O Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic em um ponto
percentual, para 11,25% a.a., sem viés.
A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as
seguintes observações:
O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde
a última reunião do Copom permanece compatível com estabilização da economia no
curto prazo. A evidência sugere uma retomada gradual da atividade econômica ao
longo de 2017;
No âmbito externo, o cenário ainda é bastante incerto. Entretanto,
até o momento, esse cenário tem mitigado os efeitos sobre a economia brasileira
de possíveis revisões de política econômica em algumas economias centrais,
notadamente nos EUA. Há incerteza sobre a sustentabilidade do crescimento
econômico global e sobre a manutenção dos níveis correntes de preços de commodities;
O comportamento da inflação permanece favorável. O processo de
desinflação se difundiu e houve consolidação da desinflação nos componentes
mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. A desinflação dos
preços de alimentos constitui choque de oferta favorável;
As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus
encontram-se em torno de 4,1% para 2017, mantiveram-se ao redor de 4,5% para
2018 e, para 2019 e horizontes mais distantes, encontram-se ligeiramente abaixo
de 4,5%; e
No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio
extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom encontram-se em torno de
4,1% em 2017 e mantiveram-se ao redor de 4,5% para 2018. Esse cenário supõe
trajetória de juros que alcança 8,5% a.a. ao final de 2017 e se mantém nesse
nível até o final de 2018.
O Comitê ressalta que seu cenário básico para a inflação envolve
fatores de risco em ambas as direções: (i) o alto grau de incerteza no cenário
externo pode dificultar o processo de desinflação; (ii) a aprovação e
implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na
economia são relevantes para a sustentabilidade da desinflação e para a redução
da taxa de juros estrutural; (iii) o choque de oferta favorável nos preços de
alimentos pode produzir efeitos secundários e, portanto, contribuir para quedas
adicionais das expectativas de inflação e da inflação em outros setores da
economia; e (iv) a recuperação da economia pode ser mais (ou menos) demorada e
gradual do que a antecipada.
Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo
conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela
redução da taxa básica de juros em um ponto percentual, para 11,25% a.a., sem
viés. Essa intensificação moderada em relação ao ritmo das reuniões de janeiro
e fevereiro mostra-se, no momento, adequada. O Comitê entende que a
convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a
condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2017 e, com
peso gradualmente crescente, de 2018, é compatível com o processo de
flexibilização monetária.
O Copom entende que a extensão do ciclo de flexibilização
monetária dependerá das estimativas da taxa de juros estrutural da economia
brasileira, que continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo,
mas também da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco
mencionados acima e das projeções e expectativas de inflação.
O Copom ressalta que o ritmo de flexibilização monetária dependerá
da extensão do ciclo pretendido e do grau de sua antecipação, que por sua vez
dependerá da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco
mencionados acima, e das projeções e expectativas de inflação. O Comitê
considera o atual ritmo adequado, entretanto, a atual conjuntura econômica
recomenda monitorar a evolução dos determinantes do grau de antecipação do
ciclo.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan
Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho,
Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso,
Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário