quarta-feira, 24 de junho de 2009
CAETANO VELOSO E O GOVERNO
DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL
Direto da Folha de S. Paulo, o Professor Delfim Netto cita que a formação acadêmica do economista deve ser mais ampla do que muitos pensam. O economista conhecendo os vários ramos da ciência, com certeza obterá melhores resultados em suas pesquisas. Com vocês, o texto "A 'RECEITA'", do nosso colega Delfim Netto.
Desde sempre os economistas buscaram "receitas" que produziriam o desenvolvimento.Adam Smith, muito antes de publicar a "Riqueza das Nações", já propagava a sua: "Para transformar um Estado do mais baixo barbarismo ao mais alto grau de opulência são necessários: paz, tributação leve e tolerável administração da justiça. Todo o resto vem pelo curso natural das coisas" ("Essays on Philosophical Subjects", 1755).Dois séculos depois (no início dos anos 90), quando a população mundial era seis vezes maior e o PIB per capita 11 vezes maior do que em 1755, os economistas pensaram ter encontrado a fórmula mágica com o famoso Consenso de Washington.Este insistia, equivocadamente, no Estado "mínimo", mas muitas das suas prescrições (equilíbrio fiscal, taxa de câmbio "realista", por exemplo) eram corretas. Ele foi muito criticado pelo que nunca sugeriu: a plena liberdade de movimento de capitais!A crítica fundamental é que ele, como em geral toda a teoria do desenvolvimento, ignorou o papel da história, da geografia e do que se pode chamar da "cultura" dos países. Cultura é um conceito abstrato, difícil de definir, porque envolve a própria forma de viver da sociedade (as crenças, o conhecimento, as leis, os costumes, a arte, a moral), mas é importante para organizá-la para o desenvolvimento econômico e social.Recentemente (setembro de 2004), um grupo de excelentes economistas reuniu-se em Barcelona e divulgou uma "agenda" (na realidade, uma "receita aberta") para explorar as "perspectivas de crescimento e de desenvolvimento" dos países emergentes. A diferença de novo enfoque é visível na sua primeira recomendação: "O raciocínio econômico básico e a experiência internacional sugerem que a qualidade das instituições, tal como o respeito às regras da lei e o direito de propriedade, somada à orientação do mercado, com um balanço apropriado entre ele e o Estado, e uma atenção à distribuição da renda estão na raiz das estratégias de desenvolvimento bem-sucedidas".E continua: "Encorajar os países em desenvolvimento a copiarem mecanicamente as instituições dos países ricos -como as instituições financeiras internacionais tendem a fazer- pode produzir mais danos do que benefícios".O desenvolvimento econômico e social é, numa larga medida, idiossincrático. E isso deve ser levado em conta na formação acadêmica dos economistas. É claro que eles precisam conhecer a literatura internacional, mas é ainda mais claro que devem ter vivência e estudo da história, da geografia e da "cultura" do país em que estão inseridos.
domingo, 21 de junho de 2009
DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL
Dez anos de metas para a inflação.
O regime de metas para a inflação foi formalmente adotado pelo Brasil em junho de 1999. A despeito de enfrentar considerável ceticismo em Washington e em Wall Street, que, na época, pareciam ter mais simpatia pelo regime de conversibilidade argentino, e também no país, o regime tem sido bem--sucedido e está consolidado. Sem oferecer uma panaceia econômica - nenhum regime monetário o faz -, o regime de metas para a inflação vem se mostrando inequivocamente superior às alternativas, sejam elas metas cambiais ou para agregados monetários.
Este décimo aniversário é a ocasião propícia para se avaliar o desempenho do regime, reexaminando, à luz dos fatos, algumas das controvérsias, ou mitos, propagadas ao longo da última década, sobre seu desenho e sua implementação.
O primeiro refere-se à ideia de que, ao perseguir metas para a inflação, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) tenderia a punir a atividade econômica. Tal mito parece ser calcado na crença, ultrapassada, de que seria possível elevar a taxa de crescimento sustentado da economia com maior tolerância à inflação. Na verdade, os benefícios da redução da inflação para o crescimento ficam nítidos se considerarmos o importante trabalho, recentemente publicado, do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas.
