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domingo, 19 de outubro de 2014

Desilusões.

Na Folha de S. Paulo de hoje, uma bela reflexão do atual momento econômico e político. 
Solicito ao meu e-leitor uma leitura isenta e que possa melhor colaborar com as suas ideias no próximo dia 26. 
Um ótimo domingo a todos. 

No que depender dos debates entre os candidatos a presidente da República ou de suas propagandas políticas em horário pago pelo contribuinte, o eleitor votará no próximo domingo (26) pouco esclarecido a respeito dos estreitos limites econômicos dentro dos quais o Brasil precisará ser governado.
Tão certa quanto as dificuldades presentes, porém, é a necessidade de o país registrar taxas de expansão condizentes com o futuro que a nação enxerga para si.
As coisas não vão bem. De 2011 a 2014, nossa economia terá crescido à média anual de 1,6%. A renda por habitante terá avançado 0,7% ao ano -- nesse ritmo, dobrará de tamanho somente após um século.
Talvez não seja grande problema para países cujo PIB per capita supera US$ 40 mil anuais, como os EUA, a Alemanha e a Suécia. Para o Brasil e seus medianos US$ 11 mil, ter passado quatro anos perto da estagnação é uma lástima.
A fim de enfrentar os desafios de desenvolvimento de uma sociedade que se aproximará dos 230 milhões de habitantes em 30 anos, a marcha da renda per capita brasileira precisaria quadruplicar. Isso significa elevar o incremento do PIB para 3,5% ao ano, em média.
As candidaturas finalistas desta eleição presidencial por certo concordam com tal diretriz. Quando, contudo, deveriam consignar os meios que defendem e os compromissos que se dispõem a assumir para chegar a esse resultado, nenhuma oferece resposta suficiente.
Veio da presidente Dilma Rousseff (PT) a iniciativa mais frustrante. As peças que fez publicar e os textos que veiculou a título de programa de governo não se distinguem da panfletagem publicitária.
A autocrítica à condução equivocada da economia nos últimos quatro anos apenas se entrevê no palavrório estéril de slogans como "Governo novo, ideias novas" ou "Mais mudanças, mais futuro". Insinua-se também no gesto inusitado de anunciar a troca do ministro da Fazenda em caso de reeleição.
No plano entregue à Justiça Eleitoral, destaca-se, por ironia, a ideia de uma política econômica sólida, "intransigente no combate à inflação e que proporcione um crescimento econômico e social robusto e sustentável". A diretriz da candidata trai a gestão da presidente.
O senador Aécio Neves (PSDB), por sua vez, preocupou-se em satisfazer o direito do eleitor de conhecer parte do que o candidato pretende fazer na economia.
Compromete-se, por exemplo, com garantir autonomia ao Banco Central, perseguir o centro da meta da inflação e diminuí-la ao longo do mandato, além de equacionar arrecadação e gastos (inclusive com subsídios camuflados nos bancos públicos) com o propósito de reduzir a dívida pública.
O tucano, entretanto, tenta iludir o público com a ideia de que sua simples chegada ao poder provocaria um choque de confiança capaz de bem encaminhar os principais problemas econômicos do país. É uma falácia que ajuda a lançar uma cortina de fumaça sobre sua verdadeira agenda de governo.
A semiestagnação produtiva e os desequilíbrios da atual política econômica demandarão decisões custosas e impopulares de qualquer um que seja eleito.
Diante da candura ora demonstrada por Aécio e Dilma, e considerando a divisão do eleitorado, pode-se prever uma onda de decepção popular com o presidente nos próximos dois anos, pelo menos.
A decepção virá, por exemplo, porque a escolha de recuperar o dilapidado índice de poupança do governo federal (o chamado superavit fiscal) implica aumentar a coleta de impostos dos contribuintes.
A carga tributária já é elevadíssima, mas deixar tudo como está acarretará deterioração adicional das finanças públicas, crescimento da dívida do governo e aumento dos juros para toda a sociedade.
Outro dilema cuja resolução produzirá descontentamento envolve energia elétrica e combustíveis. Parece inevitável um aumento significativo na conta de luz e na bomba de gasolina, o que produz impactos importantes também na inflação.
Os candidatos contornam o assunto agora para ganhar os votos daqueles que, no futuro, poderão vir a criticá-los pela desfaçatez.
Se a gestão imediata dos assuntos econômicos já se revela desgastante, que dirá dos temas estruturais do desenvolvimento. Nem Aécio Neves nem Dilma Rousseff dizem como lidarão com a Previdência. Trata-se, todavia, da maior fonte de despesas sociais do Brasil.
A necessidade de recursos e a dificuldade de encontrá-los só aumentarão com o envelhecimento da população; há distorções claras, como no dispêndio com pensões por morte e aposentadoria de servidores; o regime de reajustes vinculados ao salário mínimo implica elevação obrigatória da parcela do PIB destinada ao governo.
Como se isso fosse irrelevante, os candidatos silenciam. Entretanto, se nada for feito em relação a todos esses pontos, o Brasil vai crescer menos no futuro próximo, porque faltará dinheiro para investir na produção e na educação, para citar dois setores diretamente associados a um ciclo virtuoso.
O Brasil só se livrará da enrascada do baixo crescimento -- e da maldição de atravessar este século aferrado ao clube dos países de renda apenas média -- com um contínuo e significativo incremento na quantidade de bens e serviços produzidos por trabalhador.

