terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Economia no Oscar 2012.


Veja a lista de indicados. 
Depois veja se encontra o seu favorito. 
E curta um bom filme nesta noite de inverno paraense.  

MELHOR FILME - 2012
"O Artista"
"Os Descendentes"
"Histórias Cruzadas"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"Meia-Noite em Paris"
"O Homem que Mudou o Jogo"
"Cavalo de Guerra"
“A Árvore da Vida”
“Tão forte e Tão perto”

MELHOR DIREÇÃO
Martin Scorsese, "A Invenção de Hugo Cabret"
Woody Allen, "Meia-Noite em Paris"
Michel Hazanavicius, "O Artista"
Alexander Payne, "Os Descendentes"
Terrence Malick, "A Árvore da Vida"

MELHOR ATOR
Demian Bichir, "A Better Life"
George Clooney, "Os Descendentes"
Jean Dujardin, "O Artista"
Brad Pitt, "O Homem que Mudou o Jogo"
Gary Oldman, “O Espião que Sabia Demais”

MELHOR ATRIZ
Glenn Close, "Albert Nobbs"
Viola Davis, "Histórias Cruzadas"
Meryl Streep, "A Dama de Ferro"
Michelle Williams, "Sete Dias com Marilyn"
Rooney Mara , "Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres"

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Kenneth Branagh, "Sete Dias com Marilyn"
Jonah Hill, "O Homem que Mudou o Jogo"
Nick Nolte, "Guerreiro"
Christopher Plummer, "Toda Forma de Amor"
Max von Sydow, “Tão Forte e Tão Perto”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Bérénice Bejo, "O Artista"
Jessica Chastain, "Histórias Cruzadas"
Melissa McCarthy, "Missão Madrinha de Casamento"
Janet Mcteer, "Albert Nobbs"
Octavia Spencer, "Histórias Cruzadas"

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
"Meia-Noite em Paris" (Woody Allen)
"Missão Madrinha de Casamento" (Annie Mumolo e Kristen Wiig)
"O Artista" (Michel Hazavanicius
“Margin Call -  O Dia Antes do Fim” (J.C. Chandor)
“A Separação” (Asghar Farhadi )

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
"Os Descendentes" (Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash)
"A Invenção de Hugo Cabret" (John Logan)
"O Homem que Mudou o Jogo" (Steven Zaillian e Aaron Sorkin)
"Tudo pelo Poder" (George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon)
"O Espião que Sabia Demais” (Bridget O'Connor e Peter Straughan)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"Bullhead" - Michael R. Roskam (Bélgica)
"Monsieur Lazhar" - Philippe Falardeau (Canadá)
"A Separação" - Asghar Farhadi (Irã)
"Footnote" - Joseph Cedar (Israel)
"In Darkness" - Agnieszka Holland (Polônia)

MELHOR ANIMAÇÃO
“Um Gato em Paris”
“Chico e Rita”
“Kung Fu Panda 2”
“Gato de Botas”
“Rango”

DIREÇÃO DE ARTE
"O Artista" (design de produção: Laurence Bennett; decoração do set: Robert Gould)
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" (design de produção: Stuart Craig; decoração do set: Stephenie McMillan)
"A Invenção de Hugo Cabret" (design de produção: Dante Ferretti; decoração do set: Francesca Lo Schiavo)
"Meia-Noite em Paris" (design de produção: Anne Seibel; decoração do set: Hélène Dubreuil)
"Cavalo de Guerra" (design de produção: Rick Carter; decoração do set: Lee Seales)

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
"O Artista" (Guillaume Schiffman)
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (Jeff Cronenweth)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Robert Richardson)
"A Árvore da Vida" (Emmanuel Lubezki)
"Cavalo de Guerra" (Janusz Kaminski)

MELHOR FIGURINO
"Anonymous" (Lisy Christl)
"O Artista" (Mark Bridges)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Sey Powell)
"Jane Eyre" (Michael O'Connor)
"W.E." (Arianne Phillips)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
"Hell and Back Again" (Danfung Dennis e Mike Lerner)
"If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front" (Marshall Curry e Sam Cullman)
"Paradise Lost 3: Purgatory" (Charles Ferguson e Audrey Marrs)
"Pina" (Wim Wenders e Gian-Piero Ringel)
"Undefeated" (TJ Martin, Dan Lindsay e Richard Middlemas)

MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM
"The Barber of Birmemgham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement" (Robem Fryday e Gail Dolgin)
"God Is the Bigger Elvis" (Rebecca Cammisa e Julie Anderson)
"Incident in New Baghdad" (James Spione)
"Saving Face" (Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chemoy)
"The Tsunami and the Cherry Blossom" (Lucy Walker e Kira Carstensen)

MELHOR EDIÇÃO
"O Artista" (Anne-Sophie Bion e Michel Hazanavicius)
"Os Descendentes" (Kevin Tent)
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (Kirk Baxter e Angus Wall)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Thelma Schoonmaker)
"O Homem que Mudou o Jogo" (Christopher Tellefsen)

