Esta é para melhorar nosso humor nestes tempos de crise.
E veio direto do colega blogueiro Orlando Tambosi: http://otambosi.blogspot.com/.
Caetano, o Haiti ainda é aqui???
Esta é para melhorar nosso humor nestes tempos de crise.
E veio direto do colega blogueiro Orlando Tambosi: http://otambosi.blogspot.com/.
Caetano, o Haiti ainda é aqui???
Direto do "FINANCIAL TIMES", neste domingo na FOLHA, ROBERT SHILLER, titular da cátedra Arthur M. Okum de Economia na Universidade Yale e cofundador e economista chefe da MacroMarkets, escreve que "Governos têm o dever de regular os mercados para impedir que as pessoas sejam falsamente atraídas a adquirir ativos ilusórios, sem excluir a parte boa do capitalismo", o que é uma verdade tardiamente reconhecida. Trata-se de um texto racional, que procura os dois lados da moeda e não apenas registrar as falhas de A ou B. Uma boa releitura e visão da história econômica para este ano de 2009.
Lydia Lopokova, mulher do economista John Maynard Keynes, era uma famosa bailarina.
Também era emigrante russa.
Por isso, Keynes conhecia pela experiência de seus sogros os horrores da vida na pior das economias socialistas. Mas também conhecia em primeira mão as grandes dificuldades que a vida sob o capitalismo descontrolado e desregulado pode oferecer. Ele viveu a depressão britânica dos anos 20 e 30 e isso o inspirou a encontrar um caminho intermediário para as economias modernas.
Estamos presenciando, nesta crise financeira, um renascimento da economia keynesiana. Voltamos a discutir "The General Theory of Employment, Interest and Money" [Teoria Geral do Emprego, Juros e Dinheiro], de 1936, escrito durante a Grande Depressão.
Aquela era, como a atual, viu muitos apelos pelo fim do capitalismo tal qual o conhecemos. Os anos 30 foram definidos como o ápice do comunismo no Ocidente. A via intermediária de Keynes pretendia evitar o desemprego, os pânicos e as manias do capitalismo. E também evitaria os controles políticos e econômicos do comunismo. O livro se tornou a mais importante obra de economia do século 20 devido à sua mensagem sensata e equilibrada.
Em momentos de desemprego alto, os governos com bom histórico de crédito deveriam expandir a demanda por meio de gastos públicos bancados por déficits orçamentários. Em seguida, em momentos de desemprego baixo, os governos deveriam amortizar as dívidas contraídas. Com essa mudança aparentemente mínima de procedimento, um sistema capitalista poderia ser estável. Não haveria necessidade de uma cirurgia radical no capitalismo.
Os adeptos da mensagem de Keynes estavam tão ansiosos por fazer implementar essa política simples que deixaram de perceber, ou talvez tenham deliberadamente desconsiderado, que a teoria geral tinha uma mensagem mais profunda e fundamental sobre a maneira pela qual o capitalismo funciona, ainda que mencionada apenas de modo breve. O livro explicava por que as economias capitalistas, se deixadas sem controle, eram essencialmente instáveis. E explicava por que os governos precisavam exercer um papel de contrapeso para que as economias capitalistas funcionassem bem.
A chave para essa percepção era o papel atribuído por Keynes às motivações psicológicas das pessoas, em geral ignoradas pelos macroeconomistas. Ele as denominava "espírito animal" e acreditava que fossem especialmente importantes para determinar a disposição das pessoas em assumir riscos. Os cálculos dos empresários, disse ele, eram precários. "Nossa base de conhecimento para determinar o rendimento, daqui a dez anos, de uma ferrovia, uma mina de cobre, uma fábrica têxtil, o valor intangível de um remédio patenteado, um transatlântico, um edifício na City de Londres, é muito pequena e ocasionalmente inexistente." A despeito disso, as pessoas de alguma forma tomam decisões e agem. Isso "só pode ser compreendido como resultado do espírito animal". Existe um "ímpeto espontâneo de agir".
Há momentos em que as pessoas são espontaneamente aventurosas. As aventuras são sustentadas, nesses momentos, por uma fé jovial no futuro e pela confiança nas instituições econômicas. Isso representa a curva de alta no ciclo de negócios. Mas o espírito animal também pode se mover na direção oposta, quando as pessoas estão cautelosas demais.
Hoje, é possível tratar com muito mais clareza a base psicológica do espírito animal.
Por exemplo, psicólogos sociais demonstraram até que ponto as histórias e as narrativas, especialmente as de interesse humano, motivam o comportamento das pessoas. Essas histórias podem ter valor muito superior ao dos cálculos abstratos. Os humores econômicos das pessoas se baseiam em larga medida nas histórias que elas contam a si mesmas e umas às outras sobre o assunto.
Vimos histórias como essas surgindo e desaparecendo em rápida sucessão, nos últimos anos. Primeiro tivemos a bolha da internet e as histórias sobre jovens milionários que despertavam inveja em todos. Ela estourou em 2000, mas logo foi substituída por uma nova, dessa vez envolvendo pessoas que lucravam ao comprar e revender imóveis com esperteza.
