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sexta-feira, 8 de junho de 2018

Banco Central atua para garantir estabilidade da economia, diz Goldfajn.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quinta-feira (7) que a instituição atua para garantir a estabilidade da economia brasileira. Medidas elaboradas pelo Governo do Brasil, como o teto dos gastos públicos e a modernização trabalhista, deixaram o País mais forte para enfrentar períodos de instabilidade econômica.

“O Brasil fez um esforço contínuo de reformas e ajustes no passado recente [...] Eu diria que essas reformas e ajustes são fundamentais e especialmente importantes hoje”, disse ele, durante entrevista a jornalistas. 

Entre os pontos fortes da economia, estão as reservas internacionais de US$ 380 bilhões, a baixa taxa de inflação e de juros. “Temos também expectativas de inflação ancoradas. Ou seja, todo mundo espera que a inflação nos próximos anos esteja dentro da meta”, pontuou. O Brasil segue o regime de metas de inflação, que é um parâmetro perseguido pelo Banco Central para garantir que a moeda brasileira não perca valor.

Goldfajn disse também que a taxa básica de juros, a Selic, não será usada para conter eventual instabilidade na taxa de câmbio. Atualmente, os juros no Brasil estão na mínima histórica, em 6,5% ao ano, o que colabora para manter a inflação sob controle e o crescimento econômico sustentável. "A política monetária [que trata da Selic] é separada da cambial. Não há relação mecânica entre as duas", concluiu.

Fonte: Governo do Brasil

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Ilan Goldfajn: A recessão ficou para trás.

O presidente do Banco Central, disse hoje (11) que os últimos indicadores confirmam estabilização do cenário e abertura de um caminho para a recuperação econômica do país.

Após dois anos de recessão, os dados recentes parecem confirmar o cenário base que trabalhamos aqui no Banco Central: estabilizou, a recessão ficou para trás e há perspectivas de uma recuperação gradual ao longo dos próximos meses”, disse, ao discursar em seminário sobre estabilidade financeira, promovido pela instituição.

Goldfajn destacou, entre os bons resultados, o crescimento da população ocupada por quatro meses consecutivos. No final de julho, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) indicou a primeira queda significativa do desemprego desde 2014, com uma redução de 0,7% no percentual da população economicamente ativa sem trabalho. Segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego atualmente está em 13%.


“Com a produção industrial é a mesma coisa”, acrescentou o presidente do Banco Central, ao mencionar indicadores que tem mostrado sinais consistentes de melhora. “Tivemos dois trimestres consecutivos de crescimento, o que não ocorria desde 2014”, enfatizou.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Bacen: Redução da taxa Selic para 12, 25% a.a., sem viés.

O Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 12,25% a.a., sem viés.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:
O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom mostra alguns sinais mistos, mas compatíveis com estabilização da economia no curto prazo. A evidência sugere uma retomada gradual da atividade econômica ao longo de 2017;
No âmbito externo, o cenário ainda é bastante incerto. Entretanto, até o momento, a atividade econômica global mais forte e o consequente impacto positivo nos preços de commodities têm mitigado os efeitos sobre a economia brasileira de revisões de política econômica em algumas economias centrais;
O comportamento da inflação permanece favorável. O processo de desinflação é mais difundido e indica desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Houve ainda uma retomada na desinflação dos preços de alimentos, que constitui choque de oferta favorável;
As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus recuaram para em torno de 4,4% para 2017 e mantiveram-se ao redor de 4,5% para 2018 e horizontes mais distantes; e
No cenário de mercado, as projeções do Copom recuaram para em torno de 4,2% em 2017 e mantiveram-se ao redor de 4,5% para 2018. Esse cenário embute hipótese de trajetória de juros que alcança 9,5% e 9% ao final de 2017 e 2018, respectivamente.

O Comitê ressalta que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções: (i) o alto grau de incerteza no cenário externo pode dificultar o processo de desinflação; (ii) o choque de oferta favorável nos preços de alimentos pode produzir efeitos secundários e, portanto, contribuir para quedas adicionais das expectativas de inflação e da inflação em outros setores da economia; e (iii) a recuperação da economia pode ser mais (ou menos) demorada e gradual do que a antecipada.

O Comitê destaca a importância da aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira para a sustentabilidade da desinflação e para a redução de sua taxa de juros estrutural.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros para 12,25% a.a., sem viés. O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2017 e, com peso gradualmente crescente, de 2018, é compatível com o processo de flexibilização monetária.

O Copom entende que a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira, que continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo.
O Copom ressalta que uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação.


Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel. 

