segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

FHC em 2014: mudar o rumo.

Fernando Henrique em recente artigo no ESTADÃO e O GLOBO, comenta sobre o ano de 2014.

Ano Novo, esperanças de renovação. Mas como? Só se mudarmos o rumo. A começar pela visão sobre o mundo que ressurgirá da crise de 2007/08. O governo petista, sem o dizer, colocou suas fichas no “declínio do Ocidente”. Da crise surgiria uma nova situação de poder na qual os Brics, o mundo árabe e o que pudesse se assemelhar ao ex-terceiro mundo teriam papel de destaque. A Europa, abatida, faria contraponto aos Estados Unidos minguantes. Não é o que está acontecendo: os americanos saíram à frente, depois de umas quantas estripulias para salvar seu sistema financeiro e afogar o mundo em dólares, e deram uma arrancada forte na produção de energia barata. O mundo árabe, depois da Primavera, continua se estraçalhando entre xiitas, sunitas, militares, seculares, talibãs e o que mais seja; a Rússia passou a ser produtora de matérias-primas. Só a China foi capaz de dar ímpeto à sua economia. Provavelmente as próximas décadas serão de “coexistência competitiva” entre os dois gigantes, Estados Unidos e China, com partes da Europa integradas ao sistema produtivo americano e com as potências emergentes, inclusive nós, o México, a África do Sul e tantas outras, buscando espaços de integração comercial e produtiva para não perderem relevância.

Nessa ótica, é óbvio que a política externa brasileira precisará mudar de foco, abrir-se ao Pacífico, estreitar relações com os Estados Unidos e a Europa, fazer múltiplos acordos comerciais, não temer a concorrência e ajudar o país a se preparar para ela. O Brasil terá de voltar a assumir seu papel na América Latina, hoje diminuído pelo bolivarianismo prevalecente em alguns países e pelo Arco do Pacífico, com o qual devemos nos engajar, pois não deve nem pode ser visto como excludente do Mercosul. Não devemos ficar isolados em nossa região, hesitantes quanto ao bolivarianismo, abraçados às irracionalidades da política argentina, que tomara se reduzam, e pouco preparados face à investida americana no Pacífico.

Para que exportemos mais e para dinamizar nossa produção para o mercado interno, a ênfase dada ao consumo precisará ser equilibrada por maior atenção ao aumento da produtividade, sem redução dos programas sociais e demais iniciativas de integração social. A promoção do aumento da produtividade, no caso, não se restringe ao interior das fábricas, abrange toda a economia e a sociedade. Na fábrica, depende das inovações e do entrosamento com as cadeias produtivas globais, fonte de renovação. Na economia, depende de um ousado programa de ampliação e renovação da infraestrutura e, na sociedade, de maior atenção à qualificação das pessoas (Educação) e às suas condições de saúde, segurança e transporte. Sem dizer que já é hora de abaixar os impostos sem selecionar setores beneficiários e de abrir mais a economia, sem temer a competição.

Isso tudo em um contexto de fortalecimento das instituições e práticas democráticas e de redefinição das relações entre o governo e a sociedade, entre o Estado e o mercado. Será necessário despolitizar as agências reguladoras, robustecê-las, estabilizar os marcos regulatórios, revigorar e estimular as parcerias público-privadas para investimentos fundamentais. Noutros termos, fazer com competência o que o governo petista paralisou nos últimos dez anos e que o atual governo, de Dilma Rousseff, vê-se obrigado a fazer, mas o faz atabalhoadamente, abusando do direito de aprender por ensaios e erros deixando no ar a impressão de amadorismo e a dúvida sobre a estabilidade das regras do jogo. Com isso, não se mobilizam, no setor privado, os investimentos na escala e na velocidade necessárias para o país dar um salto em matéria de infraestrutura e produtividade.

Mordido ainda pelo DNA antiprivatista e estatizante, persiste o governo atual nos erros cometidos na definição do modelo de exploração do pré-sal. A imposição de que a Petrobras seja operadora única e responda por pelo menos 30% da participação acionária em cada consórcio, somada ao poder de veto dado às PPSA nas decisões dos comitês operacionais, afugenta número maior de interessados nos leilões do pré-sal, reduz o potencial de investimento em sua exploração e diminui os recursos que o Estado poderia obter com decantado regime de partilha. É ruim para a Petrobras e péssimo para o país.