Não será fácil, e a omissão risonha e o descompromisso que os candidatos demonstram na campanha só tornarão mais amargas as desilusões dos próximos anos.

sábado, 18 de outubro de 2014

As diferenças nas ideias econômicas de Aécio e Dilma.

Texto na revista ÉPOCA desta semana, relaciona as as diferenças nas ideias econômicas de Aécio Neves e Dilma Rousseff e isso é muito importante neste momento de eleições. 

Para os meus ainda fiéis leitores e eleitores, uma boa reflexão ainda nesta semana, antes do dia 26. 

Os candidatos Aécio Neves, do PSDB, e Dilma Rousseff, do PT, rolaram na lama nos últimos dias, atracados numa violenta briga eleitoral. Acusações e denúncias têm seu papel no debate. Parte dos eleitores decide o voto na suposição de que um candidato seja mais honesto que outro. Mas a parte dos eleitores que prefere escolher ideias se sente abandonada, ao tentar encontrar algum diamante no meio do lamaçal. Por isso, vale a pena avaliar com carinho as ideias em confronto. Os dois candidatos e seus partidos representam hoje visões bem distintas sobre como funciona a economia e como um governo pode contribuir com a prosperidade dos cidadãos. Para esclarecê-las, convidamos economistas ligados às duas campanhas a explicar suas ideias.

Tanto o ideário econômico de Aécio como o de Dilma resultam da interação de diferentes correntes de pensamento. No caso de Aécio, a mais evidente no momento é o princípio do liberalismo econômico. Na tradição brasileira, liberais defendem que o Estado seja comedido. Cabe ao governo cumprir funções fundamentais, como prover segurança, educação, ou garantir a estabilidade econômica – controlar a inflação, dar bom rumo às contas públicas e revelar com transparência como cumpre essas tarefas. “O PSDB de hoje acredita que cabe ao mercado usar os recursos da melhor forma possível e ao Estado criar regras apenas para corrigir as falhas de mercado”, diz o economista Fernando Holanda Barbosa Filho, professor do Ibre-FGV.

Liberal em economia, no Brasil, é o governo que dá o máximo de liberdade possível aos agentes, como os profissionais e as empresas. Por esse credo, se o cenário econômico for estável e as regras claras, as empresas farão planos, investirão e criarão empregos. O grande nome dessa corrente no Brasil é o economista Eugênio Gudin (1886-1986). Mas não há sentido em chamar Aécio e o PSDB de economicamente liberais, muito menos xingá-los de “neoliberais”. O liberalismo é um princípio, não um programa de governo. Pode-se usá-lo com diferentes intensidades. No Brasil, uma boa dose seria bem-vinda, pois nossa economia ainda é fechada ao mundo, tem presença exagerada do Estado em comparação com países desenvolvidos e barra com burocracia o caminho dos empreendimentos. Resolver esses entraves exige uma aplicação bem calibrada de liberalismo.

A influência dos economistas liberais no PSDB começou no governo Itamar Franco, em 1993. O então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, incumbido de enfrentar a hiperinflação, reuniu um grupo deles. A reunião resultou no Plano Real e no fim da hiperinflação. Esses economistas mantiveram sua influência no governo Fernando Henrique, a partir de 1994. Eles apresentaram ao país conceitos importantes de gestão pública, como responsabilidade fiscal, metas de inflação e agências reguladoras com autonomia, de que nos beneficiamos até hoje. O pensamento econômico liberal deverá se manter em alta no partido, caso Aécio seja eleito, porque se opõe frontalmente à estratégia econômica do governo Dilma. “Há duas visões do que é incentivo a quem produz e cria empregos. Para o PT, é dar dinheiro, subsídio, financiamento. Para o PSDB, é criar regras atraentes, inspirar credibilidade, confiança”, diz a economista Monica de Bolle, doutora em economia pela London School of Economics. Pesquisadora visitante no Wilson Center, nos Estados Unidos, ela hoje prepara um livro crítico sobre o governo Dilma Rousseff.

O liberalismo dos economistas que apoiam Aécio é temperado com a social-democracia. Trata-se de uma ideia nascida na Europa, na segunda metade do século XIX. Originalmente, defendia uma transição pacífica do capitalismo para o socialismo. Ao longo do século XX, evoluiu. Deixou para trás conceitos empoeirados, como o conflito de classes e a vilipendiação do empresário. Na concepção moderna, busca justiça social sem abrir mão da economia de livre mercado. Esse conceito fundamental norteou a criação do PSDB, em 1988.

