segunda-feira, 5 de março de 2018

Affonso Celso Pastore no Estadão: A realidade e os mitos das contas externas.

Apesar das dificuldades na aprovação das reformas fiscais impopulares, como a da Previdência, o País entrou em uma recuperação cíclica que, na minha interpretação, é a consequência da execução competente da política monetária e do sucesso na aprovação de algumas reformas, como o teto de gastos e a trabalhista.

Entretanto, discordo da interpretação de que o segredo da continuidade da recuperação está nos elevados superávits comerciais, que em 2017 atingiram US$ 67 bilhões. Em parte, apenas, isto se deve a um crescimento das exportações, induzido pela aceleração do crescimento mundial e pelo bom comportamento dos preços de commodities. O grosso daquela elevação se deve ao desabamento das importações, que caíram perto de 40% entre o pico, no biênio 2013/14, e o vale, no biênio 2016/17. 

Por que as importações desabaram? Há muito que venho chamando a atenção para a extrema dependência, no Brasil, dos investimentos em capital fixo com relação às importações totais, e não apenas às importações de máquinas e equipamentos. Quem tiver dúvidas é convidado a comparar as séries de importações e da formação bruta de capital fixo publicadas nas contas nacionais, e descobrirá que ambas caminham muito próximas. Com o auxílio de técnicas econométricas simples descobrirá, também, que os movimentos da formação bruta de capital fixo precedem no tempo os movimentos das importações.

A primeira conclusão é que, a menos que os efeitos ocorressem antes das causas, o desabamento das importações é uma consequência da forte queda da formação bruta de capital fixo. A segunda é que os elevados superávits comerciais são uma manifestação da doença que nos levou a uma profunda recessão, seguida de uma recuperação que é firme, mas ainda é lenta. 

Quando o ciclo de reformas tiver levado à queda de riscos e à sustentação da taxa real de juros em níveis baixos, assistiremos a uma recuperação da formação bruta de capital fixo e a um aumento de importações, com menores superávits ou mesmo déficits na balança comercial, e o aumento dos déficits nas contas correntes. Porém, tal comportamento não é reflexo de uma doença, e sim uma manifestação da saúde da economia, que voltou a crescer. Ao contrário de países nos quais as poupanças domésticas excedem os investimentos, gerando superávits nas contas correntes (como na China), tornando-se exportadores de capitais, o crescimento brasileiro ocorre ao lado de déficits que o obrigam a ser um importador de capitais. 

Neste ponto vale a pena uma incursão no campo do balanço de pagamentos. Contrariando um comportamento que se manteve desde o início do regime de metas de inflação até o início de 2012, nestes últimos anos o Banco Central saiu totalmente do mercado à vista de câmbio, restringindo suas intervenções apenas ao mercado futuro. Tal procedimento também interfere com a taxa cambial, mas ao sair do mercado à vista gera uma situação na qual o balanço de pagamentos tem, forçosamente, que oscilar em torno do equilíbrio. 

Quem duvidar desta proposição é convidado a tomar os dados publicados pelo Banco Central e comparar duas séries: os saldos nas contas correntes e os saldos nas contas financeira e de capitais (que incluem os investimentos diretos e os investimentos em carteira). Ficará evidente que as saídas líquidas (os déficits nas contas correntes) são quase que integralmente compensados pelas entradas líquidas (os superávits nas contas financeira e de capital), com o balanço de pagamentos gravitando em torno do equilíbrio.

Se no futuro uma escalada nos investimentos em capital fixo levar a um forte aumento no déficit nas contas correntes, ocorrendo ao lado de uma baixa entrada de capitais, o real tenderá a se depreciar, ocorrendo o inverso se os ingressos de capitais superarem o déficit nas contas correntes. O argumento que nunca foi entendido pelos proponentes dos controles de capitais é que são estes ingressos que permitem financiar déficits elevados nas contas correntes, sem os quais a taxa de investimentos não poderia se elevar, acelerando o crescimento. 

É pena que ideias erradas continuem sendo debatidas como se fossem verdades. 

domingo, 4 de março de 2018

Lira Neto na Folha: "Masturbação intelectual?"

Só descobri que viria a ser jornalista relativamente tarde. Até por volta dos 30 anos, não tinha a mais remota ideia de que um dia abraçaria tal profissão. Antes, abandonara duas faculdades e exercera uma mixórdia de atividades, atuando como topógrafo, técnico de raio-x, balconista de loja e professor de ensino fundamental, entre outros tantos bicos e ofícios.

Quando me reinventei como profissional e pisei pela primeira vez em uma Redação de jornal, em 1990, já era trintão, embora ainda aluno do curso de comunicação social da Universidade Federal do Ceará. Enfim graduado, na qualidade de tiozão entre os formandos, trabalhei cerca de oito anos como repórter e editor. Até que, perto de completar 40 anos, por volta de 2000, dei nova guinada e decidi abandonar o jornalismo diário.

