sábado, 21 de novembro de 2009

KRUGMAN: WORLD OUT OF BALANCE

Paul Krugman, Professor de Princeton e colunista do New York Times desde 1999, venceu o prêmio Nobel de economia em 2008 e registra no The New York Times de 15/11/09 seu artigo MUNDO FORA DE ORDEM. Boa leitura e reflexão.

As viagens internacionais de líderes mundiais em geral servem de gestos simbólicos. Ninguém espera que o presidente Barack Obama volte da China com grandes novos acordos de política econômica ou de qualquer outra coisa.

Esperemos, contudo, que quando as câmeras não estiverem rodando, Obama e seus anfitriões travem alguma conversa franca sobre política monetária, pois o problema do desequilíbrio no comércio internacional está prestes a se tornar substancialmente pior. E, a não ser que a China se corrija, haverá um confronto potencialmente feio adiante.

Uma breve descrição do quadro: a maior parte das moedas do mundo "flutuam" umas contras as outras. Ou seja, seus valores relativos sobem ou descem dependendo das forças de mercado. Isso não necessariamente significa que os governos são totalmente isentos: os países algumas vezes limitam a saída de capitais quando há uma corrida contra sua moeda (como fez a Islândia no ano passado) ou toma medidas para desestimular a entrada de dinheiro quente quando temem que especuladores exagerem em sua avaliação positiva (o que o Brasil está fazendo agora). Atualmente, porém, a maior parte das nações tenta manter o valor de sua moeda alinhado com os fundamentos econômicos de longo prazo.

A China é a grande exceção. Apesar dos enormes superávits comerciais e do desejo de muitos investidores de entrarem nesta economia que cresce rapidamente - as forças que deveriam ter fortalecido o yuan, a moeda da China - as autoridades chinesas mantiveram a moeda persistentemente fraca. Eles fizeram isso principalmente trocando yuans por dólares, acumulado em grandes quantidades.
E nos últimos meses a China executaram uma desvalorização, mantendo o índice do câmbio yuan-dólar fixo enquanto o dólar caía fortemente contra outras importantes moedas. Isso deu aos exportadores uma vantagem competitiva crescente sobre seus rivais, especialmente produtores em outros países em desenvolvimento.
O que torna a política monetária da China especialmente problemática é o estado deprimido da economia mundial. O dinheiro barato e o estímulo fiscal parecem ter evitado uma segunda Grande Depressão. Contudo, as políticas não conseguiram gerar suficiente consumo, público ou privado, para combater o desemprego em massa. E a atual moeda artificialmente fraca na China exacerba o problema, de fato desviando a demanda tão necessária do resto do mundo para os bolsos de exportadores chineses artificialmente competitivos.
Mas por que eu digo que este problema está prestes a piorar? Porque no último ano a verdadeira escala do problema chinês foi mascarada por fatores temporários. Daqui para frente, podemos esperar tanto um aumento do superávit comercial da China quanto do déficit comercial dos EUA.

Esse é o argumento de um novo artigo de Richard Baldwin e Daria Taglioni do Instituto Graduate, Genebra. Eles observam que os desequilíbrios comerciais, tanto o superávit chinês quanto o déficit norte-americano, recentemente estiveram muito menores do que há poucos anos, mas que "essas melhoras globais são em grande parte ilusórias, o efeito colateral transitório do maior colapso comercial que o mundo já viu".