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Ilan Goldfajn e Pedro Parente: competência e dedicação no BACEN e na PETROBRAS.

Hoje leio no Elio Gaspari: 

O governo de Michel Temer conseguiu dois êxitos estelares, derrubou a inflação para níveis nunca vistos e tirou a Petrobras do noticiário policial.


Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, e Pedro Parente, da Petrobras, têm uma característica comum: trabalham longe dos holofotes. Nas raras ocasiões em que fala, Goldfajn dá a impressão de que o levaram ao patíbulo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Ilan Goldfajn na Febraban: Agenda BC+.

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse hoje (12) que a redução da taxa básica de juros, a Selic, deve ser feita de forma responsável.

“Todos nós queremos juros mais baixos. Esse também é o desejo do Banco Central. A questão é como chegar lá. Para isso, é importante que a redução dos juros seja feita de forma responsável, para que seja sustentável no longo prazo. Caso contrário, a trajetória terá que ser revertida lá na frente”, disse Goldfajn em discurso durante almoço de confraternização dos dirigentes de bancos, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.

Diante da recessão econômica e da melhora na inflação, o BC tem sinalizado que pode intensificar o corte da taxa básica de juros. Nas suas duas últimas decisões, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual. Atualmente, a taxa está em 13,75% ao ano.

A Selic é um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação.

Goldfajn disse que o Copom se reúne de forma frequente para avaliar o desempenho corrente e prospectivo da economia e pode sempre adequar as condições da política monetária.

“Mas essa avaliação sobre a política monetária não pode ser confundida com o debate sobre os juros estruturais da economia. Os juros estruturais dependem de diversas variáveis, tais como fatores reais: produtividade, grau de incerteza, garantias, respeito a contratos etc”, disse. E acrescentou que mudanças nos juros estruturais também dependem de reformas fiscais “que coloquem em ordem as contas públicas e de medidas microeconômicas que melhorem o ambiente de negócios”.

“Por isso temos insistido na necessidade das reformas. São elas que farão cair os juros estruturais”, destacou. Os juros estruturais estão relacionados à estrutura e riscos da economia do país.

O presidente do BC também disse aos banqueiros que a política monetária não substitui as políticas do governo, mas complementa. “O crescimento de um país depende de investimento e de aumento da produtividade, que são os elementos cruciais. A redução das incertezas de todas as naturezas, inclusive aquelas provenientes de eventos não econômicos [como a crise política], também é fundamental para a volta do crescimento.”

Durante o discurso, Goldfajn anunciou uma agenda de trabalho do banco, chamada de BC+, com quatro pilares com potencial para contribuir para a recuperação econômica do país

“O primeiro pilar é o da redução sustentável e perene do custo do crédito no Brasil. Nesse aspecto, as ações objetivam reduzir a inadimplência, diminuir o custo do crédito para o tomador final, promover a simplificação do compulsório, dentre outras”, disse.

O segundo pilar, segundo o presidente do BC, é o aumento da eficiência do sistema financeiro. “Embora o nosso sistema seja notabilizado pela sua dinâmica, há espaços para aperfeiçoamentos visando tornar ainda mais eficiente a oferta de produtos e serviços financeiros a preços competitivos, com externalidades positivas para a eficiência da economia como um todo.”

O terceiro fundamento é o da cidadania financeira, com medidas que fomentem a educação financeira e fortaleçam a proteção legal e regulatória da população recentemente incluída no sistema. 

O quarto e último pilar, segundo Goldfajn, é o do aprimoramento do arcabouço legal que rege as atividades e competências do Banco Central, inclusive sua a autonomia.


Edição: Luana Lourenço

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Ilan Goldfajn: o efeito Trump na economia brasileira.

Ao longo do ano me referia ao quadro internacional como um interregno benigno para as economias emergentes. Esse quadro oferecia simultaneamente condições favoráveis de financiamento a essas economias e alguma recuperação da atividade global. Isso ocorria porque o ritmo de crescimento da economia global não era forte o suficiente para a retirada dos estímulos monetários na maioria das principais economias. O Banco Central em suas comunicações sempre chamou a atenção para a natureza transitória desse quadro benigno. As comunicações argumentavam que à medida que o tempo passasse, o crescimento das economias avançadas tenderia a ganhar tração e o enxugamento da liquidez se faria necessário. O resultado das eleições americanas adicionou mais um elemento de incerteza sobre a duração do interregno benigno. Ainda é muito cedo para termos uma ideia mais clara sobre os rumos que a política econômica americana tomará sob a nova administração e se o interregno benigno terminou ou não. O novo cenário tem pressionado as taxas de juros internacionais, tornando o financiamento mais caro para os países emergentes, e fortalecido o dólar. O risco desse cenário é a reversão dos fluxos de capital para fora das economias emergentes. 

