domingo, 24 de outubro de 2021
domingo, 20 de dezembro de 2020
O GLOBO: Covid-19 - Fique em casa.
É tempo de Papai Noel — e de coronavírus. As festas de fim de ano se aproximam. Sempre motivo para júbilo, tornaram-se uma enorme preocupação. No encerramento de um 2020 tisnado pela mais devastadora pandemia em cem anos, não há espaço para comemorações feéricas. A Covid-19 já matou mais de 185 mil brasileiros. Uma nova e mortífera onda de contágio já mata mais de mil por dia. A situação do país é crítica e, embora a vacina esteja num horizonte não tão distante, não há espaço para brincar com vidas humanas.
O Observatório Covid-19 BR, iniciativa independente que reúne cerca de 80 cientistas ligados às principais instituições brasileiras de pesquisa, lançou um alerta: “A catástrofe que se anuncia não vai se reverter de forma natural. A lógica de multiplicação de casos é simples e incomplacente: novos casos geram outros novos casos”. No estado do Rio, afirma a análise, as internações aumentam desde outubro. Não há leitos de UTI disponíveis para novos pacientes da doença. Em São Paulo, os índices de lotação já são semelhantes aos registrados em setembro — e crescem. Em Salvador, a ocupação das UTIs está em 75%. Em Santa Catarina, o número de mortes aumentou 300% desde o início de novembro. Minas, Paraná e Rio Grande do Sul têm registrado aumentos diários superiores a 1% nas mortes — um crescimento explosivo.
No Paraná, um dos estados mais atingidos, o Natal será sob toque de recolher. Desde ontem, a medida, que vigorará até o dia 28, restringe a circulação entre 23h e 5h, preservados os serviços essenciais. O governador Ratinho Júnior justificou a decisão apresentando a demanda por leitos exclusivos de Covid-19, superior à capacidade disponível.
As tradicionais comemorações da virada do ano, com aglomerações e gestos de confraternização, representam um risco temerário num momento em que o contágio volta a acelerar em quase todo o país. De forma sensata, cidades suspenderam suas festas oficiais de réveillon. Ainda em julho, a prefeitura de São Paulo anunciou o cancelamento do evento na Avenida Paulista. Naquele mesmo mês, a prefeitura do Rio informou que a tradicional queima de fogos na Praia de Copacabana estava descartada. A ideia era realizar pequenos shows em diferentes pontos da cidade, sem presença de público, transmitidos pela TV e internet. No último dia 15, porém, o prefeito Marcelo Crivella mudou de ideia e disse que não haverá mais comemoração oficial. Mesmo assim, quiosques da orla já preparavam suas festas de réveillon, autorizadas pela prefeitura. O Ministério Público Federal pôs água no champanhe: entrou com uma ação civil contra as autoridades, e a própria prefeitura tratou de proibi-las.
Melhor assim. Nada há para festejar, a não ser o encerramento de um ano que ficará marcado como um dos mais trágicos de nossa história. O Rio já perdeu quase 25 mil vidas para a Covid-19 e registra a maior taxa de mortalidade do país, de acordo com levantamento do MonitoraCovid-19, da Fiocruz (131 óbitos por cem mil habitantes). O aumento nos casos e nas mortes, bem como a dramática falta de leitos para Covid-19 nos hospitais têm sido tratados de forma amadora pelo governador Cláudio Castro e pelo prefeito Crivella. As medidas de restrição para deter a transmissão do vírus foram tímidas e questionáveis.
Mesmo com o cancelamento de eventos, persiste a preocupação com festas particulares e reuniões familiares de Natal e Ano Novo. Não custa lembrar o exemplo dos Estados Unidos, onde os casos explodiram após o tradicional Dia De Ação de Graças. O país já soma mais de 300 mil mortos — quase o total das vítimas das guerras do Vietnã e da Coreia. Na última semana, um só dia registrou 3.611 mortes (nos atentados de 11 de Setembro, morreram 2.977 ao todo). A perspectiva para o Brasil não é menos trágica. “Teremos o janeiro mais triste de nossa história, porque falhamos em trazer uma consciência cívica da gravidade do que estamos vivendo”, afirmou a pneumologista Margareth Dalcolmo no debate “E Agora, Brasil?”.
