"A vida é o que é... A gente é que pode ser mais."
"Não importa o que fizeram de você, mas o que você faz com o que fizeram de você."
"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos."
"A vida é o que é... A gente é que pode ser mais."
"Não importa o que fizeram de você, mas o que você faz com o que fizeram de você."
"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos."
Diogo Costa no http://www.ordemlivre.org/node/447 fecha de maneira espetacular este ano de 2008. E que venha 2009, pois com, ou, preferencialmente, SEM CRISE, o livre mercado continua livre e democrático. A aula abaixo merece a nossa leitura e o agradecimento ao seu autor. Este blog, cujo próprio título já vem com o CAPITALISMO em seu cerne, não poderia deixar de divulgar O QUE O CAPITALISMO NÃO É.
Foi Karl Marx quem cunhou o depreciativo termo "capitalista" para identificar um sistema econômico que havia recebido de Adam Smith uma expressão mais descritiva e bonita: "sistema de liberdade natural". A origem negativa do termo é um dos motivos pelos quais a discussão sobre o capitalismo necessita de um esclarecimento. Seja para atacá-lo ou defendê-lo, é importante entendermos primeiro o que o capitalismo não significa.
O capitalismo não é exclusivamente "capitalista". A acumulação de capital é um fato existente em qualquer sociedade, independentemente de sua estrutura política e econômica. Max Weber já dizia em A ética protestante e o espírito do capitalismo que "a ganância pelo ouro é tão antiga quanto a história do homem". E que onde o capitalismo era mais atrasado encontrava-se "o reino universal da absoluta falta de escrúpulos na busca dos próprios interesses por meio do enriquecimento". No entanto, as pessoas ainda encaram o capitalismo como um ordenamento moral, um modo de vida em que a acumulação de riqueza é o bem superior. Mas a defesa do capitalismo não significa a defesa de um homo economicus cuja única preocupação na vida é ganhar dinheiro. Há muitas coisas mais importantes do que a acumulação de capital, como a família, a religião, a arte e a cultura. E isso realça a importância da economia de mercado. É verdade que no livre mercado há mais oportunidade para aquele que pretende enriquecer, mas nele o filósofo também tem mais oportunidade de aprender e o artista tem mais oportunidade de se expressar. E é por meio do livre mercado que o filantropo, a pessoa que deseja ajudar o próximo, dispõe de mais recursos para fazer assistência social, e, através do sistema de preços livres, pode utilizar seus recursos de forma mais eficiente.
O capitalismo não é a burocracia internacional. As pessoas de esquerda costumam identificar pelo termo "neoliberal", tanto as reformas modernizadoras que diminuem a participação do Estado na economia, quanto as organizações inter-governamentais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Como neoliberalismo e capitalismo são termos intercambiáveis no discurso vulgar, o FMI e o Banco Mundial aparecem como braços operadores do capitalismo internacional. Essa confusão também costuma ser feita por pessoas de direita que, definindo-se por sua oposição sem reservas à esquerda, acabam defendendo instituições burocráticas como se fossem partes integrantes do sistema capitalista. Nesse caso, a esquerda tem razão em denunciar a arrogância de agências internacionais, que nada mais são do que uma forma de planejamento central de larga escala. Enquanto o liberal entende que a prosperidade depende da utilização do conhecimento e dos incentivos dispersos na sociedade, os burocratas internacionais acreditam que podem comandar o desenvolvimento econômico na Zâmbia ou em Guiné-Bissau de seus escritórios em Washington e Nova York. O resultado não tem sido animador. O jornalista Andrew Mwenda, de Uganda, continua sem resposta para sua pergunta sobre exemplos históricos de países que tenham realmente prosperado graças à ajuda externa. De 1975 a 2000, o continente africano recebeu em auxílio externo uma média de 24 dólares per capita por ano. Entretanto, o PIB africano per capita diminuiu a uma taxa média anual de 0,59%. Durante o mesmo período, o PIB per capita do sul asiático cresceu a uma média de 2,94%, apesar de ter recebido em auxílio externo uma média de apenas 5 dólares per capita a cada ano. Políticas de abertura de mercado têm um efeito mais positivo do que o planejamento internacional financiado por impostos. Na verdade, em vez de criar economias de mercado ativas e autônomas, as políticas do Banco Mundial diminuem a dependência dos governos por sua própria população, já que a receita não vem dos tributos extraídos do desenvolvimento econômico doméstico, mas das negociações com outros burocratas. O poder da população é transferido para essas organizações, criando uma cultura de dependência em que a miséria local apenas aumenta o poder de barganha dos governos que recebem auxílio externo. O resultado é a perpetuação da miséria.