O Banco Central do Brasil tem monitorado de perto esses desenvolvimentos dos mercados internacionais e atuado tempestivamente para não permitir que os efeitos dos choques externos se transformem numa ameaça para a estabilidade macroeconômica. Estou certo de que estamos bem preparados para enfrentar os cenários adversos que possam se apresentar. Temos instrumentos à nossa disposição, estamos rumando na direção correta para fortalecer nossos fundamentos e possuímos um arcabouço de política econômica consistente. O regime de câmbio flutuante é a nossa primeira linha de defesa. A flutuação da taxa de câmbio funciona como um estabilizador automático, preservando o equilíbrio tanto das contas externas como o próprio equilíbrio macroeconômico interno. Como exemplo recente, pós-eleições americanas, observamos influxo acima de 3 bilhões de dólares na medida que as novas cotações ofereciam oportunidade. Para além da flutuação da taxa de câmbio, contamos com um estoque de reservas internacionais de mais de US$ 370 bilhões. Esse estoque funciona como um seguro para excessos e distorções no mercado. Logo é mais um instrumento para garantir estabilidade e previsibilidade, e, dessa maneira, contribui para a redução do risco Brasil. 

http://www.bcb.gov.br/pec/appron/apres/Discurso%20Firjan%20VF%2021_11_16.pdf

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Ilan Goldfajn: O mercado espera 2017 melhor do que 2016 e 2017 melhor do que 2018.

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse que a autarquia tem munição suficiente para prover tranquilidade ao mercado, após as turbulências geradas pela eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos. A afirmação foi feita hoje (16) em entrevista à imprensa internacional, por meio de teleconferência.

Goldfajn disse que o regime de câmbio no Brasil é flutuante (com cotação da moeda definida pelo mercado), mas cabe ao BC intervir para evitar excesso de volatilidade. O BC tem feito intervenções no mercado por meio de leilões de rolagem (renovação) de swap cambial tradicional (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro). Além da rolagem, o BC também tem feito leilões de contratos novos.

dólar sobe desde o último dia 9, após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas. Há a possibilidade de que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, aumente os juros da maior economia do planeta mais que o previsto, por causa da política de alta dos gastos públicos de Trump. Taxas mais altas nos Estados Unidos atraem capitais para títulos do Tesouro norte-americano, o que resulta em alta do dólar em todo o planeta, e afeta países emergentes como o Brasil.


Na entrevista, o presidente do Banco Central disse que 2016 tem sido o ano de reestabelecer a confiança e ancorar as expectativas de inflação. Ele destacou que, para 2017, a expectativa do mercado para a inflação está em torno da meta de inflação (4,5%). Goldfajn também afirmou que o mercado espera por melhora na economia nos próximos anos. “O mercado espera 2017 melhor do que 2016 e 2017 melhor do que 2018”, destacou.

Bacen: Conferência Lei Empresa Limpa.

Confira o discurso do presidente do Banco Central na Conferência Lei Empresa Limpa, promovida pela Controladoria Geral da União (CGU). 

O BC sediou o evento no Edifício-Sede, em Brasília: https://goo.gl/9s7u02

Ilan Goldfajn na VEJA: Sem espaço para atalhos. Inflação meta de 4.5%.

"Precisamos atacar a raiz dos problemas -  e estamos fazendo isso. O Banco Central é parte da solução. O controle da inflação traz mais confiança, contribui para o poder de compra."  

"Outro aspecto na melhora no cenário é a queda nas projeções para a inflação. As expectativas para 2018 e 2019 estão exatamente na meta de 4,5%. A estimativa para 2017 caiu para menos de 5%."

A conferir!  

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Copom mantém a taxa Selic em 14,25% ao ano - 31/08/2016