No cotidiano das Redações, havia algo a me exasperar. A ligeireza do processo de produção da notícia e a exiguidade do texto, características inerentes ao fazer jornalístico, logo me pareceram incômodas. Como antídoto a essa dupla pressão exercida pelas restrições de tempo e de espaço, resolvi me reinventar mais uma vez, dessa feita escrevendo livros.

Foi a forma que encontrei para poder me dedicar, por anos a fio, ao desenvolvimento e à investigação rigorosa de uma história, em vez de me submeter à lógica da apuração instantânea e da busca apreensiva pelo "furo". Além disso, no lugar das poucas linhas e do número contado de caracteres na hora de redigir, passei a dispor de centenas de páginas para aprofundar o resultado das longas explorações em bibliotecas e arquivos.

Assim, nos últimos 15 anos, tenho publicado uma série de livros históricos e biográficos, cujo retorno de público e de crítica me fizeram acreditar que tomei decisão razoável. A despeito disso, continuei a me identificar, essencialmente, como jornalista ou, melhor, como repórter.

Durante esse período, mantive deliberada distância da universidade, amparado na falsa convicção de que o mundo acadêmico seria, por definição, como gostamos de dizer com soberba os jornalistas, o território da mera "masturbação intelectual".

Partilhava de preconceito típico aos colegas, sentimento quase sempre decorrente da combinação entre arrogância e frivolidade. Hoje, porém, quando testemunhamos a rendição progressiva do jornalismo ao entretenimento, o esvaziamento inegável das Redações, o culto votivo às celebridades e a renúncia categórica ao pensamento complexo, essa birra, essa resistência à universidade, mostra-se cada vez mais danosa à própria imprensa.

Na época em que prevalecem as "fake news" e os vitupérios das milícias virtuais, a qualificação do debate é condição imprescindível à sobrevivência do jornalismo. Foi essa certeza que me fez, recentemente, buscar uma reaproximação efetiva com a universidade. Nesta semana, defenderei dissertação de mestrado, em comunicação e semiótica.

Já antevejo algum colega mais incorrigível lendo este texto e, entre risinhos e tapando um dos olhos com a mão, repetir a parvoíce: "Semiótica não passa de uma 'semi-ótica', ou seja, uma ótica pela metade".

Com mais de 50 anos de idade, preparo-me, em simultâneo, para um futuro doutorado. Nunca tive receio da reinvenção pessoal e profissional. O convívio acadêmico tem me feito experimentar o reencontro da busca pelo conhecimento com a alegria, a fusão da inquietação intelectual com o prazer.

Exatamente no momento em que a universidade parece ser um dos alvos prioritários da onda obscurantista que procura nos engolfar, passei a me sentir ainda mais socialmente útil. E em casa.

Este é meu último texto como colunista da Folha. Por decisão do jornal, a partir de hoje, deixo de ocupar este espaço domingueiro.

Durante dez meses, somando 22 colaborações, procurei corresponder à confiança dos editores que me cederam lugar tão nobre, garantindo-me a prerrogativa de escrever com absoluta liberdade. Aqui, em um caderno de variedades, busquei assumir perspectivas dissonantes quanto aos temas sobre os quais me pautei, lançando dúvidas, questionamentos e inquietações para além dos limites estreitos da indústria cultural, da vozearia babélica das redes sociais e das contingências epidérmicas do noticiário.

Embora por período tão abreviado de tempo, agradeço à Folha a possibilidade de fazê-lo. Até uma próxima oportunidade.

quinta-feira, 1 de março de 2018

PIB 2017 cresce 1% e fecha ano em R$ 6,6 trilhões.

O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país, fechou o ano de 2017 com crescimento de 1%, na comparação com 2016. Em valores correntes, o valor do PIB em 2017 atingiu R$ 6,6 trilhões.Em 2015 e em 2016, o resultado ficou negativo em 3,5%.

Os dados foram divulgados hoje (1º), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com os resultados das contas nacionais trimestrais e o fechamento do ano.

Em 2017, contribuíram para o resultado as altas de 13% na agropecuária e de 0,3% nos serviços, além da estabilidade nas indústrias. O resultado da agropecuária foi o melhor do ano em toda a série, iniciada em 1996.

O PIB per capita subiu 0,2% em termos reais, ficando em R$ 31,587. A taxa de investimento no ano foi de 15,6% do PIB, abaixo dos 16,1% de 2016. Já a taxa de poupança aumentou, indo de 13,9% em 2016 para 14,8% em 2017.

Na série com ajuste sazonal, o resultado do último trimestre do ano foi de crescimento de 0,1%, na comparação com o terceiro trimestre. Em relação ao quarto trimestre de 2016, o crescimento foi de 2,1%.

Edição: Kleber Sampaio

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Galaxy S9 Plus ou iPhone X: Qual o melhor?






Oscar 2018: Os melhores do ano!



Dívida pública tem redução de 0,87% e atinge R$ 3,528 trilhões.

