sexta-feira, 3 de junho de 2011
As causas estruturais do real forte.
Discutindo o ABC e D das crises by Wolf.
Martim Wolf, “Discutindo o ABC e D das crises”, diretamento do Financial Times, via Folha de S. Paulo.
O debate em torno da política monetária e fiscal pós-crise está esquentando em ambos os lados do Atlântico. A zona do euro está comprometida com um arrocho fiscal e monetário. Os Estados Unidos estão considerando um arrocho fiscal, apesar do futuro da política monetária permanecer incerto. Enquanto isso, o Reino Unido está comprometido com um arrocho fiscal, com o futuro da política monetária também incerto.
E quem está certo? Não causa surpresa os economistas discordarem profundamente. Alguns desses desacordos foram apresentados em uma carta ao “Financial Times”, datada de 4 de maio de 2011, de autoria de meu amigo, Tim Congdon, talvez o mais influente monetarista do Reino Unido. A carta foi em resposta à minha coluna de 28 de abril de 2011, que começou com um comentário de Larry Summers, o ex-assessor de Barack Obama, de que “considero a ideia da contração fiscal expansionista, no contexto do mundo em que estamos vivendo, tão contraditória quanto soa”. Para este comentário, Congdon respondeu que “o keynesianismo fiscalista, como a história, é um absurdo”.
Congdon apelou para a história, tanto ali quanto na edição de junho da revista “Standpoint”, para demonstrar a coincidência das contrações fiscais com as expansões econômicas. Talvez ele queira dizer que o keynesianismo é um absurdo, diferente da história. Eu sugeriria que seu uso da história é absurdo.
Congdon nota, corretamente, que as reduções no déficit fiscal ciclicamente ajustado coincidem com as expansões econômicas. Mas o fato de A coincidir com B não significa que A causa B. B poderia causar A. Ou C e D poderiam causar A e B.
Considere um período em que os gastos privados estão crescendo mais rápido do que a renda. Alguém poderia então esperar um encolhimento dos déficits: as receitas seriam robustas e os gastos fracos. Esta é uma verdade autoevidente em uma base cíclica. Mas provavelmente também será verdadeira em uma base ciclicamente ajustada, particularmente considerando que o ajuste cíclico é uma arte, não uma ciência. Se o governo iniciar um grande déficit ciclicamente ajustado, ele poderia aproveitar a oportunidade de uma economia em boom para elevar impostos e reduzir gastos. Também é possível que um encolhimento do déficit fiscal fortaleceria os gastos de um setor privado já confiante. Nesta história, então, B (o boom privado) causa A (a contração fiscal).
Eu também acrescentaria C (taxas de juros). As taxas oficiais de intervenção caíram 9 pontos percentuais no início dos anos 80 e 9,75 pontos no início dos anos 90. As dúvidas são simplesmente a respeito do momento, velocidade e flexibilidade, porque o endividamento privado atual é alto, os bancos estão frágeis e as taxas de juros as mais baixas possíveis.
Para isso, Congdon responde que a política monetária permanece eficaz. Em particular, ele argumenta, a oferta de dinheiro tem uma relação estável e previsível com a renda. Mas todos os bancos centrais importantes agora abandonaram as metas monetárias por um bom motivo: a relação entre produto interno bruto nominal e oferta de dinheiro (a velocidade da circulação) é instável.
Se você olhar para os dados do Reino Unido nos últimos 50 anos, você encontrará uma tendência de queda na velocidade. Mas os movimentos a médio prazo são extremamente instáveis: entre o primeiro trimestre de 1991 e o primeiro trimestre de 2003, por exemplo, a velocidade da oferta de dinheiro (M4) caiu 11%. Nos sete anos seguintes, ela caiu 41%. No ano passado, ela saltou 7%. Nenhum banco central poderia guiar a economia ajustando apenas a oferta de dinheiro, a não ser em um prazo muito longo. Como Milton Friedman disse, as defasagens são “longas e variáveis”.
A visão de que em uma economia pós-crise nós sabemos com precisão qual seria a expansão da oferta de dinheiro que compensaria a contração fiscal planejada é bastante inconvincente. Nós não sabemos isso. As experiências das condições muito diferentes do início dos anos 80 e dos anos 90 (tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos) também não nos dizem. Sim, a longo prazo, a combinação de uma grande expansão da oferta de dinheiro com uma contração fiscal provavelmente devolveria a economia para algo próximo do pleno emprego, mas ninguém pode saber quanto tempo levaria ou mesmo qual seria o preço. O célebre comentário de Keynes –“A longo prazo é um guia enganador para os assuntos atuais. A longo prazo estaremos todos mortos”– é aplicável.
