O cenário básico do Comitê de Política Monetária (Copom) contempla
estabilização da atividade econômica no curto prazo e possível retomada gradual
ao longo dos próximos trimestres, em contexto de elevado nível de ociosidade na
economia. A evolução dos preços evidencia processo de desinflação em curso. Os
índices de preços, embora desacelerassem no trimestre encerrado em agosto,
registraram inflação acima das expectativas para o período, refletindo
arrefecimento de preços em intensidade inferior ao padrão sazonal. A despeito
desse comportamento recente, as perspectivas são de continuidade do processo de
desinflação nos próximos trimestres. Essa expectativa é corroborada pelas
projeções produzidas pelo Copom e por medidas de expectativas de inflação
apuradas pela pesquisa Focus. No entanto, a velocidade de desinflação permanece
incerta. No âmbito externo, o cenário ainda apresenta interregno benigno para
economias emergentes. No entanto, as incertezas sobre o crescimento da economia
global e, especialmente, sobre a normalização das condições monetárias nos
Estados Unidos da América (EUA) persistem. A inflação medida pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no trimestre encerrado em agosto
ficou 0,48 pontos percentuais (p.p.) acima das projeções do Copom feitas à
época do Relatório de junho. Identificam-se aqui os componentes que produziram
as maiores discrepâncias nesse período, e apresentam-se projeções para a
inflação do IPCA para os meses de setembro, outubro e novembro, de 0,19%, 0,40%
e 0,45%, respectivamente. No que se refere a projeções condicionais de
inflação, de acordo com os procedimentos tradicionalmente adotados, no cenário
de referência projeta-se inflação de 7,3% em 2016, de 4,4% em 2017 e de 3,8% em
2018. No cenário de mercado, as projeções apontam inflação de 7,3% em 2016, de
4,9% em 2017 e de 4,6% em 2018. A extensão das projeções até o quarto trimestre
de 2018 cumpre o papel de cobrir a totalidade dos anos-calendário para os quais
já há definição das metas para a inflação por parte do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Este Relatório apresenta, ainda, dois cenários adicionais que combinam
hipóteses dos cenários de referência e de mercado. O boxe “Projeção para o PIB
de 2017 e revisão para o de 2016” apresenta projeções para o crescimento da
economia. A projeção para 2016 foi mantida em -3,3%, mas sofreu pequenas
mudanças de composição. Para 2017, a projeção de crescimento atinge 1,3%. O
Copom avalia que uma flexibilização das condições monetárias dependerá de
fatores que permitam que os membros do Comitê tenham maior confiança no alcance
das metas para a inflação. Dentre os elementos que podem permitir maior
confiança no alcance das metas, o Comitê destaca os seguintes fatores
domésticos: (i) que a persistência dos efeitos do choque de alimentos na
inflação seja limitada; (ii) que os componentes do IPCA mais sensíveis à
política monetária e à atividade econômica indiquem desinflação em velocidade
adequada; e (iii) que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e a implementação
dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de
ajuste fiscal e seus respectivos impactos sobre a inflação. Em relação ao
primeiro fator, evidências recentes indicam que a queda nos preços de alimentos
no atacado tem se transmitido para o varejo. Além disso, projeções para
subitens de alimentos parecem mostrar maior segurança no processo de reversão
do choque de preços nesse setor. De fato, uma parte da resistência recente à
queda da inflação corrente parece ter sido causada por choques temporários nos
preços de alimentos. O Copom se manterá atento a sinais de que essa resistência
também possa advir de mecanismos inerciais. No que tange ao segundo fator,
ainda há sinais inconclusivos quanto à velocidade de desinflação em direção à
meta, como mostra o Boxe “Inflação no setor de serviços” deste Relatório. O
Copom avaliará (i) a tendência de desinflação de diversas medidas da inflação
de serviços; e (ii) os efeitos secundários que a desinflação desse grupo poderá
ter sobre outros componentes do IPCA. Quanto ao terceiro fator, há sinais
positivos em relação ao encaminhamento e à apreciação das reformas fiscais.
Entretanto, o processo de tramitação ainda está no início e as incertezas
quanto à aprovação e à implementação dos ajustes necessários permanecem. Essas
reformas são relevantes para o Banco Central na medida em que têm impacto sobre
o balanço de riscos e a trajetória da inflação em relação ao alcance das metas.
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