A Dívida Pública Federal (DPF) – que inclui o endividamento interno e externo do Brasil – teve redução de 0,87%, passando de R$ 3,559 trilhões, em dezembro, para R$ 3,528 trilhões em janeiro, segundo informou hoje (26), em Brasília, a Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda.

Essa redução da dívida, de acordo com o Tesouro, ocorreu por conta do resgate líquido de R$ 52,50 bilhões, e da apropriação positiva de juros de R$ 21,76 bilhões.

A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) - que é a parte da dívida pública que pode ser paga em reais - teve o estoque reduzido em 0,87%, passando de R$ 3,435 trilhões para R$ 3,405 trilhões, devido ao resgate líquido de R$ 55,53 bilhões, compensado, em parte, pela apropriação positiva de juros, no valor de R$ 25,74 bilhões. A DPMFi fechou janeiro representando 96,52% do total da Dívida Pública Federal.

O estoque da Dívida Pública Federal Externa (DPFe), captada do mercado internacional, teve redução de 0,76% em relação a dezembro, encerrando o mês em R$ 122,85 bilhões (US$ 38,85 bilhões). Por sua vez, a DPFe atingiu a marca de 3,48% do total da DPF.

Francis Fukuyama: Ordem e Decadência Política.

ORDEM E DECADÊNCIA POLÍTICA

Da Revolução Industrial à globalização da democracia

Francis Fukuyama

Autor do já clássico O fim da história e o último homem, entre outras obras fundamentais da sociologia e da ciência política contemporânea, Francis Fukuyama retoma seu ambicioso projeto de narrar a longa trajetória das instituições políticas, das organizações tribais até o Estado moderno, em Ordem e decadência política. Após As origens da ordem política, em que cobre a história das sociedades desde a Antiguidade até as Revoluções Francesa e Americana, o autor agora se debruça sobre os acontecimentos que vão do final do século XVIII até a chamada Primavera Árabe, partindo da questão fundamental de como as sociedades desenvolvem instituições políticas fortes, e examina, entre outras coisas, as disfunções da política contemporânea norte-americana, os efeitos da corrupção nas instituições e os diferentes legados do colonialismo na América Latina, África e Ásia. Um panorama completo e ousado da luta da humanidade pela criação de um Estado moderno e eficaz.

Douglass North: Instituições, Mudança Institucional e Desempenho Econômico.


sábado, 24 de fevereiro de 2018

Netflix: Hitler's Circle of Evil.



This is the story of the rise and fall of the Third Reich told like the drama it really was: through the personal relationships of the movers and shakers of the most evil regime in history.

They were Hitler’s henchmen — the small gaggle of misfits, careerists and fanatical Nazis who had the ear of the Fuhrer. Those whose job it was to make his brutal vision a reality. Men like ex-chicken farmer and leader of the SS — Heinrich Himmler, Hitler’s adoring but mentally unhinged deputy — Rudolf Hess, fighter ace turned morphine addict — Herman Goering and sex-crazed propaganda chief — Josef Goebbels. As they scrabble for power, they will turn on each other in a murky atmosphere of intrigue, betrayal and murder.

In a regime where all power derives from just one man, they strive to out-do each other in brutality, hatred of the Jews and an unequivocal commitment to the Nazi cause.

https://www.historychannel.com.au/shows/hitlers-circle-of-evil/

Folha: Os livros mais vendidos na semana de 11/02 a 17/02/2018.

Teoria e Análise

1º (1º) História da Riqueza No Brasil - Jorge Caldeira (Estação Brasil) - R$ 45,90
2º (4º) Rápido e Devagar - Daniel Kahneman (Objetiva) - 62,90
3º (3º) Marketing 4.0 - Philip Kotler, Hermawan Kartajaya e Iwan Setiawan (Sextante) - R$ 49,90
4º (-) Scrum - Jeff Sutherland (LeYa) - R$ 34,90
5º (-) O Capital no Século 21 -  Thomas Piketty (Intrínseca) - R$ 59,90


Práticas e Pessoas

1º (-) O Poder do Hábito - Charles Duhigg (Objetiva) - R$ 49,90
2º (-) Como Usar a Internet para Alavancar suas Vendas ou Criar um Negócio Digital do Zero  - Érico Rocha (Buzz) - R$ 39,90
3º (-) O Poder da Ação - Paulo Vieira (Gente) - R$ 29,90
4º (-) Os Segredos da Mente Milionária - T. Harv Eker (Sextante) - R$ 29,90
5º (-) Por que Fazemos o que Fazemos? - Mario Sergio Cortella (Planeta) - R$ 31,90


Lista feita com amostra informada pelas livrarias Curitiba, Fnac, da Folha, Saraiva e Argumento; os preços são referências do mercado e podem variar; semana de 11/02 a 17/02; entre parênteses, a posição na semana anterior.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Fitch rebaixa nota de crédito do Brasil.

