segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Ilan Goldfajn: o efeito Trump na economia brasileira.

Ao longo do ano me referia ao quadro internacional como um interregno benigno para as economias emergentes. Esse quadro oferecia simultaneamente condições favoráveis de financiamento a essas economias e alguma recuperação da atividade global. Isso ocorria porque o ritmo de crescimento da economia global não era forte o suficiente para a retirada dos estímulos monetários na maioria das principais economias. O Banco Central em suas comunicações sempre chamou a atenção para a natureza transitória desse quadro benigno. As comunicações argumentavam que à medida que o tempo passasse, o crescimento das economias avançadas tenderia a ganhar tração e o enxugamento da liquidez se faria necessário. O resultado das eleições americanas adicionou mais um elemento de incerteza sobre a duração do interregno benigno. Ainda é muito cedo para termos uma ideia mais clara sobre os rumos que a política econômica americana tomará sob a nova administração e se o interregno benigno terminou ou não. O novo cenário tem pressionado as taxas de juros internacionais, tornando o financiamento mais caro para os países emergentes, e fortalecido o dólar. O risco desse cenário é a reversão dos fluxos de capital para fora das economias emergentes. 

O Banco Central do Brasil tem monitorado de perto esses desenvolvimentos dos mercados internacionais e atuado tempestivamente para não permitir que os efeitos dos choques externos se transformem numa ameaça para a estabilidade macroeconômica. Estou certo de que estamos bem preparados para enfrentar os cenários adversos que possam se apresentar. Temos instrumentos à nossa disposição, estamos rumando na direção correta para fortalecer nossos fundamentos e possuímos um arcabouço de política econômica consistente. O regime de câmbio flutuante é a nossa primeira linha de defesa. A flutuação da taxa de câmbio funciona como um estabilizador automático, preservando o equilíbrio tanto das contas externas como o próprio equilíbrio macroeconômico interno. Como exemplo recente, pós-eleições americanas, observamos influxo acima de 3 bilhões de dólares na medida que as novas cotações ofereciam oportunidade. Para além da flutuação da taxa de câmbio, contamos com um estoque de reservas internacionais de mais de US$ 370 bilhões. Esse estoque funciona como um seguro para excessos e distorções no mercado. Logo é mais um instrumento para garantir estabilidade e previsibilidade, e, dessa maneira, contribui para a redução do risco Brasil. 

http://www.bcb.gov.br/pec/appron/apres/Discurso%20Firjan%20VF%2021_11_16.pdf

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