Dilma também se alimentou de duas fontes principais para formar seu credo econômico. Ela é uma desenvolvimentista. Essa corrente de pensamento surgiu em países subdesenvolvidos, em reação à Grande Depressão, iniciada em 1929. A crise varreu o mundo – no Brasil, sumiram os empregos na lavoura cafeeira, principal atividade do país naquela época. Nesse cenário, surgiram economistas dispostos a não dar chance ao acaso e garantir o desenvolvimento por meio de planejamento estatal. No Brasil, o principal nome dessa escola econômica foi Celso Furtado (1920-2004). Dilma, como boa desenvolvimentista, acredita que cabe ao governo mais que regular e garantir estabilidade. Por essa visão de mundo, cabe ao Estado fazer o que for necessário para promover o crescimento – investir, contratar, emprestar ou produzir ele mesmo. A “nova matriz econômica” defendida pelo governo Dilma nos últimos anos consistiu em tolerar mais inflação, oferecer mais crédito e estimular o consumo. Essa receita deveria incentivar as empresas a investir mais, para atender os consumidores. Esse resultado, até o momento, não apareceu. O governo passou também a agir de maneira pontual, com subsídios e intervenções em setores que considerou estratégicos e com apoio a grandes empresas que considerou ter chances de se tornar multinacionais com poder de fogo global. Esse curso de ação manteve empacados o investimento e a produtividade. Seu efeito positivo foi disseminar o surgimento de empregos, mesmo que de baixa remuneração e qualificação. A combinação de baixo desemprego, aumento real do salário mínimo, expansão do Bolsa Fa­mília e da oferta de crédito teve efeito poderoso no bem-estar dos brasileiros durante a maior parte dos 12 anos de governo petista. “O PT dá mais ênfase às políticas sociais. Por essa visão, o Estado é importante para contribuir com a redução das desigualdades sociais, porque o mercado é incapaz de propiciar isso à população excluída do sistema. Estamos num país com desigualdades muito gritantes”, afirma o economista Fabrício de Oliveira, ex-professor da Unicamp e da UFMG. Oliveira foi um dos economistas a assinar o manifesto “O Brasil não quer voltar atrás”, de apoio a Dilma, publicado na terça, dia 14.


A outra fonte em que bebe o pensamento econômico de Dilma é o trabalhismo. Ela iniciou carreira no PDT, representante de uma esquerda moderada e pragmática, orientada para a conquista de resultados para os assalariados. O PT nasceu em 1980, num momento em que o ideário socialista ainda cativava, mundo afora, os idealistas ingênuos, os desiludidos com a democracia e os desinformados de economia – ainda que já se comprometesse mais com resultados práticos do que com princípios ideológicos. Mesmo assim, o PT era um partido sectário, que tendia a dividir o mundo em explorados e exploradores. Essa visão de mundo evoluiu gradualmente, à medida que ganharam força, no exterior, movimentos trabalhistas mais dispostos a negociar e a buscar resultados práticos. Formou-se nesse caldeirão o maior líder do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma ingressou no PT em 2001 e mostrou-se mais apegada a ideologias que Lula. No momento, é difícil ver isso como uma vantagem. 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

MANIFESTO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DE ECONOMIA.

Este texto é um manifesto de um grupo de 164 professores universitários de Economia, ligados a diversas instituições no Brasil e no exterior. O nosso objetivo é desconstruir um dos inúmeros argumentos falaciosos ventilados na campanha eleitoral.