Não há dúvida de que as reuniões familiares são uma tradição nesta época do ano e de que o cancelamento de festas de réveillon traz prejuízos irrecuperáveis a cidades como o Rio. Mas vive-se um 2020 atípico. Para tomar a vacina que está chegando, será preciso sobreviver. Aglomerações devem ser evitadas a todo custo, e as normas de prevenção, respeitadas para que não se amplie a catástrofe.
Se a festa for inevitável, é fundamental seguir as orientações da Fiocruz para reduzir o risco de contágio em reuniões familiares: limitar as comemorações a quem mora na mesma casa. Para quem for sair, a recomendação é usar máscaras quando não estiver comendo ou bebendo, manter distância de pelo menos dois metros, preferir ambientes ao ar livre, lavar as mãos após usar objetos compartilhados etc.
“Não podemos colocar a perder todo o esforço feito até agora. Com o aumento de casos e a saturação do sistema de saúde em vários estados, somados às festas de final de ano que se aproximam, é imperativo que medidas sejam tomadas com a urgência necessária, de modo que possamos reduzir o número de vidas perdidas”, afirmam os cientistas do Observatório Covid-19 BR. “Fiquemos em casa nesta época que se aproxima. Podemos estabelecer um novo calendário para nossas festas. Fazendo isso, teremos reencontros seguros e felizes em breve, e cada um de nós poderá dizer, às gerações futuras, que fez sua parte na luta contra esta epidemia que tanto nos ameaça.”
O GLOBO RECOMENDA
https://oglobo.globo.com/opiniao/fique-em-casa-nas-festas-de-fim-de-ano-1-24803642
sábado, 8 de agosto de 2020
O Globo: 100 mil mortos, uma tragédia do tamanho do Brasil.
https://oglobo.globo.com/opiniao/100-mil-mortos-uma-tragedia-do-tamanho-do-brasil-1-24574686
Em 17 de março, quando o Brasil registrava 290 casos e apenas uma morte pelo novo coronavírus, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, previu que os números cresceriam exponencialmente até o fim de junho. Em julho estabilizariam e, em agosto, começariam a cair. Num cenário em que os fatos correm mais que o tempo, quase cinco meses depois, não há mais Mandetta, exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro em 16 de abril. Agosto está aí — e o panorama é um país ainda perdido em meio ao avanço da Covid-19. Os infectados passam de 2,9 milhões, e os mortos chegam à marca macabra de 100 mil. Para ter ideia da dimensão da catástrofe, o contingente supera a soma de duas conhecidas tragédias nacionais: todos os óbitos no trânsito (40.721) e todos os assassinatos (41.635) em 2019.
Não se chegou a tal número por acaso. Ele foi construído cotidianamente, por erros e omissões de um governo que trocou a Ciência pelo obscurantismo. Claro que governadores e prefeitos — com autonomia dada pelo STF para impor medidas de restrição e liberdade para fazer compras emergenciais (muitas das quais viraram caso de polícia) — também deixaram suas digitais na hecatombe. Mas é inequívoca a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro, a quem cabia, por meio do Ministério da Saúde, coordenar o combate à mais letal pandemia em cem anos.
Bolsonaro começou minimizando a pandemia. Tratou a doença como “gripezinha” e, questionado sobre os mortos, soltou um revoltante “E daí?”. Mais preocupado com seu projeto de reeleição, atacou o isolamento social decretado por governadores e prefeitos — eficaz para impedir o avanço da doença na falta de vacinas ou remédios — e pregou a reabertura imediata das atividades. Alegou que a população não morreria de Covid, mas de fome. Simulou um falso dilema, já que, quanto antes a epidemia estiver controlada, mais rapidamente a economia voltará a girar.
