quinta-feira, 27 de março de 2014
O pessimismo de José Serra é verdadeiro?
sábado, 15 de fevereiro de 2014
A análise de José Serra sobre o Brasil de hoje.
sábado, 29 de junho de 2013
Problemas demais, governo de menos.
As
manifestações que tomaram conta do Brasil nas últimas semanas derreteram a
agenda política nacional, até então dominada pela prematuríssima campanha
eleitoral, com três ou quatro candidatos já definidos. Sejam quais forem suas
origens, seus mecanismos de propagação, virtudes, defeitos e consequências, o
fato é que as mobilizações já produziram na vida brasileira um daqueles
momentos em que "o futuro não será mais como era", para evocar Paul
Valery.
Neste
momento, partidos e governos, nas três esferas, sentem-se acuados, mas o foco
principal de tensões situa-se no Palácio do Planalto, o grande responsável,
aos olhos da população (e é mesmo!), pela condução do País.
O
governo federal já vivia uma situação difícil, em razão do esgotamento do
modelo econômico lulista: rápido crescimento do consumo, baixo investimento,
forte criação empregos menos qualificados e inflação baixa. Esse modelo foi
viabilizado pela notável bonança externa, juntamente com o crescimento acelerado
das importações, o aumento do crédito para o consumo e a sobrevalorização
cambial. Foi a época da farra de divisas e da lei do menor esforço, com
estatuto semelhante ao da lei da gravidade.
A
eclosão das manifestações coincidiu com o fim desse ciclo e a estagflação.
Elas podem não ser efeito direto das condições da economia, mas é evidente
que eclodem numa dada realidade, e não no vácuo: desaceleração do consumo em
razão do menor crescimento da renda, do endividamento familiar elevado e da
maior inflação; desaceleração da criação de empregos menos qualificados e
falta de perspectivas para os assalariados de maior renda.
Nada
pior para um governo já sem rumo do que a ventania contrária das ruas. Daí a
ansiedade, a atrapalhação e a exacerbação do marketing das soluções virtuais.
O emblema do desatino foi a tal Constituinte com o fim específico de fazer a
reforma política. A proposta, tida como irrevogável, era de tal sorte absurda
que foi revogada em 24 horas. Ficou a pergunta: como pôde a Presidência da
República errar de forma tão bisonha? Agora, a fim de disfarçar o recuo,
trocou-se a Constituinte exclusiva pelo plebiscito, proposta impraticável.
Além
do "pacto" da reforma política, a presidente propôs o pacto da
educação: 100% dos royalties do petróleo para o setor. Resumir os problemas
da educação à elevação do orçamento seria equivocado. Mesmo assim, os novos
recursos vindos desses royalties serão bem menores do que se alardeia, pois a
vinculação só vale para contratos de exploração firmados a partir de dezembro
de 2002. E eles não gerarão petróleo antes de seis anos; dentro de uns dez o
total destinado à educação poderia chegar a R$ 8,5 bilhões anuais - cerca de
3% do Orçamento da União, dos Estados e municípios.
Já
o "pacto" da saúde consiste em importar uns 6 mil médicos
estrangeiros - a quase totalidade, cubanos. Alguém é contra água encanada ou
luz elétrica? Assim, quem se opõe a que o Brasil tenha mais médicos? O
problema é como fazer. Eles estão é mal distribuídos, concentrados nas
regiões do País com mais infraestrutura. É preciso criar condições para que
atuem no interior - e pouco se faz nesse sentido. Nada contra, é evidente, a
que profissionais de outros países atuem aqui, desde que seus diplomas sejam
revalidados mediante exames, que o Ministério da Saúde quer dispensar. Nota:
apenas 5% dos médicos cubanos que a eles se submeteram foram aprovados.
A
má distribuição dos médicos é apenas um dos problemas da saúde. O PT reduziu
de 53% para 44% a fatia dos gastos totais no setor, jogando mais peso nas
costas de Estados e municípios. A Anvisa foi loteada, padrão Agnelo Queiroz;
a Funasa, degradada. Durante a gestão petista, a participação das despesas
correntes do Ministério da Saúde no SUS caiu de 17% para 14% do total do
governo federal (excluídos o benefícios previdenciários). A rede hospitalar
tem sido fragilizada, sufocando as Santas Casas. Se a proporção de recursos
do SUS para o atendimento hospitalar fosse a herdada do governo FHC, hoje
seriam destinados a essa área R$ 7,5 bilhões a mais por ano.
Outro
""pacto" anunciado é o dos transportes urbanos: R$ 50 bilhões.