Essa mania foi produto não apenas de uma história sobre pessoas mas de uma história sobre a forma como a economia funcionava. Era parte de uma história em que todos os investimentos em hipotecas securitizadas eram seguros, pois tanta gente inteligente estava envolvida. Todas aquelas pessoas invejáveis estavam adquirindo esse tipo de ativo e certamente os estavam verificando, portanto nós não precisaríamos fazê-los. Bastava acompanhá-las.
O que permitiu que essa mania e essas histórias persistissem por tanto tempo? Em larga medida, nós entramos na atual crise devido a uma teoria econômica incorreta, uma teoria que negava, ela mesma, o papel do espírito animal quanto a nos envolver em pânicos e manias.
Segundo a teoria "clássica" padrão, que remonta a Adam Smith e ao "A Riqueza das Nações", de 1776, a economia é essencialmente estável. Se as pessoas seguirem racionalmente os seus interesses econômicos, em mercados livres, exaurirão todas as oportunidades mutuamente benéficas de produzir bens e comercializar umas com as outras. Essa exaustão das oportunidades de comércio mutuamente benéfico resultaria em pleno emprego. Nos termos dessa teoria, o resultado não poderia ser diferente.
É claro que haverá alguns desempregados. Mas eles serão incapazes de encontrar emprego apenas porque estão temporariamente em busca de trabalho, ou porque insistem em receber salários irracionalmente altos. Desemprego assim é visto como voluntário, nos termos da teoria, e portanto não merecedor de simpatia.
A teoria clássica também nos diz que os mercados financeiros serão estáveis. As pessoas só realizarão transações que considerem benéficas para elas. Ao entrarem nos mercados, elas farão a lição de casa para garantir que aquilo que estão comprando vale o tanto que estão pagando.
O que essa teoria negligencia é que existem momentos nos quais as pessoas confiam demais. E tampouco leva em conta que, se puder fazê-lo com lucro, o capitalismo não produzirá apenas o que as pessoas realmente querem, mas o que elas pensam que querem. O sistema pode produzir os remédios de que as pessoas precisam. Isso é algo que as pessoas realmente querem. Mas, se puder fazê-lo com lucro, também produzirá aquilo que as pessoas consideram equivocadamente querer.
O capitalismo produzirá falsas poções. Não só isso: também poderá produzir o desejo por elas. Esse é um aspecto negativo dele. A teoria econômica padrão não levou em conta que compradores e vendedores de ativos poderiam não exercitar sua responsabilidade e que o mercado não estaria lhes vendendo seguros contra o risco dos títulos complexos que adquiriram, mas sim o equivalente financeiro a uma falsa poção.
Existe uma moral mais ampla nisso tudo quanto à natureza do capitalismo. Por um lado, queremos tirar vantagem da sabedoria de Adam Smith. Em sua maior parte, os produtos que o capitalismo fabrica são o que realmente desejamos, a um preço que estamos dispostos e temos condições de pagar. Por outro lado, quando a confiança é alta, e porque ativos financeiros são difíceis de avaliar por aqueles que os compram, as pessoas se dispõem a adquirir falsas poções, e o fazem. E quando isso é descoberto, como invariavelmente deve, a confiança desaparece e a economia se amarga.
É papel do governo garantir, em dois níveis, que eventos como esses não ocorram. Primeiro, ele tem o dever de regulamentar os mercados de ativos de modo a impedir que as pessoas sejam falsamente atraídas a adquirir ativos ilusórios. Padrões como esses para os produtos financeiros fazem tanto sentido quanto os impostos aos alimentos ou aos remédios que consumimos. Mas não queremos eliminar as boas partes do capitalismo quando excluímos as ruins. Para tirar vantagem das partes boas, quando flutuações ocorrem, é papel do governo garantir que aqueles que desejam e podem produzir aquilo que os demais querem comprar sejam capazes de fazê-lo. É papel do governo, portanto, manter o pleno emprego por meio de suas políticas fiscais e monetárias compensatórias.
Os princípios que embasam esse tipo de economia não são os mesmos que vigoram no modelo socialista. O governo, na medida do possível, está apenas criando as condições macroeconômicas que permitirão que a economia funcione bem.
Esse é o papel do governo.
Seu papel é garantir um "laisser-faire" sábio. Não se trata do capitalismo completamente aberto recomendado pela teoria vigente e que parece ter sido aceito como evangelho pelos planejadores econômicos e também por muitos economistas desde os governos Thatcher e Reagan. O capitalismo que propomos é um meio-termo significativo entre aqueles que veem os desastres econômicos e o desemprego do capitalismo descontrolado, por um lado, e aqueles que acreditam que o governo não deveria exercer qualquer papel, por outro.
A ideia de que o capitalismo descontrolado e desregulado invariavelmente produziria desfechos positivos era uma teoria econômica incorreta quanto à maneira pela qual as sociedades capitalistas se comportam e quanto àquilo que causa suas crises.
