Leio
no UOL uma ótima notícia não somente para os economistas, mas para quem tem o
prazer de visitar uma boa biblioteca. Parabéns ao mestre Delfim Netto pela
iniciativa. Infelizmente no Brasil isso ainda não é uma prática comum. Que outros colegas também façam a mesma coisa.
A
Universidade de São Paulo inaugura na próxima terça (1º) a maior biblioteca
especializada em economia, administração e contabilidade da América Latina.
Serão ao todo 430 mil volumes, sendo que 250 mil vieram da coleção particular
do ex-ministro Delfim Netto, 86, professor emérito da instituição.
Há
dois anos, Delfim decidiu doar a biblioteca que ficava em seu sítio, em Cotia
(interior de São Paulo).
"Queria que outras pessoas tivessem acesso a esses livros, que são na
verdade material de pesquisa", disse.
Apegado
às obras, Delfim fez uma série de exigências a quem ficasse com os livros - além da USP, a Faap estava no páreo. A principal é que continuasse expandindo
o acervo, adquirindo novos volumes e periódicos.
O
ex-ministro também negociou acesso privilegiado a seus livros e ganhou uma
salinha dentro da biblioteca.
Junto
do acervo, Delfim também doou móveis antigos, quadros, mapas e até o seu
"bibliotecário" particular,Eduardo Frim. O ex-ministro continua pagando o salário dele, que é na verdade
administrador de empresas, mas ficará locado na USP para organizar os volumes.
E
o acervo continua crescendo. Delfim envia cerca de 40 volumes por semana para a
FEA (Faculdade de Economia e Administração).
A
biblioteca revela um pouco sobre a personalidade e a metodologia de trabalho do
pesquisador Delfim Netto.
O
ex-ministro costuma fazer "compêndios" de temas de interesse, um
dossiê que reúne em um mesmo volume (ele manda encadernar) artigos, trechos de
livros e de obras de referência.
A
maioria das obras contém notas manuscritas. As mais recorrentes são pedidos a
sua equipe (marcadas com uma flecha) para comprar determinada obra citada no
rodapé ou na bibliografia. "A flecha significa que temos que nos virar
para encontrar esse livro", disse Frim.
Para
abrigar a coleção, a FEA reformou o prédio, que aumentou a área instalada de 1.500 m² para 5.000 m² e consumiu R$ 14,7 milhões -R$ 6,7 milhões de recursos da USP e mais R$ 8 milhões em doações feitas por
empresas, ex-alunos e funcionários.
As
empresas contaram com incentivo fiscal da Lei Rouanet, que permite a dedução
integral do valor no Imposto de Renda. Entre elas, estão os bancos Safra, Itaú
Unibanco e Santander, as construtoras Camargo Corrêa e Odebrecht e a Cutrale.
As
pessoas físicas, a maioria ex-alunos e funcionários, porém, doaram a fundo
perdido. "Tivemos doações a partir de R$ 200. Captamos R$ 644 mil de 566
pessoas", disse Reinaldo Guerreiro, diretor da FEA-USP.
Popular
nos EUA, as doações para universidades são pouco comuns no Brasil. Guerreiro
afirma que, além da falta de incentivo fiscal e de tradição, há uma resistência
de parte do setor acadêmico de aceitar doações do setor privado para projetos,No
lugar de doações, as unidades da USP encontraram nas fundações uma forma de
viabilizar projetos de pesquisa e de ensino. A FEA tem três fundações filhotes:
FIA (administração), Fipe (pesquisas econômicas) e Fipecafi (contabilidade),
que prestam consultoria, pesquisa e organizam cursos.
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