O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés.
O cenário básico com que o Comitê trabalha pode ser resumido pelas seguintes observações:
O conjunto dos indicadores divulgados desde a última reunião do Copom mostra evidências de que a economia brasileira tenha se estabilizado recentemente e sinais de possível retomada gradual da atividade econômica. A economia segue operando com alto nível de ociosidade;
No âmbito externo, o cenário ainda apresenta interregno benigno para economias emergentes. No entanto, as incertezas sobre o crescimento da economia global e, especialmente, sobre a normalização das condições monetárias nos EUA persistem;
A inflação corrente segue pressionada, em parte em decorrência de preços de alimentos, e vem recuando em ritmo mais lento que o esperado;
As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus para 2017 recuaram desde o último Copom, mas seguem acima da meta para a inflação, de 4,5%. As expectativas para horizontes mais distantes já se encontram em torno desse patamar; e 
As projeções do Copom para a inflação de 2016 nos cenários de referência e mercado subiram desde sua última reunião e encontram-se em torno de 7,3%. Nos horizontes relevantes para a condução da política monetária, as projeções mantiveram-se relativamente estáveis ou recuaram. Em particular, sob as hipóteses do cenário de referência, a projeção para a inflação de 2017 encontra-se em torno da meta de 4,5%. No cenário de mercado, a projeção para 2017 recuou para 5,1%.
O Comitê identifica os seguintes riscos domésticos para o cenário básico para a inflação:
Por um lado, (i) a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; (ii) incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e (iii) um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação;
Por outro lado, (iv) índices de preços no atacado indicam possível arrefecimento do choque de preços de alimentos e um eventual efeito favorável sobre o IPCA; (v) os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, o que permitiria ganhos de confiança e reduziria as expectativas de inflação; e (vi) o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom.
Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu pela manutenção da taxa básica de juros em 14,25% a.a., sem viés. O Comitê avalia que uma flexibilização das condições monetárias dependerá de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação nos horizontes relevantes para a condução da política monetária, em particular da meta de 4,5% em 2017. O Comitê destaca os seguintes fatores domésticos: (i) que a persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação seja limitada; (ii) que os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica indiquem desinflação em velocidade adequada; e (iii) que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação. O Comitê avaliará a evolução da combinação desses fatores.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Taxa Selic: 14,25% ao ano - 20/07/2016.

O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés.
O cenário básico com que o Comitê trabalha pode ser resumido pelas seguintes observações:
O conjunto dos indicadores divulgados desde a última reunião do Copom mostra perspectiva de estabilização da atividade econômica no curto prazo. Entretanto, as evidências sugerem que a economia segue operando com alto nível de ociosidade;
No âmbito externo, o cenário permanece desafiador. No curto prazo, o ambiente encontra-se relativamente benigno para as economias emergentes. No entanto, a dinâmica da recuperação da economia global permanece frágil, com incertezas quanto ao seu crescimento;
As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus para 2017 recuaram, mas seguem acima da meta para a inflação, de 4,5%; e
As projeções condicionais do Copom para a inflação permaneceram relativamente estáveis nos horizontes relevantes para a condução da política monetária desde sua última reunião, mas recuaram em relação às projeções divulgadas no último Relatório de Inflação. No cenário de referência, a projeção para a inflação de 2017 encontra-se em torno da meta de 4,5%. No entanto, no cenário de mercado, a projeção para 2017 está em torno de 5,3%.
O Comitê identifica os seguintes riscos domésticos para o cenário básico para a inflação:
Por um lado, (i) a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; (ii) incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e (iii) um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação;
Por outro lado, (iv) os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, permitindo ganhos de confiança e reduzindo as expectativas de inflação; e (v) o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom.
Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.
Fontehttp://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/c/notas/15723 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Ilan Goldfajn: discurso de posse no Banco Central.

Trechos do discurso de posse de Ilan Goldfajn no Banco Central do Brasil, em 13 de junho de 2016:

"Não há crescimento sustentável e bem-estar social duradouro sem inflação baixa e estável. Pelo contrário, a literatura econômica já refutou por diversas vezes o falacioso dilema entre a manutenção de inflação baixa e crescimento econômico. Nossa história recente bem demonstra que níveis mais altos de inflação não fomentam o crescimento econômico, pelo contrário, desorganizam a economia, inibem o investimento, a produção e o consumo e impactam negativamente a renda, o nível de emprego e, por fim, o bem-estar social. A manutenção de um nível baixo e estável de inflação reduz incertezas, eleva a capacidade de crescimento da economia e torna a sociedade mais justa, por meio de um menor imposto inflacionário, um dos mais regressivos. O regime de metas para a inflação é um robusto arcabouço de política monetária que já provou sua confiabilidade e eficácia nos mais diferentes cenários, mesmo em situações de estresse, no Brasil e no resto do mundo".

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Ilan Goldfajn por Ilan Goldfajn: sem mistérios e invenções, direto ao ponto.

Trechos do discurso do competente Ilan Goldfajn na sabatina de sua indicação, agora devidamente aprovada, para a presidência do Banco Central do Brasil. 

