segunda-feira, 25 de abril de 2011

O risco de se ter governo demais.

O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, afirma que "ainda falta muito" para chegar a um novo pensamento econômico depois da grande crise que atingiu o mundo. Um dos maiores riscos, afirma, é a volta aos anos 1950 e 1960, quando a intervenção dos governos cresceu ao ponto de se tornar excessiva.

Em entrevista ao Valor, Blanchard explica os principais pontos do debate que ele mesmo levantou dentro do FMI, incluindo a polêmica sugestão de que os bancos centrais tenham uma meta para a taxa de câmbio. " Estava apenas colocando isso sobre a mesa."

Em seu manual de macroeconomia, um dos mais populares em cursos de graduação, Blanchard define as principais escolas de pensamento econômico atual. Mas ele não quis colocar um nome no novo pensamento que surge da crise. "Detesto rótulos."

Valor: Há um novo pensamento econômico depois da crise? Precisamos de um?

Olivier Blanchard: A resposta para sua segunda questão é sim. Para a primeira, ainda não. Aprendemos que existem coisas em que acreditávamos que provavelmente não são corretas. Temos que repensar como executamos políticas macroeconômicas, mas ainda não chegamos lá. Ainda falta muito.

Valor: É possível colocar um nome, um rótulo, nesse novo pensamento econômico?

Blanchard: Detesto rótulos, não quero dar um novo rótulo, me recuso a ser associado com alguma escola de pensamento. Mas acho que muita gente me vê como um novo keynesiano. O que é um economista novo keynesiano? Acho que é alguém que acredita nos mercados, mas acredita que às vezes eles funcionam mal e que as políticas públicas devem ter um papel central.

Valor: É suficiente para os bancos centrais terem apenas uma meta, a inflação?

Blanchard: Absolutamente não. Não está em questão a importância de manter a inflação em um nível baixo e estável. Mas há muitas outras coisas importantes para a saúde econômica, como desemprego, hiato do produto. Muitos economistas acreditavam que, se a inflação fosse estável, as questões do desemprego e do hiato do produto estariam superadas. Com frequência, esse não é o caso. Você pode ter situações em que há inflação, mas também hiato do produto. Veja a África do Sul de hoje. Outra coisa que aprendemos na crise é que você pode ter inflação estável, hiato do produto estável ou pequeno, mas nos bastidores pode estar criando problemas financeiros. Quando eles aparecem, podem criar uma grande confusão. Essa é a essência da crise atual. Então, o banco central tem que se preocupar com a estabilidade financeira. E aprendemos, de outro lado, que existem muitos instrumentos, muito mais do que a taxa de juros. Quando a taxa de juros vai a zero, você tem que usar expansão quantitativa ou de crédito, mas além disso tem que olhar níveis de capital, níveis de crédito, níveis de liquidez. Tudo isso cria um trabalho muito difícil, mas não acho que os bancos centrais podem evitá-lo.

Valor: Como não perder o foco no que é importante, a baixa inflação?

Blanchard: Esse é o desafio. É necessario ter um compromisso total com um nível de inflação baixa e estável no médio prazo. Por exemplo, hoje a inflação cheia é maior do que o núcleo de inflação em muitos países, por causa do impacto direto da alta dos preços dos combustíveis e de alimentos nos índices de preços ao consumidor. Mas não nos preocupamos com isso, porque os bancos centrais têm um compromisso com a inflação baixa no médio prazo e as expectativas de inflação estão ancoradas.

Valor: Como manter a credibilidade obtida no sistema de uma meta e um instrumento?

Blanchard: Foi essencial usar coisas como regimes de meta de inflação para estabelecer credibilidade. É muito simples: um instrumento, uma meta. Muitos bancos centrais firmaram sua credibilidade dessa forma. Agora que eles têm credibilidade, devem usar. Há muita comunicação que deve ser feita. Acho algo factível. Existe um "trade off" de ter essa política muito simples. Você pode ter credibilidade, mas pode também estar fazendo algo errado.

Valor: Não é controverso defender metas para taxas de câmbio, como o sr. fez?