Além de insistir em erros palmares, o atual governo faz contorcionismo verbal para negar que concessões sejam modalidades de privatização. É patético. Também para negar a realidade, se desdobra em explicações sobre a inflação, que só não está fora da meta porque os preços públicos estão artificialmente represados, e sobre a solidez das contas públicas, objeto de declarações e contabilidades oficiais às vezes criativas, não raro desencontradas, em geral divorciadas dos fatos.

Tão necessário quanto recuperar o tempo perdido e acertar o passo nas obras de infraestrutura, será desentranhar da máquina pública e, sobretudo, nas empresas estatais (felizmente nem todas cederam à sanha partidária), os nódulos de interesses privados e/ou partidários que dificultam a eficiência e facilitam a corrupção. Não menos necessário será restabelecer o sentido de serviço público nas áreas sociais, de Educação, Saúde e reforma agrária, resguardando-as do uso para fins eleitorais, partidários ou corporativos. Só revalorizando a meritocracia e com obsessão pelo cumprimento de metas o Brasil dará o salto que precisa dar na qualidade dos serviços públicos. Com uma carga tributária de 36% do PIB, recursos não faltam. Falta uma cultura de planejamento, cobrança por desempenho e avaliação de resultados, sem “marketismo”. Ou alguém acredita que mantido o sistema de cooptação, barganhas generalizadas, corrupção, despreparo administrativo e voluntarismo, enfrentaremos com sucesso o desafio?


É preciso redesenhar a rota do país. Dois terços dos entrevistados em recentes pesquisas eleitorais dizem desejar mudanças no governo. Há um grito parado no ar, um sentimento difuso, mas que está presente. Cabe às oposições expressá-lo e dar-lhe consequências políticas. É a esperança que tenho para 2014 e são meus votos para que o ano seja bom.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

domingo, 29 de dezembro de 2013

O governo rendeu-se.

Leio na FOLHA editorial sobre os rumos da política econômica neste final de 2013 e início de 2014. E destaco que, lamentavelmente, o mundo dos políticos é muito diferente do nosso mundo.   

Muito a contragosto, o governo rendeu-se às críticas de que sua política econômica conduziria o país a uma crise grave. 

Premido pelo esvaziamento de seus cofres, rendeu-se ao fato de que não pode continuar a gastar como nos primeiros anos de Dilma Rousseff.

Acuado pelo risco de fracasso das privatizações de serviços públicos, rendeu-se à necessidade de reformular os leilões de concessão.

Rendeu-se ainda à necessidade de dar combate direto à inflação, e a taxa básica de juros voltou a subir. Rendeu-se ao descrédito e malogro de sua política de controlar preços, diretamente ou por meio de desonerações de impostos, embora os desarranjos ainda permaneçam, maquiando e reprimindo artificialmente a inflação.

O esgotamento do arsenal de medidas de estímulo econômico e de intervenção em preços e rendas não resultou em progresso nem segundo os critérios do governo.

A presidente e seus ministros diziam no início de 2011 que a economia cresceria a 6% ao ano; mudaram para 4,5% em 2012. No final do ano passado, acreditavam em expansão de 4% neste 2013. Na média anual, o PIB do triênio não terá avançado mais de 2%.

Seria difícil ter crescido muito mais que isso, sob qualquer governo. No início dos anos Dilma, o país tinha de lidar com os problemas da crise mundial, os excessos do final da gestão Lula, os efeitos de quase meia década de inércia reformista, entre outros obstáculos.

Mas é lamentável que o triênio tenha sido perdido em tentativas pueris de estimular a economia no curto prazo, como se o país estivesse pronto para deslanchar.

Impressionado pelas ruas, pelo descrédito internacional, pelo aumento das taxas de juros no mercado doméstico, o governo cedeu. Até sua estimativa de crescimento é mais modesta para 2014: "melhor que o deste ano", apenas.

Ainda assim, não se percebe atitude positiva do governo. Desistiu de acumular equívocos, mas não deu provas de que vai reformular de modo decisivo sua política. Se por mais não fosse, 2014 é ano de eleição. Convém não fazer marolas, não desagradar nem a comunidade financeira nem o eleitorado.

Seria ingênuo, pois, reivindicar que fizesse logo o ajuste necessário para o país retomar ao menos o caminho da normalidade, tendo, assim, condições de refletir sobre alternativas de desenvolvimento.

