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domingo, 31 de maio de 2020

Estadão: Nobel de Economia a economista Esther Duflo entende que crise global causada pelo vírus mostra importância de que governos precisam ser, acima de tudo, funcionais.

https://www.estadao.com.br/infograficos/cultura,nobel-de-economia-defende-renda-ultrabasica-para-atenuar-impacto-da-pandemia-e-evitar-armadilha-da-pobreza,1097296

Esther DufloNunca estive no Brasil, para meu grande arrependimento. Eu tinha planejado talvez para este segundo semestre, mas agora não sei quando isso vai acontecer. Mas sempre estudei o País com muito interesse, porque muitas das tensões e dos debates mundiais parecem ser encontrados no Brasil de forma concentrada. A história do Brasil é a de um crescimento muito rápido, que, combinado com um enorme aumento das desigualdades, se torna socialmente e politicamente insuportável. Isso costuma levar a respostas populistas e, eventualmente, a políticas econômicas irresponsáveis, o que no final das contas interrompe o crescimento do País. Então, em nosso primeiro livro de economia, usamos o Brasil como exemplo. Quando alguém diz estar interessado em gerar crescimento econômico, essa pessoa realmente deveria prestar atenção no tecido social e não deixá-lo explodir, pois, uma vez que este explode, você perderá inclusive toda a condição para gerar crescimento. Quando o Lula virou presidente, houve um esforço de políticas voltadas para os pobres. O Brasil mostrou ao mundo que era possível fazer programas como o Bolsa Família – e este não foi o único programa que aconteceu durante aquele período. Naquele momento, você olhava o Brasil e podia ver como uma economia se energiza criando confiança aliada a projetos sociais. Hoje o Brasil está rumando para o lado oposto. As eleições passadas, com toda a questão do WhatsApp e a incrível maldade do processo político... É uma versão ainda mais radical do que estamos vendo nos EUA. E agora, com a covid, novamente há uma espécie de exceção brasileira.

Estadão - Gustavo Franco: 80 dias de corona.


Hoje, 31 de maio, domingo em que se comemora Pentecostes, passados 50 dias da Páscoa, faz exatos 80 dias da declaração pela qual a OMS definiu como pandemia o surto da doença causada pelo novo coronavírus (covid-19). 

Parece pouquíssimo tempo quando se tem em conta as voltas que o mundo deu, evocando comparações, em vista do que ainda temos pela frente, com o assassinato do arquiduque em 1914 e a invasão da Polônia em 1939.

Entretanto, esta primeira fase da pandemia parece interminável, sobretudo para quem está em confinamento, vivendo dias que passam em angustiante lentidão, noites em claro e tardes caindo como viadutos (saudações, mestre Aldir Blanc).

O sofrimento parece ampliar a sensação do tempo, daí a compreensível ansiedade em iniciar uma “segunda fase” da pandemia, mesmo sem ter tocado nenhuma sirene assinalando o fim do bombardeio, e mesmo que os especialistas não estejam de acordo sobre os novos protocolos.

Vamos adotar um “novo normal”, que não se sabe bem como é, mas gradualmente, experimentando cada novo procedimento, um de cada vez, conforme o estágio da epidemia, e de acordo com o lugar e com a atividade. E sempre com a opção de recuar na presença de uma nova onda, mas tomara que não seja necessário.

Só se sabe que o lockdown não pode ser mantido indefinida e indiscriminadamente.

Já parecia haver acordo que a “segunda fase” da epidemia seria mesmo confusa num país heterogêneo e desigual como o nosso, habitualmente descrito como a Belíndia, no qual a porção belga teria melhores capacidades, relativamente à outra, para lidar com o isolamento social.

Não obstante, a heterogeneidade nos comportamentos dos Estados brasileiros diante da epidemia superou qualquer expectativa quanto à existência de vários Brasis. 

É impressionante o contraste, a julgar pelo número de mortos por milhão de habitantes entre os Estados do Sul: RS (7,62), SC (8,14) e PR (8,77), relativamente à região Norte: AM (178) e PA (45). O contraste também é marcante com relação ao Sudeste (SP: 65,8 e RJ: 69,4) e alguns Estados do Nordeste (PE: 83,5 e CE: 92,3), mas não todos (RN: 20,4 e BA:10,4). 

Um Estado que tem a cara do Brasil, pela extensão territorial e diversidade, como MG, exibe um número particularmente baixo: 4,56. 

O que há em Minas que não se encontra noutros Estados? 