Essa teoria econômica incorreta não leva em conta a maneira como o espírito animal afeta o comportamento econômico e tampouco o papel das narrativas que despertam confiança e das falsas poções nas flutuações econômicas.
Daniel McFadden, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2000 e diretor do Laboratório de Econometria da Universidade da Califórnia em Berkeley, esteve no final do ano passado no Brasil e em entrevista a revista "INDÚSTRIA BRASILEIRA", da Confederação Nacional da Indústria - CNI, diz com todas as letras que teme por uma longa recessão, com um processo longo e tedioso de recuperação. Até aí, sem novidades. Porém, em seguida ele diz que A RECESSÃO VAI DURAR OITO ANOS PELO MENOS. Vou repetir: OITO ANOS. Em sua análise ele argumenta que a nossa experiência mais próxima é o que houve no Japão desde o início da década de 1990. Depois de quase 17 anos o estouro da bolha imobiliária deles, eles ainda não se recuperaram.
Fico muito preocupado ler um Nobel afirmar que o número de empresas que quebraram nos Estados Unidos é impressionante e muitas outras quebrarão no próximo ano. Ele critica Alan Greenspan por ter deixado mercados não-regulados se distraírem em relação ao gerenciamento de riscos, o que os impediu de se preparar para a crise. (Como eu recordo da saída de Greenspan do FED e todo o mundo a parabenizá-lo). Lamentavelmente, hoje o próprio Greenspan reconhece que a idéia que ele tinha dos mercados estava errada. Que pena...
E nós, aqui no interior do floresta, é que pagamos a conta. Fato é que entender Economia é cada dia um assunto complexo... Que banho de água gelada no nosso otimismo... Vamos torcer para que o Nobel esteja ERRADO e que o Nosso Guia consiga junto com OBAMA, reverter, em meses, essa situação.
Leitor voraz das revistas da Abril, fiquei muito feliz ao ler hoje duas matérias na "Viagem e Turismo" deste mês. A de capa é sobre SANTIAGO, que conheci dias atrás e que revendo as imagens e lendo o texto, somente trouxe-me boas recordações dessa cidade, bem como de VALPARAÍSO e VIÑA DEL MAR, passeios imperdíveis e oportunidade de tomar um banho de mar no Oceano Pacífico. Aproveito a oportunidade para pedir ao Apóstolo Santiago, Patrono de La Capital, com esta imagem localizada no interior da catedral, na Plaza de Armas, que nos permita continuar 2009 em segurança e otimista com as metas a cumprir.
Outra matéria é sobre a minha cidade mais próxima aqui da floresta, a calorosa BELÉM, considerada pela revista a capital do mundo da gastrononia, por causa de sua comida única. É claro que quase como cidadão paraense, fiquei orgulhoso da matéria e com vontade de passar na estação das Docas e ver o pôr-do-sol sob a baía do Rio Guajará, tomar um sorvete de cupuaçu na Cairu, ouvir e comer bem no Boteco das Onze, comer um arroz de jambu no Lá em Casa e outras maravilhas mais, que somente passeando por aqui você vai encontrar.
Airton Seligman, editor da Men's Health, escreveu na sua Carta do Editor neste mês de março, um belo texto otimista, onde mescla saúde + economia e oferece excelentes dicas de como continuarmos neste 2009 atingindo nossas metas, mesmo com alguém falando ao nosso lado, como ele escreve, da CRISE pela 253.000.009ª vez.
Para fechar com chave de ouro sua página, ele cita, dentre outros, os gênios abaixo:
"EM MOMENTOS DE CRISE, SÓ A IMAGINAÇÃO É MAIS IMPORTANTE QUE O CONHECIMENTO." - Albert Einstein.
"DO MESMO MODO QUE O METAL ENFERRUJA COM A OCIOSIDADE E A ÁGUA PARADA PERDE SUA PUREZA, ASSIM A INÉRCIA ESGOTA A ENERGIA DA MENTE." - Leonardo da Vinci.
Em sua primeira entrevista exclusiva para o "NYT" depois de eleito, OBAMA conta como se informa. "Leio a maioria dos grandes jornais de âmbito nacional." Em recortes ou no papel? "Não, leio no papel. Eu gosto da sensação de um jornal." Mais à frente, "eu raramente leio blogs".
Enquanto isso, aqui abaixo da linha do Equador, certo Presidente nada lê por ter "azia". Diante disso, será que cada povo escolhe realmente o melhor? Espero e torço que sim. Mas que me estranha a situação, isso sim.
OBAMA, por mais que tenha jornal na internet nessa nós estamos juntos: EU SOU DEVOTO DA LEITURA DE UM JORNAL NO PAPEL. (E tenho idéias do século XXI...)
O Professor Adolfo já puxou minha orelha, mas ele tinha razão: nunca devemos interromper uma atividade por motivos que você pode contornar. Ele continua em Brasilia, na nossa Universidade Católica de Brasília e, para quem for possível participar, é altamente recomendável o encontro abaixo, principalmente pelo tema a ser discutido.