Normal seria o governo ao menos controlar sua dívida. Desistir de reprimir preços --arbitrariedade que, por exemplo, avaria a mais importante empresa do país, a Petrobras. Normal seria o realismo tarifário no setor elétrico, nos serviços públicos a conceder; seria a redução de subsídios caríssimos a empresas, por meio do BNDES.


Trata-se de uma proposta muito modesta, nada além de um primeiro e pequeno passo para que o Brasil se habilite a planejar e modificar o seu futuro, nublado por três anos de imediatismos simplórios e, obviamente, ineficazes.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

EXAME: Economia brasileira - Projeções 2014.

Leio no site da EXAME.com que a mediana das projeções dos economistas coletadas pelo relatório Focus, do BC, aponta para uma Selic de 10,50% no fim do ano que vem. 
E o resumo com as principais projeções dos economistas para 2014:
Instituições
PIB
Câmbio R$/US$*
Taxa Selic
Inflação (IPCA)
Itaú BBA
2,10%
2,35
10,25%
5,77%
Bradesco
1,90%
2,45
10,25%
6,00%
Santander
1,90%
2,45
10,50%**
6,00%
HSBC
2,20%
2,4
10,25%
6,30%
Citibank
2,00%
2,47
10,75%
5,50%
Banco Espírito Santo
2,00%
2,45
10,25%
6,00%
Tendências
2,10%
2,45
10,25%
6,00%
Banco Fator
2,05%
2,45
11,00%
6,00%
Barclays
2,40%
-
-
6,00%
Febraban
2,10%
2,41
10,50%
5,90%
FOCUS (Banco Central)
2,00%
2,45
10,50%
5,97%


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Stanley Fischer.

No VALOR de hoje, o retrato de Stanley Fischer pela lente de Delfim Netto.

Stanley Fischer , que parece será nomeado para a vice-presidência do Fed, é um dos mais bem apetrechados economistas teóricos aos quais foram dadas oportunidades para usar seu conhecimento no exercício da política econômica. Recebeu o PhD no MIT em 1969 e rapidamente se notabilizou.

 
Que economista ficou indiferente em 1977 diante da sua inovadora combinação da teoria das "expectativas racionais", com hipóteses keynesianas? Qual não se entusiasmou em 1978, com a síntese magistral do "Macroeconomics" (em colaboração com Rudiger Dornbusch)? E não se maravilhou e sofreu, em 1989, com o seu "Lectures in Macroeconomics" (em colaboração com Olivier Blanchard)?

Em 1984, assessorou o governo de Israel no bem-sucedido programa de estabilização, inaugurando sua vida prática. Depois ocupou o cargo de economista-chefe do Banco Mundial, no período de 1988-1990. Em 1994, foi nomeado economista-chefe do FMI, cargo que ocupou até 2001 e no qual enfrentou várias crises, inclusive a brasileira. Em 2001, ao deixar o FMI, foi assessorar o Citigroup e meteu a mão na massa no lado privado do sistema financeiro.

Voltou à vida pública em 2005, nomeado presidente do Banco Central de Israel, cargo que ocupou até 30 de junho último. Mostrou o seu virtuosismo na grande recessão de 2008. Antecipou um afrouxamento monetário (antes do Fed) e combateu a apreciação da moeda israelense, o shekel, para proteger o nível de atividade do país, onde as exportações são próximas de 40% do PIB.

Ainda em 2008, instituiu um programa de compra diária de US$ 100 milhões, exatamente o oposto do que fazia o Banco Central do Brasil, que estimulava a valorização do real como fator coadjuvante para o combate à inflação à custa da destruição do nosso setor industrial.

A competência e a sensibilidade de Fischer são confirmadas por seu pragmatismo. Não hesita em relativizar sua "ciência" diante da realidade fática que a nega. É o caso, por exemplo, de sua mudança de atitude diante da ampla liberdade de movimento de capitais e do regime de câmbio livremente flutuante, que defendeu ardorosamente enquanto no FMI.

Toda a longa experiência de Fischer está destilada e amadurecida na imperdível introdução à conferência "Lessons from the World Financial Crisis", realizada em Israel em 2011, agora publicada no livro ("The Great Recession" - Lessons for Central Bankers", MIT Press, 2013). Ele aponta as dez lições que colheu até agora. Particularmente interessante é a lição nº 6: "A importância da taxa de câmbio nas pequenas economias abertas".

Nela, Fischer nos ensina que "a taxa de câmbio real é uma das duas mais importantes variáveis macroeconômicas nas pequenas economias abertas. A outra é a taxa de juros real. "Nenhum banqueiro central em tais economias pode ser indiferente quanto ao nível da taxa de câmbio, mas infelizmente não há escolhas fáceis na sua administração".