1) Não há, no momento, uma crise internacional generalizada.
Alguns de nossos pares na América Latina, uma região bastante sensível a turbulências na economia mundial, estão em franca expansão econômica.
Projeta-se, por exemplo, que a Colômbia cresça 4,8% em 2014, com inflação de 2,8%. Já a economia peruana deve crescer 3,6%, com inflação de 3,2%. O México deve crescer 2,4%, com inflação de 3,9%.1
No Brasil, teremos crescimento próximo de zero com a inflação próxima de 6,5%.
Entre as 38 economias com estatísticas de crescimento do PIB disponíveis no sítio da OCDE, apenas Brasil, Argentina, Islândia e Itália encontram-se em recessão.
Como todos os países fazem parte da mesma economia global, não pode haver crise internacional generalizada apenas para alguns.
É emblemático que, dentre os países da América do Sul, apenas Argentina e Venezuela devem crescer menos que o Brasil em 2014.1
2) Neste cenário de baixo crescimento e inflação alta, a semente do desemprego está plantada. E os avanços sociais obtidos com muito sacrifício ao longo das últimas décadas estão em risco.
 3) O atual governo tenta se eximir de qualquer responsabilidade pelo nosso desempenho econômico pífio e culpa a crise internacional. Entretanto, como a realidade dos fatos mostra que não há crise internacional generalizada, a explicação só pode ser outra.
 4) Em grande parte, atribuímos o desempenho medíocre da economia brasileira e a perspectiva de retrocesso nas conquistas sociais às políticas econômicas equivocadas do atual governo. 
5) O atual governo ressuscitou os fantasmas da inflação e da instabilidade macroeconômica.
Uma política monetária inadequada gerou a suspeita de intervenções de cunho político no Banco Central, que foi fatal para sua credibilidade.
A utilização recorrente de truques contábeis destruiu a confiança na política fiscal.
Esta combinação de políticas monetária e fiscal opacas e inadequadas gerou um cenário macroeconômico extremamente adverso, com inflação alta e crescimento baixo. 
6) O governo Dilma amedrontou os investimentos.
Houve mudanças constantes e inesperadas de regras, como alterações arbitrárias de alíquotas de impostos.
Diante desta instabilidade das regras do jogo, a desconfiança aumentou e o horizonte dos empresários encurtou.
O acesso privilegiado aos órgãos governamentais passou a ser uma atividade mais lucrativa que o planejamento e investimento de longo prazo. 
7) A mudança das regras do jogo não afetou apenas a iniciativa privada.
O excesso de intervencionismo nas empresas estatais, como o represamento artificial dos preços de energia e gasolina, minou a capacidade de investimento dessas empresas.
Por conta de empreendimentos questionáveis do ponto de vista econômico, a capacidade de investimento da Petrobrás foi comprometida. 
8) O atual governo expandiu a oferta de crédito subsidiado de forma discricionária e irresponsável.
A distribuição arbitrária de crédito subsidiado produz distorções na alocação de recursos do país e contribui para o baixo crescimento econômico.
Os subsídios envolvidos geram altos custos fiscais que o atual governo tenta esconder com malabarismos e truques contábeis. Estes expedientes destruíram a confiança nas estatísticas fiscais do país.
Os recursos gastos na forma de subsídios injustificados poderiam ser utilizados para ampliar programas sociais e investimentos públicos em educação, saúde e infra-estrutura.
O Brasil precisa continuar avançando na direção de uma sociedade mais justa e igualitária, com melhor distribuição de renda.
Além de deletéria para o desenvolvimento do país, a política de distribuição arbitrária de crédito subsidiado para grandes grupos econômicos é concentradora de renda.
No ambiente econômico do Brasil de hoje, os frutos de um novo empreendimento podem ser facilmente corroídos por mudanças inesperadas nas regras do jogo, pela alta inflação e pelo baixo crescimento econômico. Portanto, não é surpreendente que o investimento tenha colapsado. Sem investimento, o Brasil jamais retomará o seu caminho para o desenvolvimento. E sem desenvolvimento, os avanços sociais obtidos com muito sacrifício ao longo das últimas décadas sofrerão retrocessos.
O Brasil tem sérios desafios pela frente e para enfrentá-los precisamos de um debate transparente e intelectualmente honesto. Ao usar de sua propaganda eleitoral e exposição na mídia para colocar a culpa pelo fraco desempenho econômico recente na conjuntura internacional, se eximindo da sua responsabilidade por escolhas equivocadas de políticas econômicas, o atual governo recorre a argumentos falaciosos. 

14 de outubro de 2014

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Aécio e Dilma: a economia decidirá o resultado.


Sou ibiapinense, cearense, nordestino, brasileiro e há vários anos acompanho as disputas eleitorais. Trabalho desde muito cedo e conheço razoavelmente desde as grandes metrópoles até os diversos grotões deste grande Brasil. Na atual disputa eleitoral, agora em sua fase final, tenho acompanhando a devida posição política de cada um dos que me seguem nas redes sociais e, com a devida atenção, observado como cada um defende o seu voto, alguns de forma bastante sectária. Isso, porém faz parte da democracia, que como disse Sir Winston Leonard Spencer-Churchill "a democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas."
Isso posto, respeito à individualidade das opiniões e peço apenas que reflitam bem antes do próximo dia 26 sobre o seu próprio voto. Procurem pensar no Brasil que desejamos e que, lamentavelmente, na atual conjuntura, não temos uma liderança inconteste para realizar a transformação que coloque todo o Brasil como um país de primeiro mundo mesmo. De qualquer maneira as candidaturas de Aécio Neves e Dilma Rousseff estão neste momento concorrendo pela Presidência da República e pleiteando o seu, o meu, o nosso voto.
Apesar de ser contrário ao voto obrigatório, espero que todos que estarão presentes ao ato de votar, realmente pensem no que for o melhor para o Brasil. Infelizmente dia 26 estarei em Limeira – SP e não poderei realizar a minha própria escolha. No entanto, tenho a certeza que vocês optarão pelo o que temos hoje de melhor para o BRASIL

domingo, 12 de outubro de 2014

Na homenagem de Dilma a FHC em 2011, um gesto de grandeza pessoal.

Em 2011 Dilma Rousseff educadamente enviou ao Fernando Henrique a mensagem abaixo em comemoração aos 80 anos do mesmo. É uma pena que este diálogo não tenha perdurado e tenhamos que assistir nesta eleição a ataques e mentiras sem nenhum confronto de ideias.     

Em seus 80 anos há muitas características do senhor Fernando Henrique Cardoso a homenagear. O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica. Mas quero aqui destacar também o democrata. O espírito do jovem que lutou pelos seus ideais, que perduram até os dias de hoje. Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato. Fernando Henrique foi o primeiro presidente eleito desde Juscelino Kubitschek a dar posse a um sucessor oposicionista igualmente eleito. Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas, justamente por isso, maior é minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de ideias. Querido presidente, meus parabéns e um afetuoso abraço!”

Minhas irritações com a presidente.

