sábado, 13 de outubro de 2012

Peso morto.


Editorial de hoje da FOLHA DE S. PAULO e o pessimismo do FMI com a economia global.  

Não são nada animadoras as conclusões do último encontro do FMI, realizado em Tóquio nesta semana. Houve nova revisão para baixo das projeções de crescimento global em 2012 (de 3,5% a 3,3%) e 2013 (de 3,9% a 3,6%).

As incertezas sobre as economias desenvolvidas, cujo PIB deve expandir-se mero 1,3% neste ano, é a principal razão do desalento.

Mais preocupante foi o quadro de médio prazo apresentado pelo economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, para quem é possível que os efeitos da crise financeira de 2008 e o baixo crescimento durem uma década. Ou seja, o mundo pode estar apenas na metade do caminho para resolver os desequilíbrios acumulados.

Foram também reforçados os alertas quanto ao risco de deterioração ainda maior. A Europa não afastou completamente a possibilidade de ruptura do euro. Os EUA podem ter de recorrer a cortes traumáticos no Orçamento, caso democratas e republicanos não entrem em acordo para renovar medidas de estímulo após as eleições.

E a China, a despeito das projeções de crescimento próximo a 8% para 2013, pode ter uma desaceleração abrupta durante o processo atual de transição para um modelo menos ancorado em investimentos estatais.

Por fim, em seu "Relatório de Estabilidade Financeira", o FMI apresentou estimativas das fragilidades do sistema bancário mundial, em especial do europeu. Ainda haveria a necessidade de reduzir a exposição dos bancos em cerca de US$ 2,8 trilhões até o fim de 2013. Nessa perspectiva, certamente o crédito continuará deprimido na zona do euro.

Como o foco da crise permanece na Europa, a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, pediu mais flexibilidade nos planos de ajuste orçamentário. Os países, defendeu, não devem se agarrar cegamente a programas duros, caso o crescimento se mostre aquém do esperado.

É correto, mas a alternativa tampouco soa atraente. Para os países presos na camisa de força da moeda única, dificilmente será com mais endividamento público que a confiança de empresários e consumidores será restaurada.

A única saída -fora do cenário extremo de desmantelamento do euro- parece ser a manutenção do curso no ajuste fiscal e nas reformas estruturais. E, nesse meio-tempo, que o Banco Central Europeu financie os governos, caso o mercado privado não o faça.

Esse é o equilíbrio precário que foi conseguido a duras penas até aqui. O restante do mundo -além da amarra do baixo crescimento- permanece dependente de um desfecho para o imbróglio europeu.

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