral, geociências, tecnologia aeroespacial, fármacos, energias renováveis, petróleo, gás e carvão mineral. Essas áreas são consideradas estratégicas pelo governo para a qualificação da mão de obra e o desenvolvimento. Serão concedidas bolsas para escolas na China, Japão, Coreia do Sul e Bélgica.

O governo pretende oferecer 101 mil bolsas de estudo em quatro anos. Mas a União só financiará 75 mil. Para custear as 26 mil bolsas restantes, no valor de R$ 1,3 bilhão, o governo está pedindo ajuda a empresas estatais, empresas privadas e instituições financeiras. Nos últimos meses, enquanto os Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia negociavam convênios com grandes instituições de ensino e pesquisa estrangeiras, a presidente Dilma Rousseff e a chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann, instavam empresários e dirigentes de entidades de classe a custear as bolsas.

Além da Petrobrás, Eletrobrás, Vale, British Petroleum, AmBev, Portugal Telecom/Oi e Tim, foram procuradas a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que prometeu financiar 6,5 mil bolsas; a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que bancará 6 mil bolsas; e a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que custeará outras 5 mil. Também foram procuradas multinacionais que têm interesse em vender seus produtos no País ou que participam de concorrência para a venda de equipamentos e serviços ao governo. É o caso da sueca Saab e da americana Boeing, que têm interesse em vender caças para a Força Aérea Brasileira. Por meio do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro, a Saab se comprometeu a conceder cem bolsas para estudantes e pesquisadores das áreas de defesa e segurança em universidades suecas. A Boeing concederá bolsas para 18 estudantes de engenharia geoespacial e aeronáutica em escolas americanas.

Com o avanço da globalização econômica, a internacionalização do ensino superior e a ampliação de programas de intercâmbio em ciência e tecnologia se tornaram decisivas para que os países possam aumentar o esforço de inovação científica e assegurar maior competitividade às suas empresas. Ao proporcionar vivência acadêmica e profissional no exterior, dando aos jovens oportunidade de superar a barreira da língua e aprimorar seus conhecimentos em escolas de alto nível, esses programas tornarão as novas gerações mais cosmopolitas e ajudarão a reduzir a distância entre as universidades brasileiras e as instituições de ensino mais bem classificadas nos rankings internacionais.

O Ciência sem Fronteiras tem tudo para dar certo. Mas, para que não seja desvirtuado, é preciso que a seleção dos bolsistas privilegie os candidatos mais bem preparados, sem concessões a políticas de cotas sociais e étnicas, e que o pedido de apoio financeiro a empresas e entidades de classe não se converta em forma de pressão do governo sobre a iniciativa privada.

Loucura monetária dos republicanos.


PAUL KRUGMAN, hoje na FOLHA DE S. PAULO e a confusão americana avisa que: estamos a caminho de nova Grande Depressão caso doutrina que predomina no partido for posta em ação.

A busca desesperada dos republicanos por um candidato à Presidência que não se chame Willard M. Romney parece continuar. As apostas em Gingrich perderam força no Iowa, ao menos. O próximo nome na berlinda é o do deputado Ron Paul.

Isso faz sentido, de certo modo.

As pessoas não confiam em Romney porque ele é visto como alguém que, cinicamente, assume a posição que acha que mais vai beneficiá-lo -acusação que é verdadeira.

Ron Paul, ao contrário, vem sendo altamente coerente. Aposto que você não encontrará videoclipes de alguns anos atrás em que ele diz o contrário do que afirma agora.

Infelizmente, Ron Paul vem mantendo sua coerência por ignorar a realidade, aferrando-se à sua ideologia apesar dos fatos que comprovaram o equívoco dessa ideologia.

E, ainda mais infelizmente, a ideologia de Ron Paul hoje domina o Partido Republicano, que antigamente era mais bem informado.

Ron Paul se identifica como alguém que acredita na teoria econômica dita "austríaca" -teoria que rejeita John Maynard Keynes, mas é quase igualmente veemente na rejeição às ideias de Milton Friedman.

Pois os austríacos veem a "moeda fiduciária" (dinheiro que é apenas impresso, sem ser respaldado por ouro) como sendo a raiz de todos os males econômicos.