Blanchard: Há bons argumentos para evitar uma apreciação excessiva. É algo que já está na cabeça dos formuladores de política econômica. Então, o ponto de vista que defendo é apenas ser explícito sobre isso. Muitos países com movimentos de capitais imperfeitos talvez tenham dois instrumentos potenciais. Têm a taxa básica de juros e também a intervenção esterilizada e, dessa forma, podem prestar atenção em duas metas. Estava apenas colocando isso sobre a mesa. Mas há vários outros pontos a ponderar. Pode ser muito perigoso ter uma taxa de câmbio baixa, porque você pode criar "carry trade". Alem do mais, existe o risco de que alguns países usem intervenções para manter a taxa de câmbio em níveis excessivamente baixos, para ganhar uma vantagem desleal. Existe o risco de ser mal usado. Mas não há razão para não refletir sobre a questão.

Valor: Num seminário organizado pelo FMI, o economista Robert Solow falou sobre a dificuldade de calcular o multiplicador fiscal. Temos os instrumentos macroeconométricos para medir e lidar com esse mundo mais complicado?

Blanchard: Penso que a ideia que Robert Solow defendeu é que não existe algo como "o" multiplicador. Existem vários multiplicadores, dependendo do estado da economia, dos instrumentos fiscais usados. A questão é: quais são esse multiplicadores, podemos ter uma visão mais sofisticada deles? Por exemplo, em que circunstância uma contração fiscal pode ser expansionista? Se um país que tem um enorme prêmio de risco porque é fiscalmente irresponsável e, de repente, ele se torna responsável, é fácil ver que a taxa de juros vai cair de um dia para outro e provocar aumento da demanda. Temos uma noção de como o multiplicador vai variar de acordo com as circunstâncias. Mas temos que trabalhar muito mais nesses temas.

Valor: Controles de capitais estão definitivamente na caixa de ferramentas?

Blanchard: Sim, pelas mesmas razões que todos os instrumentos prudenciais. Se você acha que os mercados de capitais não trabalham de forma perfeita, algo em que todos nós poderemos concordar a esta altura, depois do que vimos acontecer, então você vai querer ter ferramentas para reduzir riscos, para influenciar comportamentos. Há circunstâncias em que fluxos de capitais levam a riscos e você não tem as ferramentas macroprudenciais tradicionais para fazer algo a respeito. Por exemplo, se empresas brasileiras tomam empréstimos em Nova York em dólares e você está preocupado com a possibilidade de um risco cambial excessivo, qualquer coisa que você fizer no mercado bancário brasileiro não terá nenhum efeito sobre isso. Então, nesses casos, o que basicamente você quer é evitar isso. Se você puder interromper o fluxo de capitais, você pode dizer não, essa é a coisa certa para fazer.

Valor: Estamos de volta ao mundo dos anos 1960?

Blanchard: Espero que não, mas o risco existe. Gostaria de um mundo com apenas um instrumento e uma meta, mas infelizmente o mundo não é assim. Nos anos 1950 e 1960, esses instrumentos foram mal utilizados. Quando se usam muitos instrumentos, aumenta o risco de surgir considerações políticas, de querer ajudar um grupo ou outro. Então, os riscos existem, mas é assim que o mundo funciona. (AR)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Novas e velhas ideias na economia.