O capitalismo não é a política norte-americana. Apesar de os Estados Unidos historicamente terem tido um de seus pilares no livre mercado, grandes contribuições para a compreensão do capitalismo foram feitas em outros paises. Sem contar que, ultimamente, o governo americano tem feito um ótimo trabalho de difamação do nome do livre mercado. O crescimento nos gastos da atual administração superam a de qualquer outro presidente desde o democrata Lyndon Johnson, criador do programa assistencialista da Great Society. George W. Bush foi o primeiro presidente americano a assinar um orçamento de mais de 2 trilhões de dólares. E também foi o primeiro presidente americano a assinar um orçamento de mais de 3 trilhões de dólares. Um aumento que inclui gastos significativos na previdência social e saúde pública, além dos gastos bélicos. As recentes aventuras no Oriente Médio também não podem ser consideradas políticas pró-capitalistas. A própria guerra e a permanência no Iraque são um experimento socialista de escala internacional, que já custou mais de 1 trilhão de dólares e cerca de 30 mil vidas. Liberais defensores do capitalismo não acreditam que nações são violentamente construídas por meio da política, mas que se desenvolvem espontânea e pacificamente. É o socialismo que defende a prosperidade planejada. E o que o governo americano tem feito no Iraque é um planejamento de longo alcance.
O capitalismo não é a defesa irrestrita das grandes corporações. Os defensores do livre mercado entendem que os negócios podem tanto servir quanto prejudicar a população em geral. Em um sistema intervencionista, toda empresa que quer aumentar o seu lucro tem duas opções: investir em produtividade, para competir pelos consumidores, ou investir em lobby, para competir pelos favores políticos. A competição para servir à sociedade é capitalismo, a competição para servir ao governo é mercantilismo. São os mercantilistas que defendem legislações protecionistas de corporações contra a competição estrangeira e doméstica. Os liberais defendem um mercado aberto, em que a manutenção de um negócio depende do oferecimento de serviços e produtos que satisfaçam ao consumidor.
O capitalismo não é a perpetuação das elites. São os oponentes do capitalismo que, ao defender maior concentração de poder nas mãos de políticos e burocratas, constroem um sistema corrupto e estático, no qual há pouco espaço para a mobilidade social e pouca oportunidade para o desenvolvimento da criatividade humana. Há doses de capitalismo em diferentes sociedades do mundo, mas não há uma sociedade onde a economia seja puramente livre, e nem o Brasil está entre as economias mais livres do mundo. Na verdade, de acordo com o ranking de liberdade econômica publicado anualmente pelo Fraser Institute, do Canadá, o Brasil encontra-se no 101º lugar entre 168 países examinados, empatado com Paquistão, Etiópia, Bangladesh e Haiti. No Brasil, há excesso de burocracia para a entrada e a permanência no mercado, uma legislação trabalhista rígida, que empurra os trabalhadores para a informalidade e uma legislação tributária que já foi considerada pelo Fórum Econômico Mundial como a mais complexa de todo o mundo. Os oponentes do livre mercado insistem no controle governamental da economia para resolver os problemas que foram criados pelo próprio governo. Defender o livre mercado é defender a estrutura de um sistema econômico dinâmico em que se estimula a produção de riquezas e se permite a mobilidade social.
O capitalismo não é a defesa do tratamento desigual das pessoas. Há diversas formas de tornar as pessoas mais iguais. Os igualitários normalmente não pretendem torná-las mais iguais em conhecimento ou em beleza, mas em recursos, pelo menos em alguns recursos que consideram fundamentais. É bem verdade que o livre mercado não se baseia na igualdade de recursos. Mas isso não significa um tratamento desigual das pessoas. A igualdade liberal, da qual floresce o capitalismo, é a igualdade de direitos, a igualdade perante a lei. Isso significa que as questões de justiça e o uso da sua liberdade no mercado não dependem de quem você é, mas do que você faz. O capitalismo é um sistema econômico de cooperação mútua, apoiado em uma estrutura de direitos na qual prevalece a igualdade jurídica entre as pessoas. As pessoas no livre mercado não são iguais em "distribuição de renda", mas são iguais em liberdade.
Por fim, capitalismo não é socialismo. O capitalismo não é uma imposição do governo, nem o mercado é uma ideologia em que a teoria necessariamente precede a prática. O capitalismo é simplesmente o que ocorre quando as pessoas têm liberdade para fazer trocas, apoiadas em direitos de propriedade bem definidos. É o socialismo que necessita da mobilização social para alcançar um objetivo comum entre todas as pessoas. O socialismo precisa da pregação e da concentração de poder na autoridade manipuladora. O socialismo é a politização da vida econômica, é um discurso interminável do Fidel Castro, é a transformação de tudo o que é belo e espontâneo no dirigismo rígido da política. O livre mercado é apenas o conjunto de ações de agentes humanos livres sobre a alocação de recursos escassos. Se os propósitos desses agentes são morais, a ordem gerada será igualmente moral. E é quando nós conseguimos sinceramente compreender e avaliar o capitalismo que passamos a ter o discernimento para defendê-lo ou atacá-lo.
Lendo hoje na Folha o Elio Gaspari comentar que esta crise econômica estava aí já em janeiro/2008, fui buscar a EXAME de 31/12/2007 e na página 27 leio novamente que: "Ao final do governo Clinton, em 2000, o superávit nas contas públicas americanas beirava os 2% do PIB. Bush cortou impostos, aumentou gastos e gerou um déficit estimado em quase 200 bilhões de dólares em 2007. O buraco nas contas, aliado ao desequilíbrio no balanço de pagamentos, enfraqueceu o dólar - que se desvalorizou quase 50% em relação ao euro nos últimos oito anos. Para piorar, a economia americana passa pela crise imobiliária, que pode jogar o país numa recessão nos próximos trimestres." Na página 29 leio que "o mais recente relatório do banco do investimento Merril Lynch avalia que a chance de recessão em 2008 é de 100%".
Diante disso, que lemos em 31/12/2007, alguma surpresa com o que está acontecendo hoje?
Mesmo vendo ECONOMIA em tudo na vida, este blog também tem seus momentos de outros fatos. Desde que começei a ler que sou conhecedor de um eterno conflito lá no distante Oriente Médio entre Israel e palestinos. Fato é que nem nesta época de final de ano eles conseguem viver um segundo sequer em PAZ. Hoje, no mais violento ataque de Israel contra grupos radicais palestinos ocorrido nos últimos anos, cem bombas, lançadas de 60 aviões de guerra contra 50 alvos, deixaram um saldo de mais de 200 mortos, segundo fontes médicas palestinas, e mais de 200 feridos. Triste notícia para um final de ano que já vai indo triste.
Continuando a ler as notícias de hoje, quase não acreditei quando li na Folha online que o cientista político Samuel Huntington, autor do famoso ensaio "O Choque de Civilizações", morreu aos 81 anos em Martha's Vineyard, no Estado americano de Massachusetts, conforme informou neste sábado a Universidade Harvard.
Huntington morreu na última quarta-feira (24/12). O cientista político deixou de lecionar em Harvard em 2008, após 58 anos de "serviços bons e leais", segundo a universidade americana. Ele foi autor, co-autor e editor de 17 obras e 90 artigos científicos sobre a política americana, a democratização, a política militar, a estratégia, e até mesmo política de desenvolvimento, informou o comunicado.
Nascido Samuel Phillips Huntington em 18 de abril de 1927 em nova York, ele conseguiu se formar na Universidade de Yale aos 18 anos e começou a lecionar em Harvard aos 23. "O Choque de Civilizações", publicado em 1996, foi traduzido a 39 idiomas. O livro também foi considerado como uma visão prévia do conflito com grupos muçulmanos que culminou nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Realmente, apesar de sua morte ter ocorrido na véspera de Natal, somente foi divulgada a pouco. Mesmo não querendo acreditar, pesquisei ainda na Harvard Magazine http://harvardmagazine.com/breaking-news/samuel-p-huntington-dies-age-81 , confirmado o fato, divulgado há menos de três horas, conforme abaixo.
Political scientist Samuel P. Huntington, the Weatherhead University Professor emeritus, died December 24, at age 81, on Martha’s Vineyard. He retired from teaching in 2007, after 58 years of service at Harvard, according to the official University news release on his life and career.
Huntington was best known for his views on the importance of cultural identities and affiliations in shaping relations between and among states and nations—an argument popularly summarized by his vivid phrase, “the clash of civilizations,” first spelled out in a 1993 journal article and then expanded upon in a internationally best-selling book published in 1996.
Existem professores que marcam toda uma geração, que apresentam idéias novas, que criam polêmicas admiráveis e que ficamos conhecendo ao longo de nossas experiências acadêmicas. Quando fiz na Universidade de Brasília uma especialização em Relações Internacionais, não tive que deixar de ler e conhecer um pouco mais desse tal choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial. Por isso, esta notícia de sua morte e da situação na faixa de Gaza, tudo no último sábado de 2008, é para marcar de tristeza este mundo em CRISE (para não dizerem que não falei de economia).
E um fato que também marca é o belo exemplo de Professor Huntington: 58 anos lecionando em Harvard. Que exemplo de vida para todos nós, indiferente das posições políticas do grande Mestre.
Acabo de receber a EXAME com a feliz data de 31/12/2008, UM ANO PARA FICAR NA HISTÓRIA. Cláudia Vassallo, na sua Carta ao Leitor, consegue ser realista e otimista. Para ela (e eu concordo integralmente), "este ano mudou o mundo e nos deu uma lição de humildade. Cisnes Negros (de novo o livro que estou lendo) continuarão a surgir na economia sem que tenhamos capacidade de antever sua aparição. Continuaremos a ser surpreendidos por eles, sem que isso seja necessariamente ruim. ECONOMISTAS, analistas financeiros, gurus, acadêmicos, NINGUÉM conseguiu desenhar os contornos que o mundo tomaria após o anúncio da quebra do LEHMAN BROTHERS."
Humildade é a própria EXAME reconhecer através de sua Diretora de Redação que também "nós, jornalistas de EXAME cometemos erros". E encerra sua carta com o otimismo de que "não é preciso ser sábio ou profeta para dizer, hoje, que 2009 será tão ou mais emocionante que 2008." E que muitas profecias ruins não se cumpram...
Não posso deixar de divulgar recente artigo com o sugestivo título "Somos todos keynesianos", de MARTIN WOLF no "FINANCIAL TIMES". Uma excelente leitura para este feriadão de final de ano. E que venha 2009.
Somos todos keynesianos, agora. Quando Barack Obama assumir a Presidência, proporá um gigantesco pacote de estímulo fiscal. Pacotes semelhantes estão sendo propostos por diversos governos.