IV Encontro de Pensadores Liberais - A Crise Internacional e a Atuação do Estado Brasileiro
Meus Caros,
Convido-os ao IV Encontro de Pensadores Liberais. Dessa vez com o tema: A CRISE INTERNACIONAL E A ATUAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
Data: 28/03/2009 (Sábado) - Horário: 14:00 às 18:00 horas
Local: Universidade Católica de Brasília (916 norte)
É claro que não poderia deixar de postar o artigo do nosso Presidente Lula, publicado no Financial Times. Divergências a parte, tenho sempre o hábito de ler os dois lados da moeda. E penso que não pode ser diferente, até para poder conhecer o outro lado.
The future of human beings is what matters By Luiz Inácio Lula da Silva Published: March 9 2009 19:52
For me, capitalism has never been an abstract concept. It is a real, concrete part of everyday life. When I was a boy, my family left the rural misery of Brazil’s north-east and set off for São Paulo. My mother, an extraordinary woman of great courage, uprooted herself and her children and moved to the industrial centre of Brazil in search of a better life. My childhood was no different from that of many boys from poor families: informal jobs; very little formal education. My only diploma was as a machine lathe operator, from a course at the National Service for Industry.
I began to experience the reality of factory life, which awoke in me my vocation as a union leader. I became a member of the Metalworkers’ Union of São Bernardo, in the outskirts of São Paulo. I became the union’s president and, as such, led the strikes of 1978-1980 that changed the face of the Brazilian labour movement and played a big role in returning democracy to the country, then under military dictatorship.
The impact of the union movement on Brazilian society led us to create the Workers’ party, which brought together urban and rural workers, intellectuals and militants from civil society. Brazilian capitalism, at that time, was not only a matter of low salaries, insalubrious working conditions and repression of the union movement. It was also expressed in economic policy and in the whole set of the government’s public policies, as well as in the restrictions it placed on civil liberties. Together with millions of other workers, I discovered it was not enough merely to demand better salaries and working conditions. It was fundamental that we should fight for citizenship and for a profound reorganisation of economic and social life.
I fought and lost four elections before being elected president of the republic in 2002. In opposition, I came to know my country intimately. In discussions with intellectuals I thrashed out the alternatives for our society, living out on the periphery of the world a drama of stagnation and profound social inequality. But my greatest understanding of Brazil came from direct contact with its people through the “caravans of citizenship” that took me across tens of thousands of kilometres.
When I arrived in the presidency, I found myself faced not only by serious structural problems but, above all, by an inheritance of ingrained inequalities. Most of our governors, even those that enacted reforms in the past, had governed for the few. They concerned themselves with a Brazil in which only a third of the population mattered.
The situation I inherited was one not only of material difficulties but also of deep-rooted prejudices that threatened to paralyse our government and lead us into stagnation. We could not grow, it was said, without threatening economic stability – much less grow and distribute wealth. We would have to choose between the internal market and the external. Either we accepted the unforgiving imperatives of the globalised economy or we would be condemned to fatal isolation.
Over the past six years, we have destroyed those myths. We have grown and enjoyed economic stability. Our growth has been accompanied by the inclusion of tens of millions of Brazilian people in the consumer market. We have distributed wealth to more than 40m who lived below the poverty line. We have ensured that the national minimum wage has risen always above the rate of inflation. We have democratised access to credit. We have created more than 10m jobs. We have pushed forward with land reform. The expansion of our domestic market has not happened at the expense of exports – they have tripled in six years. We have attracted enormous volumes of foreign investment with no loss of sovereignty.
All this has enabled us to accumulate $207bn (€164bn, £150bn) in foreign reserves and thereby protect ourselves from the worst effects of a financial crisis that, born at the centre of capitalism, threatens the entire structure of the global economy.
Nobody dares to predict today what will be the future of capitalism.
As the governor of a great economy described as “emerging”, what I can say is what sort of society I hope will emerge from this crisis. It will reward production and not speculation. The function of the financial sector will be to stimulate productive activity – and it will be the object of rigorous controls, both national and international, by means of serious and representative organisations. International trade will be free of the protectionism that shows dangerous signs of intensifying. The reformed multilateral organisations will operate programmes to support poor and emerging economies with the aim of reducing the imbalances that scar the world today. There will be a new and democratic system of global governance. New energy policies, reform of systems of production and of patterns of consumption will ensure the survival of a planet threatened today by global warming.
But, above all, I hope for a world free of the economic dogmas that invaded the thinking of many and were presented as absolute truths. Anti-cyclical policies must not be adopted only when a crisis is under way. Applied in advance – as they have been in Brazil – they can be the guarantors of a more just and democratic society.
As I said at the outset, I do not give much importance to abstract concepts.
I am not worried about the name to be given to the economic and social order that will come after the crisis, so long as its central concern is with human beings.
The writer is president of Brazil.
Aproveitando a dica do Nelson de Sá na Folha de S. Paulo, recomendo a leitura, direto no site do "Financial Times", da série "O futuro do capitalismo", com textos dos "maiores políticos, pensadores e analistas financeiros do mundo". O modelo de livre mercado que dominou o pensamento por 30 anos foi desacreditado. O Estado está de volta aos negócios e a sobrevivência de uma economia mundial aberta está em questão. Para onde ir?