Segundo esse trabalho, que cobre o período entre janeiro de 1980 e março de 2009, as recessões não se tornaram mais frequentes após a adoção do regime de metas para a inflação. Ao contrário, foi sob esse regime que se verificou a fase de expansão mais prolongada de toda a amostra - 21 trimestres entre o terceiro trimestre de 2003 e o terceiro de 2008 -, e que só foi abortada pela contração econômica mundial, a mais severa desde os anos 30 do século passado.
O segundo mito é o de que o Copom foi excessivamente conservador, ou seja, que praticou política monetária consistentemente mais restritiva do que o necessário para promover a convergência da inflação às metas. Se isso fosse verdade, a inflação deveria se situar consistentemente abaixo da trajetória de metas. Não foi, contudo, o que ocorreu.
Desde a adoção do regime de metas, a inflação tem estado mais tempo acima do que abaixo do valor central para a meta. De fato, desde 1999 a inflação permaneceu 72% do tempo em níveis superiores ao valor central da meta, e 26% acima do limite superior do intervalo de tolerância, mas nunca rompeu o limite inferior. A propósito, cabe ressaltar que foi o suposto conservadorismo do Copom, ao conter os danos, derivados da forte aceleração inflacionária ocorrida no ano passado, sobre as expectativas de inflação, que abriu espaço para ações de política monetária que terão efeitos contracíclicos, contribuindo para a recuperação da atividade econômica em 2009 e em 2010.
Poder-se-ia contra-argumentar que, se não o Copom, draconiano então foi o Conselho Monetário Nacional, ao fixar metas exageradamente ambiciosas para a inflação brasileira. Isso também não corresponde aos fatos. A média das metas centrais para os países emergentes era de 7,2% em 1999, mas se deslocou para 3,6% em 2009 (2,1% para países desenvolvidos), diante do valor de 4,5% vigente no país nos últimos anos. De uma amostra, compilada por pesquisadores do Banco Central, de 25 países que atualmente adotam o sistema de metas para a inflação, 17 dos quais emergentes, em 2009 somente 2 apresentam valores centrais da meta superiores ao do Brasil (Guatemala e Turquia) e 2 o mesmo valor (Indonésia e África do Sul). Além disso, o intervalo de tolerância de 4 pontos percentuais adotado pelo Brasil é o maior da amostra.
Outra crítica ao Copom é que ele não daria a devida importância ao equilíbrio externo na definição da política monetária. Novamente a crítica não encontra respaldo nos dados. Foi exatamente sob a égide do regime de metas para a inflação com flutuação cambial que a economia brasileira superou crônicos problemas de balanço de pagamentos, atingindo o grau de investimento.
E foi sob o regime de metas para a inflação com flutuação cambial que o Banco Central teve acesso, em momento de crise financeira global, a um acordo de "swap" recíproco de moedas com o Federal Reserve, em vez de ter de recorrer ao FMI.
O desempenho do setor externo na economia sob esse regime, que alternou conjunturas externas benignas (como em 2003-2008) e adversas (1999-2002 e mais recentemente), contrasta de forma nitidamente favorável com o que se observou em períodos de câmbio administrado, nos anos 80 e 90 do século passado. A divisão de trabalho, política monetária voltada para o equilíbrio interno, consubstanciado nas metas para a inflação, e câmbio flutuante para atingir o equilíbrio externo, vem se mostrando bastante eficiente, como evidencia o rápido ajuste da conta corrente ocorrido desde o final de 2008.
Os economistas do Banco Central não ignoram o papel da taxa de câmbio no mecanismo de transmissão da política monetária, apenas o colocam em perspectiva - mudanças da taxa de câmbio, assim como de diversas outras variáveis, são analisadas sob o ponto de vista do efeito que poderão ter sobre a trajetória futura da inflação.