De fato, o mergulho no comércio mundial em 2008-09 foi um recorde e refletiu principalmente o fato do comércio moderno ser dominado por vendas de bens manufaturados duráveis. Diante da crise financeira severa e de sua acompanhante incerteza, tanto os consumidores quanto as corporações adiaram suas compras de tudo o que não fosse imediatamente necessário. Como isso reduziu o déficit comercial americano? A importação de bens como automóveis despencou, assim como algumas exportações dos EUA, mas como entramos na crise importando muito mais do que exportávamos, o efeito líquido foi uma redução da diferença comercial menor.
A crise financeira, contudo, está arrefecendo, e esse processo será revertido. Na semana passada, o relatório comercial dos EUA, mostrou um forte aumento no déficit entre agosto e setembro. E haverá muitos outros relatórios desse tipo.
Tente imaginar: mês após mês, manchetes justapondo os déficits comerciais americanos e os superávits comerciais chineses com o sofrimento de trabalhadores americanos desempregados. Se eu fosse o governo chinês, estaria realmente preocupado com essa perspectiva.
Infelizmente, os chineses não parecem entender: em vez de enfrentarem a necessidade de mudar sua política monetária, eles vêm dando lições aos EUA, dizendo-nos que devemos aumentar a taxa de juros e conter os déficits fiscais - ou seja, tornar nosso problema de desemprego ainda pior.
E tampouco tenho certeza que o governo Obama entende a gravidade da situação. As declarações do governo sobre a política monetária chinesa parecem pro forma , sem sentido de urgência.
Isso precisa mudar. Eu não vejo com maus olhos as oportunidades fotográficas e os banquetes de Obama. Eles fazem parte de seu papel, mas, por trás das cenas, espero que esteja advertindo os chineses que estão jogando um jogo perigoso.

O DÓLAR DO BRADESCO

Relatório do BRADESCO revisa a projeção da taxa de câmbio para R$/US$ 1,60 em até 31/12/09. A confirmar...

O FILME DO ANO JÁ ESTÁ ESCOLHIDO?

E já que postei sobre o filme LULA, O FILHO DO BRASIL, vamos melhorar o nosso sábado com essa beleza de charge, diretamente de FORTALEZA, do nosso DIÁRIO DO NORDESTE, feita por Mestre SINFRÔNIO.

EDUCAÇÃO OU FALTA DE E SUA RELAÇÃO COM POPULARIDADE

ESTE É O NOSSO BRASIL: Uma pesquisa do Instituto Pró-Livro confirma que o brasileiro lê pouco. São 77 milhões de não leitores, dos quais 21 milhões são analfabetos. Já os leitores, que somam 95 milhões, leem, em média, 1,3 livro por ano. Incluídas as obras didáticas e pedagógicas, o número sobe para 4,7 - ainda assim baixo.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a população lê, em média, 11 livros por ano. Já os franceses leem sete livros por ano, enquanto na Colômbia, a média é de 2,4 livros por ano.

Por isso não temos surpresa com popularidades superiores a 80%...

LULA, O FILHO DO BRASIL?

A princípio, e por uma questão de princípio, não estou comprando ingresso para assistir, logo que possível, ao filme LULA, O FILHO DO BRASIL. Cearense, lá do interior de IBIAPINA, posso afirmar que conheço razoavelmente o que aconteceu com a trajetória de LULA. E sempre prefiro DRAMA, a uma estória romanceada.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

FGV - CONJUNTURA ECONÔMICA

É lamentável que tenhamos poucas vozes na oposição com a lucidez do FHC. De sua excelente entrevista na CONJUNTURA ECONÔMICA deste mês, destacamos:
  • O Estado tem de ter o tamanho necessário. Fica ruim quando o Estado incha sem qualidade.
  • É indiscutível que o governo LULA seguiu as políticas macroeconômicas montadas em 1999 - câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e metas de inflação - e se beneficiou do sistema financeiro sólido que construímos.
  • O PAC virou tudo, inclusive um instrumento de propaganda.

O DÓLAR SEGUNDO PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

PAULO NOGUEIRA BATISTA JR, diretor-executivo no FMI, onde representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago), escreve hoje na FOLHA DE S. PAULO, um artigo para reflexão e análise sobre o DÓLAR.

O leitor é testemunha: tenho sido nesta coluna, há mais de dez anos, defensor incansável, talvez cansativo, da preservação de uma taxa de câmbio competitiva, da diminuição da vulnerabilidade externa da economia e de medidas seletivas de regulação dos movimentos de capital. Nos anos recentes, o governo brasileiro deu vários passos nessa direção geral. Houve acentuada diminuição do desequilíbrio do balanço de pagamentos em conta-corrente, as reservas internacionais aumentaram consideravelmente desde 2006 e, mais recentemente, o governo tributou de forma seletiva a entrada de capitais estrangeiros.