MELHOR MAQUIAGEM
"Albert Nobbs" (Martial Corneville, Lynn Johnston e Matthew W. Mungle)
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" (Edouard F. Henriques, Gregory Funk e Yolea Toussieng)
"A Dama de Ferro" (Mark Coulier e J. Roy Helle)

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
"As Aventuras de Tintim" (John Williams)
"O Artista" (Ludovic Bource)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Howard Shore)
"O Espião que Sabia Demais" (Alberto Iglesias)
"Cavalo de Guerra" (John Williams)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
"Man or Muppet", de "Os Muppets" - música e letra de Bret McKenzie
"Real in Rio", de "Rio" - música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown e letra de Siedah Garrett

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
"Dimanche/Sunday" (Patrick Doyon)
"The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore" (William Joyce e Breon Oldenburg)
"La Luna" (Enrico Casarosa)
"A Morning Stroll" (Grant Orchard e Sue Goffe)
"Wild Life" (Amanda Forbis e Wendy Tilde)

MELHOR CURTA-METRAGEM
"Pentecost" (Peter McDonald e Eimear O'Kane)
"Raju" (Max Zähle e Stefan Gieren)
"The Shore" (Terry George e Oorlagh George)
"Time Freak" (Andrew Bowler e Gigi Causey)
"Tuba Atlantic" (Hallvar Witzø)

EDIÇÃO DE SOM
"Drive" (Lon Bender e Victor Ray Ennis)
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (Ren Klyce)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Philip Stockton e Eugene Gearty)
"Transformers: O Lado Oculto da Lua" (Ethan Van der Ryn e Erik Aadahl)
"Cavalo de Guerra" (Richard Hymns e Gary Rydstrom)

MIXAGEM DE SOM
"Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce e Bo Persson)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Tom Fleischman e John Midgley)
"O Homem que Mudou o Jogo" (Deb Adair, Ron Bochar, Dave Giammarco e Ed Novick)
"Transformers: O Lado Oculto da Lua" (Greg P. Russell, Gary Summers, Jeffrey J. Haboush e Peter J. Devlin)
"Cavalo de Guerra" (Gary Rydstrom, Andy Nelson, Tom Johnson e Stuart Wilson)

EFEITOS VISUAIS
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" (Tim Burke, David Vickery, Greg Butler e John Richardson)
"A Invenção de Hugo Cabret" (Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Hennemg)
"Gigantes de Aço" (Erik Nash, John Rosengrant, Dan Taylor e Swen Gillberg)
"Planeta dos Macacos: A Origem" (Joe Letteri, Dan Lemmon, R. Christopher White e Daniel Barrett)
"Transformers: O Lado Oculto da Lua" (Scott Farrar, Scott Benza, Matthew Butler e John Frazier)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Capitalismo solidário.


Thomás Tosta de Sá é presidente do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Escreveu este artigo especialmente para o VALOR ECONÔMICO.

Em recente artigo, o professor da Universidade de Harvard, Kenneth Rogoff, um dos economistas mais reverenciados da atualidade, lançou aos leitores a seguinte pergunta: "o moderno capitalismo é sustentável"? Em busca da resposta, ele faz uma brilhante análise sobre os diversos momentos do capitalismo a partir da Revolução Industrial e do desastre do marxismo e do socialismo, surgidos justamente como alternativa ao capitalismo.

A conclusão resulta em novo questionamento: "será o capitalismo uma vítima de seu próprio sucesso ao produzir prosperidade maciça"? Por mais que a hipótese nos pareça remota e contraditória, é importante levá-la em consideração. Enquanto a poluição, a instabilidade financeira, as doenças e desigualdades continuarem a crescer e o sistema político se mantiver paralisado, o futuro do capitalismo pode não se apresentar tão seguro daqui a algumas décadas como parece agora.

O lucro gerado pelas empresas é a medida correta do sucesso do capitalismo. Não é por outra razão que a palavra lucro foi - e ainda é - odiada por seguidores do marxismo/socialismo em todo o mundo. Na realidade, o lucro consiste na demonstração do uso eficaz dos fatores de produção: capital humano, capital financeiro e recursos naturais. Quanto maior a produtividade gerada pela associação de tais fatores de produção, maior o lucro e mais sustentável o modelo capitalista.

As distorções que ocorrem no sistema capitalista e que resultam nos problemas apontados por Rogoff são decorrentes da forma de obtenção dos lucros e/ou da maneira como são distribuídos. Segunda maior economia do mundo, a China caminha para desbancar os Estados Unidos dentro de alguns anos. Seu modelo de capitalismo é particular, batizado de socialismo de mercado, utilizando como base a análise feita por Peter Drucker, em 1975, no livro "A revolução invisível". A China tem obtido taxas fantásticas de crescimento com enorme sacrifício de dois fatores de produção: capital humano e recursos naturais.

A oferta quase infinita de capital humano de suas zonas rurais é movida pela migração de 20 milhões a 30 milhões de pessoas por ano rumo aos centros urbanos. Essa parcela da população vive em regime de semiescravidão, sujeita a um partido comunista altamente corrupto. A mão de obra numerosa representa uma expressiva vantagem competitiva em relação às outras economias do mundo.

