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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Acabou o dinheiro vivo?

Anos atrás escrevemos sobre a substituição do “papel-moeda” pelo “cartão plástico”. Recente reportagem do NYT, publicada na FOLHA DE S. PAULO, comenta hoje que o “dinheiro de plástico reduz uso de cédula de dólar.”

WASHINGTON - O volume de notas de dólar que sai das enormes prensas do governo aqui e em Fort Worth, no Texas, é o menor já registrado em tempos modernos. A produção das cédulas de US$ 5 há 30 anos não era tão baixa. E, pela primeira vez nesse período, o Departamento do Tesouro não imprimiu nenhuma nota de US$ 10.

O significado parece claro: o dinheiro vivo está em declínio.

Você não pode usá-lo para compras on-line, nem em aviões para comprar lanches ou produtos "duty-free". No ano passado, 36% das corridas de táxi em Nova York foram pagas com dinheiro de plástico. No Commerce, um restaurante em Manhattan, o cardápio do bar diz: "Só aceitamos cartões de crédito".

Transações em dinheiro são difíceis de rastrear. Mas há uma cifra reveladora. Em 1970, no alvorecer do dinheiro de plástico, o valor circulante em espécie nos EUA equivalia a cerca de 5% da atividade econômica. No ano passado, ficou em torno de 2,5%.

"Hoje pela manhã, comprei um galão de leite por US$ 2,50 em um posto Mobil e paguei com meu cartão de crédito", disse Tony Zazula, sócio do Commerce. "Eu ando, sim, com um pouco de dinheiro, mas só para gorjetas."

É fácil olhar essa tendência e prever o fim do papel-moeda, mas é errado.

O dinheiro em espécie continua sendo a melhor maneira de pagar babás e dar gorjetas em hotéis. Muitas pequenas empresas americanas -as estimativas variam de um terço a metade não aceitam cartão. E os criminosos preferem o dinheiro vivo. Whitey Bulger, um gângster de Boston que morou por 15 anos em Santa Monica, na Califórnia, até ser preso no mês passado, só pagava o aluguel em dinheiro.

As cédulas continuam presentes, e o ritmo da mudança é tão lento que o analista Ron Shevlin, da empresa de pesquisas financeiras Aite Group, calculou que os americanos usarão papel-moeda em 200 anos. "A tendência de queda é clara, mas os partidários da mudança superestimam a rapidez com que essas coisas acontecem", argumentou. Além disso, futuristas que previam o fim do papel-moeda subestimaram a ascensão da nota de US$ 100 como um dos mais populares produtos de exportação dos EUA.

Há duas décadas, a demanda por essa cédula tem explodido, já que ela é estocada como o ouro em lugares instáveis. No ano passado, pela primeira vez, o Tesouro imprimiu mais notas de US$ 100 do que de US$ 1. Há hoje mais de 7 bilhões de notas de US$ 100 em circulação -e o Fed estima que dois terços estejam em outros países.

Isso é muito rentável para os EUA. O dinheiro é impresso pelo Tesouro e posto em circulação pelo Fed. O BC paga ao Tesouro pelo custo da produção das cédulas -cerca de US$ 0,10 cada-, e, então, as troca pelo valor de face por títulos que rendem juros. Quanto mais dinheiro o Fed emite, mais juros ele recebe. E, a cada ano, o Fed faz um polpudo pagamento ao Tesouro -no ano passado, superou os US$ 20 bilhões.

Para dar conta da demanda, o Fed autorizou alguns bancos a operar armazéns de distribuição de dinheiro em Londres, Frankfurt, Cingapura e outros centros financeiros. Em março, em grande parte graças às notas de US$ 100, o valor total das cédulas de dólar em circulação superou pela primeira vez US$ 1 trilhão.

A produção de papel-moeda diminui mais rapidamente do que seu uso, pois as cédulas estão durando mais. Graças à tecnologia, a duração de uma nota de US$ 1 passou de 18 meses há duas décadas para 40 meses. Os bancos enviam notas velhas para o Fed, que substitui as danificadas. Até recentemente, cédulas dobradas acabavam destruídas, porque os "scanners" não conseguiam distinguir vincos de rasgos. Conseguem agora. Em 1989, o Fed substituiu 46% das notas devolvidas.