Para não deixar dúvidas, mais à frente: A fé na ideologia do livre mercado que dominou o pensamento ocidental por uma geração foi destruída. Mas o que pode e deve tomar seu lugar? Editorial e coluna de Martin Wolf abriram a série e ontem apareceu no alto da home o link "Lula da Silva": "O futuro dos seres humanos é o que importa". Ele escreve de sua mãe, do sindicato de São Bernardo, para argumentar que, "para mim, o capitalismo nunca foi abstrato". E para indicar "o futuro do capitalismo" na recompensa à produção, não à especulação; sem protecionismo no comércio internacional; com um sistema democrático de governança global etc.
Nestes tempos de PIB negativo está ficando cada dia mais difícil o meu acesso à internet. As obrigações profissionais avolumam-se e o tempo reduz para o prazer de postar aos amigos e, principalmente, de ler os meus excepcionais colegas blogueiros. E como tem blog que é fantástico de se ler. Tenho procurado alternativas e mudanças de rotina, mas lamentavelmente ainda não descobri o famigerado caminho das Índias. Claro que estou referindo-me às Índias do Oceano Índico (antigo Mar das Índias), pois o caminho das índias daqui da floresta amazônica, nesse eu sou muito bem tratado.
De qualquer maneira, não ficarei afastado do meu blog e dos meus amigos. Irei buscar uma solução, nem que seja do outro mundo, e continuarei participando destes excelentes encontros que mantemos e no qual aprendemos bastante. Caso algum dos meus quase dois leitores tenham alguma idéia de como incluir mais horas no meu dia, agradeço antecipadamente as indicações.
Aproveitei alguns dias em férias e li quase de um vez o último livro do Paul Krugmam: "A crise de 2008 e a economia da depressão". Com prefácio do Economista André Lara Resende, seu colega de doutorado no MIT, repito o que ele escreveu nesse prefácio à edição brasileira: o livro é muito bom.
O Nobel de Economia 2008 Paul Krugmam mostra como a incapacidade dos reguladores de acompanhar os avanços de um sistema financeiro cada vez mais fora de controle predispôs os Estados Unidos e todo o mundo a afundar na mais grave crise financeira desde a década de 1930.
Para concluir, o autor afirma acreditar que vivemos numa nova era de economia da depressão e que John Maynard Keynes é hoje mais importante do que nunca. E para o meu prazer cita a minha frase econômica preferida desde que iniciei a minha graduação: "NÃO HÁ ALMOÇO DE GRAÇA", conforme nos lembrou Milton Friedman.
Altamente recomendável a leitura do livro nesta época de tantos eventos inesperados.
Este blog é a minha casa na internet e quando leio um texto que, discordando ou não, considero inteligente, tenho o prazer de divulgar integralmente aos meus leitores, sem link para facilitar o acesso. Com vocês, artigo de GUSTAVO FRANCO na Folha de S. Paulo de hoje, comentando sobre os 15 anos do Plano Real.
PLANO REAL, 15
ONTEM, dia 28 de fevereiro de 2009, completamos 15 anos da publicação da medida provisória nº 434, que introduziu a URV (Unidade Real de Valor), uma formidável inovação que assumiu a forma de segunda moeda nacional, porém, como uma moeda apenas de conta - ou "para servir exclusivamente como padrão de valor monetário".
Em seu artigo 2º, a MP 434 já determinava que, quando a URV fosse emitida em forma de cédulas - e assim passasse a servir para pagamentos -, o cruzeiro real seria extinto e a URV teria seu nome mudado para real. A URV, portanto, era o real, que nasceu naquele momento e, quatro meses depois, em 1º de julho, teve a sua graduação bem-sucedida quando as novas cédulas e moedas do real foram colocadas em circulação.
Na época, dizia-se que o Plano Real, diferentemente dos outros planos econômicos, era um processo e que compreendia uma extensa agenda de ações contemplando os chamados fundamentos econômicos da estabilização e do desenvolvimento. Era uma linguagem inovadora para uma época em que as pessoas ainda acreditavam em milagres. Essa agenda era o cerne do programa. A passagem do tempo e a alternância no poder só tornaram mais claro que estávamos adotando paradigmas já bem assentados no tocante à disciplina monetária, à responsabilidade fiscal e à sustentabilidade financeira do Estado.
Não eram princípios tão polêmicos como a crítica da época fazia supor que fossem e, possivelmente, alguns de seus desdobramentos mais importantes naquelas difíceis circunstâncias - como a privatização, a reforma na Previdência e o Proer - poderiam ter passado mais tranquilamente, sobretudo se a oposição soubesse que governaria a seguir e que desfrutaria dos benefícios desses programas.