Investindo na educação desse enorme contingente humano e melhorando a sua remuneração, aumenta-se, consequentemente, a produtividade, o que proporciona avanço em seu poder de consumo. Mais consumidores fortalecem o mercado interno, tornando-o altamente competitivo. Gradualmente, surge o maior exportador de produtos industrializados do planeta.

A China pratica ainda uma das políticas ecológicas mais sujas do mundo. Não investe na proteção de seus recursos naturais nem em sustentabilidade. Com o achatamento da remuneração do capital humano e a ausência de gastos na qualidade de seu meio ambiente, as empresas chinesas maximizam seus lucros, permitindo que o país obtenha as taxas mais elevadas de formação bruta de capital, garantindo seu crescimento a níveis que lhe assegurarão o posto de maior economia mundial.

Será esse modelo capitalista/socialista de mercado que prevalecerá no futuro? Será essa a ameaça que as economias capitalistas democráticas não saberão enfrentar? Será que a sociedade chinesa sobreviverá a um modelo político autoritário praticando um capitalismo "sujo", de sacrifício do capital humano e do ambiente? Da mesma forma que as economias democráticas terão que buscar mudanças em seus modelos para sobreviver, também a China terá que buscar outros caminhos.

Quando eu cursava engenharia na PUC, no início da década de 60, o padre Ávila, professor de religião, falava muito do movimento do Solidarnósc, que surgia na Polônia em oposição ao comunismo vigente.
Em família, um entre nove filhos, aprendi desde pequeno que a solidariedade era a melhor forma de convivência. Acredito, também, que o capitalismo solidário será a resposta correta à sustentabilidade do desenvolvimento das nações.

Mas o que significa um capitalismo solidário? É um capitalismo que se estrutura no aumento da produtividade dos fatores de produção ao mesmo tempo que garante uma melhor distribuição dos lucros gerados pelas empresas. O capital humano só aumentará sua produtividade se garantirmos aos trabalhadores mais investimentos em educação, saúde, segurança, transporte e habitação.

O capital financeiro só aumentará sua produtividade se garantirmos eficácia na alocação de recursos por meio de mercados de capitais desenvolvidos, no lugar de decisões centralizadas nas mãos do governo e de suas instituições. Entendemos que o mau uso desses recursos financeiros seja objeto de penalização de seus gestores, públicos ou privados. Entendemos, também, que executivos de instituições financeiras não sejam premiados com bônus milionários, como ocorreu recentemente nos Estados Unidos. Da mesma forma, os recursos naturais só aumentarão sua produtividade se forem explorados sem sua destruição e com sua renovação no que couber.

A maximização do lucro deve manter-se como medida de sucesso dos investimentos realizados. Porém, precisamos buscar formas mais justas de sua distribuição. O Brasil poderá ser um exemplo de capitalismo solidário se sociedade e governo perseguirem juntos esse objetivo.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Brazilian Magnate Points to Himself for Inspiration


Na edição deste domingo no The New York Times, ALEXEI BARRIONUEVO, correspondente do jornal no Rio de Janeiro, faz uma matéria sobre o magnata EIKE BATISTA, o homem  mais rico do Brasil. E Eike quer mais.... Nada mais do que um capitalista espera  do melhor modelo que existe para criar riqueza.  

EIKE BATISTA fidgeted in his chair, bristling at the memory of his former anonymity.

“Brazilians think that I appeared in the year 2000 from scratch,” said Mr. Batista, Brazil’s richest man.

Few Brazilians had heard about his adventures in the Amazon in his early 20s, he said, when he dropped out of college in West Germany to trade gold and bet his winnings on building a clunky-looking machine in the rainforest to process the precious metal without pick-and-shovel miners.

Instead, Mr. Batista surfaced in the gossip magazines only in the 1990s after he married the model and Carnival dancer Luma de Oliveira. Back then, his father, Eliezer Batista, a beloved former government official, told him to keep a low profile, as his son’s rapidly expanding fortune made him a target for kidnappers.

Mr. Batista has done anything but hide. At 55, he is not only considered South America’s wealthiest man, with a fortune estimated by Forbes at $30 billion, but he is also one of Brazil’s most public figures, a serial entrepreneur with boundless energy to sell himself and his country.

“My race horse is Brazil,” he said from the sprawling 22nd-floor office of his EBX Corporation headquarters, which has a long deck overlooking Guanabara Bay. “And Brazil today has the wealth that America had at the turn of the century.”

While President Dilma Rousseff has held up Mr. Batista as an example of private-sector execution, rival businessmen have contended that Mr. Batista’s chief skill was as a salesman, persuading investors to bet about $24 billion on his start-up companies in mining, oil, logistics, power generation and shipbuilding.

“They think he sells too many dreams and not enough reality,” said Olavo Monteiro de Carvalho, a former partner in an Amazon gold mine.