No ano passado, trocou 21%. As demais foram recolocadas em circulação.

As pesquisas sugerem que, nos EUA, o avanço das formas eletrônicas de pagamento esteja reduzindo o uso do dinheiro -em pedágios, transportes públicos e vales-presentes, por exemplo.

Zazula, o restaurateur, disse que 85% dos seus clientes já pagavam com cartões de crédito, e que levar dinheiro ao banco é um risco. "Ainda há pessoas indignadas por não aceitarmos dinheiro", disse ele, "mas a maioria faz isso só para aparecer porque tem cartão de crédito".

A empresa não é obrigada a aceitar dinheiro. Mas a maioria não vê sentido em frustrar a clientela. "Sempre haverá gente que, por razões boas ou nefastas, usará dinheiro", disse Doug Johnson, vice-presidente de gestão de riscos da Associação Americana de Banqueiros. "Ainda bem que tinha [dinheiro vivo] ontem", contou.

"A correia do ventilador do meu carro estourou, e que bom poder dar uma nota de US$ 20 ao motorista do guincho."

segunda-feira, 8 de março de 2010

ESQUERDISMO DE PROFESSORES?

Está matéria saiu na FOLHA DE S. PAULO de hoje, mas foi publicada originalmente no The New York Times. Apesar de tratar do assunto na visão americana, acredito que a sua leitura também contempla a nossa realidade, além de ser uma pesquisa com o rigor da econometria, o que não se tinha tentado antes. Com vocês, ESTUDO DESVENDA “ESQUERDISMO” DE PROFESSORES.

Já se tentou justificar de diversas maneiras o viés de esquerda dos professores universitários dos EUA, com explicações que vão desde viés, puro e simples, a QIs mais altos. Uma nova pesquisa sugere que os críticos talvez tenham formulado a pergunta errada. Em vez de indagar o porquê de a maioria dos professores universitários ser de esquerda, deveriam perguntar por que tantos esquerdistas querem ser professores universitários. Dois sociólogos acham que podem ter encontrado a resposta: os papéis, ou profissões, de cada pessoa seriam escolhidos por ela segundo sua personalidade ou preferências. Basta pensar na imagem clássica de um professor de letras, filosofia ou ciências sociais, campos em que a assimetria é mais forte: casaco de tweed, ar de nerd, ateu - e de esquerda. Mesmo que isso seja um estereótipo antiquado, ele influi nas ideias que os jovens têm sobre escolha profissional. Empregos ou profissões podem ser enquadrados em estereótipos diferentes, disseram Neil Gross e Ethan Foss, os autores do estudo. Eles citaram, por exemplo, a proporção baixa de enfermeiros, comparados às enfermeiras. A razão principal da disparidade é que a maioria das pessoas vê a enfermagem como profissão feminina, disse Gross. A enfermagem sofre o efeito do que os sociólogos chamam de "estereotipagem de gênero". Para Gross, "professores universitários e vários outros profissionais são alvos de estereotipagem política". Jornalismo, artes, carreiras da área social e terapia são dominados por pessoas de viés esquerdista; policiamento, agricultura, odontologia, medicina e carreiras militares atraem mais conservadores nos EUA. "Esse tipo de reputação afeta as aspirações profissionais das pessoas", acrescentou o sociólogo. A profissão acadêmica "ganhou uma reputação tão forte de viés esquerdista e secularismo que, nos últimos 35 anos, poucos estudantes que são conservadores políticos ou religiosos, mas muitos que são seculares e de esquerda, desenvolveram a aspiração de se tornarem professores universitários", escrevem os dois autores. Essa máxima se aplica especialmente ao campo deles, a sociologia, que acabou associada "ao estudo da raça, classe social e desigualdade de gêneros - um conjunto de preocupações que é importante especialmente para as pessoas de esquerda". O que distingue a pesquisa de Gross e Fosse de muito do burburinho que cerca esse tema é a metodologia. Enquanto a maioria dos argumentos apresentados até hoje se baseou sobretudo em relatos pessoais, esse é um dos únicos estudos a utilizar dados da Pesquisa Social Geral de opiniões e comportamentos sociais e a comparar os professores ao resto da população americana. Gross e Fosse vincularam esses resultados empíricos à questão mais ampla do porquê de algumas ocupações -assim como alguns grupos étnicos ou algumas religiões- se caracterizarem por um viés político evidente. Usando uma técnica econométrica, eles testaram quais das teorias mencionadas com frequência eram substanciadas por provas, e quais não eram. Descobriu-se que a discriminação intencional, uma das acusações mais frequentes feitas por conservadores, não exerce um papel significativo. Claro que a estereotipagem não é a única causa do viés esquerdista. As características que definem a orientação política de cada um também estão presentes. Quase a metade da assimetria política presente no mundo acadêmico pode ser atribuída a quatro características compartilhadas pelos esquerdistas em geral, e pelos professores universitários em particular: alto grau de instrução; posição religiosa não conservadora, tolerância declarada por ideias controversas e disparidade entre grau de instrução e renda. A tendência das pessoas que estão em qualquer instituição ou organização de tentarem enquadrar-se nela também reforça a assimetria política. Em uma coletânea de ensaios publicada pelo grupo conservador American Enterprise Institute, o economista Daniel B. Klein, da Universidade George Mason, e a socióloga sueca Charlotta Stern argumentam que, quando se trata de contratar profissionais, "a maioria das pessoas tende a preferir a candidatos semelhantes a elas em matéria de crenças, valores e engajamentos". Para Gross, acusações sobre viés e lavagem cerebral de estudantes são contraproducentes. "O irônico é que, quanto mais conservadores se queixam do esquerdismo da academia, é mais provável que a academia continue a representar um reduto do pensamento de esquerda."