Luiz Carlos Mendonça de Barros, hoje na FOLHA DE S. PAULO
OS ANALISTAS já têm indicações suficientes para entender que a gestão da economia brasileira vai mudar no governo Dilma. São declarações diárias de membros importantes do governo -inclusive da própria presidente- defendendo novos valores e ideias sobre como deve ser conduzida a política econômica no Brasil. Depois de mais de 16 anos de uma estabilidade de agenda, essa não é uma mudança simples, e os riscos -vistos de hoje- me parecem elevados.
Uma primeira observação precisa ser feita antes de avaliar esse novo rumo do governo: nos últimos 16 anos, a economia brasileira -e o resto do mundo também- mudou muito. Por isso, em principio, não se pode a priori ser contra mudanças propostas pelo governo Dilma. Além disso, as crises que o chamado capitalismo viveu nos últimos anos colocaram em xeque a visão mais ortodoxa de uma economia de mercado.
Por isso, não admitir correções de rumo na política econômica é uma posição retrógrada, burra e que precisa ser questionada.
Mas nessa busca por uma economia de mercado mais eficiente no Brasil -no fundo é disso que estamos tratando nos debates recentes- não podemos deixar de lado lições que permanecem válidas, mesmo com o passar dos tempos. Para mim, uma das mais importantes dessas é a chamada curva de Phillips, que relaciona o desemprego e a inflação. Desenvolvida ainda nos anos 60 do século passado, ela mostra que, a partir de certo nível de desemprego, a inflação passa a crescer de forma não linear quando submetida a choques -internos e externos- de preços.
O auge da fama da curva de Phillips ocorreu nas décadas seguintes à sua formulação por uma razão que poucos analistas entenderam: a força do movimento sindical à época e sua capacidade de manter o valor real dos salários via aumentos nominais indexados à inflação passada. Com o posterior enfraquecimento dos sindicatos nas principais economias do mundo e um aumento da eficiência das ações dos bancos centrais, a curva de Phillips entrou em declínio.
Mas ela voltou agora com toda a sua força original -embora ainda pouco percebida inclusive pelos economistas liberais mais radicais- no Brasil da presidente Dilma. Como a história nunca se repete integralmente, os efeitos de uma taxa de desemprego muito baixa sobre a dinâmica de aumento de preços no Brasil estão mitigados hoje pela combinação de uma moeda forte e um fluxo muito grande de importações. Mas, se olharmos apenas para os setores que não sofrem os efeitos das importações, a velha curva de Phillips se mostra em todo seu vigor.
Como a maioria dos analistas mais ortodoxos tem uma dificuldade imensa de considerar o mercado de trabalho em suas análises, a preocupação com ele fica restrita a economistas que têm uma forte influencia da metodologia keynesiana ao olhar para os problemas econômicos. Por outro lado, o pensamento dominante nas lideranças petistas considera os índices de desemprego baixo um dos êxitos mais marcantes de seu período no governo federal.
Eufóricos e cegos, não acreditam na curva de Phillips porque a vêm como um instrumento agressivo da burguesia contra a classe trabalhadora. Bem ao estilo petista de reagir a críticas.
Uma prova do descaso das autoridades do governo Dilma para com esse problema é a euforia de seu ministro do Trabalho ao anunciar recentemente que ele garante uma criação de mais de 3 milhões de novos postos de trabalho em 2011. Certamente o sr. Lupi não tem a menor ideia do que o economista neozelandês da London School of Economics mostrou meio século atrás e, se o soubesse, usaria expressões de Leonel Brizola, fundador de seu partido, para desqualificá-lo.
Outros economistas depois de Phillips aprofundaram suas conclusões e mostraram com mais profundidade os riscos para a inflação de taxas de desemprego muito baixas em um ambiente de forte demanda. O Brasil será nos próximos meses um terreno fértil para verificar quem tem razão nessa questão.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Brazil's economy.

INFLATION is at 6.3% and is poised to break through the ceiling of the Central Bank’s target of 2.5-6.5% for the first time since it was adopted in 2006. That is despite the currency surging to 1.58 reais to the dollar, close to its peak since it was allowed to float in 1999—and much stronger than either the government or industry would like. All this means that monetary policy in Brazil is attempting to tame two wild horses at the same time. The Central Bank has already raised its benchmark rate by three percentage points over the past year, to 11.75%, with another 0.25-0.50 points expected from its monetary-policy committee on April 20th as The Economist went to press. But as the bank admitted in its latest quarterly inflation report, it does not now expect to bring inflation back to its central 4.5% target by the end of 2011. The economic cost, it said, would be “too high”.

The difficulty for the Central Bank is that each rise in interest rates—already the highest of any big economy—makes Brazil more attractive to footloose foreign capital. In the first three months of 2011 it saw net inflows of $35 billion, more than in the whole of 2010. That pushes up the currency, which is not directly the monetary-policy committee’s concern, and throws fuel on an overheated economy, which is.

To try to curb inflation without boosting the real further, the bank is resorting to what central bankers call “macroprudential measures”, such as higher bank reserve-requirements. The finance ministry has chipped in by raising taxes on consumer credit, foreign bond issues, and on overseas loans and derivatives’ margins. Without such measures, says the finance minister, Guido Mantega, the real would be at 1.4 to the dollar.