O cenário atual é desafiador, com níveis de instabilidade econômica e política superiores à média histórica.
A situação econômica exige grande atenção. Atravessamos a pior recessão da história brasileira, com desemprego em alta e relevante desafio fiscal. Há problemas conjunturais e dificuldades estruturais. A incerteza econômica paralisou o investimento e sequestrou a esperança de muitos.
Ao mesmo tempo, nos encontramos em ambiente internacional desafiador. O período de ventos favoráveis na economia global ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim, pelo menos nos EUA. Mas tenho absoluta confiança na reversão do atual quadro interno.
Há que se buscar uma economia mais produtiva, competitiva e justa, uma economia que volte a crescer e criar empregos. Uma economia que o Brasil precisa e merece.
Para recuperar a economia, ela precisa ser gerida de forma competente, responsável e previsível. Só assim poderemos estimular o investimento e o crescimento.
Os esforços atuais e as políticas recém-anunciadas têm a direção correta, o que tem permitido o início da recuperação da confiança, essencial para a retomada da economia.
A credibilidade das políticas e dos gestores é essencial, em especial neste momento.
O governo está claramente imbuído do esforço de levar à frente reformas estruturais que, a partir de amplas negociações na sociedade, terão a capacidade de alterar definitivamente o ambiente no país, com profundos e duradouros benefícios para a população.
Mais especificamente, no que tange à política fiscal, a administração do Ministro Henrique Meirelles está consciente e mobilizada para devolver ao país a credibilidade fiscal perdida nos últimos anos.
A eficiência da política monetária do Banco Central será tanto maior quanto mais bem-sucedidos forem os esforços na implantação de reformas e na recuperação da responsabilidade fiscal.
A atuação harmônica e autônoma entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central será um fator-chave de sucesso para a recuperação econômica sustentável que todos queremos ver à frente.
Considero haver praticamente consenso de que é preciso reconstruir o quanto antes o tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante, que permitiu ao Brasil ascender econômica e socialmente em passado não muito distante.
Todos os brasileiros esperam que a equipe econômica, com o importante apoio do Congresso Nacional, tenha a capacidade de assegurar a retomada de uma trajetória sustentável da dívida pública através da implementação, entre outras medidas, de um teto para o crescimento do gasto público.
Do lado do Banco Central, apoiaremos esse esforço pela via do controle da inflação, que ajudará na redução do risco país, na recuperação da confiança e na retomada do crescimento, e pelo respeito ao regime de câmbio flutuante vigente, que mostrou seu valor para o enfrentamento de crises externas no passado e para o equilíbrio interno e externo da economia brasileira.
O Banco Central também tem o trabalho contínuo – em conjunto com outras instituições – de aprimorar o sistema financeiro. Um sistema mais eficiente permite melhor intermediação dos recursos da sociedade e uma política monetária mais eficaz, que reduz os custos das ações do Banco Central.  

terça-feira, 7 de junho de 2016

Ilan Goldfajn: Presidente do Banco Central do Brasil.


Com inteligência, Ilan Goldfajn, novo Presidente do BACEN, entende que não precisa reinventar a roda e que o tradicional tripé macroeconômico (regime de câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e controle da inflação) será devidamente observado, aliada à defesa pela autonomia do Banco Central.

Relevante destacar que o foco de sua gestão será cumprir plenamente o centro da meta da inflação

Sucesso ao competente Economista, mesmo ciente que não terá tarefa fácil pela frente!

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Qual é a alternativa?

No ESTADÃO de 01/9/2015, o texto do competente Ilan Goldfajn, economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco:

O Brasil está deprimido, clinicamente. Não consegue ver nenhuma saída para seus problemas. Percebe o problema fiscal como insolúvel. Tinha metas no passado? Não conseguiu atingir. Tem metas menores no presente? Já não são factíveis. E as metas futuras, basta prometer, não? Já ninguém acredita. Mas, e se for pra valer, cortando gastos? Dizem que estamos no osso (mesmo gastando mais de 40% do PIB). E aumentar impostos, como no passado? Ninguém mais se submete a isso. A solução, então, é aceitar o déficit primário? É a pior saída. Significaria mais inflação, recessão, queda de salário real e piora na distribuição de renda.

Indicar um déficit primário no Orçamento (em vez de superávit) para o ano que vem significa admitir que o País não consegue decidir-se por um caminho que evite o pior. E significa também que não há consenso para transformar um desequilíbrio no presente em equilíbrio futuro. O resultado será uma dívida crescente. E um risco Brasil maior. Nesse caso, as agências de classificação provavelmente reduziriam o grau de investimento do País. Os investidores reprecificariam os ativos brasileiros no mercado, o que resultaria em queda na bolsa, depreciação do câmbio e juros maiores nos mercados.