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, 79, advogado, é professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra e escreveu este artigo na Folha de S. Paulo.
Para reflexão dos indecisos de segundo turno... 
Em 16 de março de 2011, publiquei nesta Folha um artigo em que apoiava a presidente Dilma e seu vice, Michel Temer --meu confrade em duas Academias e companheiro de conferências universitárias--, pelas ideias apresentadas para o combate à corrupção e a promoção do desenvolvimento nacional.
Como mero cidadão, não ligado a qualquer partido ou governo, tenho, quase quatro anos depois, o direito de expressar minha irritação com o fracasso de seu governo e com as afirmações não verdadeiras de que o Brasil economicamente é uma maravilha e que seu governo é o paladino da luta contra a corrupção.
Começo pela corrupção. Não é verdade que, graças a ela, os oito anos de assalto à maior empresa do Brasil, estão sendo rigorosamente investigados. Se quisesse mesmo fazê-lo, teria apoiado a CPI para apurar os fantásticos desvios, no Congresso Nacional.
A investigação se deve à independência e à qualidade da Polícia e do Ministério Público federais que agem com autonomia e não prestam vênia aos detentores do poder. Nem é verdade que demitiu o principal diretor envolvido. Este, ao pedir demissão, recebeu alcandorados elogios pelos serviços prestados!
Por outro lado, não é verdade que a economia vai bem. Vai muito mal. Os recordes sucessivos de baixo crescimento, culminando, em 2014, com um PIB previsto em 0,3% pelo FMI, demonstram que seu ministro da Fazenda especializou-se em nunca acertar prognósticos.
Acrescente-se que também não é verdade que controla a inflação, pois, se o PIB baixo decorresse de austeridade fiscal, estaria ela sob controle. O teto das metas, arranhado permanentemente, demonstra que a presidente gerou um baixo PIB e alta inflação.
Adotando a pior das formas de seu controle, que é o congelamento de tarifas, afetou a Petrobras e a Eletrobras, fragilizando o setor energético, além de destruir a indústria de etanol, sem perceber que desde Hamurabi (em torno de 1700 a.C.) e Diocleciano (301 d.C.) o controle de preços, que fere as leis da economia de mercado, fracassou, como se vê nas economias argentina e venezuelana, que estão em frangalhos.
O mais curioso é que o Plano Real, que tanto foi combatido por Lula e pelo PT, é o que ainda dá alguma sustentação à Presidência.
Em matéria de comércio internacional, os governos anteriores aos atuais conseguiram expressivos saldos na balança comercial, que foram eliminados pela presidente Dilma. Apenas com artimanhas de falsas exportações é que conseguiu obter inexpressivos saldos. O "superavit primário" nem vale a pena falar, pois os truques contábeis são tantos, que, se qualquer empresa privada os fizesse, teria autos de infração elevadíssimos.
Seu principal eleitor (o programa Bolsa Família) consome apenas 3% da receita tributária. Os 97% restantes são desperdiçados entre 22 mil cargos comissionados, 39 ministérios, obras superfaturadas, na visão do Tribunal de Contas da União, e incompletas.
Tenho, pois, como cidadão que elogiou Sua Senhoria, no início --para mim Sua Excelência é o cidadão, a quem a presidente deve servir--, o direito de, no fim de seu governo, mostrar a minha profunda decepção com o desastre econômico que gerou e que me preocupa ainda mais, por culpar os que criam riqueza e empregos em discurso que pretende, no estilo marxista, promover o conflito entre ricos e pobres.
Gostaria, neste artigo --ao lembrar as palavras de apoio daquele que escrevi neste mesmo jornal quase quatro anos atrás--, dizer que, infelizmente, o fracasso de seu projeto reduziu o país a um mero exportador de produtos primários, tornando este governo um desastre econômico.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Copa das Copas - Dilma Roussef - 2014

A partir desta quinta-feira, os olhos e os corações do mundo estarão voltados para o Brasil. Trinta e duas seleções, representando o melhor do futebol mundial, estarão disputando a Copa do Mundo, a competição que de quatro em quatro anos transforma a todos nós em torcedores.

É o momento da grande festa internacional do esporte. É também o momento de celebrarmos, graças ao futebol, os valores da competição leal e da convivência pacífica entre os povos. É a oportunidade de revigoramos os valores humanistas de Pierre de Coubertin. Os valores da paz, da concórdia e da tolerância.

A “Copa das Copas”, como carinhosamente a batizamos, será também a Copa pela paz e contra o racismo, a Copa pela inclusão e contra todas as formas de preconceito, a Copa da tolerância, da diversidade, do diálogo, do entendimento e da sustentabilidade.

Organizar a Copa das Copas é motivo de orgulho para os brasileiros. Fora e dentro de campo, estaremos unidos e dedicados a oferecer um grande espetáculo. Durante um mês, os visitantes que estiverem em nosso país poderão constatar que o Brasil vive hoje uma democracia madura e pujante.

O país promoveu, nos últimos doze anos, um dos mais exitosos processos de distribuição de renda, aumento do nível de emprego e inclusão social do mundo. Reduzimos a desigualdade em níveis impressionantes, elevando, em uma década, à classe média 42 milhões de pessoas e retirando da miséria 36 milhões de brasileiros.