A contração fiscal do Reino Unido pode ser a política menos ruim, considerando os riscos. Nós não sabemos. Enquanto isso, pessoas razoáveis também podem duvidar da saúde da economia surrada.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Desaceleração à frente?
Editorial da FOLHA DE S.PAULO de hoje comenta sobre a possibilidade de uma DESACERELAÇÃO À FRENTE. Alguma dúvida?
Uma da divulgação dos dados de crédito para abril confirma que as medidas restritivas adotadas pelo Banco Central estão fazendo efeito e reduzindo os riscos de aquecimento excessivo da economia.
O objetivo do governo é conter o crédito ao consumo e limitar novos empréstimos dos bancos públicos, sobretudo do BNDES. Em paralelo, pretende manter o crescimento do crédito imobiliário.
Os novos empréstimos às pessoas físicas, excluindo o chamado crédito rotativo, apresentaram estabilidade no mês e permanecem 8% abaixo do patamar do último trimestre de 2010.
Ao mesmo tempo, nota-se uma sensível piora nas condições para a concessão de crédito pessoal como um todo. As taxas de juros têm subido (de 39% ao ano no fim de 2010 para 46,8% ao ano em abril), e a inadimplência dá sinais preocupantes. Provavelmente, isso levará a uma desaceleração no consumo em pouco tempo.
Merece destaque a perda de vigor no crédito dos bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES, principalmente), cujo estoque cresce a taxas mais baixas que no ano passado. Depois de passar de 34% para 42% do crédito total entre 2008 e 2010, o crédito público permanece estável desde então. O BNDES, em particular, tem mantido a carteira de crédito em torno de R$ 180 bilhões desde o fim de 2010. A maior fonte atual de crescimento do crédito são as empresas. Elas permanecem tomadoras, em razão da maior necessidade de investimento e capital de giro, o que não é má notícia.
Por fim, o crédito imobiliário tem crescido a taxas próximas a 50% ao ano. Não é um crescimento preocupante, ainda, na medida em que essa modalidade representa apenas 4% do PIB. Trata-se de uma fração pequena do padrão internacional, superior a 20% do PIB em vários países em desenvolvimento e a 50% no mundo desenvolvido. Nesse setor, as carências do Brasil são evidentes.
Em resumo, o comportamento observado dá mostras de que pode ser atingida a meta de aumento do crédito entre 10% e 15% no ano fixada pelo Banco Central. Além do que ocorre com o crédito, há os sinais incipientes de perda de vigor nos rendimentos do trabalho e a fraqueza da produção industrial, que teve queda imprevista de 2,1% de março para abril.
Diante disso, parece razoável prever uma significativa moderação no ritmo de crescimento da economia nos próximos meses.
Forth International Conference on Law & Economics
Seminário InterNews de Economia.
Recebi da InterNews para divulgação o seminário abaixo que será realizado em São Paulo em 29/06/2011. Quem poder participar, esteja lá. Será um ótimo momento de colher informações sobre o mercado e seus bastidores econômicos.
As atuais dificuldades internas da economia brasileira podem ser agravadas pelo aumento das incertezas internacionais.
O descontrole fiscal e o nível de endividamento de determinados países europeus são capazes de produzir um desequilíbrio sem precedentes no sistema financeiro da zona do euro.
Apesar de sua lenta recuperação, a economia norte-americana continua debilitada. O crescimento chinês segue vigoroso, mas há dúvidas sobre sua capacidade de puxar a economia global. A guerra cambial e a maior volatilidade dos preços das commodities sinalizam o grau das turbulências internacionais.
A economia brasileira de alguma forma será afetada pelos desdobramentos da precária conjuntura internacional. Em 2009, o Brasil conseguiu se descolar dos efeitos mais graves da crise internacional. Políticas anticíclicas foram adotadas. Diante de um problema internacional menor, qual seria a capacidade de reação do governo brasileiro? Em um cenário positivo, por sua vez, os Estados Unidos poderão subir suas taxas básicas de juros. Quais seriam as consequências disto para o fluxo de capitais estrangeiros, para a taxa de câmbio do real e para os preços das commodities?
Participe deste Seminário InterNews, que reúne renomados especialistas, para melhor identificar a situação externa e avaliar os diferentes impactos que poderão modificar o desempenho da economia brasileira, com repercussões em sua empresa.