A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a nota de crédito da dívida soberana do Brasil para -BB com perspectiva estável. A nota anterior era BB com perspectiva negativa. Com o rebaixamento, o Brasil se mantém entre os países que não têm o selo de bom pagador.

Segundo a agência de classificação de risco, o rebaixamento deu-se em razão dos grandes e persistentes déficits fiscais e pelo peso da dívida do governo, que segue crescente, além de falta reformas que melhorem o desempenho estrutural das finanças públicas.

A Fitch cita ainda como fator para o rebaixamento a decisão do governo de adiar a votação da reforma da Previdência. Isso "representa um importante revés na agenda de reformas que mina a confiança de médio e longo prazo na trajetória da dívida pública e o compromisso político para abordar o problema". A agência diz, também, que os investimentos caíram para "novos mínimos".

De acordo com a Fitch, o cenário político para 2018 continua a ser um desafio e seria necessária uma forte liderança política e governabilidade para avançar nas reformas, aumentar o crescimento e reduzir as preocupações com a sustentabilidade da dívida no médio e longo prazo.

No mês passado, agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) rebaixou o Brasil para três níveis abaixo do grau de investimento com perspectiva estável.

The Economist: How Putin meddles in Western democracies - Feb 24th 2018.


https://www.economist.com/

Estadão: Sai a reforma, ficam as contas.

Congelada a reforma da Previdência, a vida prossegue, o governo tem de cuidar das contas deste ano e ainda precisa montar o Orçamento de 2019, tarefa especialmente difícil e delicada. Sem a mudança no sistema previdenciário, será preciso planejar um corte de R$ 14 bilhões nas despesas do próximo ano, disse ao Estadão/Broadcast o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. Para isso será necessária uma revisão mais detalhada e mais severa de cada grupo de gastos. O procedimento seguinte poderá envolver, além da tesourada no dispêndio, uma unificação de programas. Na melhor hipótese, o novo presidente, eleito no fim de 2018, concluirá seu primeiro ano sem violar a meta fiscal ou a regra de ouro, isto é, a proibição de endividar o Tesouro para cobrir parte do custeio. Mas terá de enfrentar os efeitos de uma dívida crescente, a expansão veloz do gasto obrigatório e, de modo especial, o peso cada vez maior das aposentadorias.

Com a redução dos juros básicos, permitida pelo amplo recuo da inflação, a dívida pública tem crescido um pouco mais devagar. De toda forma, o passivo financeiro do governo continua aumentando e a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) tende a elevar-se nos próximos anos. Embora a inflação deva continuar na meta ou pouco abaixo desse ponto, especialistas projetam para 2019 e 2020 juros mais altos que os atuais. Também isso afetará a gestão financeira do próximo governo.

O quadro poderá ficar mais complicado com qualquer novo rebaixamento do crédito brasileiro. Até agora, a má classificação do Brasil pelas agências de avaliação de risco tem produzido pouco ou nenhum efeito nos mercados. O fluxo de investimentos e financiamentos continua satisfatório. Mas o cenário tenderá a mudar, se os juros externos subirem mais velozmente. Nesse caso, a opinião das agências de classificação poderá ter mais peso nas decisões de financiadores e investidores. Com o congelamento da reforma da Previdência, representantes das classificadoras já falaram sobre o risco de novos cortes da nota brasileira.

A curto prazo, a equipe econômica tem de enfrentar duas tarefas complexas. Até junho deverá enviar ao Congresso o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), com as linhas básicas da programação financeira do próximo ano. Em seguida, deverá trabalhar na proposta do Orçamento, para entregá-la até 31 de agosto. Um dos principais desafios será montar uma blindagem contra a violação da regra de ouro. Se romper essa regra, o novo presidente poderá ser acusado de crime de responsabilidade.

Para este ano os ministros da área econômica têm dado como certos o cumprimento da regra de ouro e o da meta fiscal, assim como o respeito ao teto de gastos. A meta fiscal determina o valor de R$ 159 bilhões como limite para o déficit primário, isto é, para o saldo calculado sem a conta de juros. Podem estar certos, mas o mero respeito a esses limites ainda será um desempenho pouco satisfatório.

Afinal, a administração tem tarefas básicas e programas para executar. Mesmo para executá-los modestamente, o governo precisará de verbas previstas no Orçamento, mas ainda muito incertas. Parte do dinheiro poderá vir da reoneração da folha de pagamentos, mas o relator do projeto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), já anunciou a intenção de manter o benefício para grande número de setores. Ou seja, anunciou que, mais uma vez, o interesse particular, favorecido há anos por uma desoneração mal planejada, será sobreposto ao interesse geral.

Para operar com menor aperto o governo depende também da aprovação de outros projetos, como o da privatização da Eletrobrás. A proposta de adiamento do reajuste do funcionalismo nem está em condições de ser votada, porque seus efeitos estão suspensos pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal. Enquanto o projeto permanece encalhado, o Tesouro vai gastando. Nesse jogo, alguns ganham à custa de todos, principalmente dos mais dependentes da execução das funções públicas. Como ocorre há muito tempo, tudo se passa como se o equilíbrio do Tesouro fosse responsabilidade só do Executivo. 23.02.2018

Neste tempo de quase candidatos presidenciais, o Ibovespa atinge os 86.686 pontos!

O Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, bateu hoje, 22/02/2018, mais um recorde nominal ao encerrar o dia em 86.686 pontos, alta de 0,74% em relação ao pregão anterior.
O recorde anterior, de 86.051 pontos, foi registrado em 21 de fevereiro de 2018.


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Adolfo Sachsida na Gazeta do Povo e o Ajuste Fiscal.

“O fato de que muitos políticos de sucesso são mentirosos não é exclusivamente reflexo da classe política, é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível, somente os mentirosos podem satisfazê-las.” (Thomas Sowell)

De acordo com o Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation, em 2018, o Brasil tirou nota 7,7 no quesito “saúde fiscal”, em 100 pontos possíveis. Sim, você leu certo: o Brasil não conseguir chegar a míseros dez pontos em 100 possíveis nesse item. O Rio de Janeiro é o carro-chefe da situação fiscal brasileira, já atrasa salários e só não está insolvente graças a recursos do Tesouro Nacional. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte caminham para a mesma situação. Diversos outros estados e municípios adotam manobras fiscais duvidosas para continuarem honrando seus compromissos. Na União, a situação não é muito diferente: pesados déficits vem pressionando cada vez mais a dívida pública. A conta vai chegar em 2019.

Ajustar as contas públicas é uma necessidade. Deixemos claro um ponto: qualquer um que argumente pela não necessidade do ajuste fiscal está mentindo. O leitor pode discordar sobre como realizar o ajuste fiscal, mas de maneira honesta é impossível argumentar que as contas públicas estejam em ordem.

O debate fiscal é a discussão que precisa aparecer nas eleições desse ano, seja nas disputas por cargos no Executivo, seja nas eleições para deputados e senadores. Governadores precisam debater como farão o ajuste fiscal em seus respectivos estados; deputados e senadores precisam se posicionar sobre as medidas de ajuste que irão apoiar; e os candidatos a presidente precisam deixar claro como farão o ajuste fiscal e, por óbvio, como irão ajustar as contas da Previdência Social.

Políticos devem deixar claro se irão realizar o ajuste fiscal por meio de aumento de tributos, se irão cortar despesas (e quais despesas irão cortar), ou por qual combinação dessas alternativas pretendem ajustar o orçamento público. Precisam deixar claro se irão dar reajustes ao funcionalismo público, se irão contratar mais funcionários ou se irão tentar enxugar a folha de pagamento. Fundamental se posicionarem sobre a reforma da Previdência e sobre os programas públicos que serão mantidos ou encerrados.

Não existe mágica aqui: toda solução apresentará dor e custos. Não se trata de prometer benesses, mas sim de oferecer soluções viáveis para o problema fiscal ao menor custo social possível. E o eleitor é parte central do processo: votar em quem promete o impossível lhe dará em troca a eleição de um político mentiroso. Sejamos responsáveis: o debate fiscal honesto precisa marcar as eleições de 2018. Caso contrário, repetiremos 2014, quando uma “presidenta” que jurava não ser necessário o ajuste fiscal conduziu o país à maior crise econômica de sua história.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Brasil, um dos gigantes na corrupção 2018!

O Brasil teve uma forte piora no ranking que avalia a percepção da corrupção no mundo divulgado pela Transparência Internacional nesta quarta-feira. O país caiu 17 posições em comparação ao ano anterior e ocupa o 96° lugar na lista de 2017, que avaliou a corrupção do setor público em 180 países. Na escala que vai de zero (mais corrupto) a 100 (menos corrupto), o Brasil aparece com 37 pontos, três a menos que em 2016.

O país também se encontra na pior situação dos últimos cinco anos. Atualmente, o Brasil divide a 96ª posição com Colômbia, Indonésia, Panamá, Peru, Tailândia e Zâmbia. E fica atrás de países como Timor Leste, Sri Lanka, Burkina Faso, Ruanda e Arábia Saudita.

Desde 2014, o índice de percepção da corrupção (IPC) vem piorando no Brasil, que também deteriorou sua posição relativa a outras nações em desenvolvimento, como, por exemplo, os Brics. O país está agora à frente apenas da Rússia, que alcançou 29 pontos.

FGV: PIB 2017 cresceu 1% e atingiu o valor de R$ 6,51 trilhões.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu 1% em 2017 e atingiu o valor de R$ 6,51 trilhões, segundo o Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador, divulgado hoje (21), não é um dado oficial, já que o PIB é calculado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e será divulgado no dia 1º de março.

Segundo a FGV, o indicador cresceu depois de dois anos de retração, com resultados positivos na agropecuária (12,8%), indústria (0,1%) e no setor de serviços (0,3%). Entre os segmentos da indústria, a principal alta ficou com a extrativa mineral (4,5%). A construção teve a única queda dentro da indústria (-5%).