O fantasma de John Maynard Keynes (1883-1946), pai da macroeconomia, voltou para nos assombrar. Com ele retornou o de seu mais interessante discípulo, Hyman Minsky. Todos sabemos agora o que quer dizer o "Momento Minsky" - o ponto no qual um período de mania financeira se transforma em pânico.
Como todos os profetas, Keynes ofereceu lições ambíguas aos seus seguidores. Poucos ainda crêem na sintonia fina fiscal que seus discípulos propunham nas décadas após a 2ª Guerra. Mas ninguém mais acredita, tampouco, nas metas monetárias propostas pelo celebrado adversário intelectual de Keynes, o americano Milton Friedman (1912-2006).
Agora, 62 anos após a morte do economista britânico, numa nova era de crise financeira, é mais fácil compreender o que segue relevante em seus ensinamentos.
Eu vejo três lições amplas.
A primeira, desenvolvida por Minsky, é que não deveríamos levar a sério as pretensões dos financistas. "Um banqueiro sólido não é aquele que prevê o perigo e o evita, mas o que, quando quebra, quebra ao modo convencional, em companhia de seus pares, de maneira a que ninguém possa culpá-lo." Ou seja, o conceito de "mercados eficientes" não era com ele.
A segunda lição é a de que a economia não pode ser analisada da mesma maneira que uma empresa individual. Para uma empresa, faz sentido cortar custos. Caso o mundo tente fazê-lo, resultará numa contração da demanda. Um indivíduo pode não gastar toda sua renda, mas o mundo deve fazê-lo.
A terceira e mais importante lição é que a economia não deveria ser tratada como uma narrativa moral. Nos anos 1930, havia duas visões ideológicas opostas em competição: a austríaca e a socialista. Os austríacos Ludwig von Mises e Friedrich von Hayek argumentavam que era necessário purgar os excessos dos anos 1920. Os socialistas argumentavam que o socialismo precisava substituir completamente o capitalismo. As posições se baseavam em religiões laicas concorrentes: a primeira, na idéia de que a busca de vantagem pelos indivíduos garantia uma ordem econômica estável; a segunda, na idéia de que essa motivação só poderia conduzir a exploração, instabilidade e crise.
Keynes foi um gênio peculiarmente inglês, já que insistia em que deveríamos abordar um sistema econômico não como uma narrativa moral, mas como um desafio técnico. Ele desejava preservar o máximo de liberdade, mas reconhecia que um Estado mínimo era inaceitável em uma sociedade democrática e de economia urbanizada. Desejava preservar a economia de mercado, mas não acreditava que o "laissez-faire" propicia tudo de melhor no melhor dos mundos possíveis.
Esse mesmo debate moralista retornou, hoje. Os "liquidacionistas" insistem em que um colapso resultaria no renascimento de uma economia purificada. Seus oponentes de esquerda argumentam que a era dos mercados acabou. E mesmo eu desejo punição aos alquimistas financeiros que alegavam que dívidas cada vez maiores serviriam para transformar chumbo econômico em ouro.
Para Keynes, abordagens como essas são tolas. Os mercados não são infalíveis ou indispensáveis. Servem de sustentação a uma economia produtiva e às liberdades individuais. Mas também podem sair do rumo, e precisam ser administrados.
A tarefa urgente é restaurar a saúde da economia mundial.
O desafio de prazo mais curto é sustentar a demanda agregada, como Keynes recomendaria. Igualmente importante será o financiamento direto do banco central à captação. Boa parte do ônus caberá aos EUA, em larga medida porque europeus, japoneses e até chineses são inertes demais, complacentes demais ou fracos demais.
Dada a correção do consumo doméstico já em curso nos países com déficits comerciais, é provável que esse período de altos gastos dos governos persista por anos. Ao mesmo tempo, é preciso um grande esforço para purgar os balanços domiciliares e do sistema financeiro.
Converter dívida em capital certamente será necessário.
Também pragmática deve ser a tentativa de construir um novo sistema de regulamentação financeira mundial e uma política monetária que contenha os "booms" de crédito e as bolhas de ativos. Como Minsky deixou claro, não há resposta permanente. Mas reconhecer a fragilidade sistêmica de um sistema financeiro complexo poderia ser um bom começo.
Como foi o caso nos anos 1930, temos uma escolha: lidar com esses desafios de forma cooperativa e pragmática ou permitir que as viseiras ideológicas e o egoísmo nos obstruam. O objetivo é claro: preservar uma economia mundial aberta e ao menos razoavelmente estável, que ofereça oportunidades à maior proporção possível da humanidade.
Como Oscar Wilde poderia ter dito, na economia a verdade é raramente pura e jamais simples. É a maior lição da crise. E também uma lição de Keynes.
Nesta época de final de ano e com o pessimismo geral sobre 2009 abatendo muita gente boa, vale a pena ler o artigo abaixo, escrito por MICHAEL SKAPINKER, colunista do "Financial Times". É por ler artigos com a mensagem abaixo que continuo otimista com relação a 2009. Eu, Nosso Guia e mais alguns poucos colegas.
