Esther Duflo: Nunca estive no Brasil, para meu grande arrependimento. Eu tinha planejado talvez para este segundo semestre, mas agora não sei quando isso vai acontecer. Mas sempre estudei o País com muito interesse, porque muitas das tensões e dos debates mundiais parecem ser encontrados no Brasil de forma concentrada. A história do Brasil é a de um crescimento muito rápido, que, combinado com um enorme aumento das desigualdades, se torna socialmente e politicamente insuportável. Isso costuma levar a respostas populistas e, eventualmente, a políticas econômicas irresponsáveis, o que no final das contas interrompe o crescimento do País. Então, em nosso primeiro livro de economia, usamos o Brasil como exemplo. Quando alguém diz estar interessado em gerar crescimento econômico, essa pessoa realmente deveria prestar atenção no tecido social e não deixá-lo explodir, pois, uma vez que este explode, você perderá inclusive toda a condição para gerar crescimento. Quando o Lula virou presidente, houve um esforço de políticas voltadas para os pobres. O Brasil mostrou ao mundo que era possível fazer programas como o Bolsa Família – e este não foi o único programa que aconteceu durante aquele período. Naquele momento, você olhava o Brasil e podia ver como uma economia se energiza criando confiança aliada a projetos sociais. Hoje o Brasil está rumando para o lado oposto. As eleições passadas, com toda a questão do WhatsApp e a incrível maldade do processo político... É uma versão ainda mais radical do que estamos vendo nos EUA. E agora, com a covid, novamente há uma espécie de exceção brasileira.
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domingo, 31 de maio de 2020
Estadão: Nobel de Economia a economista Esther Duflo entende que crise global causada pelo vírus mostra importância de que governos precisam ser, acima de tudo, funcionais.
https://www.estadao.com.br/infograficos/cultura,nobel-de-economia-defende-renda-ultrabasica-para-atenuar-impacto-da-pandemia-e-evitar-armadilha-da-pobreza,1097296
sexta-feira, 29 de maio de 2020
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