A gente fica com a impressão de que são recursos a fundo perdido. Não! Viriam
principalmente na forma de oferta de crédito a Estados e municípios. Além
disso, matéria do Valor evidenciou que, dos recursos federais disponíveis
para essa finalidade, 93% não foram ainda utilizados. Na prática, transportes
urbanos nunca foram prioridade do governo petista. Do contrário, jamais teria
lançado, há seis anos, o alucinado projeto do trem-bala entre São Paulo e
Rio, cujo custo deve andar ali pelos R$ 70 bilhões. Por sorte, a incapacidade
executiva do governo não permitiu que o projeto andasse depressa, mas já deve
ter consumido cerca de R$ 1 bilhão, com direito à criação de mais uma
estatal. Cancelar o trem-bala e concentrar os recursos em trens urbanos seria
medida mais que oportuna quando se fala em pactos pelo Brasil.
O
bom senso, aliás, recomendaria o barateamento do custo das eleições e maior
proximidade entre eleitor e eleito, como a adoção do voto distrital. Se o
Planalto quer diminuir a corrupção na máquina pública, não precisa de
propostas mirabolantes. Que se exija certificação dos 25 mil cargos de
confiança e dos altos funcionários de todas as empresas federais e se refaça
com critérios técnicos todo o quadro de dirigentes de agências reguladoras.
Mais ainda, que se regulamente com urgência o parágrafo 3.º do artigo 37 da
Constituição federal, sobre a participação dos usuários na administração
pública direta e indireta, com ênfase no controle da qualidade dos serviços.
Tais
medidas, entre outras, seriam simples e eficazes. Mas no petismo o fácil é
sempre difícil, pois eles são especialistas em obter vantagens com as
dificuldades que criam, e têm a convicção de que os problemas do País se
resolvem com marketing e anúncios solenes.
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
'O falso rigor esconde a falta de rigor'
Trechos da entrevista concedida por José Serra a Sílvia Amorim e publicada, hoje,
Qual a sua avaliação sobre a postura do governo Dilma nesse primeiro teste da presidente no Congresso?
Lamentável. Está à vista de todos: oferece cargos, loteia o governo, promove a troca de favores não republicanos em troca da submissão de parlamentares. O valor do mínimo está sendo usado para o governo evidenciar ao mercado um rigor fiscal que ele absolutamente não tem. O falso rigor esconde a falta de rigor. Por que não começam pelos cortes de cargos comissionados ou dos subsídios, como os que são entregues ao BNDES?
São uns 3% do PIB, R$ 110 bilhões. O governo está inflando despesas de maneira enganosa ou vai falir o país em um ano. Dou um exemplo: as despesas de custeio foram de R$ 282 bilhões em 2010. O orçamento deste ano diz que o governo vai gastar R$ 404 bilhões: um aumento de 43%. Os restos a pagar do governo Lula se elevam só neste ano a R$ 129 bilhões. Quer apostar como vão cancelar muitos dos projetos, depois de servirem como instrumento para atrair votos na campanha?
O senhor tem usado bastante o Twitter para criticar e cobrar ações do governo Dilma. O que destacaria deste início de governo?
O destaque é o estelionato eleitoral. Há quatro meses falavam em investir num monte de coisas, milhões de casas, milhões de creches, de quadras esportivas, de estradas, de ferrovias. A realidade é que está tudo parado, a herança maldita deixada por Lula é gigantesca em razão do descontrole dos gastos, dos maiores juros do mundo, da desindustrialização.
A montagem do governo foi um festival de barganhas e, antes de terminar o segundo mês, ainda tivemos o bloqueio a um salário mínimo melhor, o escândalo de Furnas e a não apuração dos escândalos da Casa Civil. Não é à toa que a presidente fala pouco e nunca de improviso. O atual governo optou por fingir que nada disso é com ele.
As suas recentes aparições em público têm sido interpretadas como uma demonstração de interesse pela presidência nacional do PSDB. O senhor está disposto a disputar o cargo?
Depois da eleição, eu me recolhi, tive e tenho um período de maior reflexão. Eu estou voltando aos poucos. Não tenho me movimentado nem aparecido tanto assim. Mas vou voltar a trabalhar e ao ativismo político. Não é emprego, não é cargo. Meu objetivo é debater o Brasil. Eu já fui presidente do PSDB entre 2003 e 2004. Em nenhum momento, a ninguém, expressei o desejo de voltar à presidência do partido. Não acho que seja uma questão tão importante agora. Há muita fofoca, diz-que-diz-que, presunções. Em todo caso, dentro do partido são muito poucos os que desejariam trazer 2014 para 2011. Além de surrealista, isso nos tiraria o foco, enfraqueceria a oposição.
Um de seus principais aliados, o senador Aloysio Nunes Ferreira já disse publicamente que "Serra deve estar presente na direção do partido". Isso não é um sinal de que há uma tentativa de viabilizá-lo?
Posso garantir que não há nenhum movimento. A afirmação do Aloysio deve ter sido feita em resposta a alguma pergunta específica e tirada de contexto. Mas me parece óbvia: por que o PSDB iria excluir de seu quadro dirigente uma pessoa que teve o voto de 44 milhões de brasileiros? Por que excluiria um de seus fundadores? Por que excluiria um quadro que já foi deputado, líder, senador, ministro duas vezes, prefeito da maior cidade e governador do estado mais populoso?