Eles se opõem terminantemente ao tipo de expansão monetária que Friedman dizia que poderia ter evitado a Grande Depressão -e que foi feita por Ben Bernanke desta vez.

E ocorreu, de fato, uma enorme expansão da base monetária depois da queda do Lehman Brothers. O Fed começou a emprestar grandes montantes a bancos, além de comprar uma grande gama de outros ativos, numa tentativa (bem-sucedida) de estabilizar os mercados.

Os austríacos e muitos economistas de viés direitista tinham certeza quanto ao resultado disso: inflação devastadora. Um comentarista austríaco que vem assessorando Ron Paul chegou a avisar da possibilidade de uma hiperinflação ao estilo do Zimbábue no futuro próximo.

Então aqui estamos, três anos mais tarde. Como vão as coisas? Os preços ao consumidor subiram apenas 4,5%, o que significa um índice de inflação anual média de 1,5%.

Quem poderia ter previsto que imprimir tanto dinheiro provocaria tão pouca inflação? Bem, eu poderia -e previ. E também o fizeram outros que entendem a teoria keynesiana.

Mas seus partidários continuam a dizer, não se sabe como, que ele tem tido razão em relação a tudo.

Assim, poderíamos imaginar que o fato de terem errado tão feio sobre algo que é tão crucial em seu sistema de crenças teria feito os austríacos perder popularidade.

O que aconteceu, porém, é que a doutrina da "moeda lastreada" e a paranoia quanto à inflação tomaram conta do partido, apesar de a inflação prevista não se concretizar.

Ainda é muito improvável que Ron Paul se torne presidente. Mas sua doutrina econômica já virou, concretamente, a oficial do Partido Republicano, não obstante os acontecimentos terem mostrado que está totalmente equivocada.

E o que vai acontecer se essa doutrina acabar realmente sendo posta em ação?

Hello, Grande Depressão, estamos a caminho!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

IC-PMN: 1º TRI 2012.


Índice de Confiança de Pequenos e Médios Negócios (IC-PMN) tem ligeira queda para 73,3 pontos na perspectiva para 1º TRI 2012. Indicador encontra estabilidade e mostra cautela do empresário.

São Paulo, 14 de dezembro de 2011 – O Índice de Confiança de Pequenos e Médios Negócios (IC-PMN) apresentou ligeira queda em relação ao último levantamento, realizado em setembro. O indicador com os resultados para o primeiro trimestre de 2012 registrou 73,3 pontos, em uma escala de 0 e 100,  ante 73,7 pontos, apurados no último levantamento, em setembro. Realizado em parceria entre Insper e Santander, o IC-PMN tem periodicidade trimestral e aponta as perspectivas do setor. 

Quando analisadas as expectativas de acordo com as diferentes questões que compõem o índice, é possível identificar que os empresários permanecem otimistas em relação aos negócios. Houve um aumento nas perspectivas de lucro das empresas, de 76,2 para 76,4 pontos, e na disposição dos empresários de pequenos e médios negócios em investir, de 70,5 para 70,9 pontos. Também é positiva a leitura sobre as perspectivas de contratação, que historicamente têm registrado queda e, no levantamento para o primeiro trimestre, ficou praticamente estável aos 68,2 pontos (68,3 em setembro). Apenas as previsões de faturamento tiveram retração de 78,4 para 76,8 pontos.

“É natural o desaquecimento das vendas no início do ano, provocando esta redução na previsão de faturamento dos empresários de pequeno e médio negócios no período”, avalia o professor do Insper José Luiz Rossi Junior.

Entre os diferentes ramos de atividade, identifica-se retração no otimismo do setor serviços (74,9 para 73,5 pontos), enquanto indústria e comércio permaneceram praticamente estáveis. Na avaliação por estado, a principal queda foi observada no Centro-Oeste, onde o IC-PMN passou de 77,3 para 72,6 pontos. Também caiu a confiança dos empresários das regiões Sul e Nordeste, sendo registradas altas apenas as regiões Sudeste e Norte, esta última, a mais otimista, com 76,4 pontos.