A inflação viraria a solução, na falta de opção. A depreciação do real aumentaria a inflação, o que reduziria as rendas, em termos reais. Os salários não conseguiriam acompanhar a inflação, em razão da fraqueza no mercado de trabalho. As rendas mais baixas sofreriam mais com o aumento da inflação por estarem menos protegidas e consumirem parcela maior da renda.

A inflação é o imposto regressivo que fecha as contas, à força. É a solução clássica no Brasil do passado. As diversas lideranças neste país se recusam a optar por outra solução.

E a solução do passado vai enfrentar as instituições do presente: há metas de inflação e um Banco Central com responsabilidade para cumpri-las. Para evitar uma inflação maior a atividade poderá sofrer mais. Na ausência do ajuste via preços, a economia pode precisar ajustar ainda mais via quantidade.

O próprio risco Brasil maior reduz o investimento, que derruba a atividade, enfraquecendo o mercado de trabalho. Essa fraqueza destrói empregos e induz a queda do salário real, o que diminui a massa salarial e o consumo. A recessão poderia aprofundar-se.

A perda de renda real, que afeta desproporcionalmente os mais pobres, impactaria a distribuição de renda e a nova classe média. O tão festejado PIB do povo - dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) -, infelizmente, alcançaria o PIB dos economistas, como já era de esperar. A nova classe média sofreria sendo empurrada para classe baixa, uma volta traumática.

O desenrolar acima seria a efetiva saída por não optar. Mas qual é a verdadeira alternativa?

No presente, cortar mais gastos é visto como muito difícil, assim como diminuir benefícios é visto como impopular e quase impossível. Mas aumentar a inflação, perder o grau de investimento, aprofundar a recessão e piorar a distribuição de renda, essa é uma opção válida?

Recuso-me a acreditar que num país com tanto gasto e tanta ineficiência não seja possível achar espaço para melhorar. Certamente há frutas baixas a serem colhidas. O contra-argumento é que, ao contrário da colheita de frutas nos trópicos, a melhora na economia precisa de um mínimo de organização, liderança e certo consenso.

É claro que temos problemas considerados “estruturais” (entenda-se, que vêm de longa data e são considerados de difícil resolução). Acredita-se que a sociedade tenha adotado um grande “contrato social” desde pelo menos a Constituição de 1988, cujos benefícios concedidos a vários grupos já não cabem no PIB. A carga tributária necessária para pagar esse Estado social já paralisa a economia. A dívida criada para financiar os gastos atingiu um teto, e o risco de perda do grau de investimento atesta isso.

Dizem que não se pode desperdiçar uma crise para fazer as duras mudanças. O medo do pior torna o custo da mudança o mal menor. Entre duas opções ruins, o natural em tempos normais é acreditar numa terceira mais benigna que ainda virá. Adia-se a decisão à espera dessa opção benigna, que não aparece. As opções realistas ficam piores. A crise obriga a uma decisão, contanto que haja um mínimo de organização e liderança.

Há certamente escolhas duras a fazer, revendo benefícios, adequando o Estado à renda disponível. Nada trivial. É mais fácil dar do que tirar, se autoenganar do que aceitar a realidade do possível. Mas essa dura realidade não deve ser interpretada como um convite à falta de posicionamento e a delegar a um futuro distante a tarefa de consertar os problemas estruturais, a ser resolvida depois de um grande consenso abstrato da sociedade. A dura tarefa terá de ser feita aqui, e a partir de agora, na forma como o Brasil se organiza, pelo Congresso e pelo Executivo (neste e nos próximos). As políticas adotadas hoje não são neutras: pioram ou melhoram os problemas estruturais.

Alguns ajustes estão a caminho. O câmbio mais depreciado ajuda a diminuir o déficit em conta corrente e estimula o crescimento dos setores exportadores e que competem com importados. É uma das poucas fontes de crescimento.

O realismo tarifário aliviou setores e descongelou preços, tirando distorções relevantes e ajudando a economia. O ajuste parafiscal reviu programas insustentáveis e diminuiu subsídios. O investimento na infraestrutura e as reformas do PIS-Cofins e da unificação do ICMS, se aprovadas, são esforços na direção certa.

Mas é necessário equacionar o problema fiscal, sem o que será difícil enxergar a retomada da economia e um caminho estável à frente. Para isso será necessário optar, por exemplo, por um corte maior no curto prazo (e depois buscar uma reforma que limite o crescimento de gastos no longo prazo). Evita-se assim a crise que, implicitamente, é escolher a pior opção.


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Uma aula de economia com Ilan Goldfajn.

Li recentemente no site do Banco ITAÚ uma excelente entrevista com o Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco. A matéria é extremamente rica e importante para a leitura e avaliação dos colegas, bem como para entendermos o que acontece e pode acontecer com a economia brasileira.