A medida anunciada ontem pelo Ministério da Fazenda - a cobrança de um IOF de 1,5% sobre a emissão de "Depositary Receipts" no exterior - é mais um passo no sentido de preservar a economia nacional dos efeitos decorrentes de operações financeiras externas. O ministro da Fazenda e seus assessores explicaram a natureza e o objetivo da medida. Ela complementa o IOF de 2% incidente sobre certos tipos de investimento estrangeiro (aplicações em ações e renda fixa), que foi introduzido há um mês. O objetivo é evitar que o IOF de 2% sobre aplicações de não residentes em ações emitidas no país estimule a migração de operações para o exterior, prejudicando o mercado de capitais brasileiro.
O problema da apreciação excessiva do real permanece, porém. É verdade que, depois da introdução do IOF de 2% sobre investimentos externos em renda fixa e em ações, a valorização do real foi interrompida. No último mês, a taxa de câmbio real/dólar, que vinha caindo rapidamente, ficou mais ou menos estabilizada entre 1,70 e 1,75.
Mas o que houve nos últimos 30 dias foi a estabilização da taxa cambial num patamar valorizado. Entre as principais moedas, o real foi das que mais se valorizaram em relação ao dólar dos Estados Unidos nos últimos 12 meses. Só o dólar australiano e o rand sul-africano subiram mais do que a moeda brasileira nesse período.
De uma maneira geral, a economia brasileira está indo bem. No exterior, há um verdadeiro entusiasmo pelo Brasil (talvez até exagerado). Há uma convicção bastante generalizada de que o nosso país oferece oportunidades extraordinárias.
Temos, porém, um calcanhar de Aquiles: a excessiva valorização do real, que decorre em parte do referido entusiasmo internacional. Se o problema persistir por muito tempo, pagaremos um preço elevado.
Por enquanto, a situação está sob controle. O Banco Central estima que o deficit de balanço de pagamentos em conta-corrente (que inclui a balança comercial, serviços, rendas e transferências unilaterais correntes) deve ficar em apenas 1,2% do PIB em 2009.
No entanto, o câmbio valorizado, combinado com a retomada da demanda e do nível de atividade da economia nacional, deve provocar, já em 2010, aumento expressivo do deficit em conta-corrente. A moeda forte retira competitividade internacional da economia. Pode prejudicar gravemente diversos segmentos da indústria brasileira e outros setores da economia que exportam ou concorrem com importações de bens e serviços.
O governo brasileiro terá, portanto, de redobrar esforços para preservar a nossa competitividade externa. A medida de ontem, embora de caráter pontual, sugere que o Ministério da Fazenda está atento ao problema e consciente da necessidade de enfrentá-lo. É provável que novas medidas tenham de ser tomadas ao longo dos próximos meses.

DOIS GIGANTES - UM G2?

Nesta semana Barack Obama está pela Ásia, mas já alertou que a economia dos Estados Unidos poderá caminhar para uma "recessão de duplo mergulho" se não forem tomadas medidas urgentes para conter os níveis crescentes da dívida pública norte-americana. Dias atrás recebemos os números da economia americana demonstrando que o país havia emergido da recessão, no terceiro trimestre.

No entanto, Obama advertiu que a recuperação econômica pode ser curta se os EUA não retomar o caminho da retidão fiscal. Pensando nisso recordei dos dados abaixo e, apesar de não acreditar numa SUPER CHINA, mas sim numa recuperação extraordinária dos Estados Unidos, não há como não ficar de olho em números tão grandes:

  • US$ 337,8 bilhões foi quanto a CHINA exportou em 2008 para os EUA.
  • US$ 69,7 bilhões foi quanto os EUA vendertam à China. US$ 268,1 bilhões foi o déficit para o lado americano.
  • US$ 1,4 TRILHÃO é quanto a CHINA possui em moedas e títulos do Tesouro americano, ou seja, algo como TODO O PIB DO BRASIL.
  • 19% das exportações chinesas vão para os EUA.
  • Existem 7.000 empresas americanas na China.
  • A CHINA será, em 2010, a segunda maior economia do mundo.