E Fischer continua: "Primeiro, há a escolha do sistema cambial, que está intimamente ligado à questão do controle de capitais. Se os fluxos de capitais podem ser controlados, pode haver alguma vantagem na escolha de uma taxa de câmbio nominal fixa. Entretanto, e sem entrar no longo e irresoluto debate sobre o sistema cambial, acredito (sic) que é melhor operar com um sistema cambial mais flexível e com um movimento de capitais mais aberto. Mas "flexível" não significa, aqui, que um país não possa intervir no mercado cambial, ou que o movimento de capitais seja completamente aberto... Nenhum país pode comprometer-se a defender uma particular taxa de câmbio. Os participantes do mercado costumam dizer que o banco central não pode colocar-se contra sua força. Entretanto, é preciso reconhecer a assimetria existente entre defender-se de pressões para valorizar ou desvalorizar a moeda. No caso da depreciação, o mercado quer mais moeda estrangeira das quais o banco central dispõe de quantidade limitada e não pode resistir indefinidamente. Os eventos recentes mostraram que grandes reservas podem ajudá-lo a resistir às pressões do mercado... No caso da valorização, os mercados querem mais moeda local, que o banco central pode produzir para comprar o fluxo de moeda estrangeira que está entrando. Evidentemente, para prevenir um processo inflacionário é preciso esterilizar os seus efeitos, como se fez em Israel e em outros países".

Fischer reconhece que, em certas circunstâncias, os países introduzem algum atrito no movimento dos capitais. Para ele, "tais controles são raramente elegantes, de administração difícil e permanentemente erodidos pela capacidade do setor privado de encontrar meio de ilidi-los. Mas, às vezes, necessários, quando o país é confrontado com um importante movimento de entrada de capitais".

A 10ª lição de Fischer é definitiva e moralmente tranquilizadora para os sacerdotes do método do "suponhamos que", que se pensam portadores da "verdadeira" ciência econômica. "Numa crise" - diz ele - "os banqueiros centrais (e sem dúvida outros 'policy makers') vão encontrar-se tendo que decidir por políticas que eles nunca pensaram em aplicar e, frequentemente, que eles nunca prefeririam aplicar. Portanto, uma palavra final para os banqueiros centrais: nunca digam nunca". O conselho pode estender-se aos críticos que, sem saber, serão um dia "policy makers".

Este "suelto" foi publicado nesta coluna em 17/09/2013, quando eu esperava que ele fosse o "chairman" do Fed.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

País rico é país com Educação, ok candidatos (as)?

Li na EXAME que se o Brasil estivesse na escola, repetiria de ano com o resultado do Pisa, exame promovido pela OCDE, que reúne as economias mais ricas do mundo. No ranking formado por 65 países, o Brasil está no 58º lugar.

Alerta Andreas Schleicher, vice-presidente para Educação da OCDE e coordenador do exame, no ritmo atual os brasileiros só vão atingir as médias dos alunos de países mais ricos em VINTE E CINCO ANOS.


Lamentável Brasil. 

Dilma e os fatos da vida como ela é na economia.

Recente editorial do ESTADÃO e a vida na economia como ela é. 

Fatos da vida podem ser chocantes, mas, com algum cuidado, alguém deveria contar à presidente da República a verdade sobre a meta da inflação: ela é 4,5%, nunca foi alcançada no atual governo e dificilmente será nos próximos dois anos. Sendo uma pessoa forte, a presidente poderia assimilar o choque rapidamente e em seguida repassar a informação a seu ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ambos continuam falando - e isso ocorreu, de novo, no Encontro Nacional da Indústria - como se o alvo oficial fosse qualquer número até 6,5%, limite superior da escandalosa margem de tolerância adotada no País. Os dois apresentaram aos empresários, ao Brasil e ao mundo, como de costume, um país cor-de-rosa, com inflação controlada, contas públicas em ordem, economia saudável e puxada por investimentos e indústria fortalecida por um eficaz programa de desonerações.

Se esse país brilha menos do que poderia, é só por causa da crise internacional e da escassez do crédito ao consumo, as "duas pernas mancas" da economia brasileira, segundo o ministro Mantega. O ministro e sua chefe insistem no esforço de atribuir os problemas brasileiros principalmente a causas externas, como o baixo crescimento do mercado global e a alta de preços das commodities agrícolas, consequência de uma seca nos Estados Unidos. Mas as cotações agrícolas já se acomodaram e o nível geral de preços no País continua a subir. Outros países emergentes têm crescido bem mais que o Brasil, apesar da crise externa, mas o ministro continua discursando como se essa diferença inexistisse.