Meus caros quase dois leitores: reflitam e leiam nas entrelinhas que podemos ter um 2009 diferente do que estão falando. Estou lendo "A lógica do Cisne Negro" de Nassim Nicholas Taleb, decano de Ciências da Incerteza na Universidade de Massachusetts. O artigo do Skapinker é o meu Cisne Negro.
Em abril de 1961 o filósofo Bertrand Russell declarou, em uma reunião da Campanha pelo Desarmamento Nuclear, que, se as grandes potências não alterassem suas políticas, seria "improvável ao mais alto grau que qualquer de nós aqui presentes continue vivo dentro de 10 anos".
As bombas nucleares ainda podem ser detonadas ao longo dos próximos 10 anos, ou talvez até no ano que vem. Alguns dos países que dispõem desse tipo de arma, ou parecem determinados a adquiri-la, são mais assustadores do que aqueles que as tinham em seus arsenais naquela época. Mas, 47 anos depois da previsão apocalíptica de Russell, continuamos aqui.
Vocês se lembram do vírus do milênio? A suposição era de que ele viesse a paralisar o mundo, porque os computadores seriam incapazes de enfrentar a mudança de 99 para 00 em seus calendários internos.
Qual foi a origem daquilo tudo? O vírus do milênio foi um perigo genuíno que governos e empresas evitaram porque agiram com decisão? Ou vivemos um momento de histeria empresarial e pessoal maciça?
Suspeito que a resposta correta seja essencialmente a última. Pode ser que, dentro de uma geração, o aquecimento global venha a ser considerado mais ou menos à mesma luz. Também pode ser que não. Nem tudo sobre o que entramos em pânico é infundado.
Mas é surpreendente como o desastre que acaba nos atingindo é exatamente aquele pelo qual não esperávamos.
Havia gente preocupada com os créditos hipotecários de risco (subprime), com a securitização e com a complexidade financeira, dada a possibilidade de que tudo isso terminasse em desastre, mas suas preocupações foram desconsideradas.
Quando o desastre nos atinge, muitas vezes surge a revelação de que alguém o havia previsto. Mas muitas vezes as previsões sombrias não se confirmam, e as vozes solitárias são desdenhadas e esquecidas.
E por que não somos muito bons em prever o futuro? Para começar, porque o mundo é complicado demais para que possamos considerar todas as eventualidades. Em segundo lugar, porque tendemos a reproduzir o comportamento daqueles que nos cercam. Dissidentes têm poucos amigos.
Terceiro, porque, em nossa incerteza, tendemos a confiar naqueles que acreditamos saber melhor. Hoje, tendem a ser economistas, intelectuais e celebridades. Se todas essas pessoas inteligentes acreditam em alguma coisa, quem somos nós para contradizê-las?
Quarto, gostamos de histórias.
Adotamos narrativas que explicam o mundo e nos apegamos a elas mesmo quando os fatos sugerem que podem estar erradas. Apenas quando estamos encarando o colapso começamos a duvidar do que dizem.
A história do capitalismo acabou em frangalhos este ano. Ocorre que, desta vez não há algo de melhor à espera do outro lado.
O próximo capítulo será fascinante. As taxas de juros dos Estados Unidos caindo a zero, ou bem perto disso. Boa parte do sistema bancário estatizado. Um presidente carismático na Casa Branca.
O que acontece a seguir? Não sei.
Vocês, tampouco. Por mais desesperados que estejamos para descobrir, devemos ser maduros o bastante para admitir que não existe quem possa nos contar. Isso torna a vida mais difícil, mas o que seria de nós, de outra forma? A curiosidade quanto ao que acontece a seguir é parte essencial da alegria e da angústia de ser humano.
Recente reportagem do The Wall Street Journal citou os cinco setores nos quais o presidente eleito Barack Obama estará estimulando economicamente. São eles: a infra-estrutura de transporte; a eficiência energética; a reforma dos prédios escolares; a expansão da banda larga e os registros de saúde digitais. Sem querer ser pessimista, muito pelo contrário, minha avaliação inicial é que esse New Deal nos moldes do que o presidente Roosevelt fez na Grande Depressão dos anos 30 não será suficiente para reverter os atuais péssimos números da economia americana.
Penso que ele deveria reunir-se rapidamente com o Nosso Guia, em conjunto com a Mãe do PAC e aprender como se coloca em funcionamento um Plano de Aceleração do Crescimento e não se tem, ainda, o resultado desejado. Afinal, aqui a crise não entra.
Ontem foi Natal, mas como seria melhor se fosse todo dia. Diante disso, vale à pena ler de novo o artigo “NATAL SECRETO” da Míriam Leitão. Ela inicia seu texto comentando que os americanos não desejam mais Feliz Natal e isso não é devido à crise nem pelas profecias terminais dos nossos colegas economistas. O politicamente correto lá é trocar o específico MERRY CHRISTMAS pelo genérico HAPPY HOLIDAYS. O final do seu artigo é perfeito. Lá vai a Míriam dizendo que “A diversidade é ninguém abrir mão da própria identidade. Refletir antes de falar para não ofender o outro. Não impor o pensamento dominante como único padrão possível, incentivar os valores da convivência entre desiguais, tudo isso é bom, universalmente bom. E é dessa aceitação do outro, da união de todos, que se faz o verdadeiro espírito de NATAL”. Para quem desejar ler na íntegra seu post, basta acessar http://oglobo.globo.com/economia/miriam/#149608
Em São Paulo tive o prazer, por diversas vezes, de ver um dos mais belos quadros de Rafael, a "Ressurreição de Cristo", que está lá no Museu de Arte de São Paulo - MASP.