* Qual seria o impacto no Brasil de um agravamento da conjuntura internacional?
* Qual o risco do PIB brasileiro crescer menos de 3,8% em 2011 e 2012?
* Em que medida a situação brasileira poderá ser afetada pelafragilidade dos bancos europeus diante das crises da Grécia, Portugal e Irlanda?
* Qual o horizonte para a recuperação plena da economia norte-americana?
* A China conseguirá manter a sua atual taxa de crescimento econômico?
Conferencistas
Otaviano Canuto
Vice-presidente do Banco Mundial em Washington e Chefe do PREM (divisão do Banco Mundial que reúne mais de 700 economistas e que oferece recomendações de política econômica e de redução da pobreza para países membros). Ex-diretor executivo do Board do Banco Mundial, foi secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda no governo Lula. Doutor em Economia pela Unicamp.
Winston Fritsch
Sócio fundador da Orienta Investimentos, associada à Nomura Securities e membro do Conselho de Administração da RB Capital. Foi diretor-gerente da Lehman Brothers no Brasil, sócio diretor da Rio Bravo Investimentos e presidente do Dresdner Bank no Brasil. Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo FHC. PhD em Economia pela University of Cambridge, Inglaterra.
Roberto Castello Branco
Diretor de Relações com Investidores da Vale. Foi Diretor do Banco Central. Membro do board of directors do IBRI - Instituto Brasileiro de Relações com Investidores, do INI – Instituto Nacional de Investidores e da ABRASCA - Associação Brasileira de Companhias Abertas. Doutor em Economia pela Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV e Post-Doctoral Fellow in Economics, pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
Antonio Corrêa de Lacerda
Professor da PUC-SP e da Fundação Dom Cabral (FDC). Economista-chefe da Siemens. Membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp e do Conselho de Política Econômica da CNI. Ex-presidente do Cofecon e da Sobeet. Doutor em Economia pela Unicamp.
Participe deste Seminário InterNews para melhor orientar as suas decisões empresariais.
Agenda
13h30 Retirada de crachás
14h00 Conferências de Otaviano Canuto, Winston Fritsch, Roberto Castello Branco e Antonio Corrêa de Lacerda
16h40 Coffee break
17h00 Debate entre os conferencistas e respostas às perguntas dos participantes
18h00 Encerramento
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Informações
Data
29 de junho de 2011
Local
Hotel Intercontinental
Alameda Santos, 1123
São Paulo - SP
INSCRIÇÕES
Você pode reservar quantas vagas quiser, para você ou para sua equipe enviando apenas, o nome completo dos participantes para ellen.agostinho@internews.jor.br
Efetue sua inscrição com sua Consultora: Ellen Agostinho, solicite a ficha que deve ser preenchida para oficializar a participação, através do telefone (11) 3683-4778 ou pelo e-mail ellen.agostinho@internews.jor.br
Preço
R$ 960,00 para inscrições pagas até o dia 17 de junho de 2011
R$ 1.090,00 para inscrições pagas após o dia 17 de junho de 2011
* Os pagamentos podem ser feitos por boleto, depósito bancário ou por cartão de crédito
* Estão inclusos os custos de material, coffee break e estacionamento
quarta-feira, 1 de junho de 2011
A sucessão no FMI.
Estas, nesse contexto, teriam ainda mais incentivos para seguir suas políticas de autoproteção, por meio da aquisição de reservas internacionais, em vez de contar mais com o "seguro" coletivo proporcionado pelo FMI. Não é uma saída auspiciosa para a crise gerada pela incontinência do senhor Strauss-Kahn.
Credibilidade by Delfim Netto.
Isso exige a máxima credibilidade do governo. O "affaire" Palocci, por exemplo, insere-se nesse contexto. É fundamental que o ministro esclareça o assunto com presteza para que não seja julgado apenas por sinais exteriores. Nem o valor dos contratos, nem as cláusulas de confidencialidade, nem mesmo a taxa de "sucesso" configuram, a priori, comportamento condenável. É evidente que só a transparência urgente e absoluta pavimentará a recuperação da sua credibilidade.
Faroeste brasileiro é no Pará?
terça-feira, 31 de maio de 2011
O humor de Luiz Carlos Mendonça de Barros.
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS realmente aponta na direção correta. Neste final de maio/2011, vale parar tudo para fazer a leitura completa deste seu post publicado no sítio http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/blog-do-mendonca-de-barros/. E o que é pior: sua análise realmente sinaliza para um cenário de juros altos e dólar valorizado. Vamos aguardar um pouco e confirmar suas "previsões"? Boa leitura!