Além de cor-de-rosa, esse mundo é muito estranho. A produção teria avançado mais, se o crédito ao consumo tivesse crescido, nos últimos meses, tanto quanto vinha crescendo? Acreditar nessa tese é insistir em viver no mundo da fantasia. Em outubro a produção industrial foi 0,6% maior que em setembro, mas a expansão ainda ficou em 1,6% no ano e em 1% em 12 meses. Não há como atribuir esses números a uma desaceleração do consumo. Da mesma forma, é preciso buscar em outros fatores a explicação dos maus resultados da indústria no comércio exterior. A questão relevante é: por que a produção industrial brasileira perde espaço dentro e fora do País?

A resposta é conhecida até em Brasília, mas, segundo a presidente e seus ministros, tudo está sendo feito para elevar a produtividade e melhorar o desempenho do setor. De alguma forma, apesar do discurso tortuoso, a necessidade de mais investimentos é reconhecida pelas autoridades. A presidente mencionou aos industriais o programa de ampliação e modernização da infraestrutura, além da oferta de recursos para o investimento empresarial. Mas deixou de mencionar o enorme atraso na implementação do plano de logística, os erros de concepção das licitações e os fracassos na tentativa de elevar a taxa de investimentos.

No ano passado o País investiu 4% menos que em 2011. O aumento esperado para este ano será, na melhor hipótese, pouco mais que suficiente para neutralizar a queda de 2012. O total investido continuará, quase certamente, inferior a 20% do Produto Interno Bruto (PIB), uma proporção pífia. Nem as estatais, subordinadas à autoridade presidencial, cumprem seu papel. Até outubro, o Grupo Eletrobrás desembolsou apenas 43% do previsto para o ano. Em conjunto, as estatais investiram 75% dos R$ 111 bilhões programados. Desde 2006, a média, em dez meses, era de 82,3% da meta do ano.


Confortável em seu mundo de fantasia, o governo tem errado e continua errando em seu diagnóstico dos problemas econômicos. Insiste em estimular o consumo quando os entraves estão do lado da oferta interna. Reconhece um tanto obscuramente a necessidade de mais investimento para mais produtividade, mas é incapaz de apontar um rumo aos empresários e de oferecer segurança aos investidores. No ano passado os juros foram baixos, pelos padrões históricos, mas o investimento caiu. Impossível, para quem tem alguma percepção, desconhecer a inflação elevada, a piora das contas públicas e a maquiagem como instrumento de política. Nenhum discurso cor-de-rosa anula esses dados. 

TIME'S Person of the Year: Pope Francis.


Economia: previsões para 2014.

Com base no relatório FOCUS do Banco Central divulgado hoje e nas avaliações de grandes bancos, abaixo as expectativas para o final de 2013 e para o ano de 2014 das para os indicadores do PIBInflaçãoTaxa Selic e Dólar.

No geral, o resultado demonstra crescimento menor da economia para 2013 e 2014.

PIB
A estimativa de crescimento do PIB para 2013 recuou de 2,35% para 2,30%, e caiu de 2,10% para 2,01% para o ano de 2014: PIB com tendência de queda para 2014.   

INFLAÇÃO
A mediana das expectativas para o IPCA de 2013 seguiu em 5,70% e, para 2014, subiu de 5,92% para 5,95%: Inflação com tendência de alta para 2014 e bem acima do centro da meta de 4,5% ao ano.  

TAXA SELIC
Dos atuais 10,00% neste final de 2013, a mediada das projeções da taxa básica de juros - Selic ficou estável em 10,50% para o final de 2014: sinal do possível fim do recente ciclo de alta na Taxa Selic a ser encerrado em janeiro próximo.  

DÓLAR

As projeções para a taxa de câmbio subiram de R$/US$ 2,30 para R$/US$ 2,33 para o final deste 2013 e de R$/US$ 2,40 para R$/US$ 2,43 para o fim de 2014. As incertezas com a eleição presidencial no Brasil e a política monetária nos Estados Unidos poderão causar instabilidade no valor do dólar, mantendo a oscilação da moeda em elevação.   

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A taxa de juros é dez: 10% ao ano.

