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domingo, 31 de agosto de 2014

Um mundo sem água?

Abaixo algumas fotos do rio Piracicaba, entre as cidades de Limeira e Americana, interior de São Paulo. Se você conseguir enxergar realmente nestas fotos o caudaloso rio Piracicaba, muito bem.

Caso contrário, pense em como viver sem água e prepare-se para as notícias do governo após as eleições. 








sexta-feira, 8 de junho de 2012

PIB é uma medida incompleta e até enganosa da riqueza.


Entrevista na FOLHA DE S. PAULO do economista e professor da USP Ricardo Abramovay, que lança, durante a conferência Rio+20, seu novo livro, "Muito Além da Economia Verde", pela Editora Planeta Sustentável.

Em seu livro, o sr. coloca a questão dos limites dos ecossistemas. Em que áreas isso está mais evidente?
Ricardo Abramovay - Os trabalhos internacionais sobre limites, sobretudo do Johan Rockström [professor da Universidade de Estocolomo], bem como vários documentos da ONU, mostram que já ultrapassamos fronteiras ecossistêmicas.
Isso ameaça a vida em três áreas: mudanças climáticas, biodiversidade e ciclo do nitrogênio [importante para dejetos e fertilizantes, por exemplo], o que é muito preocupante para países de produção agrícola como o Brasil. As perspectivas de crescimento no uso de materiais, minérios e combustíveis também preocupam.

Há chance de avançarmos em um novo sistema econômico, que leve em conta esse esgotamento dos recursos?
Um dos resultados factíveis da Rio+20 será reconhecer que o PIB é uma medida errada sobre o modo como as sociedades usam os recursos para seu desenvolvimento.
O PIB não é só incompleto. Ele é incapaz de distinguir aquilo que produz bem-estar daquilo que produz mal-estar para as pessoas. Os ganhos de eficiência no uso de materiais e energia decorrentes do progresso tecnológico têm seu papel, mas é óbvio que não vai dar para fazer frente à pressão por crescimento.

A noção de "economia verde" proposta pela ONU responde a esse desafio?
Continuar com o "business as usual" e tentar "esverdear" setores que utilizam mal os recursos naturais, como o setor automobilístico, de petróleo e a agroindústria, não é uma opção. A economia global terá de se reinventar, pois já não basta gerar empregos, pagar impostos e criar produtos e serviços. A nova economia terá de prover bem-estar às pessoas, para que o futuro não seja espartano por causa dos limites do planeta.

Qual seria o primeiro passo no sentido de sair do paradigma do crescimento econômico para outro modelo?
Um passo que está sendo dado é a produção de conhecimento. Nós sabemos que estamos diante de uma situação grave. Há um crescimento populacional imenso, de 80 milhões de pessoas por ano, e o consumo também cresce. A questão é como fazer esse conhecimento sobre os limites do planeta entrar nas empresas e entidades governamentais.
São transformações que terão de emergir de novas coalizões sociais. Outro passo seria um consenso internacional de que precisamos incorporar ao sistema de preços os danos que o sistema econômico provoca na sociedade e nos ecossistemas. O mundo subsidia os combustíveis fósseis seis vezes mais do que as energias renováveis.

O Brasil, pode prescindir do crescimento econômico?
O Brasil ainda precisa de crescimento econômico, mas esse crescimento não pode ser nos moldes tradicionais, alavancado por setores como indústria automobilística e agronegócio. Precisamos de mais hospitais, escolas, transporte coletivo, saneamento. Isso exige atividade econômica, que vai se expressar em crescimento. O que não podemos é continuar estimulando setores que fazem mau uso dos recursos naturais. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Humanidade sustentável.


Jeffrey D. Sachs é professor de economia e diretor do Instituto Terra, na Columbia University. Ele é também assessor especial do secretário-geral da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Escreveu neste artigo especialmente para o Valor Econômico uma aula sobre sustentabilidade.