Early this year, Mr. Batista has a chance to shed that label when his oil company, OGX, is expected to begin producing crude from an estimated 10 billion barrels of offshore discoveries.

Mr. Batista’s logistics company also plans to open a $2 billion “superport” in Rio next year that he said would be Latin America’s version of Rotterdam. Set on land one and a half times the size of Manhattan, it will handle some 350 million tons of imports and exports a year, including oil and iron ore from Mr. Batista’s companies, he said.

Brazilians remain divided on the man most simply know as Eike. Some view him as showy and a megalomaniac, scoffing at photos of him in pink ties and posing beside his $1 million Mercedes McLaren.

Mr. Batista is unapologetic, saying he is trying to break a cultural conservatism around wealth that his father was a part of, and teach Brazilians to look up to their entrepreneurs the way Americans do.

“I want to help a whole generation of Brazilians to be proud,” he said. “I am rich, yes. I have built it myself. I have not stolen it. Show it. Just brutally show it.”

These days, Mr. Batista is fully unshackled. He travels the world in his $61 million Gulfstream jet, often giving talks, and interacts with his more than 539,600 Twitter followers, to whom he offers “educational phrases” meant to inspire.

In his office, he displays framed photos of his days as a champion powerboat racer and a sword given to him by a grateful Japanese partner in a gold deal.

He peppered his German-accented English — one of five languages he speaks fluently — with French phrases like “Voilà!” and “C’est la vie.” His infectious laugh recalled The Riddler from the 1960s “Batman” television show.

Mr. Batista said his journey began as a “quest towards financial independence” and a burning desire to escape the shadow of his famous father, a Brazilian engineer who helped increase Brazil’s international trade in commodities.

BORN in the Brazilian state of Minas Gerais, Mr. Batista is one of seven children. When he was small he suffered from chronic asthma. His mother, a German, put him in a swimming pool. “It opened up my lungs,” he said. He remains an avid swimmer and runner.

When he was a teenager, his family moved to Europe, living in Geneva, Düsseldorf and Brussels. Mr. Batista’s father, who back in Brazil had been president of the state mining company, decided to go into a “friendly exile” when Brazil’s military government branded him a Communist for his fluency in Russian, one of several languages he speaks. In Europe, Eliezer Batista worked to build the mining company’s international business.

In the 1960s, he recognized Brazil could profit greatly by exporting iron ore to Japan. But the distance was tremendous, so Mr. Batista persuaded shipbuilders to construct huge carriers, and he led the development of a Brazilian port deep enough for the ships to dock.

The younger Mr. Batista said his father “did a lot of incredible things for Brazil,” but he was “never a risk taker.”

His parents returned to Brazil when Mr. Batista was 18. He stayed behind in Brussels and went door to door selling insurance, later trading diamonds and corned beef.

In 1978, Mr. Batista read about the gold rush in the Amazon. At 22, he left the University of Aachen in North Rhine-Westphalia, where he was studying metallurgical engineering, and took off for Brazil. He persuaded a jeweler in Rio to lend him $500,000 — “for sure, they knew my father was important,” he said — and went to the Amazon.

With the loan, he began trading gold, acting as an intermediary between peasant miners and buyers in Rio and São Paulo. He said he made $6 million in a year and a half of trading.

After a Brazilian company mechanized tin mining, he tried to copy the idea for gold, realizing that he would have a huge profit margin even if he made mistakes. “It was idiot-proof rich,” he said.

At 23, he bet everything on building his machine. But the cost of buying out the miners and the challenges of getting bulldozers and diesel fuel into an area teeming with malaria and lawlessness proved formidable.

He was down to his last $300,000 and wondering if he “should have gone to the beach” or return to his studies in engineering, he said. Then the machine started to run. Soon it was making $1 million a month.

While Mr. Batista somehow avoided malaria, he did not avoid trouble. One day he went to confront a miner who owed him money. The miner was drunk. Mr. Batista called him a “son of a bitch.” As Mr. Batista was walking away, the miner shot him in the back with a revolver. “I was far enough away that the impact wasn’t deadly,” he said.

His bodyguards told him that they later killed the miner.

AFTER his Amazon experience, Mr. Batista went to look for Brazil’s richest gold mines. His father, fearing that his son risked being kidnapped, encouraged him to search outside the country. He tried it but failed in Russia, Greece, the Czech Republic, Ecuador and Venezuela, losing hundreds of millions of dollars.

The experiences scarred him, and in 2000 he decided to dedicate himself to projects in Brazil.

He failed at other types of businesses, from jeeps to beer to perfume. “In consumer products, it is much more difficult,” he said. “As you don’t have idiot-proof margins, you can’t make too many mistakes.”

These days he is obsessed with inspiring a new generation of Brazilian entrepreneurs to be risk takers like him. “We don’t need to only have the best soccer players in the world,” he said. “Why not have the best entrepreneur in the world?”

In recent years, he has invested heavily in restoring what he calls the “self-confidence” of the people of Rio de Janeiro, saying that he spends $10.7 million a year to help a police program to rid slums of drug gangs. When Rio’s governor, Sérgio Cabral, needed money to help with Rio’s bid for the 2016 Summer Olympics, Mr. Batista said that he agreed to spend $12.3 million to hire the same marketing agency that helped London win the 2012 Games.