Hoje, realmente a noite não é de ECONOMIA.
Apesar da revista "Dicta & Contradicta" já ter lançado o seu número dois, até o momento ainda não tive o prazer de comprá-la aqui neste interior do Pará. Porém espero que em breve, eu consiga localizar uma banca que tenha a mesma.
Já tinha lido algumas ótimas referências com relação a revista e a sua apresentação que está no site http://www.dicta.com.br/a-revista/, já diz para que veio. A Dicta & Contradicta é uma revista semestral lançada em 10 de junho de 2008 em São Paulo pelo Instituto de Formação e Educação.
Reúne artigos e resenhas de intelectuais brasileiros e estrangeiros sobre os grandes temas da cultura ocidental: a ética, a filosofia, a literatura e as artes, sob uma perspectiva de longo prazo, desvinculada da política partidária e com uma vocação, na medida do possível, universal. Com isso, a revista – com uma mentalidade acadêmica, mas sem academicismos – procura atender a uma demanda do mercado por textos de maior transcendência e profundidade.
Normalmente procuro escrever mensagens de NATAL/ANO NOVO diretas, objetivas, sem procurar adoçar um momento em detrimento de outros 364 amargos. Neste ano, minha mensagem de NATAL/ANO NOVO é a mensagem da DICTA & CONTRADICTA. Depois que li, refleti e resolvi postar algo maior que a minha objetividade. Espero que meus dois quase leitores, também gostem da mesma. BOA LEITURA E BOAS FESTAS.
De todas as épocas do ano, o Natal parece ser a mais carregada de “peso”, de “sombras”. Claro que a ocasião é de festa: afinal, é Deus quem nasce, mais uma vez. Mas é de se pensar que ninguém sabe o que acontece quando Deus nasce. Por isso, o “peso”, as “sombras”. Em um mundo dominado por uma “crise” que jamais encontra uma solução, o Natal parece ser somente uma ocasião para comprar e dar presentes ou, pior, para descansar a cabeça de um ano díficil e preparar-se para um ano que promete ser mais díficil ainda.
Entretanto, ele não é apenas um “descanso para a mente do homem comum” ou o “nascimento de Deus”. O Natal é o nascimento do Deus que veio para nos salvar - eis a diferença. Um deus pode nascer e até ajudar o crente em seus caminhos no mundo tortuoso; mas um deus que nasça para salvar efetivamente o crente e, ainda depois deste resgate, continua a ter paciência para dar conselhos e confortá-lo - isso sim é quase impossível (e olhem que o tal do crente nunca é o melhor dos seres humanos).
No entanto, isso aconteceu - e a rejeição deste simples fato coloca em perigo não só uma questão civilizacional, mas também a nossa própria existência pessoal. Vivemos em um mundo que, mais cedo ou mais tarde, vai nos devorar em suas presas e temos Alguém com quem, através de um pouco de esforço, podemos conversar, dialogar e chegar em finais muito surpreendentes. E este Alguém também pede muito pouco - na verdade, segundo o Salmo 51, pede apenas um coração verdadeiramente contrito. Por “contrito” entenda-se o verdadeiro exame de consciência que só você e Deus podem saber o que se passa dentro do seu coração. Mas se perdermos a noção deste Alguém, como poderemos conversar, dialogar? Perdemos isso e tudo está perdido - nada mais, nada menos.
O Natal serve para mergulharmos nas suas “sombras”, no seu “peso” e relembrarmos constantemente que o nosso nascimento não acontece em um único dia, mas em todos os dias. O mesmo ocorre com a Ressurreição - que é um Natal redobrado, por assim dizer. Esta é a verdadeira alegria deste evento - uma alegria agridoce, sem dúvida, pois, como nos lembra São João de Ávila, a madeira da manjedoura é o prenúncio da madeira da Cruz. Mas entre uma e outra há todo um percurso e é nele que esse Alguém está do nosso lado, sem hesitar, sem nunca recusar seu conforto, mesmo que seja no mais perturbador de todos os silêncios.
Um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo para todos os leitores que fizeram deste blog uma realidade!
Muito interessante a entrevista desta semana na VEJA com o economista americano JEREMY RIFKIN. Ele defende a tese de que a atual crise financeira, a crise energética e o aquecimento global estão interligados e não serão solucionados separadamente.
Fico satisfeito com esse entendimento, pois ao prever que o barril de petróleo deve custar US$ 200 em 2030, ainda temos algum tempo para fazer valer a importância da busca de novas fontes de energia, o que deve beneficiar o Brasil. Mesmo que hoje o preço do barril esteja por volta dos US$ 45, ele comenta que por causa do aumento da população mundial e do consumo, o preço do petróleo vai subir em breve, por mais lenta que a economia esteja.