Dilma Rousseff, the president, has promised to do whatever it takes to control inflation. A big test involves the minimum wage, due to rise next year by 7.5% above inflation, unless the government amends the formula used to calculate it. That would push up state pensions, which are linked to minimum pay, as well as wages across the board, as many salaries are expressed in multiples of the minimum. The danger in trying to steer the exchange rate and inflation simultaneously is the risk of losing control of both of them.Some think the government should welcome the inflows, let the real rise where it will and cut public spending to eliminate the expansionary fiscal deficit. All that would bear down on inflation and in turn allow the bank to cut rates, thereby stemming inflows and eventually allowing the currency to fall. But the government is afraid this would lead to a destabilising outflow once rich countries start tightening monetary policy—and that manufacturers would be unable to survive a stronger real, even temporarily. FIESP, an industrialists’ trade body in São Paulo, says its members are already struggling: in 2010 the share of imported industrial goods in total consumption was at an all-time high. It wants the government to restrain speculative inflows by imposing far higher initial margin requirements on currency futures.

The 2011 TIME 100 - Dilma Rousseff

It's not easy being the first woman to govern your country. Beyond the honor it signifies, there are still prejudices and stereotypes to confront. Nor is it easy to govern an emerging nation: when societies begin to see the light of development at the end of the tunnel, there is a surge of optimism and enthusiasm, but the challenges become more complex and the citizenry more demanding. It's harder still to govern a country as large and globally relevant as Brazil.

Dilma Rousseff, 63, has all of this ahead of her. Brazil is living a unique moment in its history, one of great opportunity, which requires a leader with solid experience and firm ideals. Dilma offers precisely that virtuous combination of wisdom and conviction that her country needs. Brazil's new President is a courageous fighter who stood up to its former military dictatorship and has dedicated her life to building a democratic alternative for development, social equality and women's rights.

Bachelet is the former President of Chile and the first executive director of U.N. Women.

The 2011 TIME 100 - Joseph Stiglitz.

It's said that the day when the arms dealer Alfred Nobel picked up his newspaper and was shocked to find an obituary calling him a "merchant of death," he decided to dedicate the rest of his life to supporting peace and prosperity. Hence the Nobel Prize. It was good that he changed, because he has made it possible for us to honor people who have changed our view of the world for the good.

Joe Stiglitz, 68, has chaired President Clinton's Council of Economic Advisers, served as the World Bank's chief economist and developed theories that will be remembered long after current controversies die down, because he has delivered to us a better understanding of economics, particularly with the crucial insight that markets aren't always efficient.

The return to political economy is under way — even if the journey is through the rather messy area of behavioral economics — after the revelations of the deficiencies of a purely market-based approach. Joe's Nobel Prize–winning work on information asymmetries is a crucial part of this journey.

He got the Asian crisis right, foresaw the bubble that caused such havoc in 2008 and is advocating global answers to a host of problems that can no longer be solved at the local or national level. This worldview is the essential dimension missing in economic-policy making but which has to be at the core of the next ways forward. Now a distinguished professor at Columbia, Joe is a brilliant intellect, a great conversationalist, and because his work goes on challenging us all to rethink our ideas, he will always be a controversialist wherever he goes.

Brown is a former Prime Minister of the U.K. and the author of Beyond the Crash: Overcoming the First Crisis of Globalization

Obama and Facebook in Warm Embrace.

O poder do iPhone!