Somos também um país que, embora tenha passado há poucas décadas por uma ditadura, tem hoje uma democracia vibrante. Desfrutamos da mais absoluta liberdade e convivemos harmonicamente com manifestações populares e reivindicações, as quais nos ajudam a aperfeiçoar cada vez mais nossas instituições democráticas.

Em todas as 12 cidades-sedes da Copa, os visitantes poderão conviver com um povo alegre, generoso e hospitaleiro. Somos o país da música, das belezas naturais, da diversidade cultural, da harmonia étnica e religiosa, do respeito ao meio ambiente.

De fato, o futebol nasceu na Inglaterra. Nós gostamos de pensar que foi no Brasil que fez sua moradia. Foi aqui que nasceram Pelé, Garrincha, Didi e tantos craques que encantaram milhões de pessoas pelo mundo. Quando a Copa volta ao Brasil depois de 64 anos é como se o futebol estivesse de volta para a sua casa.

Somos o País do Futebol pelo glorioso histórico de cinco campeonatos e pela paixão que cada brasileiro dedica ao seu clube, aos seus ídolos e a sua seleção. O amor do nosso povo por esse esporte já se tornou uma das características de nossa identidade nacional. Para nós o futebol é uma celebração da vida.


Em nome de 201 milhões de brasileiras e brasileiros, estendo as boas-vindas aos torcedores estrangeiros e a todos os visitantes que vierem ao Brasil compartilhar conosco a “Copa das Copas”.

quinta-feira, 27 de março de 2014

O pessimismo de José Serra é verdadeiro?

José Serra, como gostaria que você estivesse errado... 

Com a palavra os meus amigos petistas...

Se falta o rumo, todas as escolhas são ruins.

O presidente a ser eleito neste ano vai receber a pior herança econômica desde Itamar Franco, cuja posse foi em outubro de 1993 em razão da renúncia de Fernando Collor de Mello, que seria fatalmente colhido pelo impeachment.

No baú de heranças negativas estará a falta de manobra na área externa diante de um ambiente econômico internacional pouco fulgurante para o Brasil e da acelerada desindustrialização, que causa pesados déficits na balança comercial.

Também há a pressão fiscal: custeio em alta contínua, despesas crescentes com juros e subsídios selvagens à área energética, semiestagnação econômica, que freia o crescimento da arrecadação, e Estados em má situação orçamentária devida ao ano eleitoral de 2014.

Não haverá, é bem verdade, risco a curto prazo de calotes nas áreas externa ou fiscal, mas nem por isso as agências internacionais de risco, tão atrapalhadas quanto influentes, deixarão de atazanar as expectativas dos investidores em relação à economia brasileira.

O próximo presidente vai enfrentar ainda problemas agudos nas áreas de saúde e de segurança pública, e há a chaga social provocada pelas drogas. Essas três questões são as que mais afligem dois terços dos brasileiros.

Na economia, a inflação reprimida está à espreita. Tarifaços nas áreas de energia elétrica, combustíveis e transportes urbanos serão inevitáveis em 2014, a menos que se replique entre nós a desastrosa experiência do governo dos Kirchners, na Argentina, comprimindo preços, deteriorando a capacidade de cada um desses setores e expandindo ainda mais desabridamente os subsídios fiscais.

Um analista atento e desapaixonado, não precisa ser da oposição, concordará com a tese de que o pior cenário para enfrentar os problemas nacionais seria o sucesso da reeleição. Invertendo o ditado popular, quem pariu Mateus é o menos indicado para embalá-lo.

Com a reeleição não daria para evitar uma deterioração rápida e forte das expectativas sociais e dos agentes econômicos. Não existiria, por exemplo, o voto de confiança de que todo novo governo dispõe para corrigir rumos.

A reeleição da atual presidente também reproduziria a baixa qualidade da gestão governamental, consequência do despreparo da equipe, uma das piores de todos os tempos. A presidente Dilma Rousseff ignorou e continua ignorando o bê-á-bá de qualquer manual de bom governo, segundo o qual ministros, secretários e presidentes de empresas públicas devem entender de sua área específica mais do que o presidente, governador ou prefeito.

Ela nivelou a equipe por baixo e ignorou a prudência, que recomenda que se combine a delegação de funções com o exercício da liderança. Não fez nem uma coisa nem outra.

Chefe de governo tem de definir prioridades, fortalecer os meios, antecipar-se aos acontecimentos, cobrar cronogramas, exercer o comando político e comunicar-se com clareza e coerência com a população. É tudo o que não existe hoje, quando o Brasil vive sob um governo que não sabe o que quer, transforma soluções em problemas, facilidades em dificuldades, e erra a mancheias.

De fato, o foco principal da crise brasileira hoje em dia está no governo. O pesadelo dos agentes econômicos não reside tanto nos indicadores ruins sobre a economia, mas na possibilidade de o governo Dilma se prolongar por mais quatro anos.

Nenhum governo é imune a equívocos, maiores ou menores. Mas a singularidade dos governos do PT foi transformar o que deveria ser uma anomalia em método. O caso da Petrobrás é eloquente.

Havia um sistema de concessões de exploração de petróleo que funcionava bem, expandindo a produção e entregando um enorme poder ao governo para extrair receitas. Mas deu-se nó em pingo d'água e criou-se para o pré-sal um novo método, de "partilha", que tornou obrigatória a presença direta da empresa em cada poço, com um mínimo de 30%.

