segunda-feira, 21 de março de 2011

Política monetária numa armadilha de liquidez

Paul Krugman, direto de seu blog, no ESTADÃO de hoje:

No site de Mark Thoma, encontramos um estudo de Mankiw e Weinzierl (arquivo em pdf) defendendo que a expansão fiscal não deveria ser a ferramenta preferencial nem mesmo diante do limite inferior igual a zero; que a política monetária ainda pode funcionar se for possível comprometer-se a fazer concessões críveis em relação à política monetária futura.

Como reconhecem os autores, o papel potencialmente desempenhado por uma política monetária previamente definida não é uma descoberta nova; isto estava no centro de minha análise original, e constitui um dos principais temas do estudo de Eggertsson e Woodford (arquivo em pdf).

Mas até que ponto pode ser crível a ideia de promessas e concessões na política monetária futura, ainda mais do tipo necessário para fazer isto funcionar? Temos de levar em consideração que o banco central precisa “fazer uma promessa crível de conduta irresponsável”, como eu mesmo afirmei originalmente – ou seja, comprometer-se a criar ou permitir uma inflação mais alta. E para se ter uma ideia de como isto é difícil de se fazer, basta analisar as experiências e o comportamento mais recentes de um certo N. Gregory Mankiw.

No início da crise atual, Greg defendeu publicamente a argumentação implicada em sua análise: o Fed precisava prometer uma inflação mais alta, obtendo assim juros reais negativos.

Ao que me parece, ele foi muito criticado pelos leitores. E, em resposta a esta avalanche de críticas, Mankiw (se ateve às próprias conclusões, defendendo que a inflação seria de fato a política mais adequada) deixou o assunto de lado.

Não podemos nos esquecer que, para que uma promessa de inflação funcione, o banco central precisa não apenas enfrentar a pressão dos falcões da inflação – coisa que é muito mais difícil de se fazer num depoimento ao Congresso do que numa aula em Harvard – como também convencer os investidores (o mais difícil) de que resistirá a esta pressão não apenas por um ou dois anos, mas por um período extenso.

Ora, o grande trunfo da política fiscal é que as pessoas não precisam acreditar nela: se o governo decide construir uma porção de pontes, isto bota as pessoas para trabalhar independentemente de confiarem ou não na promessa do governo de dar continuidade ao processo. Na verdade, ao ponto de sugerir o funcionamento de algum efeito ricardiano na questão, a política fiscal funciona melhor, e não pior, se as pessoas não acreditarem que ela será continuada.

Uma nota pessoal: defendi a expansão fiscal em 2008-2009 justamente por não acreditar que o tipo de política monetária pouco ortodoxa e alicerçada em compromissos e promessas que funciona nos modelos pudesse, de fato, ser implementada na prática. Nada do que vi mudou minha opinião a este respeito.

domingo, 20 de março de 2011

BARACK OBAMA

Direto do DIÁRIO DO NORDESTE, o genial SINFRÔNIO faz a sua homenagem a BARACK OBAMA.

O Japão, as commodities e os efeitos sobre o Brasil.

MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE, economista, é professora da PUC-RJ e diretora do Iepe/Casa das Garças, escreveu este texto especialmente para a FOLHA DE S. PAULO.