Para quem acreditava ou acredita no poder de venda do iPad, leia abaixa a notícia da FOLHA sobre os ultimos resultados da APPLE. Realmente, hoje, na minha opinião, não existe aparelho que supere o iPhone.
Sob impacto de vendas acima do esperado do iPhone, a Apple registrou lucro de US$ 5,99 bilhões (R$ 9,6 bilhões) no primeiro trimestre, crescimento de 95% em comparação ao mesmo período de 2010. O resultado ficou acima do esperado pelo mercado. O faturamento aumentou 83%, para US$ 24,7 bilhões. No trimestre, foram 18,7 milhões de iPhones vendidos -mais do que o dobro do mesmo período de 2010.
Para isso, contribuiu a decisão da empresa de oferecer nos EUA o produto aos clientes da operadora Verizon. Antes, a AT&T detinha a exclusividade na comercialização do smartphone.
Por outro lado, o desempenho do iPad ficou aquém do esperado, com 4,7 milhões de unidades vendidas -esperava-se que 6 milhões tivessem sido comercializados no período. Segundo analistas, esse resultado deveu-se aos problemas enfrentados pela Apple para atender a demanda pelo tablet e a consequente falta de produto nas lojas.
A Apple também apresentou resultados expressivos em uma indústria afetada pela queda de suprimentos. Devido ao terremoto e ao tsunami no Japão, a produção de insumos para computadores foi prejudicada em todo o mundo.Mesmo assim, as vendas do MacBook, o notebook da Apple, cresceram 53%, para 2,8 milhões. O desktop Mac, por sua vez, perdeu 12% de vendas, para 1 milhão.
O diretor financeiro da Apple, Peter Oppenheimer, disse que está "extremamente" satisfeito com os resultados, que foram recordes para o segundo trimestre do ano fiscal da empresa, que teve seu início em setembro de 2010.Ele ainda disse que a companhia está fazendo progressos na produção de iPads e expandindo o número de países nos quais o produto é comercializado.
O iPad 2 foi lançado em março nos Estados Unidos e em outros 25 países. Na semana que vem, chegará a mais 13 -não foi informado se o Brasil está na lista. Neste mês, a Foxconn, fornecedora da Apple, anunciou que fabricará o aparelho no país a partir de novembro.
O mercado também recebeu bem os novos números. As ações da companhia subiram 2,4% no "after market" (negociação de papéis feita após o pregão regular).
Com cerca de US$ 315 bilhões de valor de mercado no dia 20, a Apple é atualmente a segunda maior empresa do mundo, perdendo apenas para a petrolífera Exxon Mobil, que tem aproximadamente US$ 424 bilhões nesse indicador na mesma data.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

COPOM - sem surpresa: presente de Páscoa!

Sem surpresa, o UOL divulgou hoje que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (20) elevar a taxa básica de juros (a Selic) em 0,25 ponto percentual, para 12% ao ano, o maior nível desde janeiro de 2009, quando era de 12,75%.

Embora essa alta não tenha sido uma surpresa, a maioria dos analistas do mercado financeiro apostava que a taxa subiria para 12,25%.

Ao elevar a Selic, o objetivo do BC é fazer com que o crediário também suba e, com isso, diminua o consumo da população para conter a alta da inflação.

A alta de preços ocorre quando há muita procura por produtos e menos quantidade para atender a essa necessidade.

A Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), porém, não acredita que a elevação da Selic vá restringir o crédito.

Esta foi a terceira reunião do Copom sob o mandato da presidente Dilma Rousseff e com o BC sob o comando de Alexandre Tombini.

Em todas elas, o comitê decidiu elevar a taxa. Nas duas primeiras, a alta foi de 0,5 ponto percentual. Na desta quarta-feira, subiu 0,25 ponto percentual. Com isso, no governo Dilma, a Selic passou de 10,75% para os atuais 12% ao ano. O próximo encontro será nos dias 7 e 8 de junho.

A elevação dos juros é o principal método utilizado para o BC para perseguir o centro da meta de inflação, medida pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é de 4,5% para este ano.

Também para conter a inflação por meio de restrição ao crédito, no início deste mês, o governo elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para empréstimos tomados por pessoas físicas de 1,5% para 3%.

O centro da meta pode ter variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, ou seja, a inflação poderia ir de 2,5% a 6,5%. O índice de 4,5% é chamado de centro, pois está bem no meio dos extremos.

O mercado prevê que a inflação em 2011 será de 6,29%. No ano passado, o índice foi de 5,91%, a maior registrada no país desde 2004. Em março deste ano, a inflação acumulado nosúltimos 12 meses chegou 6,30%.

A Selic é a taxa básica de juros. Ela é usada como base, por exemplo, para os juros cobrados quando se parcela uma compra ou se pede dinheiro emprestado no banco.

Se os juros básicos aumentam, as lojas fazem o mesmo com o crediário. Os juros também são usados como política monetária pelo governo para conter a inflação.

Com juros altos, as prestações ficam mais caras e as pessoas compram menos, o que restringe o aumento dos preços. No caso de redução dos juros, o receio do governo é que haja muitas compras e as indústrias não consigam produzir o suficiente.