A primeira continua sendo a de sempre.... Até quando?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ATÉ ONDE O DÓLAR VAI CHEGAR?

Ainda o dólar. Segundo a Folha de S. Paulo, o REAL foi a moeda que mais subiu neste ano em relação ao dólar. Mesmo assim, o real permanece desvalorizado em 7,2% na comparação com a divisa dos EUA, segundo estudo do Bank of America que leva em conta dados como exportações e taxa de poupança.
Segundo Benoit Anne, do departamento de moedas estrangeiras de emergentes, em dois ou três anos, o dólar deverá valer R$ 1,60 (hoje está cotado a R$ 1,71). A divisa brasileira acumula alta de cerca de 30% neste ano em relação ao dólar. "Em termos nominais, o real ainda está subvalorizado", disse Anne. "Nós achamos que o real deve se apreciar no longo prazo, baseado em nosso modelo”.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

ENTREVISTA - FHC

De Fernando Henrique Cardoso em entrevista hoje ao EL PAÍS:
"La economía va bien; las instituciones, no tanto".

domingo, 15 de novembro de 2009

MURO DE BERLIM = 1961/1989

Reconheço que hoje este blog está mais político do que econômico, apesar da mistura economia e política estar no cerne da nossa existência. Com atraso, devido a uma curta viagem que fiz semana passada, deixei de comentar sobre os 20 anos da derrubada do Muro de Berlim, mais exatamente em 9 de novembro de 1989. Porém hoje registro este impactante momento histórico, sem esquecer do célebre discurso no Portão de Brandemburgo em comemoração ao 750º aniversário de Berlim em 12 de junho de 1987, quando Ronald Reagan desafiou Mikhail Gorbachev, então Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética, para derrubar o muro como um símbolo de crescente liberdade no Bloco de Leste: Damos as boas-vindas à mudança e à abertura, pois acreditamos que a liberdade e segurança caminham juntos, que o progresso da liberdade humana só pode reforçar a causa da paz no mundo. Há um sinal de que os soviéticos podem fazer que seria inconfundível, que faria avançar dramaticamente a causa da liberdade e da paz. Secretário Geral Gorbachev, se você procura a paz, se você procura prosperidade para a União Soviética e a Europa Oriental, se você procurar a liberalização, venha aqui para este portão. Sr. Gorbachev, abra o portão. Sr. Gorbachev, derrube esse muro.

Ao final, mais uma vez, caiu o comunismo e venceu o capitalismo.

POR QUE DILMA SERÁ A NOVA PRESIDENTE, SEGUNDO CARLOS PIO.

Carlos Pio, professor de Economia Política Internacional da Universidade de Brasília (licenciado), atualmente pesquisador visitante da Universidade de Oxford, Inglaterra, foi meu professor quando da minha especialização em Relações Internacionais pela UnB. Recentemente ele publicou no ESTADÃO o provocativo artigo abaixo, com ampla divulgação em outros blogs. Como recebi o artigo através da nossa comunidade de Economia Política, divulgo integralmente o texto para conhecimento dos meus quase dois fiéis leitores, evidentemente deixando claro, como já escrevi ao grupo, que AINDA temos muita coisa a fazer até 2010. De qualquer maneira, é muito importante o alerta do CARLOS PIO.

Daqui a exatos 12 meses os brasileiros vão escolher o seu novo presidente. Poucos analistas parecem ter dúvidas de que teremos segundo turno e de que este será disputado pela candidata do presidente Lula, a ministra Dilma Rousseff, e por um dos candidatos do principal partido da oposição, provavelmente o governador José Serra. Mas quase ninguém arrisca um prognóstico sobre o pleito, cautela essa provocada pelo que parece ser uma disputa apertada entre dois candidatos "sem graça", tecnocratas de cabeça e coração. Eu vou arriscar: Dilma ganha de Serra (ou Aécio Neves) no segundo turno, com folgada margem. Vou explicar por quê.