O senhor cogita criar um novo partido?
Isso é uma calúnia anônima, sem pé nem cabeça.
O seu nome também tem sido lembrado para a eleição de 2012 à Prefeitura de São Paulo. O senhor estuda essa possibilidade?
Já disse e repito: não vou disputar eleição em 2012. Quem está trabalhando com essa hipótese está perdendo tempo.
Em 2010, o senhor foi considerado o candidato natural do partido à Presidência da República. O senador Aécio Neves é o candidato natural do PSDB para 2014?
Não sei como aferir se uma candidatura é natural ou não. Quando só há um candidato, a candidatura não é natural, é única, como aconteceu com o Covas (Mário Covas) em 1989 e com o Fernando Henrique em 1994 e 1998. Em 2002, muita gente achava que eu era o candidato natural. No entanto, quando a eleição se aproximou, pelo menos dois qualificados companheiros também se apresentaram. O que eu acho é que 2014 ainda está muito longe, e há muitas variáveis ainda imprevisíveis. Seria perda de tempo ficar especulando sobre o assunto.
quarta-feira, 3 de março de 2010
ELEIÇÃO ECONÔMICA JÁ?
Também diretamente da FOLHA DE S. PAULO, os dois principais candidatos ANTECIPAM O DEBATE ECONÔMICO, o que é bom para a reflexão dos leitores e eleitores, já que estamos, na verdade, em uma época eleitoral e o posicionamento econômico de cada candidato(a) deve ser observado com a maior atenção possível.
Lado a lado dois dias após a divulgação da pesquisa Datafolha, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), criaram ontem um ambiente de debate eleitoral antecipado e, pela primeira vez, explicitaram divergências sobre a economia ao compararem gestões e políticas públicas. O embate entre os dois pré-candidatos à Presidência ocorreu durante os respectivos discursos na inauguração do complexo industrial da Case New Holland (máquinas agrícolas), em Sorocaba.
Último a falar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enalteceu seu governo, antes elogiado por Dilma, e deixou Serra sem direito a tréplica. A petista destacou que os dois elementos essenciais para o crescimento dos últimos anos foram o consumo e o crédito.
"O mérito do governo do presidente Lula é ter percebido que esse mercado consumidor era talvez uma das nossas maiores riquezas", disse. A "pujança do Brasil", acrescentou, se explica pelo volume de crédito hoje disponível: R$ 1,4 trilhão.
O tucano, por sua vez, fez uma ressalva: "É importante que a indústria se desenvolva também exportando, não apenas atendendo (...) o mercado interno". Para ele, são falaciosas as teses de que o Brasil deve permanecer exportador de produtos primários ou focar a economia de serviços.
Em uma resposta indireta a Dilma, que falou do recorde de empregos na gestão Lula, o governador disse que "grande parte da força de trabalho está subempregada". "Não vamos conseguir gerar os empregos num país de 180 milhões de habitantes (...) sem indústria."
Dilma disse que "a palavrinha Bric" (sigla que designa Brasil, Rússia, Índia e China) não foi criada só por conta do crescimento desses países, mas pelos mercados consumidores.
Ela citou o programa Minha Casa, Minha Vida como exemplo da visão de Lula sobre economia. Ele destacou o plano de modernização da indústria automobilística quando era titular do Planejamento de FHC. Lula respondeu a Serra ora direta, ora veladamente. Disse que o Brasil vive um "momento ímpar" e que é preciso lembrar "os últimos 30 anos para a gente saber de onde nós partimos e aonde nós pretendemos chegar". Lembrando que "a Dilma é economista, o Serra é economista", disse que ia a debates com economistas e saía achando que o país tinha quebrado.
Por fim, em nova cutucada ao tucano, Lula disse que foram os bancos públicos que salvaram o país na crise. Na gestão de Serra foi concretizada a venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil. "Se tivesse mais banco para vender, Serra, eu ia comprar (...) para financiar o crédito."
Em almoço na Anfavea em São Paulo, Lula afirmou ter sido vítima da "ideia imbecil" do terrorismo eleitoral: "Mentiram tanto, que um dia o povo não acreditou mais". Para o presidente, "não existe possibilidade" de seu sucessor mudar o que está sendo feito.
Para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, as regras da atual política econômica do Brasil não deixam espaço para mudanças que desviem o país da estabilidade. "Não se coloca mais a estabilidade versus o crescimento", disse ele, durante encontro com executivos de bancos."
domingo, 29 de novembro de 2009
JOSÉ SERRA E O PÓS LULA
A importância de debater o PIB nas eleições 2022.
Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...
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Um ranking elaborado pela revista americana " Harvard Business Review ", especializada em administração e negócios , mostrou 26 ...