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

PREVISÕES ECONÔMICAS.

Trabalhar com previsão não é fácil, mas é assunto no qual tenho grande interesse. Apesar das falhas e críticas, temos bons exemplos de acertos, nem sempre divulgados. Por exemplo, em 02/03/09 a EXAME anunciou que a Taxa Selic para o final do ano de 2009 teria uma queda dos 12,75% de janeiro para 8,75%, o que de fato ocorreu.

Na mesma época, a revista informava que a cotação do dólar em 2009 seria desvalorizada de R$ 2,30 para cerca de R$ 1,70, o que também é verdade.

Portanto, previsões com estudos, bom senso e um pouco de sorte, são tiros que acertam no alvo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

INDICAÇÃO DE LEITURA - ECONOMIA

Comprei hoje a edição portuguesa de janeiro/2010 do SUPER CRUNCHERS - SUPER ANALISTAS, do Professor IAN AYRES e considerado pelo Wall Street Journal e New York Times, o livro de ECONOMIA do ano.
Apesar dos diversos textos que, de certa maneira, tentam relegar a um segundo plano a análise econômica através de modelos quantitativos, ainda não podemos nem devemos esquecer a importância da Econometria nas nossas decisões econômicas.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

IMPORTANTE ARTIGO PARA REFLEXÃO

Este artigo foi publicado na revista EXAME, com o título ECONOMIA SOCIAL - Os economistas podem melhorar a condição humana?
Seu autor é o economista britânico Paul Ormerod, autor do livro A MORTE DA ECONOMIA. Inicialmente eu pensei em divulgar apenas alguns trechos. No entanto, avaliando melhor, entendo que o mesmo deva ser lido por todos os colegas ou admiradores/críticos da nossa ECONOMIA. Portanto, uma boa leitura. Afinal, ler é um ótimo remédio, principalmente no recesso de final de ano.
A matemática está se tornando cada vez mais difundida na economia. Para que fique registrado: na hora certa, entre adultos e de comum acordo, eu também uso matemática. Há boas e más razões para empregá-la a serviço da economia. Só que até agora as más prevaleceram. Isso não teria muita importância se os formuladores de políticas não levassem a economia tão a sério. Quase nenhum deles liga para loucuras da teoria literária, por exemplo. Mas a economia tem importância e, nas fronteiras da disciplina, uma mudança sutil mas profunda está ocorrendo. A economia está começando a se tornar mais realista, enraizada em instituições, em história, no mundo real, e, por conseguinte, mais útil. Foi assim, aliás, que a economia começou. Na época ela não era chamada de "economia", mas de "economia política", simbolizando o fato de que economias não existem independentemente de sistemas e instituições políticos.
Adam Smith fundou, sozinho, a disciplina de economia há cerca de 200 anos, e sua influência é grande até os dias de hoje. Mas seu livro seminal, A Riqueza das Nações, não contém nenhuma equação. Em vez disso, Smith emprega argumentos cuidadosamente construídos, apoiados numa profusão de evidências históricas. O corretor de ações inglês David Ricardo, autor de Princípios da Economia Política e Tributação (1817), é menos conhecido, mas a teoria econômica- padrão de comércio ainda se baseia em sua obra. Mais de um século depois, duas figuras de extremos opostos do espectro político fizeram contribuições de largo alcance à economia. John Maynard Keynes estudou matemática em Cambridge e depois passou para a economia. Friedrick Hayek, a inspiração intelectual para o thatcherismo, tinha insights profundos em psicologia e também em economia. Ricardo, Keynes, Hayek e uma série de outras figuras-chave evitaram deliberadamente a matemática. Eles preferiram usar argumentos ponderados respaldados em evidências.
Como foi, então, que a matemática se tornou tão presente na economia, quando tanta coisa foi alcançada sem ela? A pior razão é que o emprego da matemática faz com que os economistas se sintam como verdadeiros cientistas. Eles têm "inveja da física". Os físicos usam a matemática (tente fazer física quântica só com palavras), e são cientistas de verdade, que realmente explicaram como uma porção de coisas funciona. Portanto, se usarmos a matemática, isso nos fará verdadeiros cientistas, não é? Bem, o erro lógico desta última frase é bastante óbvio. Mas ele não impede a satisfação íntima que a maioria dos economistas sente quando cobre a página de símbolos matemáticos.