Entre os segmentos dos serviços, o destaque ficou com o comércio (1,8%). Também cresceram os grupos de transportes (1,1%), imobiliários (1%) e outros serviços (0,7%). Tiveram queda os serviços de informação (-1,7%), intermediação financeira (-1,6%) e administração pública (-0,6%).

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias, com alta de 1,1%, e as exportações, com avanço de 6%, foram os responsáveis pelo crescimento da economia brasileira. Os investimentos tiveram queda de 1,9% e o consumo do governo recuou 0,5%. As importações cresceram 4,9%.

Evangelist Billy Graham died at the age of 99.


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Henrique Meirelles: Agenda econômica para 2018.

Com a impossibilidade de votar a Reforma da Previdência durante a intervenção federal no Rio de Janeiro (por se tratar de Projeto de Emenda Constitucional), definimos em conjunto com os líderes do Congresso uma pauta prioritária de votações de projetos na área econômica. Listo abaixo:

1. Simplificação tributária: Reforma do PIS/COFINS

2. Autonomia do Banco Central

3. Marco legal de licitações e contratos (PL 6814)

4. Nova lei de finanças públicas (PL 295)

5. Regulamentação do teto remuneratório (PL 6726)

6. Desestatização da Eletrobras (PL 9463)

7. Reforço das Agências Reguladoras (PL 6621)

8. Depósitos voluntários do Banco Central (PL 9248)

9. Redução da desoneração da folha (PL 8456)

10. Programa de recuperação e melhoria empresarial das estatais (PL 9215)

11. Cadastro positivo (PLP 441)

12. Duplicata eletrônica (PL 9327)

13. Distrato (PLS 774)

14. Atualização da Lei Geral de Telecomunicações

15. Extinção do Fundo Soberano

A maioria dos projetos já está tramitando no Congresso e são fundamentais para que o Brasil organize as contas públicas, seja mais competitivo e produza mais e melhor. Tudo isso vai refletir no crescimento e na geração de emprego e renda.

Obviamente que a reforma da Previdência segue sendo uma prioridade dentro da nossa agenda de reformas e no momento oportuno retornarão todos os esforços para sua aprovação.

BAFTA 2018: Os vencedores no quase Oscar 2018!

Confira abaixo em negrito a lista completa de vencedores:
Melhor filme
Me Chame Pelo Seu Nome
Dunkirk
O Destino de Uma Nação
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime

Melhor diretor
Denis Villeneuve – Blade Runner 2049
Luca Guadagnino – Me Chame Pelo Seu Nome
Christopher Nolan – Dunkirk
Guillermo Del Toro – A Forma da Água
Martin McDonagh – Três Anúncios Para um Crime

Melhor atriz
Annette Bening – Film Stars Don't Die in Liverpool
Frances McDormand – Três Anúncios Para um Crime
Margot Robbie – Eu, Tonya
Sally Hawkins – A Forma da Água
Saoirse Ronan – Lady Bird: A Hora de Voar

Melhor ator
Daniel Day-Lewis – Trama Fantasma
Daniel Kaluuya – Corra!
Gary Oldman – O Destino de Uma Nação
Jamie Bell – Film Stars Don't Die in Liverpool
Timothée Chalamet – Me Chame Pelo Seu Nome

Melhor atriz coadjuvante
Allison Janney – Eu, Tonya
Kristin Scott Thomas – O Destino de Uma Nação
Laurie Metcalf – Lady Bird: A Hora de Voar
Lesley Manville – Trama Fantasma
Octavia Spencer – A Forma da Água

Melhor ator coadjuvante
Christopher Plummer – Todo o Dinheiro do Mundo
Hugh Grant – As Aventuras de Paddington 2
Sam Rockwell – Três Anúncios Para um Crime
Willem Dafoe – Projeto Flórida
Woody Harrelson – Três Anúncios Para um Crime

Melhor roteiro original
Corra!
Eu, Tonya
Lady Bird: A Hora de Voar
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime

Melhor roteiro adaptado
Me Chame Pelo Seu Nome
The Death of Stalin
Film Stars Don't Die in Liverpool
A Grande Jogada
As Aventuras de Paddington 2

Melhor filme britânico
O Destino de Uma Nação
Três Anúncios Para um Crime
The Death of Stalin
God's Own Country
Lady Macbeth
As Aventuras de Paddington 2

Estreia notável de um cineasta britânico
The Ghoul – Gareth Tunley (roteirista/diretor/produtor), Jack Healy Guttman & Tom Meeten (produtores)
I Am Not a Witch – Rungano Nyoni (roteirista/diretor), Emily Morgan (produtora)
Jawbone – Johnny Harris (escritor/produtor), Thomas Napper (diretor)
Kingdom of Us – Lucy Cohen (diretor)
Lady Macbeth – Alice Birch (roteirista), William Oldroyd (diretor), Fodhla Cronin O'Reilly (produtor)