Boa leitura aos meus dois (milhões de) ainda fiéis leitores.

O risco cada vez mais iminente da adoção de racionamento de energia e a crise na Petrobras podem levar o Brasil a registrar retração de 1% do PIB em 2015, prevê Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco. Para Goldfajn, que foi diretor de Política Econômica do BC (2000-2003) e economista do FMI (1996-1999), o país vive uma "turbulência perfeita" com uma série de notícias negativas que mantém os índices de confiança baixos e dificultam a retomada dos investimentos. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Valor: Qual a perspectiva para o crescimento do PIB neste ano?
Ilan Goldfajn: Basicamente o que estamos observando é uma conjunção de fatores que devem levar a um crescimento negativo (recessão) neste ano. Dos fatores importantes para essa desaceleração, o primeiro é que os índices de confiança estão muito baixos, não estamos vendo uma retomada do investimento. Tínhamos a esperança que, na medida em que se tem o começo do segundo mandato, o investimento pudesse retomar, mas isso não aconteceu. Isso tem a ver também com a questão da Petrobras, com os problemas políticos que dificultam ter uma visão mais clara sobre o que vem pela frente. Além disso, há impactos diretos de algumas variáveis, por exemplo, no setor de petróleo devemos ter menos investimentos. Os setores de construção e infraestrutura provavelmente terão algum impacto de menor produção também, nem que seja na reorganização de novos projetos, que vão demorar para começar. Considerando esses fatores, revisamos a projeção para o PIB de 0% para - 0,5%. Mas não para por aí, temos o risco de racionamento de energia elétrica e de água [no Estado de São Paulo]. O racionamento de energia elétrica tem impacto no PIB, o de água é mais difícil de calcular. Mas fazendo a nossa melhor estimativa, se for decretado racionamento de energia, pode ter uma queda de mais 0,5% do PIB, levando a uma retração de 1% em 2015. É um começo do que, até brinco, seria uma turbulência perfeita. São os riscos se materializando.

Valor: Qual o impacto da crise da Petrobras e da Operação Lava-Jato para o PIB e para o resultado fiscal?
Goldfajn: A Petrobras é a maior empresa do setor de petróleo. De forma geral no setor, estimamos queda de 20% nos investimentos e de 15% na produção. Já do lado fiscal, o impacto tem de ser calculado. Você produz menos, tem menos dividendos, menos royalties.

Valor: A troca de comando na Petrobras será suficiente para retomar a credibilidade junto aos investidores?
Goldfajn: Para ter aumento de confiança, tem de ter confiança em tudo. A questão dos escândalos, das dúvidas, dos problemas legais afetam o investimento. Temos de levar em consideração que os processos legais, que são feitos de forma institucional, reforçam a democracia, as instituições e, lá na frente, podem contribuir para um país mais forte. No caso, não é uma questão só de substituição de nomes, mas de mostrar que de fato há uma mudança na gestão, que a empresa começa a dar a volta por cima e isso é relevante.

Valor: O governo conseguirá entregar a meta de superávit primário de 1,2% do PIB neste ano?
Goldfajn: Há um desafio extra. Quando a meta para este ano foi anunciada, o déficit esperado para o ano passado era perto de 0%. Nós tínhamos 0,2% do PIB. O resultado do ano passado foi negativo em 0,6%, ou seja, estamos falando de uma diferença de 0,8%. Para uma mesma meta de 1,2%, você precisava fazer 1% de ajuste e agora precisa fazer 1,8%. É um desafio grande. Agora, eu vejo a equipe econômica comprometida em atingir a meta, comprometida em reduzir o déficit primário para um superávit primário, em reduzir o déficit nominal que foi 6,3%, um dos maiores do mundo no ano passado, preocupada com a dinâmica da dívida bruta e em levá-la para baixo. A minha expectativa é que venham mais medidas. O governo vai cortar despesa corrente, investimento, aumentar tributos, tudo isso que já está aí, na esperança de lá na frente retomar o crescimento.

Valor: Há a possibilidade de retomar o crescimento em 2016?
Goldfajn: Acho que 2016 ainda está no jogo. Prevemos que o PIB pode crescer em torno de 1%, se o governo conseguir a retomada. Mas tem que ter todo mundo comprometido e outras medidas, como reformas, melhorar a produtividade, reduzir o custo de se fazer negócios, ou seja, a retomada da credibilidade fiscal é importantíssima, mas para crescer em 2016 é preciso mais do que isso.