Para começo de conversa, é fundamental enfatizar como o processo de seleção dos candidatos presidenciais afeta o desenlace da campanha. No nosso caso, demonstra o quanto a democracia brasileira ainda é dominada por indivíduos que estão no topo das organizações partidárias (e não por regras institucionalizadas). Em si mesmo, esse fato limita um verdadeiro debate de ideias sobre os problemas nacionais e sobre as diferentes alternativas existentes para resolvê-los. Dilma foi escolhida por uma única pessoa - o presidente Lula -, possivelmente após ouvir a opinião de alguns de seus conselheiros mais próximos. Serra será (ou não!) candidato a partir de uma decisão individual sua, à qual os dois partidos que o apoiam (PSDB e DEM) acederão sem maiores questionamentos. Se ele preferir não se candidatar a presidente, como em 2006, Aécio assumirá o posto também por decisão individual - mesmo que sob forte pressão dos aliados. Nesse processo terão sido ouvidas, talvez, quatro ou cinco outras pessoas. Ciro Gomes e Marina Silva se autodeclararam candidatos e suas legendas aceitaram - esta última tendo, por sinal, saído do PT com esse propósito.

Em suma, em todos os "partidos" a escolha do candidato a presidente se dará de forma não institucionalizada e, por conseguinte, sem debate público sobre as diferenças entre os eventuais postulantes no que diz respeito aos diagnósticos de nossos principais problemas e ao conteúdo das soluções que virão a propor. O eleitor também não saberá de antemão a diferença entre os candidatos no que concerne à governabilidade - isto é, como o eleito articulará sua base de apoio congressual e seu Ministério para viabilizar as ações do governo. Assim, a decisão do eleitor será tomada sob forte névoa de incerteza.

Sem debate público interno aos partidos, sem processo institucionalizado de escolha dos seus respectivos candidatos e sem um mínimo de clareza sobre a montagem futura das alianças políticas necessárias para governar, as eleições tendem a assumir um caráter ainda mais plebiscitário do que normalmente ocorre em regimes presidencialistas. Plebiscitário aqui assume o sentido de julgamento dos méritos do atual governo, desconsiderando a oposição. Destituí-lo, pela rejeição à candidata do presidente, representa incorrer em grau ainda mais acentuado de incerteza e insegurança para todo eleitor que tem algo de substancial a perder com a vitória da oposição - uma Bolsa-Família, uma tarifa de importação elevada, um subsídio tributário, uma vaga em universidade federal ou bolsa do governo federal, um emprego em empresa estatal ou de capital misto.

Um plebiscito sobre a renovação do mandato do grupo político do presidente será decidido em função do apoio do eleitor mediano (aquele que separa a distribuição dos votos de todo o eleitorado entre 50% + 1 e 50% - 1) à seguinte questão: "Você concorda que as coisas estão claramente melhores hoje do que no passado recente?" Esse foi o sentimento que marcou claramente as eleições de 1994, 1998 e 2006, todas vencidas pelos governos da ocasião. E parece-me razoável supor que tal sentimento é característico de períodos em que 1) a inflação está sob controle, 2) o governo tem capacidade de manejar os instrumentos de política necessários para dar um mínimo de segurança e estabilidade diante de um contexto externo instável e ameaçador, 3) há perspectiva de crescimento econômico e de queda do desemprego, 4) o gasto público e as políticas sociais focalizadas nos mais pobres estão em expansão. É isso o que vivemos hoje, não?

Pois bem, em tal conjuntura tão favorável ao governo o melhor que a oposição oferece é dar seguimento às políticas correntes e prometer mais eficiência administrativa e menos corrupção! É pouco, muito pouco! A oposição precisa ter propostas novas e capacidade para convencer o eleitorado de que elas são necessárias, viáveis e urgentes. Mas como fazer isso sem debate intrapartidário aberto e institucionalizado, assentado na diferença de diagnósticos e soluções? E como "testar", antes do pleito, o potencial eleitoral das ideias e os riscos embutidos nas novidades sem realizar prévias?