Há uma razão mais séria e mais danosa para a matemática, ao menos um tipo particular de matemática, ser usada em economia. Ela está inextricavelmente ligada ao conceito de "homem econômico". A economia é basicamente uma teoria sobre o comportamento dos indivíduos. E a história- padrão não só supõe que os indivíduos são movidos pelo interesse próprio, mas que eles se comportam como algum tipo de supercomputador -- sempre recolhendo cada pedaço de informação relevante para uma decisão. Esses indivíduos tomam então a melhor decisão possível com base nas opções disponíveis. Não apenas uma boa decisão, mas a melhor. Ou, como economistas gostam de dizer, ótima.
Essa ainda é a base para o ensino de economia na universidade. Mas, paradoxalmente, foi precisamente o emprego da matemática na economia que solapou essa visão do mundo. É também uma razão por que a disciplina está avançando dramaticamente. A matemática pode ser muito útil em economia desde que a pensemos como uma simples ferramenta entre muitas. Ela é uma ferramenta que pode nos ajudar no pensamento lógico. É como outra linguagem -- ela pode nos ajudar a encontrar nosso rumo.
Mas pioneiros como os vencedores do Nobel de 2001 George Akerlof e Joseph Stiglitz avançaram o tema nos anos 70. Eles perceberam que algo mais era necessário, por isso abandonaram a ideia de que as pessoas têm uma informação perfeita quando tomam decisões. Eles desenvolveram o conceito de "racionalidade limitada": embora possamos tentar tomar a melhor decisão, podemos não conseguir em razão da falta de informações vitais. Assim, num mundo de racionalidade limitada, as pessoas que se comprazem em comida vagabunda ou fumam pesadamente não são vistas necessariamente como tomando a melhor decisão possível para elas. O trabalho de Akerlof e Stiglitz representou um passo adiante enorme para tornar a economia mais realista.
Daniel Kahneman e Vernon Smith, vencedores do Nobel de 2002, deram passos ainda mais largos. Eles entraram efetivamente no mundo e conduziram experimentos para ver como as pessoas de fato se comportam. Observando e deduzindo, como cientistas de verdade! Descobriram que, na maior parte do tempo, as pessoas não se comportam como o homem econômico. Em sua palestra na cerimônia do Nobel, Kahneman afirmou: "A característica central de agentes (pessoas) não é que eles raciocinam mal, mas agem intuitivamente com frequência. E o comportamento desses agentes não é guiado pelo que eles são capazes de computar, mas pelo que enxergam em dado momento".
Em outras palavras, o conceito de um homem econômico racional, calculador, está sendo abandonado. A teoria do homem econômico postula que as pessoas têm todas as informações relevantes para tomar a melhor decisão. Nessa nova abordagem, as pessoas têm -- na melhor hipótese -- uma informação imperfeita. Elas seguem aos trambolhões, tentando tomar decisões racionais, às vezes conseguindo -- mas, com frequência, falhando. As novas abordagens que se desenvolveram para substituir o homem econômico, talvez surpreendentemente, tornaram a economia muito mais dura. Em vez de apenas manipular algumas equações, nós precisamos pensar nas regras de comportamento relevantes. E precisamos recuperar a importância de instituições e da história. Em suma, temos de recuperar a ideia de economia política numa roupagem completamente moderna. Friederick Hayek sofre a desconfiança de muitos, mas há uma verdade profunda em sua observação: "Um economista que é apenas um economista não pode ser um bom economista".
Tudo isso deixa a economia mais humilde. Em vez de pretender passar por uma teoria de comportamento completamente geral -- aplicável a todas as pessoas em todos os tempos e lugares --, a economia é agora muito menos pomposa. Mas, em última instância, essas mudanças servirão para tornar a disciplina mais realista. E potencialmente mais poderosa como uma força para ajudar a compreender e melhorar a condição humana.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