“Look at what has happened now,” Mr. Batista said. “Real estate prices have tripled. People should pay me a commission.”

sábado, 21 de janeiro de 2012

Os impostos dos ricos.


Leio PAUL KRUGMAN, hoje na FOLHA DE S. PAULO e o seu entendimento que os ricos devem pagar mais impostos. Espero que Krugman lembre-se que "quando o gravame do imposto vai além de uma importância suportável, torna-se insolúvel o problema de criar impostos que não desencorajem e desorganizem a produção". Isso escreveu Henry Hazlitt em meados de 1946, o que não o torna desatualizado.  

Vocês podem me achar esquisito, mas estou me divertindo com o espetáculo de Mitt Romney fazendo a dança dos sete véus -em parte por voyeurismo, claro, mas também porque é hora de discutir esse assunto.

O tema da dança são os impostos. Ainda que divulgar declarações de renda seja prática padrão entre candidatos, Romney jamais o fez.

Declarou que acredita pagar apenas 15% de sua renda em impostos e deu a entender que talvez divulgue sua declaração de 2011.

A questão mais ampla não é aquilo que as declarações de renda de Mitt Romney têm a dizer sobre ele, e sim o que elas têm a dizer sobre a política tributária dos Estados Unidos. Existe algum bom motivo para que os ricos arquem com uma carga tributária surpreendentemente leve?

Pois é o que acontece. Se Romney estiver dizendo a verdade, ele representa exemplo bem típico de norte-americano muito rico.

Desde 1992, o serviço de receita vem divulgando os dados de renda e impostos dos 400 norte-americanos com as declarações de valor mais elevado. Em 2008, o ano mais recente para o qual dados estão disponíveis, esse grupo pagou apenas 18,1% em imposto de renda federal.

O motivo principal para que os ricos paguem tão pouco é que a maior parte de sua receita toma a forma de ganhos de capital, tributados à alíquota máxima de 15%, bem abaixo da alíquota mais alta sobre os salários. Assim, a questão é determinar se os ganhos de capital de fato merecem tratamento tributário especial.

Os defensores dos baixos impostos sobre os ricos empregam basicamente dois argumentos: o de que impostos baixos sobre os ganhos de capital são uma norma estabelecida há muito tempo e que são necessários para promover o crescimento econômico e a criação de empregos. As duas alegações são falsas.

Quando você se informa sobre os impostos baixíssimos pagos por gente como Romney, é importante saber que nem sempre foi assim.

Os dias em que os muitos ricos pagavam impostos altos não são coisa do passado distante. Em 1986, Ronald Reagan -sim, Reagan- assinou uma reforma tributária que adotava a mesma alíquota máxima para os impostos de renda e sobre ganhos de capital: 28%.

As alíquotas baixíssimas hoje vigentes, as mais baixas desde os dias de Herbert Hoover, datam apenas de 2003, quando o presidente George W. Bush forçou a aprovação de um corte nos impostos sobre ganhos de capital e nos impostos sobre dividendos pelo Congresso, algo que ele conseguiu explorando a ilusão de um triunfo rápido no Iraque.

Existem argumentos teóricos para o tratamento especial aos ganhos de capital, mas também existem argumentos contrários.

No primeiro mandato de Bill Clinton, quando os muito ricos pagavam impostos bem mais altos do que agora, a economia criou 11,5 milhões de empregos, o que apequena qualquer ganho obtido até mesmo nos melhores anos do governo Bush.

Assim, a dança dos impostos de Romney está nos fazendo um favor ao destacar os favores insensatos, injustos e dispendiosos que a classe mais alta vem recebendo.

Em um momento no qual pessoas que se declaram sérias nos dizem que os pobres e a classe média têm de sofrer em nome da probidade fiscal, impostos assim tão baixos sobre os mais ricos são indefensáveis.

Thank you, my dear president.



Leio na FOLHA DE S. PAULO que “em discurso em frente ao castelo da Cinderela, na Walt Disney World, em Orlando, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta quinta-feira que a emissão de vistos para turistas do Brasil e da China levará em média 40% menos tempo até o fim deste ano, e apresentou medidas para facilitar o processo --entre elas a possibilidade de isenção de entrevista em alguns casos”.
Thank you, my dear president.

Economia em 21.1.12.


“Cada vez mais as pessoas estão compreendendo que o governo nada tem para dar-lhes, sem primeiro tirar, o que lhes vai dar, de alguém, ou delas próprias.” – Henry Hazlitt.  

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Indefinição da política fiscal turva a trajetória dos juros.


Editorial do Valor Valor Econômico de hoje vai de juros a política fiscal. 

Em uma de suas decisões mais antecipadas, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou quarta-feira o corte de meio ponto na taxa básica de juros (Selic) para 10,50% ao ano. A como sempre sintética nota emitida pelo Copom após a reunião indica novos cortes pela frente. Até aí, nenhuma novidade. A dúvida é até onde chegará a tesoura do Copom.