Para RIFKIN, "para sair do pântano financeiro e climático, é preciso acelerar a revolução verde."Entendo que o Brasil pode fazer muito e ser destaque no mundo. É só ver a quantidade de alternativas energéticas que temos em nosso país.
Este breve texto abaixo eu li num suplemento da revista TIME edição de inverno, presente de um colega recém-chegado do exterior. Numa matéria de 64 páginas exclusiva sobre o luxo no mundo, é que vemos que uma das melhores coisas da vida é mesmo o TEMPO.
Don´t talk to me about luxury.
OK, you can.
But forget it.
You must know that the only real luxury is TIME.
TIME and a cup of tea. And a pear. Or an apple. Maybe a little cake.
That is enough.
Antoninho Marmo Trevisan é o atual Presidente da Academia Brasileira de Ciências Contábeis. Em recente artigo no VALOR ele cita o Tratactus de Computis et Scripturis (“Contabilidade por Partidas Dobradas”, do padre Luca Paciolo, (reconhecido como o pai da contabilidade), publicado em 1494 e que estabeleceu um conceito inexorável: PARA CADA DÉBITO DEVE EXISTIR UM CRÉDITO EQUIVALENTE.
Diante dessa sábia fórmula, Trevisan sintetiza de maneira didática que “o desrespeito ao clássico ensinamento, que os contabilistas aprendem no primeiro ano do seu curso superior, foi a causa da pandêmica crise do sub-prime surgida nos Estados Unidos.” Continua ele que “para um mesmo bem, representado na compra do imóvel, foram criadas inúmeras fontes de recursos, mas sem o necessário lastro físico”.
Então vamos concordar numa coisa: o livre mercado é a base do capitalismo e sempre vai em busca do algo mais. SE esse algo mais deu errado, a falha não é exclusiva do livre mercado, MAS da omissão do Estado na regulamentação dessa enorme movimentação financeira interglobal que a internet possibilitou. Acredito na possibilidade da feliz união entre o livre mercado com o Estado, cada qual fazendo a sua parte, não deixando porém de olhar um ao outro. Também não entendo que o retorno do Keynes em pleno século XXI possa ser a salvação do mundo.
Como já era esperado, a revista TIME escolheu Barack Obama como a personalidade do ano de 2008. Como primeiro negro eleito presidente dos Estados Unidos ele "destronou séculos de ordem social estabelecida". Sou totalmente favorável à escolha e acredito que a maioria mundial também. Que ele faça a partir de 20/01/2009, o melhor para os Estados Unidos. O resto do mundo, agradece antecipadamente.
Vide abaixo, direto da Time, com objetividade:
Person of the Year 2008: Barack Obama In one of the craziest elections in American history, he overcame a lack of experience, a funny name, two candidates who are political institutions and the racial divide to become the 44th President of the United States.
Como já escrevi algumas vezes para os meus quase dois leitores(as), além dos meus parcos e sucintos comentários semanais, entendo que tenho o dever de publicar textos de outros colegas (indiferentes se pensam ou não igual à minha "própria teoria econômica"), porém trazem à pauta, assuntos que precisamos entender melhor e são matérias atuais que sempre nos levam a pensar numa maneira de "solucionar" nossos problemas micro e macroeconômicos. São textos recomendáveis e que, por vezes, por inúmeros outros motivos, muitos leitores não tiveram a oportunidade de conhecer.
Neste post, trago a coluna de Delfim Netto, com o título "CUIDADO", publicada em 17/12/2008 na Folha de S. Paulo. Os destaques em negrito são por minha conta e risco. Boa leitura.
Não deixa de ser um pouco assustadora a facilidade com que se fala em "refundar" o capitalismo como resposta à crise que o laxismo dos Bancos Centrais e a imoralidade de agentes do sistema financeiro depositaram sobre a economia real.
"Capitalismo" é o codinome de um sistema de organização econômica apoiado no livre funcionamento dos mercados. Nele há uma clara separação entre os detentores do capital (os empresários) que correm os riscos da produção e os trabalhadores que eles empregam com o pagamento de salários fixados pelo mercado. É possível (e até necessário) discutir a qualidade dessa organização e sugerir-lhe alternativas. O difícil é negar a sua eficiência, a sua convivência com a liberdade individual e os dramáticos resultados que desta última emergiram a partir dos meados do século 18.
Depois de uma estagnação milenar, nos últimos 250 anos ela permitiu a multiplicação por seis da população mundial, multiplicou por dez a sua produção per capita e elevou de 30 para 60 anos a expectativa de vida do homem, o que não é pouco.Certamente ela não é perfeita.
Tem, por exemplo, uma tendência a produzir uma detestável desigualdade. Mas o seu problema mais grave -conhecido desde sempre- é a sua ínsita tendência à flutuação (em períodos e amplitudes variáveis) com repercussões sobre o emprego e a segurança econômica dos cidadãos. Quando se trata das flutuações macroeconômicas e da desigualdade, os economistas se dividem em duas tribos: uma crê que o sistema de economia de mercado, deixado a si mesmo e com tempo suficiente, resolve os dois problemas. Logo, ela dá ênfase à estabilidade monetária, fundamental para o bom funcionamento dos mercados. A outra crê que a solução exige uma intervenção inteligente, cuidadosa e firme do Estado que corrija a desigualdade de oportunidades e mantenha a demanda global. Logo, ela dá ênfase à estabilidade do emprego no nível mais alto possível.