Desenvolvimento sustentável significa atingir um crescimento econômico que seja amplamente compartilhado e que proteja os recursos vitais do planeta. Nossa economia mundial atual não é sustentável - mais de um bilhão de pessoas deixadas para trás pelo progresso econômico e o ambiente terrestre sofrendo danos resultantes da atividade humana. Um desenvolvimento sustentável exige a mobilização de novas tecnologias norteadas pelo compartilhamento de valores sociais.


O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que o desenvolvimento sustentável está no topo da agenda mundial. Adentramos um período perigoso, em que uma população enorme e crescente, associada a com rápido crescimento econômico, agora ameaça produzir um impacto catastrófico no clima da Terra, na biodiversidade e no suprimento de água potável. Antropoceno é como os cientistas denominam esse novo período - em que os seres humanos tornaram-se os principais causadores de mutações físicas e biológicas na Terra.


O Painel de Sustentabilidade Mundial (PSM) do secretário-geral da ONU publicou um novo relatório que delineia um referencial para o desenvolvimento sustentável. O PSM corretamente observa que o desenvolvimento sustentável tem três vertentes: erradicar a pobreza extrema, garantir que a prosperidade seja compartilhada por todos, - mulheres, jovens e minorias -, e proteger o meio ambiente natural. Esses objetivos podem ser denominados pilares econômico, social e ambiental do desenvolvimento sustentável.


O PSM exortou os líderes mundiais a adotarem um novo conjunto de Metas de Desenvolvimento Sustentável (MDS) que ajudarão a moldar as políticas e ações mundiais após 2015, ano alvo das Metas de Desenvolvimento do Milénio (MDM). Considerando que o foco das Metas do Milênio é reduzir a pobreza extrema, as MDS deverão contrar-se nos três pilares do desenvolvimento sustentável: erradicar a pobreza extrema, compartilhar os benefícios do desenvolvimento econômico entre toda a sociedade e proteger a Terra.


Uma coisa, é claro, é definir as metas sustentáveis e outra alcançá-las. O problema pode ser percebido examinando um desafio crucial: as mudanças climáticas. Hoje, há sete bilhões de pessoas no planeta, e cada uma é responsável, em média, pela liberação um pouco superior a quatro toneladas de dióxido de carbono na atmosfera por ano. Esse CO2 é emitido quando queimamos carvão, petróleo e gás para produzir eletricidade, conduzir carros ou aquecer nossas casas. Ao todo, os seres humanos lançam cerca de 30 bilhões de toneladas de CO2 por ano na atmosfera, o suficiente para mudar acentuadamente o clima em poucas décadas.


Em 2050, provavelmente haverá mais de nove bilhões de pessoas na Terra. Se essas pessoas forem mais ricas do que as pessoas atualmente são (e, portanto, consumirem mais energia), o total mundial de emissões poderá dobrar ou mesmo triplicar. Esse é o grande dilema: precisamos emitir menos CO2, mas estamos, mundialmente, a caminho de poluir muito mais.


Precisamos nos preocupar com esse cenário porque a permanência em um caminho de crescentes emissões em escala mundial produzirá, certamente, estragos e sofrimento para bilhões de pessoas que serão atingidas por ondas de secas e calor, furacões e muito mais. Já experimentamos o início desse sofrimento nos últimos anos, com uma série de fomes devastadoras, inundações e outros desastres relacionados ao clima.


Então, como poderão as pessoas no mundo - especialmente os pobres - beneficiar-se de mais eletricidade e mais acesso a transportes modernos, mas de uma forma que salve o planeta em vez de destruí-lo? A verdade é que não poderão - a menos que melhoremos as tecnologias que usamos.


Precisamos usar energia com muito mais sabedoria, e ao mesmo tempo precisamos abandonar os combustíveis fósseis e adotar fontes de energia que emitem pouco carbono. Essas melhorias são possíveis e economicamente realistas.


Considere, por exemplo, a ineficiência energética de um automóvel. Nós atualmente movimentamos uma máquina que pesa entre 1 mil e 2 mil quilos para transportar uma ou duas pessoas, cada um pesando talvez 75 quilos. E fazemos isso usando um motor a combustão interna que aproveita apenas uma pequena parte da energia liberada pela queima da gasolina. A maior parte da energia é perdida na forma de calor.


