Através
do texto de RUY CASTRO, hoje na FOLHA DE S. PAULO, a minha homenagem a Nova
York, a cidade que nunca dorme e que é um dos meus melhores destinos no mundo.
Nova York, devastada pela
furacão Sandy, não esperou a chuva estiar para sair às ruas, começar a passar o
rodo e cuidar dos estragos. É como se milhões de pessoas tivessem se cansado de
ficar sem energia - elevadores parados, gente presa no 80° andar, hospitais
fechados em meio a cirurgias, telefones mudos, voos cancelados -, de metrô,
trens e túneis alagados, prédios, garagens e estacionamentos idem, com pisos,
móveis e carros destruídos, e ruas cobertas de lixo, lama e, dizem, ratos
mortos, vindos dos subterrâneos.
Toda a Costa Leste americana
foi atingida, mas é inevitável que Nova York atraia as atenções. Não se entende
a cidade sem o comércio funcionando, as luzes piscando e o dinheiro girando. E
não se a concebe também sem seus cidadãos se mobilizando de forma coletiva e
solidária, todos se empenhando em resolver os problemas de todos -sem desprezar
a ajuda dos poderes oficiais, apenas antecipando-se a eles e fazendo a sua
parte.
Foi assim no 11/9, quando,
poucos dias depois do ataque aéreo e com a poeira ainda no ar, Blossom Dearie
começou a cantar "It's All Right to Be Afraid" num clubinho; os
teatros reabriram as portas e as pessoas voltaram à vida em vez de ficar
olhando para o céu. Normal ter medo, dizia a canção, desde que ele não as impedisse
de fazer o que tinham a fazer.
A maratona de Nova York, a
maior do mundo, programada há meses para este domingo, poderia ter sido
cancelada. As ruas estão um caos e inúmeros participantes, vindos de toda
parte, não tiveram ou terão como chegar. Mas será realizada assim mesmo. A
imagem dos corredores cruzando os cinco distritos e terminando no Central Park
simbolizará a invencibilidade desta cidade, ultimamente mais posta à prova do
que nunca.
Os furacões passam longe das
nossas costas, melhor assim.
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