É claro que os determinantes desses comportamentos regionais diversificados têm algo a ensinar sobre a dinâmica do contágio, e sobre o desenho de estratégias locais de desconfinamento.

Há muito a entender sobre a relação entre a velocidade de contágio e sua métrica já bem conhecida, o “R-zero”, e fatores geográficos, demográficos e socioeconômicos, as características das cidades e particularmente suas redes de transporte público e mobilidade, bem como as políticas adotadas por diferentes autoridades locais.

As soluções não precisam estar em países distantes, mas, às vezes, em um município vizinho.

Como as situações regionais são diferentes, inclusive pelo fato de a epidemia estar em diferentes estágios, faz todo sentido que o tratamento seja descentralizado, como de fato se passa na administração da Saúde no Brasil, aliás, em obediência à Constituição (Art. 23 ii) que define a saúde como “competência comum” de União, Estados e municípios.

As palavras-chave aqui são consenso, coordenação, transparência e governança, conceitos bem conhecidos de muitos gestores públicos (mas não todos!) e, particularmente, críticos num quadro de emergência sanitária.

Municípios, condomínios, assim como países, podem tropeçar de forma nada menos que bizarra se suas lideranças não souberem trabalhar a coesão social, sem a qual há muitos perigos em atividades simples, como andar de elevador e atravessar a rua.

EX-PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL E SÓCIO DA RIO BRAVO INVESTIMENTOS. ESCREVE NO ÚLTIMO DOMINGO DO MÊS 

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Monica de Bolle no Estadão: A queda.


A queda de nosso PIB em 2020 será gigantesca, ainda que a real magnitude seja difícil de antever. As dezenas de milhões de pessoas que serão lançadas ao desemprego estarão visíveis, a despeito do descaso presidencial. Mas a queda maior? A queda mais dolorosa? É a de testemunhar a crise humanitária e nela enxergar a nossa mais profunda falência e decadência como sociedade.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Estadão: Sob impacto da pandemia, 'prévia' do PIB tem queda de 5,90% em março/20.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,sob-impacto-da-pandemia-previa-do-pib-tem-queda-de-5-90-em-marco,70003303858


BRASÍLIA - A economia brasileira registrou retração de 5,90% em março em relação a fevereiro, segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), uma espécie de "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira, 15. O número foi calculado após ajuste sazonal, uma "compensação" para comparar períodos diferentes de um ano.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Estadão: Leandro Karnal e a "Agenda de outono".


Ler é uma decisão e insistir em textos pode produzir um hábito. Para voar no mundo das letras, é importante saber a força das asas de cada um. Ambições elevadas demais podem estragar o projeto. Metas baixas induzem ao tédio. Se o seu desejo/hábito por livros for pequeno, comece de forma mais simples. Estabeleça uma meta menos ousada: cinco páginas por dia, por exemplo. Mantenha-se firme e, em uma semana, você pode ter conseguido ler dois contos ou um pequeno romance. Se os próximos meses confirmarem que você atende bem ao estipulado, vá aumentando mensalmente. Como eu digo aos alunos, decisões ambiciosas demais nos aproximam dos atletas amadores da prova de São Silvestre: saem em disparada e, poucos quarteirões após a largada, estão sentados no meio-fio, exaustos e fora da disputa. Corredores profissionais sabem da importância do ritmo constante. Fora as leituras obrigatórias de cada ramo, um ritmo acima do fraco e bem abaixo do perfeito seria de dois livros por mês. Esse “combustível” permite que você reflita, atualize e mantenha seu cérebro funcionando. Como eu disse, é abaixo do perfeito, mas quem trabalha com a ideia da perfeição nunca lê e, provavelmente, jamais casará.

Dólar volta a disparar e bate R$ 5,94, novo recorde nominal; Bolsa opera em alta.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,dolar-abre-em-queda-mas-se-mantem-acima-de-r-5-80,70003301278

domingo, 3 de maio de 2020

Estadão: Um vírus derruba gigantes.