Afinal, alguém aí sabe o que Serra e Aécio pensam sobre os problemas nacionais? Alguém acha que algum deles ousaria propor mudança de rumos em relação ao que Lula vem fazendo? O que eles farão em relação a Bolsa-Família, câmbio com viés de apreciação, Mercosul paralisado, protecionismo comercial excessivo, política industrial e tecnológica concentradora de renda, educação de mal a pior, malha de transportes precária, regulação arcaica do setor de energia, infraestrutura em frangalhos e política externa terceiro-mundista? Algum deles propõe privatizar o que ainda está nas mãos do governo federal? Algum deles propõe que o Mercosul feche um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos ou a China, como fizeram México e Chile?

Sem que as diferenças sejam explicitadas o eleitor mediano não aceitará correr o risco de votar na oposição.

E o tempo para esse debate já terminou!

BRASIL - INFRAESTRUTURA ZERO

Domingo passado, neste horário, eu fiz uma conexão de horas no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antonio Carlos Jobim (grande até no nome) e, num ambiente completamente lotado de viajantes, notadamente turistas estrangeiros, o sistema de ar-condicionado não funcionava. Pesquisando no local, soubemos que estava desligado há mais de uma semana.
Pobre de um país que deseja sediar Copas e Olimpíadas, e não consegue deixar em funcionamento um simples sistema de refrigeração de UM aeroporto.
E olhem que não falei do apagão...

PROJEÇÕES 2009/2010 BRASIL

Segundo estudos do Itaú Unibanco, a economia brasileira registrará crescimento - PIB ZERO em 2009 e 5,5% em 2010 - ano eleitoral. A inflação (IPCA) prevista de 4,3% para 2009 cairá um pouco em 2010 para 4,1% e os juros (taxa Selic), dos atuais 8,75% em 2009, chegará a 10,2% em 2010.
A conferir, mas essas projeções estão na média do mercado e do próprio governo.

ECONOMIA AMERICANA AINDA EM RISCO? FALA ROUBINI.

NOURIEL ROUBINI, hoje na FOLHA DE S. PAULO, registra a sua preocupação com a economia americana.

Embora os Estados Unidos tenham recentemente registrado crescimento de 3,5% para o seu PIB no terceiro trimestre, o que sugere que a mais severa recessão desde a Grande Depressão está encerrada, a economia norte-americana na verdade está muito mais fraca do que os dados oficiais sugerem.

Os indicadores oficiais de Produto Interno Bruto podem superestimar grosseiramente o crescimento econômico, porque não capturam os sentimentos negativos que prevalecem entre as pequenas empresas e a sua severa queda de produção.

O PIB do terceiro trimestre, se corrigido de acordo com esses fatores, pode ter registrado crescimento anualizado de 2%, e não de 3,5%.

A história dos Estados Unidos, de fato, é um conto de duas economias. Existe uma parcela menor que está se recuperando lentamente e uma parcela maior que continua em profunda e persistente desaceleração.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