Valor: Qual o cenário para inflação neste ano? O BC conseguirá alcançar o objetivo de levar a inflação para perto do centro da meta em 2016?
Goldfajn: Acho que este ano, com um aumento dos preços administrados acima de 10%, vai ser difícil ficar com inflação abaixo do teto da meta de 6,5%, nossa projeção é de 7,1%. Mas uma parte dessa expectativa tem a ver com o aumento de 30% a 40% de energia elétrica. Esse aumento já reflete a escassez de energia. Por outro lado, quando você olha os preços livres, os preços de serviços, eles já estão começando a ir na direção correta, ou seja, já começa a se imaginar que a partir de 2016 a inflação começa a convergir. Estamos prevendo inflação abaixo de 5,5% para 2016, porque hoje há uma demanda muito menor, uma economia crescendo abaixo do potencial, um cenário internacional desinflacionário, com quase todos os bancos centrais reduzindo juros, estimulando a economia através de programas de quantitative easing [afrouxamento monetário] como o do Banco Central Europeu. No entanto, temos uma corcova dos preços administrados. Hoje estamos pagando pela política de congelamento de preços que se adotou nos últimos anos. Desta forma, nosso cenário é de elevação final de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária [Copom], levando a taxa Selic para 12,50%.

Valor: Na semana passada foi anunciada a mudança na diretoria do BC, com saída do diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, e a indicação de um executivo de mercado, Tony Volpon. O que esperar da nova diretoria?
Goldfajn: As decisões vão continuar sendo tomadas por um comitê, a mudança de um outro membro não tem essa força toda, para mudar completamente a forma de pensar. Quem está ocupando a diretoria de Política Econômica é alguém que já estava lá [Luiz Awazu Pereira da Silva], a diretoria tem dois novos membros, acho que são bem-vindos. Voltar a ter um membro que vem do mercado é bem-vindo, mas não vejo nem melhor nem pior que um membro bom dos quadros do BC. O Carlos Hamilton foi um diretor muito bom. Ele não se furtou a contribuir, sempre estava disposto a ter um diálogo aberto com todas as frentes da sociedade. Tenho certeza que foi um colega que sempre contribuiu com o resto dos membros e também não se furtou a discordar quando foi necessário, e essa característica é interessante manter.

Valor: O sr. esteve em Davos, no Fórum Econômico. Qual a avaliação da percepção dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil?
Goldfajn: A minha impressão é que a recepção à equipe econômica foi muito boa, o discurso foi muito bom, abriu-se espaço para a volta da confiança. Agora, logo depois de Davos tivemos vários choques aqui, a tempestade perfeita, desde racionamento, à questão da Lava-Jato, do déficit [fiscal]. Então, há uma confiança maior na equipe econômica e há a percepção de mais dificuldade com respeito à realidade. Agora, um fator que todos nos perguntaram é o apoio do conjunto do governo a essas medidas [fiscais], não só da equipe econômica, mas do resto dos ministros, presidente, dos partidos de coalização. E isso é relevante para confiança. A aprovação das medidas no Congresso vai ser muito importante como primeiro sinal.

Valor: Como o sr. avalia o risco de um rebaixamento do rating do Brasil após o anúncio das medidas fiscais?
Goldfajn: Eu diria que assim que foram anunciadas a meta e as medidas fiscais, as agências de classificação de risco ficaram mais relaxadas. Começou o ano, os números piores do ano passado vieram e acendeu o alerta de volta. Na medida em que começa a ficar difícil atingir a meta, porque no ano passado foi a festa fiscal, faz com que mesmo com todos os esforços fique alguma dúvida sobre a capacidade de atingir [a meta], e, portanto, dúvida com relação às agências.

Valor: Na semana passada, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, trouxe dúvidas sobre a continuação das atuações do BC no câmbio. Há espaço para reduzir as intervenções?

Goldfajn: Eu entendo que no discurso em novembro, quando a equipe econômica foi anunciada, eles deixaram claro que o estoque de proteção cambial, os famosos swaps e o hedge que estava sendo vendido, em torno de US$ 100 bilhões é um tamanho adequado, e, portanto, isso significa que não vai aumentar esse estoque muito mais, mas também não vai reduzi-lo de forma acentuada. Acho que o mercado pode ter a tranquilidade que algum estoque de proteção vai se manter, mas também de que esse estoque não é infinito, que possa comprometer as finanças do BC e do resto do setor público. Você pode manter o estoque rolando 100%, ou rolando 80% e com um programa pequeno, mas a intenção de manter o estoque me parece parte relevante da política cambial. De qualquer forma, não imagino o real se apreciando muito mais ao longo do tempo. Acho que ele deve fechar o ano em R$ 2,90, caminhando mais ou menos com a inflação.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...