O Ministério da Saúde é o melhor exemplo do pouco caso com a epidemia. Em menos de quatro meses, foram três ministros. Mandetta e seu substituto, Nelson Teich, saíram por discordar de Bolsonaro. O general Eduardo Pazuello permaneceu por concordar, no melhor estilo “missão dada é missão cumprida”. Está há mais de dois meses no cargo como interino, prova do esvaziamento da pasta em plena pandemia. Uma de suas primeiras decisões foi liberar a cloroquina para qualquer fase do tratamento, ignorando evidências científicas de que ela não tem eficácia contra o coronavírus e pode causar sérios efeitos colaterais. O país produziu comprimidos de cloroquina aos milhões, sabe-se lá para quê. Estima-se que haja estoque para abastecer por 38 anos o mercado nacional.
A cloroquina virou obsessão de Bolsonaro, transformado em garoto-propaganda do medicamento. Ele próprio, quando contraiu o vírus, apareceu numa transmissão ao vivo com uma caixa em mãos. Numa cena bizarra que decerto ilustrará os futuros livros de história, foi flagrado exibindo uma caixa de cloroquina às emas do Palácio da Alvorada. Até elas pareciam ter consciência do ridículo. A insistência na cloroquina não foi a única ofensa à Ciência. Bolsonaro se especializou em quebrar os protocolos sanitários mais básicos para a prevenção da Covid-19. Em lugares públicos, cumprimentou transeuntes, tossiu, falou alto, desprezou o uso da máscara — chegou a ser obrigado pela Justiça a usá-la — e frequentou aglomerações.
O que o governo deveria fazer não fez: estabelecer protocolos nacionais, lançar uma campanha para incentivar o distanciamento, testar a população para identificar os infectados, isolá-los e rastrear seus contatos, seguindo exemplos de países que controlaram a epidemia, como Coreia do Sul, Austrália ou Alemanha. O Brasil testa pouquíssimo, caminha às cegas no combate à doença. Escolhe sempre o caminho errado. Em meio ao desgoverno, a epidemia avança e escancara as desigualdades gritantes do país. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que, na cidade do Rio de Janeiro, dos 6.735 óbitos até 13 de junho, 79,6% ocorreram nos bairros de menor Índice de Desenvolvimento Social (IDS). Nas áreas mais pobres, a taxa de letalidade chega a ser o dobro da de regiões ricas (20% contra 10%). Na capital paulista, não é diferente. Os 25 distritos com maior número de mortes por Covid-19 estão na periferia. Juntos, concentram 42,1% dos óbitos.
Números superlativos não devem servir para banalizar a tragédia. Por trás deles, há 100 mil histórias de brasileiros que perderam a vida para o coronavírus. Tal contingente ainda cresce ao ritmo de mais de mil mortes por dia, quase uma por minuto. Produzimos sepultamentos em escala industrial, que nos humilham perante o mundo. O Brasil de Bolsonaro fica atrás apenas dos Estados Unidos de Donald Trump no campeonato macabro da Covid-19.
Em vez de impedir a tragédia, o governo tentou escondê-la. No início de junho, quando a escalada já era desenfreada, decidiu omitir o total de mortos do boletim diário do ministério. Iniciativa inócua, pois um consórcio da imprensa profissional passou a apurar os dados, e o Supremo obrigou o governo a recuar. Bolsonaro deveria saber que não é torturando números que se muda a realidade. Ela está aí, para quem quiser ver. Na quinta-feira, ele disse lamentar a iminência das 100 mil mortes: “Mas vamos tocar a vida, tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema”. Obviamente, nenhum dos mortos terá como tocar vida nenhuma. Nem Bolsonaro tem como se safar da responsabilidade pela tragédia e pela vergonha nacional.
domingo, 14 de junho de 2020
domingo, 7 de junho de 2020
FHC: Tempos incertos.