Foi o quarto corte consecutivo de meio ponto da taxa Selic, acumulando dois pontos de redução desde a histórica reunião do fim de julho, quando o Copom inverteu a trajetória dos juros. Naquele momento, o Copom surpreendeu o mercado com a avaliação de que haveria uma significativa piora na crise da zona do euro, com impacto forte na economia brasileira.

A realidade mostrou que, infelizmente, o Copom tinha razão e o mundo viveu um dos piores semestres da história. A avaliação de que o cenário externo ainda é hostil permanece, como indica a nota divulgada na noite da quarta-feira: "O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012".

Mas já há tênues sinais de mudança no cenário doméstico e internacional, que vão influenciar as decisões futuras do Copom. No exterior, a economia americana parece começar a reagir, embora à custa das volumosas injeções de dinheiro do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), a ponto de causar a melhora no nível de emprego pela primeira vez em muito tempo. Os dados mais recentes da economia chinesa afastam o risco da temida desaceleração brusca, embora ainda sejam frágeis; e a Europa parece ter conseguido represar os riscos com as operações do Banco Central Europeu (BCE), dando tempo para os países mais problemáticos executarem seus programas de ajuste fiscal.

No front doméstico, outubro parece ter sido o fundo do poço da economia. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que antecipa os resultados do Produto Interno Bruto (PIB), surpreendeu com o crescimento de 1,15% em novembro, na série com ajuste sazonal. Foi o primeiro resultado positivo após três meses de quedas consecutivas e o maior em 19 meses. A sinalização do IBC-Br é que a economia brasileira começou a reagir em novembro, mesmo que moderadamente, processo que deve ter continuado em dezembro, a julgar pelos dados de produção industrial e do varejo. Neste ano, o nível de atividade contará com o impulso do aumento de 14,1% do salário mínimo e da redução do IPI para os produtos da linha branca, além da provável redução do IOF do crédito. Já a inflação mostra sinais de que vai se acomodar entre 5% a 5,5% neste ano.

O quadro todo coloca o prumo da balança na política fiscal. Cumprir a meta fiscal é política defendida pelo Banco Central e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e considerada fundamental para que os juros mantenham a trajetória de queda. O superávit primário cheio previsto pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para este ano é de R$ 139,8 bilhões, ou 3% do PIB.

Até fevereiro o governo deve definir os cortes orçamentários necessários para atingir essa meta, tarefa que será dificultada pela perspectiva de redução da arrecadação neste ano. Fala-se em diminuir as despesas em R$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões, esforço maior do que o feito em 2011, quando foram cortados R$ 24 bilhões, principalmente em investimentos.

É isso que alguns setores do governo não querem repetir neste ano. A questão que se discute nos círculos mais íntimos do governo é como equilibrar o cumprimento do superávit primário fiscal com o desejável crescimento da economia. A presidente Dilma gostaria que a economia crescesse 4% a 5% neste ano, acima dos 3% a 3,5% previstos pelo mercado, considerando as condições atuais. Para estimular o nível de atividades, o Planalto quer enfatizar os investimentos especialmente em infraestrutura, como em portos, aeroportos e rodovias, que inclusive estimulam a iniciativa privada. O governo poderia ainda usar a prerrogativa prevista em lei de descontar da meta os investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de cerca de R$ 42 bilhões, o que não é visto com bons olhos por todos. Mais do que nunca, a trajetória dos juros está atrelada à política fiscal.

In defence of capitalism, the most virtuous economic system yet devised.


Recebi do nosso grupo de Economia Política o post completo que o escritor e jornalista Daniel Hannan publicou hoje em seu blog no jornal The Telegraph. Trata-se de um texto muito bom na demonstração de como funciona o capitalismo e confirma o que eu sempre comento: ainda não inventaram um modelo econômico melhor que o capitalismo.

In defence of capitalism, the most virtuous economic system yet devised.

There’s nothing selfish about capitalism. Like every economic model, it is a matrix within which individual actors can behave morally or immorally. But here’s the thing: no one has yet come up with a system that rewards decent behaviour to the same extent.

In an open market based on property rights and free contract, you become wealthy by offering an honest service to others.  I am typing these words on a machine developed by the late Steve Jobs. He gained from the exchange (adding fractionally to his net wealth) and so did I (adding to my convenience).

Under the various forms of corporatism tried by fascist and socialist regimes, by contrast, someone else – generally a state official – gets to allocate the goodies, guaranteeing favoritism and corruption.

Para quem gostou e quer continuar a leitura basta acessar http://blogs.telegraph.co.uk/news/danielhannan/100131209/capitalism-isnt-immoral-its-the-most-virtuous-system-on-the-market/

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Como criar uma depressão.


Martin Feldstein é professor de economia em Harvard, foi presidente do Conselho de Assessores Econômicos do ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e foi presidente do Gabinete Nacional de Análises Econômicas dos EUA. Copyright: Project Syndicate, 2012. Este artigo foi publicado hoje no VALOR ECONÔMICO. 