Como já esperado por 99% do mercado, o Copom - Comitê de Política Monetária elevou nesta data, na última reunião de 2013, a Taxa básica de juros - Selic para de 9,50% para 10,00% ao ano.

Em comunicado o Copom afirma que ​"dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,00% ao ano, sem viés.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.


Isso posto, bom Natal para todos. 

  

Delfim Netto no Valor analisa a economia brasileira.

No VALOR, a análise econômica e irônica do sempre Ministro Delfim Netto.

“As pessoas dizem que o governo é socialista, trotskista, mas não. Acho que este é um governo que tinha tendência 'espiritista'”, afirmou nesta terça-feira o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento Antonio Delfim Netto. “O governo não pode ver nada funcionando que põe um encosto”, ironizou, durante apresentação em seminário promovido pelo Internews sobre perspectivas para 2014.

Como exemplo, Delfim Netto mencionou a estatal Infraero, que vai ficar com 49% da administração dos aeroportos de Galeão (RJ) e Confins (MG) e, também, o papel da Valec como responsável pelo pagamento às futuras concessionárias de ferrovias, que ainda não foram leiloadas. “A Valec não é um encosto, é um caso de polícia. Isso não pode funcionar”, afirmou. 

Segundo o economista, o governo tem resistido muito a entender que o modelo de concessões tem somente duas variáveis, das quais só uma podia ser fixada por ele. “O governo só podia fixar a qualidade da concessão e depois, com bons leilões, determinar a taxa de retorno que podia obter. Ou podia estabelecer a taxa de retorno e obter o que o mercado responde”.

Para Delfim Netto, essa dificuldade já foi superada e o governo acabou entendendo que os leilões são coisa para “profissional”. Ele ainda afirmou que o leilão do Campo de Libra, ao contrário do que boa parte do mercado avaliou, foi um sucesso, porque estão no consórcio empresas "realmente interessadas" em extrair petróleo de forma acelerada. “As grandes não teriam razão para acelerar a extração do petróleo até 2017 porque têm oportunidades no mundo inteiro”. 

Na avaliação de Delfim Netto, 2014 será um ano difícil, mas o crescimento econômico pode ser maior do que neste ano, porque o setor privado está reconhecendo que há uma tentativa de aproximação do governo, e “é de interesse do setor privado cooperar quando o governo começa a entender os seus problemas”. Reforçando que suas estimativas são “puro chute” como "todas as outras de inflação e crescimento", o ex-ministro previu que, em 2014, o Produto Interno Bruto (PIB) pode ter expansão mais próxima de 3% do que 2,5%. Já a inflação, afirmou ele, sem fazer estimativas, terá alta também próxima à deste ano. 


Sobre a questão fiscal para o próximo ano, Delfim Netto avaliou que um superávit primário de 3% do PIB é “um exagero”. “Acho que não precisa disso. Com um superávit dito e realizado de 2% do PIB, você estabiliza a dívida bruta e a reduz muito lentamente. Se puder ser de 3%, ótimo, mas não é isso que será fundamental para que se tenha um ano melhor”. 

domingo, 24 de novembro de 2013

A política brasileira precisa sair da UTI.

Recente charge do Clayton no cearense O POVO mostra o atual momento político policial brasileiro.

Pioram as contas externas.

Editorial do ESTADÃO e o alerta sobre a piora nas contas externas.

Com um buraco de US$ 7,13 bilhões na conta corrente de outubro, resultado pior que o previsto pelo Banco Central (BC), as contas externas continuaram em deterioração, refletindo principalmente o mau desempenho do comércio exterior de bens e serviços. O déficit em transações correntes chegou a US$ 67,55 bilhões no ano e a US$ 82,21 bilhões em 12 meses. Só uma forte recuperação em novembro e dezembro levará o resultado final de 2013 ao nível previsto pelo Banco Central - um saldo negativo de US$ 75 bilhões. Esses dados, no entanto, são apenas uma parte das más notícias sobre o balanço de pagamentos. No mês passado, mais uma vez o investimento estrangeiro direto, US$ 5,36 bilhões, foi insuficiente para cobrir o buraco da conta corrente. A compensação foi completada por outros tipos de recursos, em geral menos seguros e mais instáveis que os capitais destinados diretamente às atividades produtivas. Em 12 meses o investimento direto alcançou apenas US$ 59,09 bilhões, 2,64% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado, enquanto o déficit acumulado chegou a 3,67%, nível inédito nos últimos onze anos.