AS PESSOAS MAIS PODEROSAS DO MUNDO EM 2009

Diretamente da FORBES http://www.forbes.com/2009/11/11/worlds-most-powerful-leadership-power-09-people_land.html, leiam abaixo a lista das pessoas mais PODEROSAS do mundo. É claro que BARACK OBAMA estaria presente - é o nº 1, LULA está em 33º, e ELE, OSAMA bin LADEN figura na 37ª colocação. Ainda bem...
  1. Barack Obama
  2. Hu Jintao
  3. Vladimir Putin
  4. Ben S. Bernanke
  5. Sergey Brin and Larry Page
  6. Carlos Slim Helu
  7. Rupert Murdoch
  8. Michael T. Duke
  9. Abdullah bin Abdul Aziz al Saud
  10. William Gates III
  11. Pope Benedict XVI
  12. Silvio Berlusconi
  13. Jeffrey R. Immelt
  14. Warren Buffett
  15. Angela Merkel
  16. Laurence D. Fink
  17. Hillary Clinton
  18. Lloyd C. Blankfein
  19. Li Changchun
  20. Michael Bloomberg
  21. Timothy Geithner
  22. Rex W. Tillerson
  23. Li Ka-shing
  24. Kim Jong Il
  25. Jean-Claude Trichet
  26. Masaaki Shirakawa
  27. Sheikh Ahmed bin Zayed al Nahyan
  28. Akio Toyoda
  29. Gordon Brown
  30. James S. Dimon
  31. Bill Clinton
  32. William H. Gross
  33. Luiz Inacio Lula da Silva
  34. Lou Jiwei
  35. Yukio Hatoyama
  36. Manmohan Singh
  37. Osama bin Laden
  38. Syed Yousaf Raza Gilani
  39. Tenzin Gyatso
  40. Ali Hoseini-Khamenei
  41. Joaquin Guzman
  42. Igor Sechin
  43. Dmitry Medvedev
  44. Mukesh Ambani
  45. Oprah Winfrey
  46. Benjamin Netanyahu
  47. Dominique Strauss-Kahn
  48. Zhou Xiaochuan
  49. John Roberts Jr.
  50. Dawood Ibrahim Kaskar
  51. William Keller
  52. Bernard Arnault
  53. Joseph S. Blatter
  54. Wadah Khanfar
  55. Lakshmi Mittal
  56. Nicolas Sarkozy
  57. Steve Jobs
  58. Fujio Mitarai
  59. Ratan Tata
  60. Jacques Rogge
  61. Li Rongrong
  62. Blairo Maggi
  63. Robert B. Zoellick
  64. Antonio Guterres
  65. Mark John Thompson
  66. Klaus Schwab
  67. Hugo Chavez

KEYNES É POP EM 2009

Na EXAME que esta nas bancas, uma matéria sobre JOHN MAYNARD KEYNES com o título KEYNES É POP. Para nossa leitura, um pequeno trecho sobre esse genial economista. Há muitos anos, muitos anos mesmo, quer dizer, desde que a internet chegou ao BRASIL, eu tenho e tive somente dois e-mails: o jmelo@uol.com.br e o johnkeynesce@hotmail.com, minha homenagem a um dos maiores economistas de todos os tempos, indiferente se concordamos integralmente ou não com as suas ideias.
Escreve a EXAME que "No mundo das personalidades da economia, medalhões como Alan Greenspan e alguns dos banqueiros mais incensados dos últimos tempos saíram com a reputação em frangalhos - e hoje quem surfa a onda são profetas da crise, como Nouriel Roubini e Robert Shiller. Também na academia ocorre algo semelhante. Nos competitivos e frequentemente ácidos departamentos de economia das principais universidades, a hora é de questionar verdades estabelecidas, encostar antigas estrelas e promover um reordenamento no mundo das ideias. Nesse contexto, perdem espaço os principais defensores da corrente neoclássica, entre os quais se inclui a maioria dos vencedores do prêmio Nobel de Economia. Por sua vez, depois de anos hibernando, surge com renovado vigor a figura do inglês John Maynard Keynes para retomar o posto de maior pensador econômico dos séculos 20 e, pelo menos por enquanto, 21. Keynes voltou a ser pop -- tanto quanto é possível a um economista ser pop. O que não é pouco para alguém que escreveu seu principal livro em 1936 e morreu antes de conhecer a guerra fria, a TV em cores e o rock’n roll.

O BRASIL NA THE ECONOMIST

É a glória. Ou quase. Fato é que o BRASIL é capa da THE ECONOMIST que está nas melhores bancas do mundo. Um trecho da matéria na livre tradução do REINALDO AZEVEDO em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/.
“E, talvez, este seja o maior perigo que o Brasil enfrenta: a húbris. Lula está certo ao dizer que seu país merece respeito, como ele merece muito da adulação que tanto o agrada. Mas ele é também um presidente de sorte, colhendo o resultado do boom das commodities e governando numa plataforma de crescimento construída por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.Manter essa boa perfomance num mundo que enfrenta tempos difíceis significa que o sucessor de Lula terá de tentar resolver alguns problemas que ele fez questão de ignorar. O resultado da eleição pode determinar a velocidade com que o Brasil avança na era pós-Lula. O caminho do Brasil, no entanto, parece definido. Seu salto é ainda mais admirável porque foi dado por meio da reforma e da construção de um consenso democrático. Quem dera a China pudesse dizer o mesmo”.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...