PREVISÕES ECONÔMICAS E A TEORIA DE ROSSI

CLÓVIS ROSSI é jornalista das antigas e escreve diariamente uma coluna na Folha de S. Paulo. Lamentavelmente, em 19/08/09, escreveu algo que deve aborrecer todo economista econometrista. Economia não é uma ciência exata caro Rossi e, previsões, podem não se realizar. Afinal, você bem sabe, como na política, palavras também não se realizam quando prometidas pelo político. Então, cada coisa é uma coisa e nada de misturar alhos com bugalhos.

Previsões, o balão e a Apolo 11

SÃO PAULO - Por fim aparece um economista com coragem e sinceridade suficiente para dizer que previsões sobre desempenho econômico são tão científicas quanto jogar búzios ou ler a mão.
O economista em questão, Aquiles Mosca, estrategista de investimentos pessoais do Santander Asset Management, prefere escrever que "há uma nítida assimetria entre nossa habilidade de explicar o passado e nossa capacidade de prever o futuro" (artigo para o "Valor Econômico", ontem publicado).
Mosca vai muito além dessa frase comedida: conta que as projeções de mercado, reproduzidas no boletim "Focus" do Banco Central, erram feio sistematicamente.
Escreve Mosca: "Uma rápida olhada na diferença entre as previsões feitas 12 meses atrás e os valores efetivamente observados para essas variáveis [PIB, inflação, juros reais e nominais e câmbio] revelam erros significativos, entre 40% e 12%. Além disso, para juros nominais e reais, a média das expectativas dos especialistas foi incapaz sequer de prever a direção em que elas iriam se deslocar" (os juros caíram, em vez de subir).
Atenção, não se trata de erro por incompetência ou impossibilidade real de adivinhar o futuro, adverte o economista do Santander. Diz: "A oportunidade de ganhos está em antecipar o que os demais ainda não veem (...) e em traduzir isso em posicionamentos nos ativos certos, na "ponta" certa (comprado ou vendido) antes que os demais o façam".
Traduzindo: apostam numa direção e fazem previsões para ajudar a aposta a dar certo.
Sempre segundo Mosca: "Se a Nasa precisasse contar com a precisão das previsões do boletim "Focus", o voo da Apolo 11 provavelmente não teria alcançado a altura de um balão de festa junina".
Pois é. E nós, jornalistas, vamos continuar a dizer, acriticamente, que o balão de festa junina é uma Apolo 11?