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Globo: Bolsa fecha em forte alta, de 4,2%, enquanto dólar encerra em queda de 2,2%, a R$ 5,45.
domingo, 24 de maio de 2020
O Globo: A corrosão na confiança dos investidores.
terça-feira, 12 de maio de 2020
domingo, 10 de maio de 2020
domingo, 26 de abril de 2020
O Globo: Persio Arida aponta os erros na economia.
domingo, 19 de abril de 2020
André Lara Resende no O GLOBO de 19/04/2020.
quarta-feira, 15 de abril de 2020
O Globo: Por que é preciso tornar a ler Sartre, quarenta anos depois de sua morte.
segunda-feira, 13 de abril de 2020
domingo, 5 de abril de 2020
FHC hoje no O GLOBO: Durante e depois da crise.
sábado, 4 de abril de 2020
O Globo: Séries para maratonar na quarentena.
Fleabag
Killing Eve
Succession
Segunda chamada
Pose
Barry
Ozark
The Marvelous Mrs. Maisel
This is Us
Game of Thrones
domingo, 29 de março de 2020
Gustavo Franco: O Corona e a economia.
quarta-feira, 25 de março de 2020
10 dicas do Frei Betto para enfrentar a reclusão em tempos de pandemia.
1. Mantenha corpo e cabeça juntos. Estar com o corpo confinado em casa e a mente focada lá fora pode causar depressão.
3. Não fique o dia todo diante da TV ou do computador. Diversifique suas ocupações. Não banque o passageiro que permanece o dia todo na estação sem a menor ideia do horário do trem.
4. Use o telefone para falar com parentes e amigos, em especial com os mais velhos, os vulneráveis e os que vivem só. Entretê-los fará bem a eles e a você.
5. Dedique-se a um trabalho manual: consertar equipamentos, montar quebra-cabeças, costurar, cozinhar etc.
6. Ocupe-se com jogos. Se está em companhia de outras pessoas, estabeleçam um período do dia para jogar xadrez, damas, baralho etc.
7. Escreva um diário da quarentena. Ainda que sem nenhuma intenção de que outros leiam, faça-o para si mesmo. Colocar no papel ou no computador ideias e sentimentos é profundamente terapêutico.
8. Se há crianças ou outros adultos em casa, divida com eles as tarefas domésticas. Estabeleça um programa de atividades, e momentos de convívio e momentos de cada um ficar na sua.
9. Medite. Ainda que você não seja religioso, aprenda a meditar, pois isso esvazia a mente, retém a imaginação, evita ansiedade e alivia tensões. Dedique ao menos 30 minutos do dia à meditação.
10. Não se convença de que a pandemia cessará logo ou durará tantos meses. Aja como se o período de reclusão fosse durar muito tempo. Na prisão, nada pior do que advogado que garante ao cliente que ele recuperará a liberdade dentro de dois ou três meses. Isso desencadeia uma expectativa desgastante. Assim, prepare-se para uma longa viagem dentro da própria casa.
* Frei Betto é escritor, autor de “Cartas da prisão” (Companhia das Letras), entre outros livros.s
terça-feira, 24 de março de 2020
Yuval Noah Harari: O antídoto para a epidemia não é a segregação, mas a cooperação.
segunda-feira, 23 de março de 2020
O Globo: Somos todos responsáveis.
sexta-feira, 20 de março de 2020
A importância de debater o PIB nas eleições 2022.
Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...
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O genial Sinfrônio , no cearense Diário do Nordeste , sempre consegue nos fazer rir mesmo no meio da diária tragédia econômica e políti...
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Hoje na Folha de S. Paulo o resultado de uma pesquisa do Datafolha que mede a inclinação ideológica no Brasil. http://www1.folh...