Um gigante de tamanho difícil de imaginar, a economia global, estimada em US$ 87 trilhões no ano passado, está sendo derrubado por seres microscópicos, os coronavírus, num desastre muito pior e mais doloroso que a crise financeira de 2008-2009. A extensão dos danos começa a aparecer nos maiores mercados, o americano, o chinês e o europeu, com os primeiros dados trimestrais de consumo, produção, investimento e emprego. O drama dessas potências afeta o Brasil pela redução do comércio internacional, já enfraquecido em 2019. Na melhor hipótese, as vendas de alimentos, componente mais importante das exportações brasileiras, serão menos prejudicadas que as de outros produtos.
Nos Estados Unidos, maior potência econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu à taxa anual de 4,8% no primeiro trimestre, segundo a primeira estimativa. Fechadas em casa, famílias cortaram os gastos de consumo, empresas diminuíram investimentos e as exportações caíram. Diante da emergência, governo central e governos locais aumentaram suas despesas, mas em proporção insuficiente para equilibrar o conjunto.
Em seis semanas 30,3 milhões de pessoas pediram auxílio-desemprego nos Estados Unidos. Antes da nova crise, a desocupação abrangia cerca de 3,4% da força de trabalho, como efeito de 113 meses consecutivos de criação de empregos. Ainda é difícil determinar a nova taxa de desemprego, porque pessoas desocupadas apenas temporariamente foram autorizadas a buscar o auxílio, mas a piora do quadro é inegável. No quarto trimestre do ano passado o PIB americano cresceu ao ritmo anual de 3,5%, na última etapa de um longo período de prosperidade, iniciado no primeiro mandato do presidente Barack Obama.
A segunda maior economia, a chinesa, sofreu no primeiro trimestre de 2020 a primeira contração em quase 30 anos, desde o início da publicação dos dados trimestrais do PIB, em 1992. Mesmo abalada, a economia da China ainda pode ter um desempenho invejável depois do impacto da covid-19. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta para a China 1,2% de expansão econômica neste ano, enquanto estima contração de 3% para o produto global e de 6,1% para as economias avançadas. Mas, por enquanto, o balanço inicial da crise mostra grandes estragos.
No primeiro trimestre o PIB chinês foi 6,8% menor que o do período janeiro-março de 2019, segundo a Agência Nacional de Estatísticas. Em relação aos três meses finais do ano passado a queda foi de 9,8%. De acordo com o governo, o desempenho deve ser muito melhor a partir do segundo trimestre, mas economistas apontam muita insegurança quanto à reação do consumo familiar.
Com a reorganização estratégica iniciada há alguns anos, o consumo ganhou importância relativa no papel de motor da economia, tomando parte do espaço tradicionalmente ocupado pelo investimento em capacidade produtiva.
Maior parceira comercial do Brasil, a China é o destino principal das exportações do agronegócio brasileiro. A demanda chinesa tem grande importância para o superávit comercial e para a segurança das contas externas do Brasil. Os Estados Unidos, segundo maior importador de mercadorias brasileiras, têm relevância especial para as vendas de manufaturados. O terceiro maior parceiro individual, a Argentina, já estava em crise em 2019 e assim deve continuar neste ano.
Na zona do euro, também muito relevante para o comércio brasileiro, o PIB do primeiro trimestre foi 3,3% menor que o de um ano antes. Em relação aos três meses finais de 2019 a queda foi de 3,8%, a maior, nesse tipo de comparação, na série iniciada em 1995.
Segundo o FMI, o produto da zona do euro deve diminuir 7,5% neste ano. Para os Estados Unidos está projetada retração de 5,9%. Para o Brasil os cálculos indicam um PIB 5,3% menor que o de 2019. Mas o repique esperado para a economia brasileira, de 2,9% em 2021, é bem menor que o previsto para os países avançados (4,5%) e emergentes (6,6%). Falta resolver, no Brasil, um problema bem anterior à covid-19, o baixo potencial de crescimento.

Monica de Bolle: O Brasil com vírus.



Aumentam as chances de que a queda do PIB seja maior do que deveria e também a probabilidade de que a taxa de desemprego fique extremamente elevada.

Tratemos de reconhecer que o vírus derruba tetos e PIBs, aumenta dívidas e desemprego. Tratemos de entender que ele é soberano.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Delfim Netto no Estadão: ‘‘Querem cortar combustível do Posto Ipiranga”.

https://cultura.estadao.com.br/blogs/direto-da-fonte/querem-cortar-combustivel-do-posto-ipiranga-afirma-delfim-neto/