Os líderes políticos europeus podem estar prestes a acertar um plano fiscal que pode levar a uma grande depressão, se for colocado em prática. Para entender por que vale a pena comparar como os países europeus reagiram a declínios na demanda antes e depois do euro.

Vejamos como a França, por exemplo, teria reagido a um declínio substancial na demanda por suas exportações nos anos 90. Se não houvesse resposta do governo, a produção e o emprego recuariam. Para evitar isso, o Banco da França reduziria os juros. Além disso, a queda nas entradas automaticamente reduziria a arrecadação tributária e aumentaria vários "pagamentos de transferência" governamentais. O governo poderia suplementar esses "estabilizadores automáticos" com novos investimentos ou com a queda dos impostos, aumentando ainda mais o déficit fiscal.

Além disso, a queda na demanda pelas exportações francesas automaticamente levaria ao declínio do valor do franco em relação às outras moedas, sendo que a redução das taxas de juros também desvalorizaria a divisa francesa. Essa combinação de mudanças monetárias, fiscais e de câmbio estimularia a produção e o emprego, evitando uma alta significativa do desemprego.

Quando a França adotou o euro, contudo, dois desses canais de reação foram fechados. A moeda deixou de poder desvalorizar-se em relação a outras divisas da região do euro. A taxa de juros na França - e em todos os outros países do euro - agora é determinada pelo Banco Central Europeu (BCE), com base nas condições da demanda dentro da união monetária como um todo. Portanto, a única política anticíclica disponível na França é a fiscal: reduzir a arrecadação com impostos e aumentar os gastos.

Embora essa resposta implique em um déficit orçamentário maior, os estabilizadores fiscais automáticos são particularmente importantes agora que os países da região do euro não podem usar a política monetária para estabilizar a demanda. A falta de ferramentas monetárias, aliada à ausência de ajustes na taxa de câmbio, também poderia justificar alguns cortes cíclicos de impostos e aumentos nos gastos.

Infelizmente, muitos países da região do euro permitiram que os déficits fiscais subissem nos bons momentos econômicos, em vez de permiti-lo apenas quando a demanda estava fraca. Em outras palavras, a dívida nacional desses países cresceu alimentada por déficits orçamentários tanto "estruturais" como "cíclicos".

Os déficits orçamentários estruturais foram alimentados nos últimos dez anos pela surpreendente falta de reação das taxas de juros da região do euro às diferenças nacionais na política fiscal e nível de endividamento. Como os mercados financeiros deixaram de ver diferenças de risco entre os países da região do euro, as taxas de juros dos bônus soberanos não refletiram o excesso de endividamento. A moeda única também impediu que a taxa de câmbio pudesse sinalizar diferenças de extravagância fiscal.

A confissão da Grécia em 2010, de que havia subestimado significativamente seu déficit fiscal, foi um alerta para os mercados financeiros, o que levou ao aumento substancial dos juros dos títulos de dívidas soberanos em muitos países do euro.

O encontro de cúpula da União Europeia, em Bruxelas, no início de dezembro tinha como objetivo evitar uma acumulação de dívidas desse tipo no futuro. Os chefes de governo dos países-membros concordaram em limitar os déficits fiscais "estruturais" a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), com a imposição de penas aos países cujos déficits fiscais totais superem os 3% do PIB - um limite que incluiria tanto o déficit fiscal como o estrutural, o que, portanto, restringiria o déficit cíclico a, na prática, 3% do PIB.

Negociadores agora trabalham os detalhes para o próximo encontro, no fim de janeiro. Uma parte importante do acordo sobre os déficits em dezembro é que os países podem ter déficits cíclicos superiores a 0,5% do PIB - uma ferramenta importante para compensar declínios na demanda. Não está claro se as penas para os déficits totais que superarem os 3% do PIB seriam dolorosas o suficiente para os países preferirem não promover aumentos nos estímulos fiscais anticíclicos.

Preocupante é a reclamação formal do BCE de que as regras propostas não são duras o suficiente. Jorg Asmussen, importante membro da comissão executiva do BCE, escreveu aos negociadores que os países deveriam ter permissão para exceder o limite de déficit de 0,5% do PIB apenas em tempos de "catástrofes naturais e situações de emergência grave" fora do controle dos governos.

Se esse texto for adotado, eliminaria os ajustes fiscais cíclicos automáticos, o que levaria uma espiral negativa da demanda e a uma grave depressão. Se, por exemplo, as condições no resto do mundo causarem um declínio na demanda por exportações francesas, a produção e o emprego na França cairiam. Isso reduziria a arrecadação com impostos e aumentaria os pagamentos de transferência, facilmente levando o déficit fiscal para mais de 0,5% do PIB.

Para acabar com o déficit cíclico, a França teria de elevar tributos e cortar gastos públicos. Isso reduziria ainda mais a demanda, provocando mais declínios na arrecadação e novos aumentos nas transferências - e, portanto, traria um déficit fiscal ainda maior, exigindo maior aperto fiscal. Não está claro o que acabaria com essa espiral negativa de aperto fiscal e queda na atividade.