Mas a política é o reino das versões retorcidas, uma das quais - a tese da "herança maldita"- seguramente merece o Oscar no quesito efeitos especiais maliciosos e na categoria ingratidão. O fato é que, quando a oposição efetivamente virou governo, em 2002, e nada mudou nas linhas básicas dos princípios e programas acima enunciados, ficou claro que tínhamos experimentado uma espécie de convergência no plano das políticas macroeconômicas. Na verdade, esse foi o grande enredo do décimo aniversário em 2004: tínhamos uma moeda digna desse nome sem que isso se transformasse em evento partidário.
Aos 15 anos, tudo isso é ainda mais verdadeiro - e confuso. Permanece ainda mais desafiador um sofisma de autoria que pode ser descrito nos seguintes termos: o PT construiu uma versão falsa do que foi a coisa, que o partido atacou e depois, ao herdá-la, "consertou" para o que é hoje e, assim, toma a obra como sua. Já o PSDB gagueja ao reafirmar que a coisa era o que realmente era - e que era sua - e era o que é hoje, pois, ao defender o que é seu, alinha-se ao que o PT hoje tem como seu. Complexo, não?
Mais complexo é atinar para o seguinte: se os governos são difíceis de serem diferenciados quando se trata de princípios macroeconômicos básicos, se o Banco Central e o Tesouro não são cargos partidários, onde está, afinal, a diferença? Agora que já estamos aquecendo os motores para a sucessão do presidente Lula, essas perguntas se tornam mais pertinentes. E as respostas precisam começar com as circunstâncias, que, na política, são tudo ou 80% de tudo.
Os governos bons acabam sendo do tamanho dos desafios que enfrentam, exceto quando ganham na loteria e praticam o surfe. É claro que o surfe é popular, basta olhar à nossa volta, na vizinhança latina, e ver as flores da bolha internacional, a plêiade de fanfarrões e populistas torrando o que poderia ser a oportunidade de um salto qualitativo. Felizmente, não é o nosso caso.
A despeito de alguns pecadilhos, é bastante claro o compromisso do presidente Lula nos terrenos da disciplina monetária, da responsabilidade fiscal e da sustentabilidade financeira do Estado. Uma expressão operacional desse compromisso - a "tríade" que compreende metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário- vinha e vem sendo adotada à risca desde que foi introduzida em 1999 no contexto do acordo com o FMI.
É claro que Lula, como FHC, tem prioridades adicionais no campo social, mas ambos aprenderam que nenhuma política social terá efetividade se produzir, simultaneamente, um imposto sobre o pobre na forma de inflação. É fato que, até agora, estamos nos saindo relativamente bem na crise, mas não devemos perder de vista que isso tem pouco a ver com o PAC ou com o Fundo Soberano do Brasil: tem a ver com o fato de termos seguido políticas ortodoxas e reformas gerais e setoriais, com destaque para o Proer, que vem melhorando nossos fundamentos há 15 anos.
Essa consistência, nada comum na nossa história recente, vale celebrar sem preconceitos.
GUSTAVO FRANCO , economista e empresário, doutor em economia pela Universidade de Harvard (EUA), é sócio e diretor da Rio Branco Investimentos e professor do Departamento de Economia da PUC-RJ. Foi diretor de assuntos internacionais (1993-1997) e presidente do Banco Central do Brasil (1997-1999).
Como é bom ler citações que nos levam a viajar pela vida. Neste reinício, deixo ao meus quase dois leitores (espero que não tenham esquecido deste blog), cinco especiais para hoje:
- "O SENTIDO DA VIDA É QUE ELA ACABA" de Franz Kafka - escritor tcheco.
- "VIU MUITO QUEM HÁ MUITO VIVE" de Johann Wolfgang von Goethe - poeta e dramaturgo alemão.
- "MELHOR MORRER DE VODCA DO QUE DE TÉDIO" de Vladimir Maiakovski - poeta russo.
- "NADA É TÃO DIFÍCIL QUANTO NÃO SE ENGANAR A SI PRÓPRIO" de Ludwing Wittgenstein - filósofo inglês.
- "POR MAIS PARADOXAL QUE PAREÇA, A VERDADE É QUE A VIDA IMITA MAIS A ARTE DO QUE A ARTE IMITA A VIDA" de Oscar Wilde, escritor, poeta e dramaturgo irlandês.
É isso mesmo: com crise ou sem, vamos é trabalhar para mudar e fazer um ótimo 2009. Para recordar das férias, uma foto de uma das cidades onde estive.
Hoje, 31/01/2009 é o fim do primeiro mês deste conturbado ano de 2009. A partir de amanhã, fevereiro, este blog completa um ano de criação e esta engatinhando entre blogueiros que já estão no PhD. Por alguns meses deixamos de postar por absoluta falta de tempo, mas reavaliamos a situação e conseguimos, de certa maneira, mantê-lo atualizado dentro do possível.
Foi um período muito proveitoso, tivemos acesso a muitas informações econômicas importantes, aprendemos e conhecemos diversos colegas que são verdadeiros Doutores em Economia, além de excelentes pessoas.