Sonia Racy
27 de abril de 2020 | 00h40

ANTONIO DELFIM NETTO FOTO WERTHER SANTANA ESTADÃO
Ex-ministro da Fazenda, Agricultura e do Planejamento (cargos exercidos durante a ditadura militar), Antonio Delfim Netto está atônito com as últimas notícias vindas de Brasília, inclusive a que levanta a possibilidade de Paulo Guedes deixar o ministério da Economia. “Como a gente costuma brincar aqui, parece que querem cortar o combustível do Posto Ipiranga”, diz.
Questionado sobre o programa Pró-Brasil da ala militar do governo Bolsonaro, lançado terça-feira e apoiado em cinco power points, o pai do “milagre econômico” dos anos 70 avalia: “Permita-me dizer, primeiro, que nunca houve milagres, seria um efeito sem causa. Houve sim, o duro trabalho. No caso desse projeto, trata-se de coisa de amador produzidas por mágicos atacados por um keynesianismo hidráulico, semelhante aos planos do governo Geisel”, explica o economista.
Ele relembra que o general- presidente adorava gráficos exponenciais no papel e que nunca viraram realidade. “Toda vez que os militares se envolvem em programas econômicos, revelam saudades do velho ‘tenentismo’ e terminam muito mal”. Para Delfim, o último a tentar um projeto deste tipo foi o general Albuquerque Lima, que “fez um curso madureza na Cepal e formulou o programa que encantou a famosa linha dura. Se tivesse ido à frente, o País tinha afundado”.
O economista de 91 anos pondera que o Brasil inicia um processo que “vai se desenrolar dolorosamente”, acreditando que Bolsonaro até pode sofrer impeachment mas jamais vai renunciar. “Minha convicção é que o MPF, juntando o que é conhecido pelo STF, vai saber quem financia e quem financiou, quem promoveu e quem continua promovendo os ataques às instituições, quem estava por trás das fake news. Os porões do Planalto e os filhos de Bolsonaro estão nisso até a cabeça”, desconfia.
Amparado também pela experiência de 20 anos como deputado federal por São Paulo (de 1987 a 2007), Delfim Netto salienta que o grande problema de Bolsonaro diante da crise (não a da covid-19) é que, apesar do vasto passado como deputado, pouco fez.

domingo, 26 de abril de 2020

Affonso Celso Pastore no Estadão: Estadistas, populistas e a pandemia.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,estadistas-populistas-e-a-pandemia,70003283145

Em um momento difícil como este, é natural que no Brasil haja divergências. Empresários que construíram suas empresas com o duro trabalho de décadas temem perdê-las ou a duras penas ter de reconstruí-las. Pessoas humildes em cujas casas pobres vivem inúmeros familiares perderam sua renda, passando a viver de transferências do governo. Nos dois casos, a tentação é atribuir a culpa ao distanciamento social e, quando cai o número de mortes, ambos lutam para que este acabe, sem se dar conta que a queda do número de mortes é a consequência do afastamento ocorrido anteriormente. A experiência do Japão e de Cingapura mostraram que é um erro abandonar precocemente a quarentena. Caberia ao governo explicar à sociedade a inevitabilidade da quarentena, trabalhando em um protocolo de saída que evite um aumento do contágio, e não se acovardando em tomar as medidas compensatórias que reduzam o custo durante o período de isolamento. 

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Estadão: A pandemia nas contas públicas.

https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,a-pandemia-nas-contas-publicas,70003272547


Quando a pandemia ceder e a mortandade cair, o Brasil começará a pagar a conta dos gastos emergenciais para proteção da vida e apoio aos trabalhadores. Até dezembro o rombo nas contas públicas poderá chegar a R$ 600 bilhões, sem contar os juros. O buraco previsto no começo do ano será multiplicado por quatro ou cinco. O governo geral estará muito mais endividado. No fim de 2020 a dívida bruta poderá estar entre 85% e 90% do Produto Interno Bruto (PIB). Em fevereiro, estava em R$ 611 bilhões e a proporção era de 76,5%. Com muito trabalho, a equipe econômica tentava mantê-la abaixo de 80%. 

terça-feira, 14 de abril de 2020

Estadão: Lições de Winston Churchill para líderes globais em tempos de crise.




Era 1945. A segunda grande guerra havia acabado. Havia acabado! E esse foi o sinal para uma explosão de alegria em todo mundo. O dever de deter o inimigo maior havia sido concluído com um desfecho pouco provável cinco anos antes, quando poucos se colocaram à frente de Hitler. Um desses homens era Winston Churchill. Naquele momento de vitória, se dirigindo à nação que havia sofrido o impensável, o primeiro-ministro surpreendeu. Como era habitual. “Gostaria de poder dizer-lhes esta noite que toda a nossa labuta e todos os nossos problemas estão terminados.” Não estavam, como a maioria testemunharia pelas décadas seguintes.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...