A tentativa (de falsa inspiração keynesiana) patrocinada pelo Partido Trabalhista inglês depois da Segunda Guerra, de produzir simultaneamente a estabilidade monetária e o pleno emprego, terminou, como todos sabemos, num Estado-corporativo ineficiente, cuja desmontagem foi iniciada por Thatcher. As implicações políticas (na organização do Estado) e econômicas (na limitação da liberdade de iniciativa produtora das inovações) da "refundação" do capitalismo para eliminar as "crises" são muito mais sérias do que supõe a vã filosofia de alguns trêfegos passageiros do G20. Como diriam os romanos: Cuidado, o cachorro é perigoso!
Por uma questão de comprar presentes de última hora, tive que retornar ao shopping por volta das 17 horas de hoje. E qual a minha boa surpresa de encontrar muita gente lotando as lojas. Não dá para afirmar SE todos estavam comprando, mas pelo menos desfez minha visão anterior de fim de festa sem animação.
Espero também que os meses iniciais de 2009, não tragam além das notícias da crise, uma quantidade elevada de devedores. Boas vendas geram empregos, que resultam em salários, que geram novas compras e a vida continua... No entanto, com juros altos (o brasileiro somente observa o valor da prestação) e os bancos e financeiras restringindo o crédito, este Natal não parece ser o do bom Papai Noel.
Vamos também pensar que se as empresas contrariarem o Nosso Guia e apostarem na demissão como única saída para a crise, um retorno da inflação para delírio de alguns que apostam na possibilidade do crescimento econômico com uma inflação crescente, nossas exportações desabando e o dólar subindo, quem poderá nos tirar deste pesadelo?
Li na Folha que o relatório mensal da consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU) prevê retração de 0,4% na economia mundial em 2009, o pior desempenho desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Segundo o relatório, o Brasil "não está imune à crise econômica global e os eventos das últimas semanas, incluindo a rápida desvalorização do real, seriam exemplos claros da vulnerabilidade brasileira à crise." Estou hoje em Belém e visitando o Shopping Iguatemi por volta das 13 horas fiquei impressionado com a pouca quantidade de consumidores. Afinal, estamos a poucos dias do Natal e conforme conversei com vendedores que conheço, todos também estavam sem entender o fraco movimento. Até em demissões eles falaram que suas chefias já comentam entre si.
Quando vejo o Nosso Guia reclamando contra os empresários que já estão demitindo funcionários, quando leio sobre grandes empresas totalmente engajadas no moderno time de “responsabilidade social para inglês ver” também desligando seus colaboradores, observando o movimento de compras/consumo neste final de ano, não resta alternativa que não pensar em como manter os últimos indicadores de crescimento econômico que o Brasil registrou, em uma situação que agora de marolinha está virando um tsunami.
Mesmo com o cenário nada otimista que estamos prevendo, vamos torçer por experiências criativas, sem demagogias eleitoreiras com pensamento em 2010, que possam superar este momento, trazendo bons resultados aos funcionários, aos empresários e ao governo. E que venha logo este 2009, antes que essas famosas consultorias escrevam que o mundo acabou...
"O orçamento deve ser equilibrado, o Tesouro deverá ser recarregado, a dívida pública deve ser reduzido, a arrogância do funcionalismo deve ser temperado e controladas, bem como a assistência às terras estrangeiras a fim de que não deverão ser abreviados Roma tornar-se insolvente. As pessoas devem aprender de novo a trabalhar, em vez de viverem em assistência pública."
Quem escreveu esta frase foi Marcus Tullius Cicero ou Marco Túlio Cícero, filósofo, orador, escritor, advogado e político romano, lá da nossa distante Roma, em meados de 30 A.C.
Um dúvida: Como ele já poderia conhecer o Nosso Guia?
Recentemente somente se tem falado sobre a crise e como os grandes Economistas não tiveram o dever de solucioná-las antes dela nos atingir em cheio (Lá nos USA, of course). Aqui, somente marolinha... Por enquanto...
Em primeiro lugar, existe todo um poder político que não necessariamente pensa exatamente igual a quem tem as "idéias econômicas" corretas para a hora certa.
Em segundo lugar, conforme escreveu o Millor Fernandes "A economia compreende todas as atividades do país, mas nenhuma atividade do país compreende a economia." Logo, devem ou não serem ouvidos e respeitados os Economistas? Eu já penso que por trás de um grande político deve ter sempre um respeitado Economista.
Por isso, concordo com o Stephen J. Dubner do blog freakonomics.com quando comenta de sua alegria em saber que Obama está com um poderoso time de Economistas para virar o jogo desta crise. Estão lá dentre outros: Lawrence Summers, Peter Orszag, Christina Romer, Austan Goolsbee, Timonthy Geithner e o experiente Paul Volcker. Somente para termos uma idéia de como funciona no governo BUSH, o diretor do Escritório de Gestão e Orçamento, que supervisiona gastos de uns US$ 3 trilhões é um político. O de OBAMA será um Economista profissional.
Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...