Como disse Nassim Taleb, autor do termo "cisne negro", usado para caracterizar eventos inesperados e, às vezes, cataclísmicos, a história não evolui gradualmente, mas em saltos descontínuos. O Japão acaba de ser atingido por três "cisnes negros" simultaneamente: um terremoto, um tsunami e um desastre nuclear. Como isso pode afetar o Brasil? Ainda é cedo para quantificar o impacto sobre a economia mundial. No entanto, é certo que as commodities continuarão a ser afetadas. No curtíssimo prazo, os efeitos mais relevantes estão relacionados à fuga de risco dos investidores e de realocação de liquidez, dada a necessidade de recursos de algumas empresas. A queda observada nos preços das matérias-primas reflete tanto essas necessidades imediatas quanto os temores dos investidores. A interrupção parcial da indústria japonesa também exerce uma influência negativa sobre as matérias-primas, já que uma parte relevante da demanda global por esses produtos fica temporariamente prejudicada. Portanto, no curto prazo, a queda nos preços das commodities tem duas possíveis implicações para o Brasil. De um lado, pode piorar um pouco a evolução dos termos de troca, que tem ajudado a segurar a deterioração da conta-corrente. De outro, alivia as pressões inflacionárias mais imediatas. Entretanto, há motivos para crer que esses movimentos de queda sejam não só revertidos como também acentuados na direção inversa. Primeiro, o Japão terá de encontrar fontes alternativas de energia, adicionando à demanda global por petróleo e derivados o peso da terceira maior economia do mundo. Além disso, o país terá, temporariamente, uma demanda de energia superior à que prevalecia antes do terremoto devido à reconstrução. Por fim, o drama japonês expôs, mais uma vez, o potencial catastrófico dessa fonte de energia quando algo dá errado, levando vários países a reavaliar os seus planos de usinas nucleares. Esses desdobramentos aumentam as chances de que as economias avançadas atravessem um período prolongado de "semiestagflação", isto é, de crescimento baixo e inflação alta. Como isso afeta o Brasil? Para uma economia que já enfrentava graves pressões sobre os preços, um ambiente internacional de maior hostilidade inflacionária não é nada animador. Esse é o lado escuro do cisne brasileiro. O lado "branco" é a possibilidade de que o país torne-se ainda mais atraente aos olhos dos investidores externos, diante de um quadro nebuloso para as economias maduras. Haja fôlego para evitar a valorização da moeda brasileira...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Seminário: inflação x crescimento

Seminário Combate à Inflação X Crescimento Econômico Conferencistas: Delfim Netto - Ibrahim Eris - Amaury Bier - Luiz Roberto Cunha Participe deste Seminário para avaliar melhor os impactos da atual política econômica em seus negócios.

Data: Dia 11 de abril de 2011. Local: Meliá Jardim Europa Hotel - Rua João Cachoeira, 107 - Itaim - São Paulo - SP

Investimento: R$ 980,00. Desconto: Para as inscrições pagas até o dia 04/04 - Valor = R$ 860,00. Os descontos não são cumulativos. Forma de Pagamento: Boleto, Depósito Bancário ou Cartão de Crédito. OBS: As inscrições devem ser pagas, antes da data de realização do evento.

Horário: 13h30 às 18h00 - Carga horária: 04 horas A inscrição inclui: Coffee break, material didático e estacionamento. IMPORTANTE: Inscrições, Informações e Reservas com Luciana Souza – Gerente Comercial - Fone: 11 3524-8505 – 11 4121-9990 - Cel: 11 9936-0044 - SKYPE lucianasouza61 - email: luciana.souza@Lstreinamentos.com.br (solicite a ficha de inscrição)

OBJETIVO: O combate à inflação passou a ser a prioridade da política econômica. Medidas monetárias e fiscais têm sido adotadas para trazer a inflação a médio prazo para o centro da meta do Banco Central, de 4,5%. Estamos, entretanto, apenas no início de um processo de políticas restritivas. A economia permanece aquecida e a utilização da capacidade instalada beira o limite. Resta saber a duração e a intensidade da atual política de aperto monetário e fiscal. A margem de manobra do governo é limitada. Cortes adicionais esbarram no fato de cerca de 90% dos gastos terem destinação obrigatória. Aumentos mais expressivos de juros podem provocar uma desaceleração indesejável do crescimento.

Participe deste Seminário para avaliar melhor os impactos da atual política econômica em seus negócios. - Há risco da inflação subir muito acima do limite superior de 6,5%? - As medidas restritivas chegarão ao ponto de provocar o aumento da taxa de desemprego? - Qual é o custo para a inflação voltar ao centro da meta a médio prazo? - A taxa de câmbio continuará sendo âncora para a inflação? - O Brasil nos próximos anos conseguirá manter crescimento médio acima de 4,5%?

CONFERENCISTAS: Delfim Netto - Ex-deputado federal, foi ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento. Ibrahim Eris - Ex – presidente do Banco Central, PhD em Economia pela Universidade Vanderbilt e sócio da Eris Consultores Associados. Amaury Bier - Presidente da Gávea Investimentos. Ex-diretor executivo do Banco Mundial, IFC e MIGA, foi secretário-executivo e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Doutor em Economia pela USP. Luiz Roberto Cunha - Professor da PUC-RJ, especialista em inflação, mestre em Economia pela Universidade de Vanderbilt (EUA)

Participe deste Seminário para melhor orientar as suas decisões empresariais.