O estudo para o IC-PMN envolve 1,2 mil empresas das cinco regiões do país. Foram ouvidos empresários de três ramos de atividade (comércio, serviços e indústria) e que faturam até R$ 30 milhões/ano.

                                 4ºTRI 2011    1º TRI 2012
IC-PMN NACIONAL      73,7   73,3
Economia                           72,3   71,6
Ramo                                  76,7   75,5
Faturamento                       78,4   76,8
Lucro                                  76,2   76,4
Empregados                       68,3   68,2
Investimento                      70,5   70,9

IC-PMN POR REGIÃO 4º TRI/11     1º TRI 2012
Centro-Oeste                             77,3   72,6
Nordeste                                    74,4   73,5
Norte                                         76,0   76,4
Sudeste                                      72,9   73,1
Sul                                              73,1   72,3

IC-PMN POR SETOR  4º TRI/11     1º TRI 2012
Comércio                                  73,2   73,1
Indústria                                    73,5   73,4
Serviços                                    74,9   73,5

Conselho Federal de Economia - 2012.


Os economistas Ermes Tadeu Zapelini e Kanitar Aymoré Saboia Cordeiro foram eleitos, respectivamente, presidente e vice-presidente do Conselho Federal de Economia (COFECON) para o ano de 2012. O ato eleitoral ocorreu na manhã de sábado (10). A chapa 2, apresentada pelo conselheiro Jin Whan Oh e formada por Zapelini e Kanitar, recebeu 17 votos contra 9 da chapa 1, apresentada pelo conselheiro Júlio Miragaya e formada por Roberto Piscitelli e José Luiz Amaral Machado. A comissão eleitoral foi presidida pelo conselheiro Luiz Alberto Machado e formada também por Paulo Brasil e Marcelo Pereira de Mendonça.

Ermes Tadeu Zapelini
O catarinense Ermes Tadeu Zapelini graduou-se em Economia pela UFSC em 1967 e doze anos depois concluiu o mestrado em Economia pela UFRGS. Trabalhou na Controladoria Geral do Estado de Santa Catarina, na Secretaria de Fazenda, na Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina, foi Vogal da Junta Comercial do estado, presidente da Fundação de Estudos e Pesquisas Sócio-Econômicos e professor titular da UFSC, onde chefiou o Departamento de Economia e foi diretor do Centro Sócio-Econômico. Zapelini presidiu o Conselho Regional de Economia de Santa Catarina nos anos de 2000 e 2007. Foi conselheiro federal no período 2008/2010, sendo reeleito para o triênio 2011/2013. 

Kanitar Aymoré Saboia Cordeiro
O paranaense Kanitar Aymoré Sabóia Cordeiro formou-se em Economia pela UFPR em 1965, na Turma Celso Furtado. Entrou em 1962 para o Banco de Desenvolvimento Econômico do Paraná (BADEP), onde permaneceu até 1971 e chegou a chefe do Departamento Financeiro - e de 1979 a 1984 fez parte do Conselho Fiscal, representando a UFPR. Em 1971 chefiou também o Departamento Financeiro do Banco Bamerindus de Investimento. No ano seguinte ingressou na Companhia de Urbanização de Curitiba (como diretor financeiro), onde foi um dos responsáveis pela organização e implementação do projeto Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Ocupou o mesmo cargo na Companhia de Habitação Popular de Curitiba. Foi também Vogal da Junta Comercial do Paraná e membro do Conselho Consultivo da Associação de Microempresas do estado, administrador judicial da empresa Centro Sul Serviços Marítimos Ltda e da Expresso Estrela Azul Ltda, membro do Conselho Fiscal do Curtume Curitiba S/A e Secretário Extraordinário de Previdência do município de Curitiba. Foi também professor da UFPR de 1970 a 1994. Consultor de empresas desde 1985, é sócio diretor da KM Consultoria Econômica e Financeira, fundada em 1990. 

Person of the Year 2011: The Protester.