Quando isso acontece, há falta de produtos no mercado, e os que existem ficam mais caros -é a chamada lei da oferta e da procura.

Um aspecto positivo dos juros altos é que eles remuneram melhor as aplicações financeiras. Isso é bom para os investidores brasileiros e também para os estrangeiros que procuram o país.

Quando alguém investe em fundos ou títulos públicos, por exemplo, recebe um rendimento mensal maior se os juros estiverem mais altos.

Por outro lado, os juros altos prejudicam as empresas, que ficam mais receosas de tomar empréstimos para investir em expansão.

Por isso os empresários reclamam dos juros altos. Nesse cenário, também se torna mais difícil a criação de empregos.

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros.

Você sabe quanto o estado já arrecadadou em 2011?

A arrecadação federal totalizou R$ 70,984 bilhões em março, de acordo com números divulgados pela Receita Federal. O valor é recorde para o mês. Descontada a inflação oficial pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o volume é 9,69% superior ao de março de 2010 e 9,8% maior do que o de fevereiro passado.
Nos três primeiros meses de 2011, a arrecadação também é recorde e totaliza R$ 226,194 bilhões, em valores nominais. Em termos reais (com a correção pela inflação), o total passa para R$ 228,155 bilhões. Esse valor supera em R$ 24,367 bilhões, ou em 11,96%, o montante registrado no mesmo período de 2010.
Um dos principais fatores com influência sobre o resultado da arrecadação continua sendo o desempenho da economia. A Receita Federal destaca, por exemplo, o crescimento da produção industrial, que chegou a 3,88% de dezembro de 2010 para fevereiro de 2011, na comparação com igual período anterior.
Nesta mesma base de comparação, o volume de vendas cresceu 16,14% e a massa salarial, 15,34%, destaca a Receita. Como o fato gerador de um mês só influencia as receitas públicas no mês seguinte, a atividade econômica em dezembro e fevereiro tem impacto na arrecadação de janeiro e março.
O aumento da lucratividade das empresas também contribuiu para o recorde na arrecadação. As receitas do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no primeiro trimestre tiveram aumento real de R$ 7,703 bilhões (19,87%) em comparação ao mesmo período de 2010. A arrecadação da Confins e do PIS/Pasep arrecadados também merece destaque, com crescimento de R$ 4,820 bilhões (11,13%). A receita previdenciária cresceu R$ 4,956 bilhões (20,34%).
De acordo com a Receita Federal, esses tributos foram os principais responsáveis pela diferença na arrecadação no acumulado do ano em relação ao ano passado
Fonte: FiscoSoft On Line

terça-feira, 19 de abril de 2011

O PT e a economia.

Na coluna do mês passado disse ao leitor que a presidente Dilma estaria resgatando o pensamento econômico histórico do PT. Minha intuição apontava nessa direção. Nestes últimos 30 dias o comportamento da presidente tornou essa percepção mais sólida. Declarações suas, atos concretos de ministros importantes e manifestações de membros do segundo escalão aumentaram minha convicção.

Dou um exemplo do que quero dizer. Um funcionário do Ipea acusou o mercado financeiro de estar tentando desestabilizar a política econômica via terrorismo com os índices da inflação. Os objetivos desses carbonários da direita seriam o de reverter uma política econômica que visa resgatar os pobres e reduzir a defasagem de renda entre ricos e a classe média. Para ele a inflação mais elevada não é um problema desde que o crescimento econômico seja elevado e os salários e o emprego cresçam a taxas robustas. Uma verdadeira quadratura do circulo macro econômico de uma economia de mercado.

Esse comportamento de acusar inimigos externos por problemas enfrentados pelo governo é típico do PT. O que varia, de acordo com o grau de militância, é a dureza das expressões e a leviandade das acusações. Com isso as verdadeiras causas dos problemas que enfrenta permanecem sem combate.

Mas volto ao campo mais restrito do pensamento econômico do PT que é o tema principal desta coluna. Conheço o modelo de economia que orienta as ações de um grande número de seus membros, inclusive a própria presidente. Durante seis anos fui professor no curso de doutorado no Instituto de Economia da Universidade de Campinas, centro principal do pensamento econômico do Partido dos Trabalhadores. Nesse período, não só pela leitura dos textos básicos utilizados nos diversos cursos mas, principalmente, por participar de debates e seminários internos, fui construindo esse meu conhecimento.