Sem ser desastroso, um déficit dessa proporção já vale pelo menos como um sinal de alerta. O País terá como compensar resultados negativos ainda por algum tempo, mas será preciso impedir a piora do quadro nos próximos anos. Isso dependerá principalmente da evolução do comércio exterior. O déficit em conta corrente veio acima do esperado, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel. De janeiro a outubro, houve uma piora de US$ 27,98 bilhões no resultado, na comparação com o número de igual período de 2012. A piora da balança comercial - de um superávit de US$ 17,36 bilhões para um déficit de US$ 1,83 bilhão - explica a maior parte da diferença, de US$ 19,19 bilhões. O resto dependeu das transações com serviços e rendas.

Maciel chamou a atenção para o descompasso entre importações e exportações de mercadorias. Enquanto o valor gasto com produtos estrangeiros aumentou 9,35%, a receita obtida com as vendas externas diminuiu 0,93% entre 2012 e 2013. Sem avançar muito na discussão das causas, Maciel apontou, pelo menos, o aspecto mais preocupante das transações com o exterior. Para os mais otimistas, a depreciação do real e a esperada reativação do comércio internacional poderão resolver boa parte do problema, a partir do próximo ano. Examinado com um pouco mais de realismo, no entanto, o quadro parece bem mais complicado.

Empresários e alguns economistas defenderam durante anos a desvalorização do real como principal medida para fortalecer o comércio exterior, como se o câmbio fosse o maior entrave à competitividade brasileira. Com a mesma simplicidade, passou-se a dar muita importância à crise internacional e ao enfraquecimento dos mercados. A soma dos dois problemas - desajuste cambial e comércio global mais ou menos estagnado - bastaria para explicar o pobre desempenho brasileiro.

Mas nem todos os países foram tão mal quanto o Brasil, nos últimos anos, em sua atividade comercial. Além disso, o real se depreciou sensivelmente desde o ano passado. Em tese, isso deveria baratear as exportações brasileiras e encarecer as importações, mas o desequilíbrio se acentuou, em vez de diminuir. O problema da competitividade é muito mais amplo, como já reconheceram muitos analistas, incluídos vários estrangeiros. Já se tornou lugar-comum, em relatórios de entidades multilaterais, a referência às limitações de oferta da economia brasileira - problemas como a logística deficiente, o encarecimento da mão de obra com aumentos salariais bem maiores que os ganhos de produtividade e, como há muito se sabe, a tributação incompatível com uma economia exposta à concorrência.


O relatório do BC sobre as contas externas confirma o agravamento de problemas bem conhecidos. Os estímulos ao consumo tornaram mais evidentes as deficiências da produção, pressionando os preços internos e forçando maior gasto com bens importados. Mas o governo, diante do desafio, apenas promete mais do mesmo. 

sábado, 23 de novembro de 2013

Economia - grandes nomes: ARISTÓTELES.

Iniciamos uma série de postagens sobre grandes mentes que pensaram a Economia e fizeram muito para o mundo moderno se tornar o que é atualmente.

Nosso destaque hoje vai para ARISTÓTELES, o primeiro pensador da atividade econômica, que nasceu na Macedônia, Grécia em 384 a.C. e faleceu em Eubéia, também na Grécia, em 322 a.C..

Fala Mestre Aristóteles, em sua obra mais importante, "Política":

 “Na arte da aquisição existe, portanto, um tipo que é natural e faz parte da administração de uma casa (...). Existe uma outra variedade da arte da aquisição que é comum e corretamente chamada de arte de ganhar dinheiro, e que na verdade tem sugerido a noção de que a riqueza e o poder não têm limites...”

Previsão Taxa Selic em 27/11/2013: 10%.

Com a realização da reunião do Copom na próxima quarta-feira, 27, a última neste bendito ano de 2013, o BACEN deve continuar o aperto monetário e elevar a taxa Selic de 9,50% (sem viés) para 10%.

A conferir, no decorrer da semana.  

E que os políticos em Brasília não interfiram na posição do Comitê de Política Monetária...    

Previsões para a economia brasileira em 2013.

Atualizando neste final de novembro previsões econômicas para 2013, vejamos:
  • PIB: 2,3%
  • Taxa de Câmbio: R$ 2,30
  • Inflação: 6,1%


A conferir, logo logo. 

Presidência da República: falta UM (a) candidato (a) para 2014. Quem?