Once upon a time, when major news events were chronicled strictly by professionals and printed on paper or transmitted through the air by the few for the masses, protesters were prime makers of history. Back then, when citizen multitudes took to the streets without weapons to declare themselves opposed, it was the very definition of news — vivid, important, often consequential. In the 1960s in America they marched for civil rights and against the Vietnam War; in the '70s, they rose up in Iran and Portugal; in the '80s, they spoke out against nuclear weapons in the U.S. and Europe, against Israeli occupation of the West Bank and Gaza, against communist tyranny in Tiananmen Square and Eastern Europe. Protest was the natural continuation of politics by other means.

And then came the End of History, summed up by Francis Fukuyama's influential 1989 essay declaring that mankind had arrived at the "end point of ... ideological evolution" in globally triumphant "Western liberalism." The two decades beginning in 1991 witnessed the greatest rise in living standards that the world has ever known. Credit was easy, complacency and apathy were rife, and street protests looked like pointless emotional sideshows — obsolete, quaint, the equivalent of cavalry to mid-20th-century war. The rare large demonstrations in the rich world seemed ineffectual and irrelevant. 

There were a few exceptions, like the protests that, along with sanctions, helped end apartheid in South Africa in 1994. But for young people, radical critiques and protests against the system were mostly confined to pop-culture fantasy: "Fight the Power" was a song on a platinum-selling album, Rage Against the Machine was a platinum-selling band, and the beloved brave rebels fighting the all-encompassing global oppressors were just a bunch of characters in The Matrix.

"Massive and effective street protest" was a global oxymoron until — suddenly, shockingly — starting exactly a year ago, it became the defining trope of our times. And the protester once again became a maker of history.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dez anos de novos Bric para o mundo.


Jim O"Neill é presidente do Goldman Sachs Asset Management e escreveu este artigo para o VALOR ECONÔMICO..

Há dez anos publiquei relatório intitulado "O Mundo Precisa de Melhores Brics Econômicos" (brics soa como "tijolos" em inglês), quando lancei pela primeira vez o acrônimo que usei para descrever o provável alto crescimento que Brasil, Rússia, Índia e China alcançariam. Está claro agora que a expansão desses quatro países foi ainda mais forte. Os Bric tornaram-se um nome familiar tanto na esfera cultural como de negócios, além de ter resultado na criação de um grupo político.

O décimo aniversário coincide com preocupações terríveis quanto à economia mundial, especialmente para os países mais desenvolvidos. Continuo otimista de que à medida que os quatro gigantes emergentes, e mais alguns, continuarem se expandindo em tamanho e riqueza, sua prosperidade não apenas fortalecerá seu papel no mundo, mas também dará a chance de um futuro melhor às economias que atualmente se deparam com mais desafios pela frente. A ascensão em andamento dos Bric será boa para esses países e para o resto de nós. Além disso, seu crescimento ao longo dos últimos dez anos sugere que, enfim, poderemos ver algumas melhoras consideráveis que deem mais eficiência à formulação mundial de políticas e a suas instituições.

Meu estudo de 2001 tinha três mensagens principais.

Primeira, mostrei que se Brasil, Rússia, Índia e China continuassem com seus altos índices de crescimento, passariam a representar uma parte muito maior da economia mundial em 2010. No cenário mais otimista que contemplei, indiquei que sua participação combinada do Produto Interno Bruto (PIB) mundial subiria de aproximadamente 8% para, talvez, 14%. No fim deste ano, provavelmente a porcentagem girará em torno a 20%, com o PIB tendo aumentado de cerca de US$ 3 trilhões para provavelmente pouco mais de US$ 13 trilhões. Isso representa cerca de um terço do aumento total do PIB nominal mundial dos últimos dez anos.

O crescimento real dos Bric, em torno a 8%, ajudou a levar a média mundial para 3,5%, apesar dos imensos problemas vistos em 2001-2002, 2008 e, é claro, desde então. Se não tivesse sido pelos Bric, o crescimento mundial teria ficado mais próximo à decepcionante média de 1,6% verificada no chamado mundo desenvolvido. Como muitas vezes comento, o aumento combinado, de US$ 10 trilhões, na prática, criou o equivalente a seis ou sete vezes o que era o Reino Unido em 2001 ou, de fato, o equivalente a toda uma economia dos Estados Unidos.