Melhor filme em língua não-inglesa
Elle
First They Killed My Father
A Criada
Sem Amor
O Apartamento

Melhor trilha sonora original
Blade Runner 2049
O Destino de Uma Nação
Dunkirk
Trama Fantasma
A Forma da Água

Melhor documentário
City of Ghosts
I Am Not Your Negro
Ícaro
Uma Verdade Mais Inconveniente
Jane

Melhor animação
Viva – A Vida é uma Festa
Com Amor, Van Gogh
Minha Vida de Abobrinha

Melhor fotografia
Blade Runner 2049
O Destino de Uma Nação
Dunkirk
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime

Melhor edição
Em Ritmo de Fuga
Blade Runner 2049
Dunkirk
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime

Melhor design de produção
A Bela e a Fera
Blade Runner 2049
O Destino de Uma Nação
Dunkirk
A Forma da Água

Melhor figurino
A Bela e a Fera
O Destino de Uma Nação
Eu, Tonya
Trama Fantasma
A Forma da Água

Melhor penteado e maquiagem
Blade Runner 2049
O Destino de Uma Nação
Eu, Tonya
Victoria & Abdul
Extraordinário

Melhor som
Em Ritmo de Fuga
Blade Runner 2049
Dunkirk
A Forma da Água
Star Wars: Os Últimos Jedi

Melhores efeitos visuais
Blade Runner 2049
Dunkirk
A Forma da Água
Star Wars: Os Últimos Jedi
Planeta dos Macacos: A Guerra

Melhor curta de animação britânico
Have Heart
Mamoon
Poles Apart

Melhor curta britânico
Aamir
Cowboy Dave
A Drowning Man
Work
Wren Boys

Estrela em ascenção
Daniel Kaluuya
Florence Pugh
Josh O'Connor
Tessa Thompson
Timothée Chalamet

IPEA: Investimentos terminam último trimestre com alta de 1,7%.

Os investimentos terminaram o quarto trimestre em crescimento, mas o resultado acumulado do ano ainda registrou queda. É o que aponta o Indicador Ipea Mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). 

Esse indicador é composto pelos investimentos em máquinas e equipamentos, em construção civil e em outros ativos fixos e é considerado uma prévia do cálculo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A FBCF mostra se as empresas aumentaram ou não os seus bens de capital, ou seja, aqueles que servem para produzir outros bens. Por meio desse indicador, é possível saber se a capacidade de produção do país está crescendo e se os empresários estão confiantes no futuro.

Segundo os dados divulgados hoje (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a FBCF apresentou crescimento de 4,2% em dezembro em relação a novembro de 2017, na série com ajuste sazonal. Com esse resultado, o indicador de investimentos encerrou o quarto trimestre com alta de 1,7% sobre o trimestre anterior, também ajustado sazonalmente. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a FBCF atingiu patamar 2,4% superior ao verificado em dezembro de 2016. Já na comparação do quarto trimestre de 2017 com o mesmo período do ano anterior, o investimento registrou expansão de 3,3%. No resultado acumulado no ano de 2017, foi registrada queda de 2%.

Para o Ipea, o avanço da FBCF entre os meses de novembro e dezembro refletiu o “bom desempenho de todos os seus componentes”. “Após duas quedas consecutivas, o consumo aparente de máquinas e equipamentos (Came) – cuja estimativa corresponde à sua produção industrial doméstica líquida das exportações e acrescida das importações –, apresentou alta de 4,2% no último mês do ano. Entre os componentes do Came, enquanto a produção doméstica de bens de capital líquida de exportações cresceu 4,5%, o volume de importações registrou avanço de 5,6%, ainda na comparação dessazonalizada”, diz o Ipea.

O Ipea informa que o indicador de construção civil registrou o terceiro avanço consecutivo, com alta de 2% frente ao mês de novembro, na série livre de efeitos sazonais. O terceiro componente da FBCF, classificado como outros ativos fixos, contribuiu positivamente para o desempenho dos investimentos, registrando crescimento de 2% em dezembro.

Na comparação entre dezembro deste ano e o mesmo período de 2016, o Came registrou alta de 9,9% em dezembro, enquanto a construção civil avançou 0,5%. O componente outros ativos recuou 3,7%.

No Estadão: Affonso Celso Pastore e "O que está à nossa frente?"

O governo Temer se iniciou anunciando a construção de uma ponte para o futuro. Seu objetivo era a criação de condições para a retomada do crescimento sustentado.

Crescem mais os países que mais investem e que elevam a produtividade, mas por que alguns têm sucesso e outros fracassam? Usando a história econômica e a distinção entre instituições extrativistas e inclusivas, Acemoglu e Johnson (Why Nations Fail) mostram evidências de que os sucessos de desenvolvimento sustentado somente ocorrem quando as instituições políticas e econômicas são inclusivas, isto é, voltadas para os interesses da maioria da população, e fracassam quando permitem que minorias “extraiam” permanentemente recursos em benefício de partidos e amigos que apoiam o governo.