Poderíamos, portanto, conseguir uma grande redução nas emissões de CO2 por meio da adoção de veículos pequenos e leves dotados de motores elétricos de alta eficiência alimentados por baterias carregadas a partir de uma fonte de energia de baixo carbono, como a energia solar. Ainda melhor: adotar veículos elétricos, em vez de continuar usando os atuais, nos permitiria aproveitar os mais avançados recursos de tecnologia da informação para tornar tais veículos inteligentes - suficientemente inteligentes para até mesmo possibilitar que se movimentem sozinhos usando sistemas avançados de processamento de dados e de posicionamento.


Os benefícios das tecnologias de informação e de comunicação podem ser observados em todas as áreas da atividade humana: melhor agricultura utilizando GPS e microdosagem de fertilizantes; fabricação de precisão; edifícios que sabem como consumir menos energia, e, claro, o poder transformador da internet. Recursos de banda larga móvel já estão conectando até mesmo as aldeias mais distantes na zona rural da África e da Índia, reduzindo assim significativamente a necessidade de viagens.


Movimentações bancárias são agora feitas por telefone, assim como uma diversidade crescente de diagnósticos médicos. Livros eletrônicos são transmitidos diretamente para dispositivos portáteis sem necessidade de livrarias, deslocamentos pessoais ou da celulose e do papel nos livros físicos. A educação também baseia-se cada vez mais na internet e em breve permitirá que alunos em toda parte recebam educação de primeira qualidade a um custo marginal quase zero para a inclusão de mais um aluno.


No entanto, para migrar de onde estamos até o desenvolvimento sustentável não dependerá apenas de tecnologia. Isso envolverá também incentivos de mercado, regras governamentais e apoio público à pesquisa e desenvolvimento. Mas ainda mais fundamental do que políticas de governança será o desafio dos valores. Precisamos compreender nosso destino comum e abraçar o desenvolvimento sustentável como um compromisso comum de decência para todos os seres humanos, hoje e no futuro.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Amazônia, energia elétrica e sustentabilidade.


Hoje, no VALOR ECONÔMICO, Joaquim Francisco de Carvalho e Ildo Luís Sauer escrevem sobre “Amazônia, energia elétrica e sustentabilidade”.