Ao olharmos para o futuro, nos próximos dez anos, os quatro países provavelmente verão desaceleração em seus índices de crescimento, mas sua participação no PIB mundial quase certamente aumentará. A China parece encaminhada a crescer de 7% a 8%, já que terá de enfrentar vários desafios, mas a Índia pode ter aceleração e por fim atingir taxas de crescimento no estilo chinês, especialmente se persistir em seu recém-descoberto zelo por reformas, como a importante decisão de dar boas vindas ao controle majoritário estrangeiro em empresas do setor de varejo. Em poucos anos, o PIB nominal combinado dos quatro países superará tanto o dos Estados Unidos como o da Europa.

Com base em seu provável crescimento, a segunda parte de meu relatório de 2001 argumentava que os Bric precisavam assumir papel mais central na formulação mundial de políticas econômicas. Eles continuaram excluídos por muitos anos, o que os levou a promover seus encontros políticos conjuntos anuais. Na verdade, foi necessária uma crise total como a de 2008, para os países avançados finalmente perceberem a importância central dos Bric para a economia mundial moderna, sendo que a decisão de colocar o G-20 no centro da formulação política global foi basicamente uma iniciativa para incluir os Bric. Em 2001, argumentei que cada um dos Bric deveria juntar-se aos EUA, Japão, região do euro e talvez Canadá e Reino Unido para formar algum novo "G", talvez um G-9 ou um novo G-7, se Reino Unido e Canadá ficassem excluídos.

A terceira ideia no relatório de 2001 indicava que, tendo em vista sua moeda comum, França, Itália e Alemanha deveriam abandonar sua representação nacional nos órgãos mundiais e no G-7, permitindo uma governança global muito mais eficiente. Que melhor forma de demonstrar seu verdadeiro compromisso com a União Monetária Europeia (UME) do que um passo tão firme de verdadeira liderança? Nos anos subsequentes, como percebemos recentemente, tal liderança firme da UME não marcou presença. Quem sabe, a escala da crise que se desdobra atualmente leve os líderes europeus a dar passos mais ousados.

Enquanto isso, à medida que os países do Bric continuem a ver sua sorte melhorar, proporcionarão mais e mais oportunidades para que o resto de nós aprimore seus padrões de vida e prosperidade. De fato, para que o mundo continue crescendo frente aos desafios que se apresentam a muitas economias desenvolvidas, precisamos da argamassa econômica dos Bric, algo que, por sorte, eles têm de sobra.

Pará na The Economist.

The state of Pará occupies a vast and woefully lawless swathe of the Amazon, forming the eastern curve of the “arc of deforestation”. On December 11th its 4.8m voters will decide whether to split Pará into three, creating two new states. Carajás, with a quarter of the territory and the world’s biggest iron-ore mine, would have in Marabá potentially Brazil’s most violent state capital with 130 murders a year per 100,000 people. Tapajós, occupying three-fifths of the current state, would be 90% forest, with just 1.2m people; it could become a loggers’ paradise, or, with luck, a state-sized national park. The rump of Pará would be limited to the area around Belém, with two-thirds of the population and most of the economic activity.


Proponents of the change argue that Pará is too big to be run from Belém. Célio Costa, an economist, says that the extra federal money the split would bring is fair reward, since so much of Pará is federal forest which Brasília should be paying to manage. He also points to two pairs of states that split previously (by government fiat, not a vote). The resulting four all saw above-average economic growth.
Naysayers complain that the proposal is a wheeze to extract more public money and bureaucratic jobs. Two new state capitals will not come cheap. Lúcio Flávio Pinto, a journalist campaigning to keep Pará whole, says that the absence of effective governance in its interior is not a matter of mere distance: Belém’s periphery is pretty lawless too. He reckons Pará needs a stronger tax base and more diversified economy.
A yes vote in what is the first such plebiscite in Brazil would give impetus to dozens of dreams of new states elsewhere. Since each Brazilian state sends three senators and a minimum of eight deputies (out of a total of 513) to Brasília, the big winners from splitting Pará would be northern politicians. Brazil’s more developed south would be even more under-represented. Fortunately for the country as a whole, the separatists in Carajás and Tapajós are likely to be outvoted by unitarian belenenses.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...