No entanto, de hoje até meados do Carnaval/2009, este blog estará em recesso constitucional, cumprindo fielmente o que determina a legislação. Nesse período, pretendemos ir do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, numa viagem que somente deve acontecer em épocas de crise. Afinal, não é durante as crises que surgem as melhores soluções? Quem sabe, após o retorno, tenhamos encontrado a solução para a crise.
Até breve,João Melo, direto da floresta amazônica.
Esta eu pesquei no blog http://outrafacedamoeda.wordpress.com/ do colega Renato Byrro:
"Devido à quebra de bancos, queda nas bolsas, cortes no orçamento, crise nos combustíveis e pelo racionamento mundial de energia, informamos que a famosa luz no fim do túnel será desligada.”
Mas, afinal, quem "a pagará" a última conta de luz?
Li hoje na Folha de S. Paulo, a coluna do CLÓVIS ROSSI "O capitalista e o comunista" e recomendo aos meus quase dos leitores, pela visão entre dois conceitos tão diferentes.
DAVOS - Pode-se acusar George Soros de tudo ou de quase tudo, menos de não saber ganhar dinheiro. Mesmo sabendo, é o único grande capitalista que tem feito críticas sólidas ao capitalismo.
Sua análise sobre a presente crise é irrebatível nesse aspecto. Começa por dizer que a decantada eficiência do mercado "foi desmentida", assim como foi desmentida a tese de que os mercados, deixados por sua conta, "tendem ao equilíbrio". Na verdade, Soros usou o verbo "desproved", que, em português, seria "não provado/a", mas fica esquisito, não é?O megainvestidor lembra, de novo com toda a razão, que não foi um "choque exógeno" que levou aos "distúrbios" no sistema financeiro.
Ou seja, os "distúrbios" nasceram no próprio sistema financeiro e acabaram por levá-lo ao "colapso", sempre na análise de Soros. Ele se recusa a fazer previsões sobre o tamanho e o tempo de duração da recessão provocada pelos "distúrbios" (ou "colapso", você escolhe). Diz que não é importante.Ou que de fato importante seria reconstruir o sistema que entrou em colapso, o que exige uma fantástica, quase incalculável, injeção de dinheiro para capitalizar os bancos em coma. De onde virá o dinheiro? Óbvio: de papai-Estado, o único que tem recursos para fazê-lo, nem que seja preciso imprimi-lo.
Soros também defende o que a maioria de seus pares rejeita: a regulação do sistema financeiro. Não que acredite na capacidade de o Estado fazer direito as coisas. Mas "tem que fazê-lo, mesmo que tenda ao erro, porque, se errar, o mercado reage e permite corrigir o erro", que no caso seria de calibragem da regulação.Prefiro Soros a um suposto comunista, o premiê chinês Wen Jiabao, que só ontem se lembrou de que, ao reler os dois clássicos de Adam Smith, encontrara apenas uma única menção à justiça social.
Estou aqui neste momento no interior da floresta ou selva amazônica, imerso em como colaborar com BARACK OBAMA na reconstrução mundial, quando penso em Belém e no Fórum Social Mundial que lá está acontecendo em sua 9ª edição.
Interessante, mas muito interessante como se vestem grande número de participantes desse evento. Também estranho a necessidade da distribuição, pelo governo do estado do Pará, de 600.000 camisinhas aos cerca de 20.000 jovens que irão participar de atividades "extras". Além de atrapalhar o trânsito e perturbar o sossego de moradores, quanto é gasto com um fórum que bem poderia ser utilizado em determinadas escolas ou hospitais públicos/maternidades?
Gostaria muito de ler sobre os resultados, as propostas, as sugestões dos milhares de participantes do FSM que efetivamente produzam ou agreguem algo na solução dos diversos problemas que o mundo hoje enfrenta. Afinal, qual o resultado que o FSM apresentará ao mundo? Qual a alternativa ao capitalismo que possa ser imediatamente implantada? O que festejam os participantes do Fórum? Afinal, parece-me que todos estão a favor do meio ambiente e contrários a riqueza, porém, na hospedagem, sempre preferem um cinco estrelas...
SE até o Nobel PAUL KRUGMAN está considerando-se PERDIDO neste início de 2009, nesta crise que a cada dia aparece com uma notícia ruim, imagine nós, aprendizes na arte da Economia, procurando o ponto de equilíbrio para solucionar esta situação.
Com vocês, um GRANDE MESTRE, direto do The New York Times, já colando sua forte crítica nas costas do poderoso BARACK OBAMA. Trata-se de mais um texto inteligente, com uma argumentação que traz a todos uma preocupação com o estado REAL da Economia, além de procurar resumir todo o quadro atual. Uma excelente leitura para os meus dois quase leitores. O final do texto é dramático, porém é o mundo no qual vivemos hoje.
Krugman: perdido na confusão Como qualquer pessoa que presta atenção nas notícias financeiras e de negócios, eu encontro-me em um estado de alta ansiedade econômica. E, como qualquer indivíduo de boa vontade, eu esperava que o discurso de posse do presidente Barack Obama restaurasse um pouco da confiança e indicasse que o governo tem controle sobre o problema.