domingo, 10 de maio de 2009

ECONOMIA: ERROS DE PREVISÕES

Principalmente agora com esta grave crise econômica que estamos no centro, muitos questionam a falta de acerto nas previsões dos Economistas. A Economia realmente é uma ciência, porém nela está incluído o comportamento do HOMEM. E como lembra ironicamente o colega DELFIM NETTO, "o problema da Economia é que os átomos berram, gritam, protestam, fazem revoluções, fazem passeatas, PENSAM etc." No entanto, os átomos da Física, por exemplo, não fazem isso.  
O estudo econômico é muito importante mesmo e jamais deve ser deixado de lado ou de ser devidamente analisado e levado em consideração. Porém, nunca devemos esquecer dos "Cisnes Negros" do Taleb. Afinal, como escreveu o poeta latino Terêncio: "Homo sum, humani a me nil alienun puto - Sou um homem, e nada humano me é estranho," Taleb conclui que "no final de contas, estamos sendo conduzidos pela história, enquanto todo o tempo achamos que somos nós que estamos no controle." 

domingo, 29 de março de 2009

PREVISÕES: ACERTOS E ERROS

Esta está no site/blog do KANITZ http://brasil.melhores.com.br/ e, de verdade, gostaria de saber a opinião dos meus colegas econometristas blogueiros. Então vamos lá:

"Previsões são meros exercícios de vontade, cujo resultado depende da disposição psicológica mais ou menos otimista dos seus autores. Não existe nenhum mecanismo de 'previsor antecedente' [de um ano] aceitável. Na melhor das hipóteses, pode-se estimar precariamente o crescimento do PIB num trimestre quando SE ESTÁ NA METADE dele". (Delfim Netto, na Folha de São Paulo, de 25 de Março de 2009.)

Então por que continuamos a publicar estas previsões de economistas neo-clássicos, monetaristas e keynesianos, se o melhor economista deste país afirma que são meros exercícios de vontade? Atenção jornalistas econômicos e professores de jornalismo: esta frase do Delfim diz muita coisa e precisa ser lembrada.

Vai ser um verdadeiro "choque": o crescimento anual do primeiro trimestre de 2009 será muito próximo de zero, mas isso não nos permite saber o que serão os próximos nove meses. Logo, não podemos saber qual será o crescimento do ano.

Portanto leitores de O Brasil Que Dá Certo: não se assustem nem se desesperem.

Segundo Delfim, publicar na manchete de um jornal a previsão de queda no crescimento do PIB não é informação, e sim barulho. Falou de Delfim Netto, o economista-chefe deste país

Nota deste blog: Eu não concordo integralmente com o texto acima.

domingo, 11 de janeiro de 2009

A LÓGICA DO CISNE NEGRO

Gostei de ler "A lógica do Cisne Negro - O impacto do altamente improvável" do libanês Nassin Nicholas Taleb. Meu colega de blog Márcio Laurini já tinha bem comentado sobre o assunto em seu http://raciocioniosespurios.blogspot.com/ e realmente merece a leitura nestes tempos de crises e de férias (para alguns, of course.)

Alguns trechos confirmaram algumas idéias que tenho, enquanto outros aguçaram meus sentidos para localizar o verdadeiro Cisne Negro em qualquer situação. Para o autor, a noção de resultados assimétricos é a idéia central do livro. Escreve ele que: NUNCA CONHECEREI O DESCONHECIDO POIS, POR DEFINIÇÃO, ELE É DESCONHECIDO. NO ENTANTO, SEMPRE POSSO TENTAR ADIVINHAR COMO ELE IRÁ ME AFETAR, E DEVO BASEAR MINHAS DECISÕES EM TORNO DISSO. A IDÉIA DE QUE PARA QUE SE TOME UMA DECISÃO SEJA NECESSÁRIO SE CONCENTRAR NAS CONSEQUÊNCIAS (QUE SE PODE SABER) EM VEZ DE NA PROBABILIDADE (QUE NÃO SE PODE SABER) É A IDÉIA CENTRAL DA INCERTEZA. BOA PARTE DA MINHA VIDA É BASEADA NELA. NO FINAL DE CONTAS, ESTAMOS SENDO CONDUZIDOS PELA HISTÓRIA, ENQUANTO TODO O TEMPO ACHAMOS QUE SOMOS NÓS QUE ESTAMOS NO CONTROLE "

É claro que ele tem um raciocínio lógico que faz o leitor concordar com suas idéias, porém para um fã incondicional da análise de séries temporais, em muitos trechos do livro fiquei deveras preocupado com suas palavras. Afinal, acredito no resultado de muitos trabalhos nessa área. No entanto, fato é que todos não podem esquecer do Cisne Negro. Ele existe.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...