Além disso, meu pensamento de hoje incorpora algumas teses desse grupo, que aprendi na minha estada na Unicamp. Isso me faz um crítico não radical de suas ideias e propostas, diferentemente de outros analistas do mercado financeiro. Dou um exemplo: parecem-me corretas algumas das mudanças realizadas no sistema de metas de inflação pela diretoria atual do BC e que levou os grupos liberais mais radicais a vociferar que ele estava sendo abandonado. Também está correta, no meu entendimento, a política de intervenção no câmbio e as preocupações com o processo de perda de competitividade da indústria por conta de um real hiper valorizado. Ideias como a flutuação limpa do real nos mercados me parecem tolices, como já apontei recentemente.

Mas em relação à leitura da conjuntura econômica, a forma de intervenção do Estado nos mercados e ao entendimento de questões macroeconômicas importantes - como, por exemplo, as causas do processo inflacionário que vivemos hoje - minha discordância é total. Por isso sou extremamente otimista com a economia brasileira e muito pessimista com a política econômica do governo Dilma. Como essas duas leituras não podem existir juntas, ao fim do mandato da presidente duas situações podem ocorrer: os erros de política econômica prevalecem e a economia se degrada, ou a força da economia privada - dentro e fora de nossas fronteiras - acaba compensando os erros do governo e o Brasil continua a crescer, embora a taxas mais medíocres do que se poderia obter com uma política econômica de boa qualidade.

Para colocar esses dois cenários em números diria que no primeiro caso estaríamos crescendo a 2,5% ao ano em 2014 e mais de 4% no segundo. O ponto central dessa divergência me parece ser a questão da inflação e como o governo vai combatê-la.

No primeiro caso o governo é colocado contra a parede em 2012 e obrigado a realizar um tratamento de choque por conta da perda da popularidade que certamente virá com taxas de inflação da ordem de 8% ao ano. Nessa hipótese haverá uma redução importante na velocidade de crescimento da economia, depois de um período com taxas anuais acima de 4% aa, mas com a inflação voltando ao nível de normalidade. Na outra hipótese o governo reconhece o dilema inflação e crescimento que vivemos hoje e decide sacrificar o nível de atividade em 2011 e 2012, deixando para os anos seguintes a volta de um crescimento econômico mais robusto.

Temo que o governo vai optar pelo primeiro caminho, por ainda acreditar na cartilha econômica do PT. Essa minha hipótese fica ainda mais forte se considerarmos que a partir de maio poderemos ter, por três ou quatro meses, números da inflação menores. Embora a causa principal disso seja de natureza sazonal - e já precificado pelo mercado em suas projeções mais pessimistas - o governo vai tentar passar a ideia de que sua política está funcionando e declarar vitória. Segundo os economistas da Quest poderemos ter inflações mensais de até 0,25% nesta que poderá ser uma doce primavera para o governo.

Se essa declaração de vitória precoce acontecer e o governo abaixar a guarda, a recidiva da inflação no final do ano será muito forte, principalmente porque estará ancorada no aumento de 14% do salário mínimo que entrará em vigor em janeiro de 2014.

Luiz Carlos Mendonça de Barros, engenheiro e economista, é diretor-estrategista da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações. Escreve mensalmente às segundas no VALOR ECONÔMICO.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Inflação aqui e acolá!

Paul Krugman - diretamente do ESTADÃO.

Algumas observações sobre os desdobramentos recentes da inflação.

A inflação é hoje um problema grande e crescente em economias emergentes. Por quê? Ela é a combinação da armadilha de liquidez em economias avançadas com a pouca disposição de países emergentes de permitirem a valorização de suas moedas.

A coisa funciona assim: em economias avançadas, o colapso de bolhas imobiliárias e o excesso de dívida acumulado durante a Grande Moderação está levando a uma demanda persistentemente deprimida, apesar da política de taxas de juros muito baixas. O resultado é retornos baixos sobre o investimento; está fora de questão aumentar a capacidade quando não se está usando a capacidade existente.