Essa posição pode ocasionalmente desagradar a certos setores, mas é a mais adequada do ponto de vista macroeconômico, é a única posição possível sob um verdadeiro regime de metas para a inflação e, em última análise, é a mais apropriada para a sociedade como um todo. Um tema recorrente de controvérsia, que no caso brasileiro tornou-se mais evidente sob o regime de metas, é a questão das defasagens da política monetária. Essas defasagens fazem com que a política monetária deva ser ajustada antes que seus efeitos se tornem evidentes, daí a ênfase atribuída às projeções para a inflação e ao balanço dos riscos em torno do cenário prospectivo central, no processo decisório do Copom.
O regime de metas para a inflação é, em resumo, bastante flexível e, ao enfatizar a transparência, em nosso caso por meio da divulgação das notas das reuniões do Copom, dos Relatórios de Inflação, bem como das frequentes audiências da diretoria do Banco Central no Congresso Nacional, especialmente adaptado à governança democrática. Mas flexibilidade não implica ambiguidade de propósitos: cabe ao Copom calibrar a política monetária de forma a promover a convergência da inflação para a trajetória de metas estabelecida pelo CMN.
Essa calibragem leva em conta um amplo conjunto de informações, como o grau de ociosidade na utilização dos fatores de produção, as expectativas de inflação, a persistência inflacionária e a evolução dos custos das importações, bem como de itens administrados, mas sempre -e quanto a isso não deve haver dúvida na sociedade- com foco no objetivo precípuo da política monetária, que é alinhar a dinâmica dos preços às respectivas metas.
No dia 21 de junho de 1999, o decreto nº 3.088 estabeleceu o sistema de metas para a inflação como diretriz para o regime de política monetária brasileiro.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
MALAN E A CRISE
"Uma crise como esta não tem uma causa simples, mas, como nação, nós nos endividamos em demasia e deixamos nosso sistema financeiro assumir níveis irresponsáveis de risco." A frase é do atual secretário do Tesouro norte-americano, Tim Geithner. Expressões semelhantes de sofrida singeleza podem ser encontradas em declarações de Ben Bernanke, Larry Summers, Paul Volcker e do próprio presidente Barack Obama.
A TAXA DE JURO DE UM DÍGITO
UMA NOTÍCIA QUE TEM O SEU VALOR
- Obama reorganiza mais de 1/3 da economia americana.
OBAMA VERSUS PODEROSAS MOSCAS
domingo, 14 de junho de 2009
DA SÉRIE: LEITURA INEVITÁVEL
TAXA DE JUROS E RENTABILIDADE
Finalmente o Brasil chegou ao primeiro mundo: estamos com juros de 9,25% ao ano. (Brincadeira! Esse fato de primeiro mundo está muito longe. Enquanto o brasileiro não tiver competentes padrões educacionais, o resto é resto. Mas, retornemos ao tema). Para quem conviveu com uma inflação acumulada entre os meses de Dezembro/89 a Março/90 de 693% - caso de hiperinflação e hoje vê uma taxa anual de juros de 9,25%, realmente muita coisa mudou.
A cultura inflacionária, que ainda persiste na cabeça de alguns colegas e políticos desenvolvimentistas, ao acreditarem que podemos crescer com inflação, é uma falácia. O Brasil deve continuar buscando atingir a sua meta de inflação, meta essa que não deve ser elevada e, ao mesmo tempo, crescer, mesmo neste período de graves acontecimentos que atingem o mundo. Não devemos esquecer que o país deve manter reduzida sua taxa de inflação, manter o câmbio flexível e, principalmente no caso do atual governo, não gastar mais do que arrecada e indevidamente onde não é necessária a sua ação.
