EDMAR BACHA, 72, economista, é membro da
Academia Brasileira de Ciências e sócio-fundador do Instituto de Estudos de
Política Econômica - Casa das Garças. É autor de "Belíndia 2.0" e de
"O Futuro da Indústria no Brasil" (Civilização Brasileira)
Meu voto em Aécio se justifica de duas
maneiras. A primeira é que, se Dilma tiver mais quatro anos, acabará de quebrar
o país e nos encaminhará para uma séria crise política e social. Não é difícil
ver o porquê. Nos quatro anos de seu governo, o crescimento da economia foi o
menor de todos os períodos presidenciais completos de nossa história
republicana desde Floriano Peixoto.
A culpa desse desempenho medíocre não vem de
fora, pois nossos vizinhos sul-americanos (exceto pela Argentina e Venezuela
que seguem políticas parecidas com as de Dilma) vão muito bem, obrigado. Neste
ano, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser zero, algo inédito na história
do país em períodos sem crise cambial.
A culpa também não é da equipe econômica, pois
ela apenas executa com docilidade a política determinada em cada detalhe pela
presidente. Foi Dilma quem retirou a autonomia do Banco Central; criou um
orçamento paralelo de alquimias contábeis entre o Tesouro e os bancos públicos;
destruiu a capacidade de investimento da Petrobras e da Eletrobras; aparelhou
partidariamente as agências reguladoras; fez os leilões de concessão de
infraestrutura se tornarem um fiasco quando não uma fonte adicional de
corrupção.
O resultado disso é a queda do PIB, a alta da
inflação, a derrubada do investimento, a desindustrialização, o deficit externo
e o aumento da dívida pública.
Dilma promete um governo novo, com ideias
novas. Mas como faria isso se está convencida de estar no caminho certo? Se
fosse reeleita, continuaria colocando em prática suas arraigadas convicções
equivocadas sobre economia e administração pública. O resultado seria manter o
país ladeira abaixo, com frustração popular, recessão, desemprego e inflação.
Felizmente, isso não vai acontecer porque tem
Aécio Neves no meio do caminho.
Após 12 anos de "nós contra eles",
que lembram o "ame-o ou deixe-o" da ditadura, Aécio é a esperança de
reconciliação nacional. Sua história política é similar à de seu avô, Tancredo
Neves, que sempre buscou a união dos extremos, o apaziguamento das diferenças,
o convencimento pelo argumento, e não pela força.
Todo o ódio que o marqueteiro de Dilma fez
destilar nessa campanha eleitoral sórdida será apagado, e Aécio, como fez em
Minas Gerais, governará com competência, sem rancores ou partidarismos.
Por sua experiência no governo de Minas, Aécio
sabe que políticas de inclusão social são um imperativo. Apesar da propaganda
do governo sobre "a nova classe média", o Brasil continua a ser uma
Belíndia --uma mistura da pobreza da Índia com a riqueza da Bélgica. Dados do
Banco Mundial mostram que o Brasil mantém uma das mais desiguais distribuições
de renda no mundo.
As informações que a Receita Federal finalmente
começa a liberar revelam que a concentração de renda no país é bem maior do que
a indicada pelas pesquisas domiciliares (Pnad) e ela não está sendo reduzida,
ao contrário do que dizem os arautos do governo Dilma.
Aécio sabe também que para superar a pobreza,
ao lado de uma política de transferência de renda, é fundamental ter uma
estratégia de crescimento --equitativa e sustentável-- que leve o país, ao
longo de uma geração, ao nível de renda do mundo desenvolvido.
Para isso precisamos restabelecer a
estabilidade econômica e o equilíbrio das contas públicas e externas.
Precisamos atrair o setor privado para investimentos maciços em infraestrutura,
dar a nossas indústrias condições de competir no mercado internacional e,
principalmente, melhorar nossos sistemas de educação, segurança e saúde.
Em seu programa de governo, Aécio tem propostas
exequíveis para enfrentar esses desafios. Contará com uma equipe de auxiliares
à altura da nobre tarefa de refazer a união entre os brasileiros e recolocar o
país na rota do desenvolvimento.
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