O BRASIL NA THE ECONOMIST

IN APRIL 2009, shortly after becoming president of the United States, Barack Obama attended a 34-country Summit of the Americas in Trinidad where he charmed those present—even Venezuela’s Hugo Chávez—with a call for the often fractious relationship between the United States and its neighbours to become an “equal partnership”. Two years on Mr Obama remains wildly popular with ordinary Latin Americans. But as he sets off on March 19th for his first trip to South America, he will find it hard to shake off a familiar air of mutual frustration.

For a start, part of Mr Obama’s mind will surely be elsewhere, on the wrangling in Washington over the budget and on the events in the Arab world and Japan. It must once have seemed a good idea to spend a weekend in Rio de Janeiro, watching a song-and-dance show in a favela. But to his domestic opponents it may not appear so.

For many South Americans, the United States is no longer the only game in town (if it ever was). Trade with China is booming. Many South American countries feel increasingly confident that they can make their own mark in the world. That is especially true of Brazil, the most important leg of Mr Obama’s trip.

Relations between the two countries have long been beset by minor niggles. But last year saw a big falling-out over policy towards Iran. Brazil, along with Turkey, voted against the UN resolution that tightened sanctions against Iran’s nuclear programme. Luiz Inácio Lula da Silva, Brazil’s then president, had earlier tried to broker a deal with Iran.

Brazil’s new president, Dilma Rousseff, is a protégée of Lula. But American diplomats are heartened by signs that she wants a fresh start. She has distanced herself from Iran, saying that she disagreed with Brazil’s previous abstention on votes condemning the country’s human-rights record. In a cabinet with many holdovers from Lula’s day, one change stands out: Celso Amorim, who was closely associated with the Iranian adventure, has been replaced as foreign minister by Antonio Patriota, a former ambassador to the United States who is married to an American.

Mr Obama and Ms Rousseff have potentially important business to do. They will sign agreements on scientific co-operation and the cross-recognition of patents. They will also talk of weightier matters. Mr Obama will want to push business opportunities for American firms; the United States has a rising trade surplus with Brazil and the White House is selling the visit as part of its efforts to revive the economy. Although Ms Rousseff has postponed a $6 billion order for fighter jets, Mr Obama will press the merits of Boeing F-18s (rather than France’s Rafale). The Brazilians want technology transferred in the eventual deal; they also want to sell to the Americans their own military-transport aircraft.

The Americans would like Brazil’s backing for their calls for China to revalue the yuan, though Brazil’s policymakers also blame the Federal Reserve’s loose monetary policy for the overvaluation of the real. Brazil wants the United States to end its subsidy to its inefficient corn-ethanol producers. That would open the market for Brazil’s sugar ethanol.

Brazil craves American support for its claim to a permanent seat on the UN Security Council. In November Mr Obama gave explicit backing to India’s claim. But the mistrust sown by Lula’s Iranian gambit means that the furthest the administration has gone is to say that it “admires” Brazil’s “growing global leadership” and “aspiration” to the seat, as Hillary Clinton, the secretary of state, put it last month.

Mr Obama’s next stop, in Chile, was to see an agreement on nuclear co-operation. But Chile, subject to earthquakes and tsunamis, is fast reconsidering the idea of nuclear power. Mr Obama’s last stop is El Salvador. Its president, Mauricio Funes, is a moderate, pro-American leftist; and Central America is beset with drug violence.

In Santiago Mr Obama is to give a speech setting out his vision of relations with Latin America. It will not be easy. The issues that matter most south of the border are migration, curbing America’s demand for drugs and export of guns, expanding trade and ending the American embargo against Cuba. On all of these the president is circumscribed by political deadlock in Washington.

The United States still matters in many ways in Latin America. Mr Obama’s own story inspires many in a region where blacks and indigenous people are often disadvantaged. He can be a powerful voice for democracy and human rights. But unless his words are backed up with some substance his appeal may fade.

QUEM SOMOS NÓS?

This week's issue

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...