Como ela não tem capacidade executiva nem recursos para tanto, isso complicou sua situação financeira e operacional, já agravada pelo represamento de seus preços como estratégia para reprimir a inflação.

A gestão incompetente, a falta de pulso do governo e o loteamento político desenfreado levaram também ao fracasso dos investimentos em refinarias.

Em Pernambuco, a construção da Refinaria Abreu e Lima, orçada em US$ 2,5 bilhões, não sairá por menos US$ 20 bilhões e ficará pronta cinco anos depois do prazo. Outras duas, no Maranhão e no Ceará, mal saíram do papel.

No Rio, a Comperj repete a rotina de atrasos, estouro absurdo do orçamento, etc. E há, como sabem os leitores, a pexotada da refinaria de Pasadena. Se faltaram à então ministra e conselheira Dilma Rousseff as informações adequadas para impedir, em 2006, a Petrobrás de fazer um negócio desastroso, ela dispunha, nos anos seguintes, de todos os dados de que precisava para cobrar responsabilidades: como conselheira, ministra e presidente. Os procedimentos em curso na Petrobrás, se aplicados à iniciativa privada, quebrariam qualquer empresa.

As consequências disso tudo são conhecidas: estagnação da produção nacional de petróleo e aumento de cinco vezes do volume importado de gasolina entre 2010 e 2013. Pelo conceito do custo de oportunidade, a perda da Petrobrás no acumulado de janeiro de 2003 a dezembro de 2013 foi de R$ 53,4 bilhões. Tornou-se a empresa de petróleo mais endividada do mundo e perdeu metade do seu valor de mercado.

Além da tragédia da Petrobrás, a era petista produziu outro grande estrago no setor de infraestrutura: desorganizou o sistema elétrico brasileiro. A distância entre o que a Presidência da República pensa que sabe sobre o setor e o que efetivamente sabe é avassaladora e se refletiu numa medida provisória, a MP 579, que não era necessária e serviu de gatilho do atual estrago: aumento alucinante dos subsídios ao setor, preços reprimidos e derrubada da Eletrobrás, cujo valor de mercado representa hoje menos de um sétimo do seu patrimônio líquido.


Para quem não sabe aonde vai todos os caminhos são bons. Quando, no entanto, quem está sem rumo comanda um país, aí todas as escolhas são ruins.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Dilma e os fatos da vida como ela é na economia.

Recente editorial do ESTADÃO e a vida na economia como ela é. 

Fatos da vida podem ser chocantes, mas, com algum cuidado, alguém deveria contar à presidente da República a verdade sobre a meta da inflação: ela é 4,5%, nunca foi alcançada no atual governo e dificilmente será nos próximos dois anos. Sendo uma pessoa forte, a presidente poderia assimilar o choque rapidamente e em seguida repassar a informação a seu ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ambos continuam falando - e isso ocorreu, de novo, no Encontro Nacional da Indústria - como se o alvo oficial fosse qualquer número até 6,5%, limite superior da escandalosa margem de tolerância adotada no País. Os dois apresentaram aos empresários, ao Brasil e ao mundo, como de costume, um país cor-de-rosa, com inflação controlada, contas públicas em ordem, economia saudável e puxada por investimentos e indústria fortalecida por um eficaz programa de desonerações.

Se esse país brilha menos do que poderia, é só por causa da crise internacional e da escassez do crédito ao consumo, as "duas pernas mancas" da economia brasileira, segundo o ministro Mantega. O ministro e sua chefe insistem no esforço de atribuir os problemas brasileiros principalmente a causas externas, como o baixo crescimento do mercado global e a alta de preços das commodities agrícolas, consequência de uma seca nos Estados Unidos. Mas as cotações agrícolas já se acomodaram e o nível geral de preços no País continua a subir. Outros países emergentes têm crescido bem mais que o Brasil, apesar da crise externa, mas o ministro continua discursando como se essa diferença inexistisse.

Além de cor-de-rosa, esse mundo é muito estranho. A produção teria avançado mais, se o crédito ao consumo tivesse crescido, nos últimos meses, tanto quanto vinha crescendo? Acreditar nessa tese é insistir em viver no mundo da fantasia. Em outubro a produção industrial foi 0,6% maior que em setembro, mas a expansão ainda ficou em 1,6% no ano e em 1% em 12 meses. Não há como atribuir esses números a uma desaceleração do consumo. Da mesma forma, é preciso buscar em outros fatores a explicação dos maus resultados da indústria no comércio exterior. A questão relevante é: por que a produção industrial brasileira perde espaço dentro e fora do País?

A resposta é conhecida até em Brasília, mas, segundo a presidente e seus ministros, tudo está sendo feito para elevar a produtividade e melhorar o desempenho do setor. De alguma forma, apesar do discurso tortuoso, a necessidade de mais investimentos é reconhecida pelas autoridades. A presidente mencionou aos industriais o programa de ampliação e modernização da infraestrutura, além da oferta de recursos para o investimento empresarial. Mas deixou de mencionar o enorme atraso na implementação do plano de logística, os erros de concepção das licitações e os fracassos na tentativa de elevar a taxa de investimentos.