Mas não foi isso o que ocorreu. Terminei a terça-feira menos confiante do que me encontrava pela manhã em relação ao rumo da política econômica.
Apenas para esclarecer, não havia nada de escandalosamente errado com o discurso - embora para aqueles que ainda esperam que Obama seja o líder que criará um serviço universal de saúde, foi desapontador o fato de ele ter falado apenas do custo excessivo dos serviços médicos e de não ter mencionado uma vez sequer o sofrimento dos que não têm plano de saúde nenhum ou dos que têm planos cuja cobertura é insuficiente.
Além disso, era de se esperar que os redatores do discurso apresentassem algo mais inspirador do que um apelo por uma "era de responsabilidade" - que, sem querer ser muito detalhista, foi o mesmo que George W. Bush pediu oito anos atrás.
Mas o que me desagradou sobremaneira em relação ao discurso, no que se refere à questão econômica, foi a sua convencionalidade. Em resposta a uma crise econômica sem precedentes - ou, para ser mais preciso, uma crise cujo único precedente real foi a Grande Depressão -, Obama fez aquilo que os indivíduos de Washington fazem quando querem parecer sérios: ele falou, de forma mais ou menos abstrata, sobre a necessidade de fazer escolhas difíceis e enfrentar os interesses especiais.
Isso não é suficiente. Na verdade, não é sequer correto.
Assim, no seu discurso, Obama atribuiu a crise econômica em parte ao "nosso fracasso coletivo no que se refere a fazer escolhas difíceis e preparar a nação para uma nova era" - mas eu não faço a menor ideia do que ele quis dizer com isso. Esta é, acima de tudo, uma crise provocada por uma indústria financeira descontrolada. E, se nós não conseguimos controlar essa indústria, não foi porque os norte-americanos recusaram-se "coletivamente" a fazer escolhas difíceis; o povo norte-americano não fazia a menor ideia do que estava se passando, e a maioria das pessoas que sabiam o que se passava acreditava que a desregulação era uma excelente ideia.
Ou, observem esta declaração de Obama: "Os nossos trabalhadores não são menos produtivos do que eram quando a crise começou. As nossas mentes não são menos criativas, os nossos produtos e serviços não são menos necessários do que eram na semana passada, no mês passado ou no ano passado. A nossa capacidade não diminuiu. Mas a nossa época de resistir às mudanças, de proteger interesses estreitos e de descartar decisões desagradáveis - essa época sem dúvida passou".
É quase certo que a primeira parte desse trecho do discurso teve como objetivo parafrasear as palavras escritas por John Maynard Keynes quando o mundo mergulhava na Grande Depressão - e foi um grande alívio, após décadas de denúncias automáticas contra o governo, ouvir um novo presidente fazer um elogio a Keynes.
"Os recursos da natureza e os instrumentos do ser humano continuam exatamente tão férteis e produtivos quanto eram. O ritmo do nosso progresso na tarefa de resolver os problemas materiais da vida não é menos rápido. Somos tão capazes quanto antes de proporcionar a todos um alto padrão de vida... Mas atualmente nos envolvemos em uma confusão colossal, tendo cometido um erro grave no controle de uma máquina delicada, cujo funcionamento não entendemos".
Mas algo perdeu-se na tradução. Tanto Obama quanto Keynes afirmam que nós estamos fracassando na tarefa de usarmos a nossa capacidade econômica. Mas a percepção de Keynes - de que estamos imersos em uma "confusão" que precisa ser consertada - foi de alguma forma substituída pela mensagem padronizada do tipo "a culpa é nossa, sejamos mais rigorosos com nós mesmos".
Lembrem-se de que Herbert Hoover não tinha problemas quanto a tomar decisões desagradáveis: ele teve a coragem e a firmeza para reduzir os gastos e aumentar os impostos diante da Grande Depressão. Infelizmente, isso só fez com que as coisas piorassem.
Mesmo assim, um discurso é apenas um discurso. Os membros da equipe econômica de Obama sem dúvida entendem a natureza extraordinária da bagunça em que estamos metidos. Portanto, o tom do discurso da terça-feira pode não significar nada em relação à futura política do governo Obama.
Por outro lado, Obama é, conforme disse o seu antecessor, a pessoa que decide. E ele terá que tomar algumas grandes decisões muito em breve. Para ser mais específico, ele terá que decidir o grau de ousadia das suas medidas para sustentar o sistema financeiro, cujo cenário deteriorou-se tão drasticamente que uma quantidade surpreendente de economistas, nem todos eles particularmente liberais, afirma agora que uma nacionalização temporária de alguns dos maiores bancos será necessária para que se resolva a crise.
E, então, Obama está pronto para isso? Ou as banalidades do seu discurso de posse foram um sinal de que ele esperará até que o saber convencional alcance o patamar dos acontecimentos? Se for este o caso, o governo dele estará perigosamente atrasado em relação aos fatos.
E nós não desejamos ver a nova equipe em tal situação. A cada semana a crise piora e a sua solução fica mais difícil. Se não contarmos logo com ações drásticas, poderemos nos ver atolados nesta confusão por um período bem longo.
Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...