Li na FOLHA a análise do GUARDIAN sobre a atual "política monetária" americana.
Bancos centrais precisam de
credibilidade. A habilidade de se comprometer de modo firme com uma determinada
política monetária produz expectativas nos mercados e transmite sinais
importantes para a economia real.
Além disso, a credibilidade do Fed, o
banco central norte-americano, permite que ele use suas ferramentas de
comunicação para moldar essas expectativas, o que deveria favorecer a atividade
econômica como um todo.
Desse ponto de vista, fica bastante
claro que o Fed tinha de anunciar uma nova rodada de relaxamento monetário
("quantitative easing", a prática de compra de títulos do Tesouro que
injeta dinheiro na economia) ao final da sua reunião de ontem.
Como havia sido demonstrado pelos quatro
últimos relatórios sobre desemprego nos EUA - nenhum deles mostrou crescimento
no emprego, na renda ou na força de trabalho - as condições da economia do país
são frágeis.
Além disso, os americanos ainda estão
tendo de se haver com a retração no crescimento mundial e com o fantasma de
possíveis choques financeiros advindos da Europa.
Se o Fed tivesse deixado de agir, os
mercados só poderiam concluir que ou o banco central americano não compreende
as condições da economia - o que é improvável - ou que sua credibilidade foi
minada. E o Fed não se arriscaria a esse ponto.
Isso não significa, no entanto, que
novas intervenções do banco central serão capazes, por si sós, de estimular o
crescimento do país.
O próprio presidente do Fed, Ben
Bernanke, disse que "a política monetária não pode, sozinha, obter
os mesmos efeitos de um conjunto maior e mais equilibrado de medidas
econômicas; em especial, ela não é capaz de neutralizar os riscos fiscais e
financeiros que o país enfrenta".
Os EUA precisam de reformas
fiscais e orçamentárias, que são fundamentais, especialmente em setores como
saúde e aposentadorias.
Pode-se dizer que as medidas de política
monetária resultam em poucos benefícios, mas vale a pena implantá-las. O custo
delas, porém, é considerável, e vai de inflação ao risco de politização do Fed.
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