A projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em
2016, incorporando os resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) para o primeiro trimestre do ano e estatísticas
disponíveis para o segundo trimestre, foi revisada de -3,5%, no Relatório
anterior, para -3,3%. O PIB recuou 3,8% em 2015.
Estima-se recuo de 1,1% para a
produção agropecuária, ante expansão de 0,2% em março, reversão decorrente de
revisões para baixo nas projeções do IBGE para as safras de soja,
cana-de-açúcar e milho, que deverão diminuir 0,4%, 2,6% e 14,1%,
respectivamente, no ano.
A projeção para a retração da indústria diminuiu de
5,8%, em março, para 4,6%. A melhora reflete o desempenho acima do esperado
para o setor no primeiro trimestre e a evolução de indicadores coincidentes no
segundo trimestre. Destaque para as revisões nas projeções para os segmentos
indústria de transformação (de -8,0% para -6,1%) e distribuição de eletricidade,
gás e água (de 1,0% para 4,1%). A estimativa para o recuo na indústria
extrativa aumentou de 4,7% para 4,8%, enquanto a taxa esperada para o setor de
construção civil passou de -5,0% para -5,5%, alteração consistente com o
aprofundamento da distensão no mercado de trabalho, com a piora das condições
no mercado de crédito e com o patamar reduzido da confiança dos agentes
econômicos.
A estimativa para o recuo no setor terciário em 2016 manteve-se em
2,4%, com recuos mais pronunciados para as atividades comércio (6,5%),
transportes, armazenagem e correio (5,0%) e outros serviços (2,3%). Apenas o
segmento atividades imobiliárias e de aluguel não deverá apresentar desempenho
negativo no ano, mas estabilidade.
No âmbito dos componentes domésticos da demanda
agregada, projeta-se recuo de 4,0% para o consumo das famílias (-3,3% em
março), piora consistente com o desempenho do componente no primeiro trimestre e com o
processo de distensão em curso no mercado de trabalho. O consumo do governo
deve recuar 0,8% (-0,7% em março) e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF),
11,6% (-13,0% em março), terceira retração anual consecutiva, impactada pelos
desempenhos negativos projetados para a construção civil e para a absorção de
bens de capital.
As exportações e as importações de bens e serviços devem
variar 7,5% e -14,0%, ante 6,0% e -15,0%, respectivamente, no Relatório de
março, alteração em linha com os resultados do primeiro trimestre e com indicadores
coincidentes referentes ao segundo trimestre. A evolução projetada para as
exportações, em ambiente de retomada moderada da atividade econômica global,
reflete o desempenho positivo das categorias de produtos básicos e de
industrializados, este influenciado pelos ganhos de competitividade decorrentes
da depreciação do real. O desempenho das importações é consistente com o
ambiente de retração da atividade interna. Nesse cenário, as contribuições da
demanda interna e do setor externo para a evolução do PIB em 2016 estão
estimadas em -6,3 p.p. e 3 p.p., respectivamente (-6,4 p.p. e 2,9 p.p., na
ordem, no relatório de março).