Postamos abaixo artigo do Professor Naercio Menezes Filho, Doutor em economia pela Universidade de Londres, Professor Titular - Cátedra IFB e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e professor associado da FEA-USP. O artigo do professor de Economia, Naércio Menezes Filho e também coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, traz dados de como estão os aumentos salariais no mercado de trabalho do país. E explica com números o motivo dos aumentos de salários e de emprego serem diferentes de região para região e estarem relacionados, também com a área profissional.
O mercado de trabalho brasileiro tem tido um comportamento bastante favorável nos últimos anos. A taxa de desemprego vem declinando acentuadamente, a proporção de trabalhadores com carteira assinada tem aumentado e o salário real crescido. Esses indicadores refletem um mercado de trabalho aquecido, especialmente nas principais regiões metropolitanas do país. Em que medida a maior demanda por trabalho tem aumentado a troca de empregos no mercado de trabalho? Será que todos os trabalhadores tem se beneficiado da mesma forma?
O mercado não está aquecido na mesma intensidade para todos os trabalhadores. Embora a taxa média de desemprego nas principais regiões metropolitanas tenha declinado de 11,8% em Maio de 2002 para de 6,3% em Maio de 2011, ela é bem mais baixa nos dois extremos da distribuição educacional. Entre as pessoas com menos de 4 anos de estudos, a taxa de desemprego é de 3,6% e entre os que concluíram algum curso de pós-graduação é de apenas 1,7%. Porém, entre os que têm ensino médio a taxa de desemprego atual é de 8,4%. Esse fenômeno é conhecido como a polarização do mercado de trabalho. A demanda tem aumentado muito mais por pessoas com qualificação muito baixa (empregadas domésticas, seguranças e trabalhadores na construção civil) e pelos muito qualificados (gerentes e diretores de empresas), passando ao largo do grande contingente de jovens recém saídos do ensino médio.
Quando o desemprego diminui muito, começa a haver uma disputa entre as empresas pelos profissionais que já estão no mercado de trabalho. Isto pode resultar em aumento de salários ou troca de empregos buscando salários maiores. O salário entre os trabalhadores com menos de 4 anos de estudo dobrou (em termos nominais) nos últimos 9 anos e o mesmo ocorreu entre aqueles com pós-graduação. Estamos tendo que importar empregadas domésticas e diretores de empresa do exterior.
Por outro lado, a rotatividade entre empregos tem diminuído. Os dados do IBGE mostram que a porcentagem de empregados que estão há mais de 2 anos no mesmo emprego passou de 64% em Maio de 2002 para 67% em Maio de 2011. Essa taxa de permanência no emprego tem aumentado tanto entre os menos qualificados como entre os mais qualificados, passando de cerca de 65% para 75% nos dois casos. Assim, o aumento de demanda nos dois extremos da distribuição tem se traduzido em aumento de salários, única forma que a empresas possuem para manter seus melhores trabalhadores.
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