As economias emergentes, por sua vez, têm muita demanda, em parte porque estão emergindo, em parte porque não compartilham o grande endividamento. Então, o que a economia mundial “quer” fazer é ter grandes fluxos de capital do Norte para o Sul, e, correspondentemente, grandes déficits em conta corrente no mundo emergente – que ajudariam, é claro, as economias avançadas a se recuperarem.

Mas como a doutrina da transferência imaculada é falsa, o mecanismo de transmissão pelo qual fluxos de capitais se traduzem em equilíbrios comerciais precisa envolver um aumento dos preços relativos de bens e serviços produzidos nos países emergentes. A maneira fácil e natural de obter isso seria por meio da valorização da moeda; mas os governos não querem que isso ocorra. Assim, a mão invisível está na verdade obtendo o mesmo resultado – gradualmente – empurrando para cima os preços nominais nesses países.

Vale observar que quando esses governos tentam controlar a inflação espremendo a demanda em vez de deixar que suas moedas subam, eles não estão simplesmente se engajando num esforço eventualmente condenado; estão também ajudando a perpetuar a recessão em países avançados. Bom trabalho a todos.

Enquanto isso, lá no Norte…

O núcleo da inflação em março ficou mais baixo que o esperado, e muito se tem falado sobre isso. Mas realmente, quando se consideram dados de alta frequência, coisas acontecem. As pessoas que ficaram muito agitadas com um aumento dos preços vendo isso como o prenúncio de uma grande escalada inflacionária, estavam ignorando as lições da história de que altas súbitas da inflação geralmente se revertem sozinhas.

Eu dei de examinar o Billion Price Index (BPI), que se parece bastante com o índice apenas de bens, mas com frequências muito mais altas. E neste momento o índice BBP (Billion Price Project) está claramente indicando que a grande alta dos preços do início de 2011 está desaparecendo:

E adotando uma perspectiva maior, não se pode ter uma espiral salário-preço se os salários se recusarem a subir em espiral; e todos indícios são de que os salários estão mantidos baixos pelo alto desemprego, a despeito dos preços de gasolina e alimentos:

O crescimento salarial não caiu tanto quanto eu esperava alguns anos atrás; agora ficou claro para mim que não dei peso suficiente à literatura sobre salários. Mas não há nada aqui para sugerir alguma razão para considerar a inflação um problema.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ideologia: qual é a sua?

Paul Krugman e o seu comentário de hoje no ESTADÃO. Ideologia, eu quero é uma para viver!!!

Vários relatos sugerem que no discurso de hoje Obama tentará se posicionar como um pragmático, opondo-se aos ideólogos da direita e (provavelmente) da esquerda. Veremos se isto vai funcionar; pelo que me lembro, o último presidente dos EUA a enxergar a si mesmo primariamente como um administrador foi… Jimmy Carter.

Mas gostaria também de registrar um protesto filosófico. Há uma antiga piada sobre a questão de ser ou não um ideólogo; estou apenas sendo razoável. O fato é que todos têm uma ideologia – o que não passa de outra maneira de dizer que todos têm a) valores e b) uma opinião a respeito de como funciona o mundo. E não há nada de errado nisso.

Permita-me ilustrar o que quero dizer: suponhamos que eu propusesse a redução do endividamento nacional por meio da oferta de oportunidades a empresas privadas que poderiam, mediante um processo de licitação, explorar a massa de quase 2 milhões de presidiários nas cadeias americanas, que se tornariam então trabalhadores em regime de semisservidão – em muitos casos por toda a vida. Ah, poderíamos também recorrer à servidão como substituta da falência pessoal. Como assim? Está dizendo que reintroduzir um regime análogo à escravidão é inaceitável? Bem, creio que isto decorra de sua ideologia – e um número expressivo de americanos parece não partilhar desta ideologia.

Assim sendo, admito que sou um ideólogo. Acredito mais ou menos numa visão da sociedade como a proposta por John Rawls – tratar os outros como se pudesse estar no lugar deles -, que implica numa robusta rede de segurança social. Acredito também que uma economia mais voltada para o modelo de mercado, com a propriedade pública e a oferta pública de serviços limitadas a certos setores, é a que funciona melhor. Outros podem discordar de meus valores, de minha opinião quanto ao funcionamento do mundo, ou de ambas as coisas. Não devemos fingir que partilhamos mais do que realmente temos em comum.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...