A próxima semana será marcada por uma serie de greves no serviço publico em São Paulo, segundo informações que circulam na imprensa. Outras certamente se seguirão - inclusive no setor privado - envolvendo outras regiões do Brasil e motivadas por campanhas de “lutas” dos sindicatos buscando negociações salariais previstas para os próximos meses. Certamente a palavra de ordem será a “ recuperação das perdas reais dos ultimos meses”.
Nada de especial dirão muitos e com certa razão: estes momentos fazem parte da dinamica de uma democracia como a nossa, principalmente porque a inflação acelerou-se nos ultimos 12 meses, sangrando o valor real dos salarios e reduzindo o poder aquisitivo dos trabalhadores.
Mas as condições deste ano são especiais por algumas razões que gostaria de trazer á atenção dos leitores deste Blog. A primeira delas – e certamente a mais importante – deriva da conjugação de uma demanda por bens e serviços muito excitada e uma escassez forte de mão de obra em setores importantes da economia. Esta combinação – nos mostra a historia– pode ser perversa em momentos em que os mercados ainda digerem um choque de preços provocado pelo aumento das cotações de produtos primarios nos mercados internacionais. As empresas vão ter muita dificuldades para enfrentar greves e paralizações do trabalho com os compromissos já contratados com seus clientes e as necessidades – inclusive legais – de atende-los.
Ora, os Sindicatos e Centrais Sindicais sabem disto e vão pressionar de forma agressiva os patrões para aceitarem suas reivindicações. Estas certamente vão ter como referencia o aumento já aprovado pelo Congresso de mais de 13% para o salario minimo. Já temos informações pontuais de empresas privadas que estão sendo pressionadas para aceitar esta metrica em suas negociações…
Mas a correção de salarios que se desenha para os proximos meses tem outro efeito macro economico importante no momento que vivemos hoje. Na pratica, se isto acontecer na intensidade que temo vai ocorrer, vamos ter a recomposição pelo pico da massa de salários que, nos ultimos meses, vem sendo corroída pela inflação. Para uma economia que já está aquecida demais em função de numerosos gargalos estruturais que existem hoje, este choque positivo de renda vai provocar uma nova onda de pressões sobre a inflação. As empresas não terão outra saida senão repassar os aumentos salariais para seus preços … Não é demais lembrar ao leitor que os gastos com mão de obra são um dos mais importantes itens na estrutura de custos de uma empresa no Brasil.
Esta situação será particularmente perversa para a industria brasileira que é obrigada a competir no exterior ou sofre o impacto de importações em paises em que este choque de salarios não vai ocorrer. Como o real não vai se desvalorizar por causa destes aumentos salariais – alguem tem alguma duvida sobre isto? – teremos um aumento em dolares igual ao crescimento nominal dos salarios.
Se eu estiver certo nestas previsões – e temo que esteja – vamos ter um nova piora no cenarios da inflação e um novo choque negativo na competitividade da industria brasileira nos proximos meses.
Nestas condições o Banco Central do Brasil não terá outro caminho – se mantiver sua decisão de buscar o centro da meta em 2012 – a seguir senão continuar a aumentar os juros SELIC e/ou apertar mais as restrições ao crescimento do credito ao consumidor.
Salvando o capitalismo dos capitalistas.
Hayek e os preços.
Casa das Garças.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
A humilde escolha de Krugman.
Considero admirável um economista prêmio Nobel como o Paul Krugman registrar em seu blog – aqui publicado no ESTADÃO – a sua HUMILDE opinião sobre quem deve ser o novo diretor-gerente do FMI. Confirma o ditado: quanto mais sábio, mais humilde!
Acho que um endosso da minha parte pode ser o beijo da morte – mas, de qualquer maneira, acho que Stan Fischer realmente seria a melhor escolha.
Revelação óbvia: Stan foi meu professor e colega durante muitos anos; assim, é claro, não estou sendo objetivo. Mas, neste caso, as relações pessoais não são a principal questão.
Meu argumento, pelo contrário, é que estamos vivendo um período que exige um pensamento independente, criativo. Um diretor-gerente do FMI que sirva como fachada para os habituais suspeitos, que defenda ideias convencionais em tempos não convencionais, não é isso que precisamos. E é isso que eu temo.
