Roberto Luis Troster, d outor em economia pela USP, é consultor. Foi economista-chefe da Febraban e professor da PUC-SP, Mackenzie e USP e escreveu este artigo na FOLHA DE S. PAULO de hoje.
Os economistas estão
em dívida com o país. A categoria tem de insistir em reformas trabalhista e
tributária, contra crescimento baseado em mais gasto público.
A origem do nome da
profissão vem da Grécia Antiga. O desafio do profissional da área é saber
combinar princípios científicos, uma leitura crítica da realidade e
conhecimentos de outras disciplinas para gerir, planejar, prescrever, prever e
explicar, procurando soluções adequadas para a sociedade.
No Brasil, alguns
economistas já passaram à imortalidade, como Celso Furtado e Mario Henrique
Simonsen. Outros ainda nos agradam como analistas, professores, estrategistas e
gestores de empresas, de cidades e de países. Dois destaques especiais: a
presidente, que é economista, e Roberto Macedo, merecidamente eleito economista
do ano.
Bons economistas
contribuem para que alguns países tenham desempenho melhor do que outros, com
mais crescimento, menos inflação e distribuição de renda mais justa.
Nesse quesito, a
categoria está em dívida com a sociedade brasileira.
Ela tem o dever de
fazer o Brasil, que é um país rico, um país próspero. A diferença é
fundamental.
Ilustrando o
conceito: um país fica rico se descobre uma jazida de ouro. A cada ano que
passa, extrai o metal, e esse será o seu produto. No dia em que a mina se
exaurir, acabará a sua riqueza aurífera. Se tiver consumido todo o produto,
entrará em crise. Mas se tiver usado parte para investir, vai ser tornar
próspero e continuar crescendo. Essa é a questão chave no Brasil de hoje.
Até agora, os
resultados nesse sentido são pífios.
Nossa história
econômica é de ciclos, fases de ilusão, como a borracha e o café, seguidas de
decepções. O crescimento é obtido consumindo a abastança, aumentando gastos
públicos correntes até que o endividamento irresponsável se esgota.
A única parcela da riqueza
que perdura é a que foi transformada em prosperidade. O Brasil é rico,
descobriu o pré-sal, tem jazidas de minérios abundantes, o preço das suas
exportações está em alta, a sua pirâmide demográfica é conveniente e o ambiente
externo lhe é favorável, com taxa de juros baixas e investimentos diretos
volumosos.
Todavia, as projeções
de crescimento são baixas, o Brasil é lanterna na América Latina. Não se
justifica, é possível mudar. A agenda para fazer o país próspero é extensa e
complexa, mas viável. Inclui avanços na educação, reformas tributária,
trabalhista, do Judiciário e administrativa e a inclusão de marginalizados.
Exige adequações urgentes em dois itens fundamentais: na oferta de crédito e no
papel do Estado.
A intermediação
financeira brasileira é sofisticada e tem potencial de ser propulsora do
crescimento, mas está se tornando uma trava em razão de distorções existentes.
É imperativo soltar o freio de mão com uma nova arquitetura que promova o
crédito responsável, a inclusão financeira e o investimento.
Fatores como
globalização, tecnologia, Google, abertura comercial e financeira, formação de
cadeias produtivas mundiais e interconectividade decretaram a obsolescência da
nossa gestão pública. Urge mudar a política reacionária do governo.
As soluções para
tornar este rico país próspero exigem imaginação, suor, cidadania, perseverança
e pressa de todos os brasileiros. A importância dos economistas é fundamental,
propondo a direção a ser seguida para concretizar a tarefa.
Nesse sentido, a
pergunta que não pode calar hoje, dia do economista, é se o Brasil que temos é
o Brasil que queremos. Se a resposta é não, mãos à obra, temos que mostrar
serviço.
Hoje, parabéns a
todos os colegas.
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