No ano passado o País investiu 4% menos que em 2011. O aumento esperado para este ano será, na melhor hipótese, pouco mais que suficiente para neutralizar a queda de 2012. O total investido continuará, quase certamente, inferior a 20% do Produto Interno Bruto (PIB), uma proporção pífia. Nem as estatais, subordinadas à autoridade presidencial, cumprem seu papel. Até outubro, o Grupo Eletrobrás desembolsou apenas 43% do previsto para o ano. Em conjunto, as estatais investiram 75% dos R$ 111 bilhões programados. Desde 2006, a média, em dez meses, era de 82,3% da meta do ano.


Confortável em seu mundo de fantasia, o governo tem errado e continua errando em seu diagnóstico dos problemas econômicos. Insiste em estimular o consumo quando os entraves estão do lado da oferta interna. Reconhece um tanto obscuramente a necessidade de mais investimento para mais produtividade, mas é incapaz de apontar um rumo aos empresários e de oferecer segurança aos investidores. No ano passado os juros foram baixos, pelos padrões históricos, mas o investimento caiu. Impossível, para quem tem alguma percepção, desconhecer a inflação elevada, a piora das contas públicas e a maquiagem como instrumento de política. Nenhum discurso cor-de-rosa anula esses dados. 

domingo, 17 de novembro de 2013

Os economistas da situação e de oposição à política econômica de Dilma Rousseff.


Leio no portal do Ministério do Planejamento, matéria da jornalista Rosana Hessel, do Correio Braziliense, sobre economistas da "situação" e da "oposição" a gestão econômica da Presidente Dilma. Como a própria matéria alerta, ninguém na Esplanada dos Ministérios confirma a existência desta lista de importantes colegas economistas, pró ou contra, a atual política econômica.    

Por manifestar uma visão crítica dos rumos da administração Dilma Rousseff, um grupo de economistas vem sendo constantemente desqualificado por integrantes do governo. Devido a suas opiniões, expressas em artigos e entrevistas publicadas na imprensa, eles são considerados de oposição e, por isso, não têm sido convidados para reuniões que técnicos oficiais costumam fazer com profissionais do setor privado para avaliar a conjuntura econômica.

A lista, que ninguém na Esplanada dos Ministérios confirma oficialmente, é composta, principalmente, por ex-integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso, como o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, e por desafetos do governo petista, a exemplo do ex-diretor do Banco Central (na era Lula) Alexandre Schwartsman. Dela, ainda fazem parte o ex-ministro da Fazenda no governo Sarney, Maílson da Nóbrega, e economistas da Casa das Garças, no Rio de Janeiro, capitaneados por Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real.

A relação inclui também integrantes do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas, como José Roberto Afonso e Samuel Pessoa. Um dos formuladores da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Afonso vem denunciando as manobras do governo a fim de permitir maior endividamento de estados e de municípios para elevar a taxa de investimento. Ele lembra que, no governo FHC, costumava participar de reuniões com acadêmicos para discutir problemas econômicos — o que não acontece no governo Dilma.

Um economista que pediu anonimato conta que deixou de ser chamado para reuniões do Banco Central (BC) por ser muito crítico. Procurado, o BC negou que tenha feito qualquer exclusão. “Havendo compatibilidade de agendas e fora do período de blecaute (que antecede reuniões do Copom), o BC atende as solicitações de audiência, bem como os seus dirigentes, incluindo membros da diretoria, também reservam suas agendas para encontros periódicos com um número considerável de economistas”, disse a assessoria da instituição.

Também está na lista o economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda na administração de FHC, que não poupa críticas à equipe de Dilma em artigos semanais. No governo Lula, ele era constantemente chamado para reuniões com o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mas nunca foi convidado pelo sucessor, Alexandre Tombini, que foi funcionário dele na secretaria. Já seu irmão, Luiz Carlos Mendonça de Barros, que presidiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é elogiado na Fazenda e considerado uma pessoa “muito sensata”.

Alexandre Schwartsman é evitado por membros do governo devido à sua “agressividade” nos comentários. “Não sou convidado para os seminários de inflação, mas, se existe lista, para mim, é indiferente. Eu não quero falar com o governo nem ele comigo. E, se tenho algum prestígio com meus clientes e leitores, isso não se deve a estar ou não numa lista”, comentou o ex-diretor do BC.

Samuel Pessoa, da FGV, também não acha que faça parte da relação. “Na minha coluna semanal, faço críticas, mas também defendo programas do governo, como o Mais Médicos, ou mostro preocupação com a aprovação do Orçamento Impositivo no Congresso, que seria muito ruim para as contas públicas”, explicou.

Quem conhece a presidente Dilma diz que ela não escuta quase ninguém, principalmente em economia. Por ser economista, ela possui ideias próprias e exige que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, as executem. Os mais próximos dizem que ela respeita apenas três economistas: Delfim Netto, ministro da Fazenda e do Planejamento no regime militar; Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da FGV de São Paulo; e Luiz Gonzaga Belluzzo, secretário de Política Econômica do governo Sarney.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...