Christine Lagarde é, sob todos os aspectos, uma pessoa admirável, mas não é alguém com opiniões independentes vigorosas em matéria econômica, como é preciso ser. Se ela se tornar a nova diretora-gerente da instituição, espero que seja para o melhor, mas não creio.
Stan, pelo contrário, é um economista de primeira classe, alguém disposto a contestar as opiniões convencionais; uma pessoa que pode examinar o conselho cauteloso e convencional dos comitês, enxergar seus pontos fracos e optar por soluções reais.
Não concordo com tudo o que fez no seu último mandato no FMI – mas ele foi um dirigente extraordinário do Banco de Israel, tendo adotado políticas totalmente inortodoxas quando necessário, com um enorme sucesso.
De qualquer modo, esta é a minha humilde opinião.
PIB 2011 e 2012.
Leio no UOL que a atividade econômica deve crescer 4,5% este ano e 5% em 2012, estima o governo. O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) para o primeiro trimestre do ano deve ser divulgado nesta sexta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na publicação "Perspectivas da Economia Brasileira", dirigida a investidores internacionais, o Ministério da Fazenda confirmou a redução de projeções para o PIB real deste ano, de 5% para 4,5%, e para 2012, de 5,5% para 5%.
CBE 2011
domingo, 29 de maio de 2011
Sugestao de leitura.
Nota vermelha.
Que é um prazer ler diariamente ELIANE CANTANHÊDE na FOLHA DE S. PAULO, nao se discute. Mas hoje ela esta genial e resume toda a semana que passou no que realmente é este país. O BRASIL ainda nao da para ser aprovado. Continua com a NOTA VERMELHA.
BRASÍLIA - A melhor declaração da semana passada foi a do presidente americano, Barack Obama, para quem a China, a Índia e o Brasil são emergentes até bem bacanas, mas estão muito longe de fazer frente à hegemonia dos Estados Unidos e do Reino Unido. Alguém há de questionar?
Os Brics (excluídas a Rússia, que não se vê como "emergente", e a África do Sul, que acaba de chegar) de fato vêm fazendo bonito na economia, e as projeções indicam que o furacão China deve ultrapassar os EUA até 2020. Mas hegemonias não se fazem apenas com PIB.
O que a China tem na economia não tem na política e está muito longe de ser uma democracia. Já a Índia é craque em tecnologia, especialmente em informática, mas abriga milhões de miseráveis famintos. E o Brasil caminha com a rapidez de uma lebre para ser a quarta maior economia do mundo e com a morosidade de um cágado para se tornar um país moderno.
Nada poderia ilustrar melhor o estágio brasileiro do que a própria semana em que Obama fez a comparação dos Brics com os EUA: o principal ministro atolado em mais um escândalo; os órgãos do governo se esquivando de apurar; a presidente da República tutelada pelo antecessor; o vice-presidente aos gritos com o chefe da Casa Civil; o Código Florestal em chamas; as idas e vindas do kit anti-homofobia para as escolas.
Na área urbana, um assassino confesso, mas poderoso, foi preso depois de 11 anos de recursos e só deve ficar dois na cadeia. No campo, o assassinato de três líderes rurais: José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, Maria do Espírito Santo da Silva, no Pará, e Adelino Ramos, em Rondônia.
Ou seja: há crises e falhas graves no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Não é assim que o Brasil vai conseguir um lugar ao sol e um assento no Conselho Permanente da ONU para ensinar ao mundo o que é paz, justiça e dignidade. Primeiro, precisa fazer a lição de casa.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Uma mulher na chefia do FMI?
Leio na FOLHA DE S. PAULO em 25/05/2011 que a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, apresentada oficialmente como favorita à sucessão de seu compatriota Dominique Strauss-Kahn à frente do Fundo Monetário Internacional (FMI), anunciou oficialmente nesta quarta-feira sua candidatura e afirmou que deseja obter um "amplo consenso" em torno de seu nome.
"Resolvi apresentar minha candidatura" ao posto, disse a ministra à imprensa, na abertura da cúpula do G8 em Deauville, indicando ter tomado esta decisão "após uma reflexão madura".
"Tomo esta decisão após uma longa reflexão e com a concordância do presidente da República e do primeiro-ministro, que me apóiam totalmente neste processo", indicou Lagarde, referindo-se a Nicolas Sarkozy e François Fillon.
Além disso, destacou, sua intenção é "colher o mais amplo consenso" em torno da candidatura.
Fillon assegurou, posteriormente, que Lagarde é "uma candidatura de qualidade, eficácia, equilíbrio entre feito econômico e solidariedade".