No Diário do Nordeste, o genial Sinfrônio brinca com a atual situação política brasileira. Afinal, quem resta de ético neste país?


O desalento com a política economica.

Rogério L. Furquim Werneck no ESTADÃO de ontem é leitura IMPERDÍVEL.

Ganhou espaço na mídia o argumento de que o descrédito em que caiu a política econômica é, em boa medida, simples decorrência de falhas de comunicação. Os grandes erros não estariam propriamente na condução da política econômica, mas na forma desastrada com que o governo tem explicado o que vem tentando fazer. Trata-se de uma racionalização das dificuldades enfrentadas pelo governo na área econômica que não tem aderência aos fatos. E que só contribui para dificultar e retardar as correções que se fazem necessárias na condução da política econômica.

Não é preciso análise exaustiva das muitas evidências de que tal interpretação não faz sentido. Basta concentrar a atenção em poucos fatos relacionados à política fiscal. O que mais preocupa é que o governo se recusa a aceitar que fez escolhas equivocadas que precisam ser urgentemente corrigidas. Muito pelo contrário, continua determinado a insistir nos mesmos erros.

Há algumas semanas chegou a ser noticiado que, para evitar que a dívida do País fosse rebaixada pelas agências de classificação de risco, o governo estaria disposto a fechar dois grandes flancos que têm dado margem a avaliações muito negativas da condução da política fiscal. Seriam gradativamente eliminadas as vultosas transferências do Tesouro ao BNDES. E registro das contas públicas, não seriam mais utilizados truques contábeis. A escalada de "contabilidade criativa" dos últimos anos seria afinal encerrada.

Houve até quem acreditasse, Mas, poucos dias depois, a real extensão dessa suposta disposição de levar à frente tais mudanças pôde ser devidamente aferida. Perante uma platéia de sindicalistas, o presidente do BNDES denunciou as pressões pela redução de aportes do Tesouro à instituição como parte de um "ataque conservador" desferido contra o banco. E esclareceu que,na verdade, os desembolsos do BNDES em 2013 deverão atingir o nível recorde de R$ 190 bilhões.

Na mesma semana, em entrevista concedida à revista Época o secretário do Tesouro exaltou o "sólido" estado das contas públicas no País e, quando indagado sobre os truques contábeis que tanto descrédito vêm trazendo ao registro das contas, permitiu-se partir para o deboche, declarando não saber o que era "contabilidade criativa".

Salta aos olhos que o governo não tem a menor intenção de alterar o regime fiscal em vigor. Dados dos primeiros nove meses de 2013 mostram que o dispêndio público federal vem crescendo, em termos reais, ao triplo da taxa de crescimento do PIB. E é bom não alimentar ilusões. O que se pode esperar em 2014 é mais do mesmo. Ou, com alta probabilidade, muito mais do mesmo. A verdade é que, apesar de toda a coreografia de política contracionista que vem sendo seguida pelo Banco Central, o governo ainda resiste ao diagnóstico de que o crescimento do PIB esteja restrito pelo lado da oferta. Continua acalentando a esperança de melhorar o desempenho da economia pelo lado da política fiscal.

A perspectiva de mais um ano de crescimento econômico pífio tem deixado as lideranças do PT cada vez mais apreensivas com os riscos envolvidos no projeto da reeleição. E, para conter o clamor do partido por um Plano B, o Planalto se vê obrigado a mostrar que o desempenho da economia em 2014 poderá ser bem melhor do que se espera. A presidente quer manter as mãos livres para apostar todas as fichas que lhe restam na aceleração da expansão do gasto público e na manutenção das gigantescas transferências de recursos do Tesouro ao BNDES. E, para "manter as aparências", vai persistir na escalada de "contabilidade criativa", não obstante todo o descrédito adicional que isso possa trazer ao registro das contas públicas no País.

O que mais explica o desalento com a condução da política econômica do governo é exatamente essa percepção de que os mecanismos de correção de erros parecem ter sido desativados. Tudo indica que, em 2014, o governo vai teimosamente insistir nas mesmas políticas equivocadas que lhe deixaram tão pouco a mostrar no final do mandato.

E o brasileiro compra muito... no exterior.

Leio na FOLHA que apesar do dólar mais caro, gastos de brasileiros com viagens ao exterior não param de crescer.

Essas despesas somaram US$ 2,324 bilhões em outubro, maior valor mensal da história. No ano, o valor também é recorde: US$ 21,251 bilhões.


Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o aumento da renda e do emprego no país explica essa expansão.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...