Parabéns a Mark Weisbrot por dizer o indizível, e defender a saída da Grécia da zona do euro. Concordo com boa parte do que ele diz, mas ainda não estou pronto para aconselhar uma medida como esta, e tenho dois motivos para tanto.
Primeiro: apesar de concordar que a situação vivida pela Argentina seja o melhor parâmetro de comparação, trata-se de um paralelo imperfeito: embora a Argentina tivesse um câmbio supostamente fixo, ainda havia no país notas de pesos em circulação, e por isso a mecânica da saída deste câmbio foi muito mais fácil do que seria uma saída do euro. E a mecânica é de grande importância; pode significar a diferença entre um breve período de choque e um prolongado colapso financeiro.
Segundo: sendo um país relativamente pobre com um histórico de governos instáveis, a Grécia tem muito a ganhar ao desempenhar o papel de boa cidadã dentro do projeto europeu – desde ganhos concretos, como a ajuda dos fundos de coesão, até outros mais difíceis de quantificar – mas nem por isso menos importantes -, como o efeito estabilizador, tanto para a economia quanto para a política, de se fazer parte de uma grande aliança democrática. No longo prazo, a decisão de deixar o euro provocaria para a Grécia um estrago muito maior do que o enfrentado pela Argentina por conta da desvalorização vivida naquele país.
Dito isto, Weisbrot está certo ao apontar que o programa de resgate para a Grécia não está funcionando; não está nem mesmo perto de funcionar. Espera-se no mínimo uma reestruturação da dívida que de fato reduza o fardo do endividamento, em vez de apenas distribuí-lo no tempo. E, quanto mais tempo a situação continuar sem uma solução, menor será a chance de a Grécia conseguir permanecer na zona do euro, mesmo que assim deseje.
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