Se adotada, essa proposta poderia produzir índices de desemprego muito altos - em resumo, produziria uma depressão.

Seria muito mais sensato concentrar-se na diferença entre déficits estruturais e cíclicos e permitir déficits que sejam resultantes de estabilizadores automáticos. O BCE deveria ser o árbitro dessa distinção, publicando estimativas de déficits estruturais e cíclicos.

Itália, Espanha e França têm déficits superiores a 3% do PIB, mas não são déficits estruturais. Os mercados financeiros estariam mais bem informados e confiantes se o BCE indicasse o tamanho dos déficits estruturais reais e mostrasse como atualmente estão em queda. Para os investidores, essa é a característica essencial da solvência fiscal. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Minha bola de cristal para 2012.


Luiz Carlos Mendonça de Barros, também na FOLHA DE S. PAULO e suas previsões para 2012.   

Acredito que estejamos vivendo uma dolorosa fase de cura dos desequilíbrios do passado

Nesta primeira coluna de 2012, não posso deixar de fazer minhas previsões para o ano que se inicia. Essa responsabilidade, que já é pesada e difícil em tempos normais, fica ainda mais delicada em momentos de grandes incertezas como o que vamos viver em 2012.

Depois de quatro anos de crise, antigas referências de análise econômica estão desgastadas e sem credibilidade.

Por isso, nós, economistas, navegamos em momentos quase revolucionários, quando a ruptura de valores, já estabelecidos e aceitos como válidos pelos mercados, deixa um grande vazio analítico.

Dou um exemplo desse fenômeno: os dados de dez recessões que ocorreram nas economias desenvolvidas nas últimas décadas apontam para um período médio de dois anos entre o pico e o vale dos ciclos de ajuste. Na crise que se iniciou em fins de 2007, a queda do PIB dos Estados Unidos chegou a quatro anos e serão necessários mais dois para que a economia entre em velocidade de cruzeiro novamente.

Os analistas e os economistas estão sendo obrigados a entrar no metabolismo das economias de mercado para tentar entender o que está acontecendo nesse mundo novo e, com isso, terem condições de fazer algumas previsões.

Sem as regras de bolo que o pensamento neoclássico dava a seus seguidores e sem o treinamento necessário para entender a dinâmica microeconômica dos mercados, vivem momentos de grande insegurança.

Alguns, principalmente os vinculados à maioria dos "hedge funds", jogaram a toalha e mergulharam em um niilismo muito engraçado.

Por outro lado, os economistas vinculados ao pensamento mais heterodoxo vivem momentos de euforia por entenderem que a crise atual resgata o papel dominante do Estado na economia de um país e mostra os perigos do chamado neoliberalismo anglo-saxão. A súbita paixão de alguns deles pela política econômica da Argentina peronista mostra, para mim, que entenderam muito pouco da crise que vivemos e qual o papel do Estado nas economias de mercado no novo século.

Como sempre mantive uma posição equidistante desses dois extremos, tentando aplicar ao mundo de hoje os ensinamentos de Keynes, minha visão sobre o ano de 2012 é menos pessimista. Acredito em uma recuperação lenta e gradual das economias mais importantes, principalmente em razão das políticas adotadas em vários países.

Esse prognóstico vale inclusive para a Europa. Com isso, não trabalho com uma depressão econômica e uma ruptura no sistema bancário dos países desenvolvidos. Em outras palavras, acredito que estejamos vivendo uma dolorosa fase de cura dos desequilíbrios do passado e que deve durar ainda alguns anos. Mas o capitalismo não vai entrar em colapso, como muitos pensam.

No caso do Brasil, mantenho a visão de que vamos continuar crescendo entre 3% e 3,3%, com uma taxa menor nos dois primeiros trimestres do ano e uma aceleração na sua segunda metade.

Graças à queda dos preços das commodities por conta da crise no exterior, vamos ter um alívio na inflação ao longo do ano, o que vai permitir ao BC reduzir os juros Selic para até 9,5% ao ano. Nessa questão, fico com o economista Fabio Ramos, da Quest, que trabalha com um IPCA de 5,2% para 2012.

A fonte principal do crescimento continuará a vir do consumo interno, sustentado pelo aumento dos salários, do emprego e do crédito ao consumo. Nesse cenário, o Brasil vai continuar a receber volumes expressivos de investimentos internacionais e, com isso, conseguir complementar nossa escassa poupança interna e permitir manter um nível decente de investimentos.

Finalmente trabalho com a hipótese de um pouso suave da economia chinesa, com a reaceleração de seu crescimento na parte final do ano. Nesse cenário, os termos de troca do Brasil voltarão ao nível que tem prevalecido nos últimos tempos, mantendo a força de nossas exportações e garantindo a manutenção de um deficit em conta-corrente abaixo dos 3% do PIB.

Essa visão sobre a China é um ponto importante para meu cenário de crescimento no Brasil e espero estar certo em relação a ele. 

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...