Trechos do discurso do competente Ilan Goldfajn na sabatina de sua indicação, agora devidamente aprovada, para a presidência do Banco Central do Brasil.
O cenário atual é desafiador, com níveis de
instabilidade econômica e política superiores à média histórica.
A situação econômica exige grande atenção.
Atravessamos a pior recessão da história brasileira, com desemprego em alta e
relevante desafio fiscal. Há problemas conjunturais e dificuldades estruturais.
A incerteza econômica paralisou o investimento e sequestrou a esperança de
muitos.
Ao mesmo tempo, nos encontramos em ambiente
internacional desafiador. O período de ventos favoráveis na economia global
ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim,
pelo menos nos EUA. Mas tenho absoluta confiança na reversão do atual quadro
interno.
Há que se buscar uma economia mais produtiva,
competitiva e justa, uma economia que volte a crescer e criar empregos. Uma
economia que o Brasil precisa e merece.
Para recuperar a economia, ela precisa ser gerida
de forma competente, responsável e previsível. Só assim poderemos estimular o
investimento e o crescimento.
Os esforços atuais e as políticas recém-anunciadas
têm a direção correta, o que tem permitido o início da recuperação da
confiança, essencial para a retomada da economia.
A credibilidade das políticas e dos gestores é
essencial, em especial neste momento.
O governo está claramente imbuído do esforço de
levar à frente reformas estruturais que, a partir de amplas negociações na
sociedade, terão a capacidade de alterar definitivamente o ambiente no país,
com profundos e duradouros benefícios para a população.
Mais especificamente, no que tange à política
fiscal, a administração do Ministro Henrique Meirelles está consciente e
mobilizada para devolver ao país a credibilidade fiscal perdida nos últimos
anos.
A eficiência da política monetária do Banco Central
será tanto maior quanto mais bem-sucedidos forem os esforços na implantação de
reformas e na recuperação da responsabilidade fiscal.
A atuação harmônica e autônoma entre o Ministério
da Fazenda e o Banco Central será um fator-chave de sucesso para a recuperação
econômica sustentável que todos queremos ver à frente.
Considero haver praticamente consenso de que é
preciso reconstruir o quanto antes o tripé macroeconômico formado por responsabilidade
fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante, que permitiu ao
Brasil ascender econômica e socialmente em passado não muito distante.
Todos os brasileiros esperam que a equipe
econômica, com o importante apoio do Congresso Nacional, tenha a capacidade de
assegurar a retomada de uma trajetória sustentável da dívida pública através da
implementação, entre outras medidas, de um teto para o crescimento do gasto
público.
Do lado do Banco Central, apoiaremos esse esforço
pela via do controle da inflação, que ajudará na redução do risco país, na
recuperação da confiança e na retomada do crescimento, e pelo respeito ao
regime de câmbio flutuante vigente, que mostrou seu valor para o enfrentamento
de crises externas no passado e para o equilíbrio interno e externo da economia
brasileira.
O Banco Central também tem o trabalho contínuo – em
conjunto com outras instituições – de aprimorar o sistema financeiro. Um
sistema mais eficiente permite melhor intermediação dos recursos da sociedade e
uma política monetária mais eficaz, que reduz os custos das ações do Banco
Central.
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