Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, governadores, senadores, deputados estaduais e federais, o que já resulta na criação de instabilidades no mercado. E como o Brasil está inserido nas cadeias de suprimentos globais do comércio internacional, o início de uma guerra lá na longínqua Ucrânia contribuiu para piorar as condições da economia brasileira e mundial. Aliado a isso verificamos um aumento da taxa de inflação e da taxa básica de juros da economia (Selic), não esquecendo das perdas resultantes da pandemia de covid-19 que ainda continua afetando a todos.
Evidentemente
cada país busca suas alternativas visando atenuar os prejuízos com resultados
nem sempre os esperados. Por isso é preocupante o recente relatório “Panorama
Econômico Mundial” divulgado em 26/07/2022 pelo Fundo Monetário Internacional
(FMI) no qual reduz a projeção do crescimento mundial de 3,6% para 3,2%, um
número quase 50% inferior ao 6,1% de 2021. Segundo o FMI, “Os riscos para as perspectivas estão predominantemente inclinados para
o lado negativo”.
Como
sabemos, economistas (assim como outros profissionais) também falham em suas
projeções e acertadamente o competente colega Pedro Malan já nos disse que “O futuro tem por ofício ser incerto. No
Brasil, todavia, o mesmo se passa com o passado. ” Por isso, apesar de tratar-se de projeções, é
por demais inquietante quando um grande banco nacional estima para este 2022 um
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 1,77% e para 2023 de
apenas 0,04%. Situação melhor verificamos no Relatório Focus do Banco Central
de 22/07/2022 que estima um crescimento de 1,93% para este ano e de 0,49% para
2023. Salientamos que a última projeção do FMI para a economia do Brasil em
2022 é um crescimento de 1,7%, mesmo percentual
estimado pela Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE). Diante disso, eis então o
que faz falta no atual momento político brasileiro: que cada candidato à
Presidente da República divulgue com clareza e embasamento técnico como fará em
sendo eleito para fazer o Brasil crescer nos próximos anos a taxas maiores e
constantes.
Enquanto
o atual debate político ficar restrito a assuntos laterais e falsas
informações, sofremos o sério risco de votar exclusivamente pela emoção e não
pela razão. É imprescindível que cada candidato efetivamente apresente suas propostas
econômicas de maneira que possam ser avaliadas previamente visando apontar as
medidas que devam ser realizadas para que o país deixe de crescer a taxa de
“voo de galinha” e retorne com segurança a elevadas taxas de crescimento em seu
Produto Interno Bruto.
Embora
tecnicamente o PIB seja a melhor medida do bem-estar econômico de uma
sociedade, trata-se de um indicador que exclui, por exemplo, dados sobre a
qualidade do meio ambiente e sobre a distribuição de renda. Mesmo assim, seu
resultado é dos mais relevantes no acompanhamento da produção econômica de um
país. Por isso dá indispensabilidade dos candidatos à presidência registrarem
em seus planos de governo o que planejam realizar visando obter melhores
resultados para a nossa economia. Se então o baixo crescimento do PIB é uma
variável que nos preocupa sobremaneira, mais grave ainda é a questão da
desigualdade social, assunto esse que deixaremos para outra oportunidade.