Diante desse cenário de seqüenciais quedas na taxa de juros, o investidor deve manter a cabeça fria e procurar arriscar um pouco mais, porém não ingressando com 100% de seus ativos na bolsa de valores, local onde gente muito bem informada consegue ganhar muito dinheiro e outros perdem quase tudo. No entanto, é nesse tipo de cenário que surgem os empreendedores. Ao investirem na economia real, conseguem elevar a sua rentabilidade pessoal e ao mesmo tempo fazem o Brasil crescer. E sem nenhum tipo de Bolsa Família, Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Bolsa Cota etc etc etc
sexta-feira, 12 de junho de 2009
A SELVA NO JORNAL NACIONAL
- Por diversos motivos raramente tenho visto o Jornal Nacional. Hoje, 12/06, fui surpreendido pela primeira matéria apresentada: A Rodovia PA 150 (onde trafego com frequência) e a cidade de Tailândia (próxima a fazenda onde trabalho). E o que o Brasil viu hoje é o que vejo diariamente: madeira da floresta sendo livremente levada em "caminhões?" ou algo parecido com isso, pela nossa PA 150. Que vergonha de ser brasileiro nesta hora. É estranho que neste momento não exista a presença do ESTADO a proibir essa situação. Será possível que matérias como essas sejam reprisadas novamente e nada seja feito? Até quando? Onde estão as ONGs que gostam de hoteis cinco estrelas que não impedem essa devastação? Qual o último governador do Pará que foi de Belém à Tailândia através da PA 150?
- Desligo a TV.
- LAMENTÁVEL E TRISTE.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
ENCONTRO DE ECONOMIA EM FORTALEZA
BRASIL - TAXA DE JUROS
SEMINÁRIO DE ECONOMIA - PREVISÕES
A "THE ECONOMIST" DESTA SEMANA
sexta-feira, 5 de junho de 2009
A NOSSA SEMANA SEGUNDO A MÍRIAM LEITÃO
A GM foi a maior produtora de automóveis desde 1931 até 2007. É um dos símbolos do capitalismo americano e agora virou estatal. Tem capital do governo americano e também do governo canadense.
A GM do Brasil sempre recebia tecnologia de um braço da GM na Europa, a Opel, que foi vendida para a Magna. De acordo com o presidente da GM no Brasil, nada mudará.
A volatilidade do dólar também chamou atenção. A queda tem sido forte nos últimos dois meses e isso impede a tomada de decisão dos empresários, ou seja, atrapalha a suave recuperação da economia.
Hoje, o dólar está em alta no mundo. O momento é de instabilidade. O presidente do Fed, Ben Bernanke, que era um dos mais otimistas, esta semana pediu cautela. Fez um alerta de que é preciso ir com calma.
A EDUCAÇÃO BRASILEIRA SEGUNDO A THE ECONOMIST
quinta-feira, 4 de junho de 2009
KRUGMAN, DÍVIDAS E POUPANÇA
DÁ SÉRIE: ECONOMIA - VOCÊ SABIA?
A "THE ECONOMIST" DESTA SEMANA
terça-feira, 2 de junho de 2009
UMA PIADA DE ECONOMIA
"Mês de agosto, às margens do Mar Negro. Chovia muito e o vilarejo estava totalmente abandonado.
Eram tempos muito difíceis e todos tinham dívidas e viviam de empréstimos.
De repente, chega ao vilarejo um turista muito rico. Entra no único hotel do vilarejo, coloca sobre o balcão uma nota de 100 euros e sobe as escadas para escolher um quarto.
O dono do hotel pega os 100 euros e corre para pagar sua dívida com o açougueiro.
O açougueiro pega o dinheiro e corre para pagar o criador de gado.
O criador pega o dinheiro e corre para pagar a prostituta do vilarejo, que por conta da crise, trabalhou fiado.
A prostituta corre para o hotel e paga o dono pelo quarto que alugou para atender seus clientes.
Nesse instante, o turista desce as escadas após examinar o local, pega o dinheiro de volta, diz que não gostou de nenhum dos quartos e abandona o vilarejo.
Ninguém lucrou absolutamente nada, mas toda a aldeia vive hoje sem dívidas, otimista por um futuro melhor."
A importância de debater o PIB nas eleições 2022.
Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...
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O genial Sinfrônio , no cearense Diário do Nordeste , sempre consegue nos fazer rir mesmo no meio da diária tragédia econômica e políti...
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Um ranking elaborado pela revista americana " Harvard Business Review ", especializada em administração e negócios , mostrou 26 ...