Imagens colhidas de satélites meteorológicos mostram que o clima da Amazônia exerce forte influência sobre os regimes hidrológicos e pluviométricos de toda a América do Sul, e garante a estabilidade climática, fluvial e pluviométrica - portanto, a sustentabilidade da agricultura - de todo o Brasil.
Assim, a Amazônia vale pela importância de seus próprios ecossistemas. Enquanto não se acumularem e testarem suficientes conhecimentos científicos e técnicos sobre os intrincados ecossistemas regionais, a Amazônia deve ser mantida em sua integridade, evitando-se, principalmente, a pecuária extensiva, a ampliação de monoculturas de exportação (soja, milho etc.), a exploração madeireira e a implantação de novos projetos de mineração.
Apesar da polêmica desencadeada pelas organizações ambientalistas, a alternativa mais interessante para se desenvolver a Amazônia, mantendo a sua integridade, seria a de aproveitar o potencial dos recursos naturais renováveis da região, com projetos de turismo ecológico, extrativismo e geração de energia elétrica. Além de serem excelentes geradores de empregos e uniformizarem a distribuição de renda na região, o turismo ecológico e o extrativismo dependem da integridade do ecossistema.
Quanto è geração de energia elétrica, a Amazônia tem um dos maiores potenciais do mundo e, mediante políticas inteligentes e rigorosamente aplicadas, as empresas públicas e o empresariado do setor de geração elétrica deverão se transformar nas maiores defensoras do ecossistema amazônico. Alterações causadas por desmatamentos para abrir terrenos para plantações de soja e milho, criação de gado, projetos de exploração mineral e outros comprometerão o potencial hidrelétrico, inviabilizando as próprias usinas.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial hidrelétrico brasileiro é de 268 GW, dos quais apenas 30% estão em aproveitamento. A região amazônica detém 65% do potencial não aproveitado.
Admitamos que, por motivos de caráter social e ambiental, os planos de expansão do sistema elétrico sejam reformulados, para se limitar em 80% o potencial hidrelétrico a aproveitar na Amazônia - e que as hidrelétricas a serem implantadas naquela região alaguem 0,2 km2 /MW. O que é uma hipótese conservadora, pois a maioria dos aproveitamentos existentes em outras regiões e em construção, na própria Amazônia, apresenta uma relação bem menor entre área inundada e potência instalada. Neste caso o aproveitamento do potencial hidrelétrico amazônico ocuparia cerca de 0,4% da área da região, ou seja, menos do que os grandes projetos agrícolas ou de pecuária.
Mesmo assim o Brasil poderá adicionar uma capacidade hidrelétrica de 148,7 GW aos 79,3 GW já instalados. Somando-se a isto os 17 GW das pequenas hidrelétricas, teremos uma capacidade hidrelétrica total de 245 GW.
No entanto, as ONGs ambientalistas optam por uma posição fundamentalista, baseada no dogma de que a Amazônia é intocável. É certo que os ecossistemas amazônicos são delicados, mas isso não significa que ficarão estacionados em sua condição primordial, se é que se possa falar em condição primordial de sistemas que se vêm alterando desde a origem, como todos os ecossistemas terrestres.
Com ou sem hidrelétricas, os povos indígenas (que fazem parte do ecossistema amazônico) vão continuar com as derrubadas e queimadas de matas, tradicionais em sua agricultura. E ainda há as mineradoras, o agronegócio e os pecuaristas, sobre os quais as ONGs ambientalistas ficam silenciosas, preferindo vociferar contra o aproveitamento do potencial hidrelétrico, que poderá dar ao Brasil um sistema elétrico limpo e sustentável.
A interligação do sistema hidrelétrico com o sistema eólico permitiria que parte da energia gerada pelas centrais eólicas ficasse "armazenada", na forma de água acumulada nos reservatórios hidrelétricos - de maneira semelhante às malhas termo-eólicas de alguns países europeus, nas quais a energia dos parques eólicos permite que se economize gás natural ou óleo combustível. Segundo o Centro de Pesquisas em Energia Elétrica da Eletrobras, o potencial eólico brasileiro (com turbinas em torres de 50 metros) é de 143 GW. Note-se que, com torres mais altas, o potencial é maior.
O sistema hidroeólico poderia operar em sinergia com usinas termelétricas a biomassa, pois a frota automotiva brasileira é em grande parte alimentada com etanol, forçando a produção do bagaço de cana em escala suficiente para alimentar termelétricas de pequeno e médio porte, totalizando, em conjunto, uma capacidade da ordem de 15 GW, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Assim, aproveitando apenas fontes primárias limpas e renováveis, o sistema interligado hidroeólicobiotérmico teria uma capacidade conjunta de 403 GW, podendo gerar 1.589 GW por hora firmes por ano, admitindo-se, conservadoramente, que o fator de capacidade do sistema integrado será igual à média ponderada dos fatores de capacidade de cada sistema isoladamente, que é 0,45.
Por outro lado, de acordo com o IBGE, a população brasileira deverá se estabilizar em 215 milhões de habitantes, por volta do ano 2040, de modo que o sistema integrado hidroeólicobiotérmico teria um potencial suficiente para oferecer à população 7.390 kWh por habitante por ano, equiparando o Brasil a países de alto nível de qualidade de vida, tais como a França, a Alemanha e a Grã-Bretanha.
A reserva de segurança do sistema hidroeólicobiotérmico seria constituída pelas termelétricas a gás já existentes nas diversas regiões do país. Portanto, ao contrário de alguns países europeus e do Japão que, em médio prazo, não têm melhor alternativa, o Brasil não precisa correr o risco de gerar em centrais nucleares a energia elétrica de que precisa ou precisará.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...