Lagarde foi imediatamente apoiada "plenamente" pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e recebeu o apoio "forte" da Alemanha. Reino Unido e Itália já o haviam dado, inclusive antes de sua apresentação oficial como candidata.
Entretanto, Christine Lagarde, de 55 anos, não quer aparecer como a candidata de um grupo só, num momento em que os países emergentes veem com maus olhos a manutenção de um europeu na chefia da poderosa instituição financeira internacional.
"Não sou nem a candidata do Eurogrupo, nem a candidata europeia, nem a candidata francesa", indicou a ministra, afirmando contar com apoios "mais além da Europa".
Os Estados Unidos, cujo aval é crucial, e o Japão, ainda não declararam apoio a nenhuma candidatura.
Tempos estranhos e preocupantes.
Os excelentes técnicos do Banco Central, sob o comando do presidente Alexandre Tombini necessitam demonstrar com eficácia a membros do próprio governo os riscos da inflação ultrapassar a meta estipulada de 4,5% ao ano. A sociedade brasileira possui mecanismos de adaptar-se a uma espiral inflacionária, uma vez ter convivido com essa excrescência por longo tempo. Diante disso, um aumento aqui, outro ali, automaticamente gera-se uma acomodação da população e daí em diante para chegar a uma prejudicial hiperinflação é somente uma questão de tempo.
O assunto inflação deve ser tratado com rigor e com o total apoio da presidente Dilma. Desde a sua posse, por diversas vezes a presidente manifestou a sua posição de combater a inflação a qualquer custo. No entanto, efetivamente na prática não se observa uma postura inflexível perante o perigo do retorno da inflação. Quem foi atingido pelos Planos Cruzado, Cruzeiro, Collor dentre tantos outros, conhece a dificuldade que era conviver com taxas de hiperinflação e teme com a possibilidade do retorno do dragão inflacionário.
A complexidade de manter sob controle a economia brasileira diante de inúmeros e graves problemas não é tarefa simples. Porém, não é com o afrouxamento no combate a uma taxa de inflação superior a meta que o país torna-se seguro. Pelo contrário, a demonstração de fraqueza nesta área aumenta o risco de uma instabilidade econômica que trará seus reflexos sobre toda a sociedade, até na esfera política.
Mesmo diante da crise de 2008 que ainda continua com seus reflexos em diversos países, não é, por exemplo, porque contabilizamos mais de US$ 300 milhões em reserva e a taxa de desemprego encontra-se em 6% - quase atingindo o nível de pleno emprego, que a área econômica do governo pode sentir-se confortável e segura que nada poderá prejudicar o Brasil.
É desconcertante que vejamos o governo interferir na saída do competente Roger Agnelli da Vale, continuar sem observar com austeridade a Lei de Responsabilidade Fiscal, buscar controlar a cotação do dólar e até mesmo não admitir como positivo o aumento na taxa básica de juros aprovada pelo Copom. Indicadores do mercado e do próprio governo projetam um aumento do PIB no primeiro trimestre deste ano entre 0,9% a 1,5%. O perigo é que a desaceleração que deveria frear a inflação não aconteceu, o que faz também com que seja estimada em quase 7% a taxa de inflação acumulada nos últimos 12 meses.
Isso demonstra que as medidas macroprudenciais do governo não estão em sintonia com a economia de mercado, ou seja, com o mundo real. Supor que por termos reservas nunca antes acumuladas neste país é fator seguro contra riscos econômicos é primário. Que aconteceria se os investimentos diretos estrangeiros deixassem de ingressar no país – somente em abril US$ 5,5 bilhões -, e o governo por pressão política optasse por manter baixa a taxa básica de juros? Os sólidos fundamentos da economia brasileira não estão assim tão fortes para que ocorrências dessa natureza não causem prejuízo ao país.
Recém eleita presidente, com uma base de apoio parlamentar elevada (mas que na hora de uma votação complexa transforma-se em geléia) e com amplo apoio popular, é o momento certo para o governo realizar reformas. Nesse caso, reformas que transformem este Brasil burocrático, ineficiente nos gastos, arrecadador voraz, indeciso economicamente, com um baixo nível educacional, sem investimentos em infraestrutura básica. O Brasil precisa ter um perfil que busque colocar o estado em funções básicas, que não possam ser preenchidas pela iniciativa privada, visando ser, de fato, uma potência econômica e não um mero ator coadjuvante ao acreditar poder sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas sem cair no ridículo.
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