O Brasil não chegou ao extremo extrativista que inviabilizou o crescimento de muitos países, mas a política econômica desde o segundo mandato de Lula, e os resultados das apurações da Lava Jato mostram que enveredávamos por esse caminho. Dois exemplos são: o direcionamento de investimentos com retornos sociais duvidosos a empresas como a Odebrecht; e o crédito abundante aos “campeões nacionais”, como a JBS, ambos fornecendo propinas para abastecer partidos da base aliada.

Para voltar a crescer era preciso retornar à ética na política e basear as decisões no princípio que todos são iguais perante a lei; preservando o direito de propriedade; garantindo a execução rápida da justiça, e dando ao setor privado os incentivos corretos, que na definição de Zingales (Capitalism for the People) levam a políticas “pró-mercado” e não “pró-negócios”. Uma redução de impostos estimulando todo e qualquer investimento é um exemplo de política “pró-mercado”. Já a desoneração da folha para setores escolhidos arbitrariamente; ou a redução do IPI no Inovar-Auto; ou a decisão de construir aRrefinaria Abreu e Lima, caracterizam políticas “pró-negócios”, que elevam os lucros dos beneficiados, mas não a produtividade e o crescimento econômico.

O Brasil progrediu nesse campo. Um exemplo é o disciplinamento do BNDES abandonando a concessão de créditos com subsídios implícitos não justificáveis pela divergência entre retornos sociais e privados. O outro é a melhoria na governança da Petrobrás, que deixou de ser uma “supridora indireta” de recursos que abasteciam os cofres de alguns partidos, e readquiriu o poder de repassar ao mercado as variações nos preços internacionais do petróleo, defendendo sua capacidade de investir na busca de petróleo.

Progredimos, também, com a reforma que corrigiu a rigidez no mercado de trabalho. Mais do que tudo, progredimos na execução da política monetária, e se hoje temos a expectativa de um crescimento do PIB de 3% em 2018, devemos isso ao Banco Central. Porém, a médio prazo a tarefa do Banco Central será impossível caso não se consiga progredir na reforma fiscal. O congelamento dos gastos primários em termos reais foi apenas um sinal, indicando o rumo, cujo cumprimento requer que sejam aprovadas reformas – nos campos dos tributos e das despesas primárias - a mais importante das quais é a da previdência.

Estivemos próximos de aprová-la, mas os acontecimentos de maio de 2017 começaram a fechar a janela de oportunidade, que praticamente acabou de se fechar com a intervenção no Rio de Janeiro. Não tenho nenhuma simpatia pela teoria de que uma conspiração de corporações contrárias à reforma da Previdência deliberadamente forjou a denuncia que enfraqueceu o presidente. Na minha interpretação Temer é muito mais um ator responsável pelos acontecimentos do que uma vítima das circunstâncias. Seu fracasso veio da contradição entre uma atitude “inclusiva” no campo das reformas na economia, com a manutenção de um comportamento próximo do “extrativismo” no campo da política. Como, a 10 meses de uma eleição, poderia ser aprovada uma reforma altamente impopular proposta por um governo igualmente impopular?

Precisamos acentuar o compromisso com o fortalecimento de instituições que estimulem o crescimento e a redução das desigualdades de renda e riqueza. Para isso precisamos de um governo apoiado por uma coalizão comprometida com as reformas e com a ética.

* EX-PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL E SÓCIO DA A.C. PASTORE & ASSOCIADOS

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Bacen: Estimativa do PIB 2018 em 2,80%.

O mercado financeiro reduziu a projeção de inflação e aumentou a expectativa de crescimento da economia para este ano, de acordo com o boletim Focus, divulgado hoje (19) pelo Banco Central, em Brasília.

A expectativa do mercado é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - a inflação oficial do país - fique em 3,81% em 2018, uma redução em relação aos 3,84% projetados na semana passada.

A estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, deste ano aumentou, passando de 2,70% da semana passada  para 2,80%.

A expectativa do mercado para o crescimento da economia segue, no entanto, menor que a estimativa do governo, que estima um PIB de 3% para 2018.

Para 2019, no entanto, as projeções foram mantidas em relação à última publicação. Para o mercado, a expectativa é que o PIB do ano que vem seja de 3%. A expectativa para a inflação foi mantida em 4,25%.

O Boletim Focus é lançado no início da semana com a média das expectativas de bancos, instituições financeiras, consultorias e empresas sobre os principais indicadores relacionados à economia brasileira, como os diversos índices de inflação, o Produto Interno Bruto, a taxa de câmbio e a taxa de juros básica da economia, a Selic.

Edição: Kleber Sampaio

Bacen: IBC-Br registra crescimento de 1,04% em 2017.

O nível de atividade econômica no país registrou crescimento de 1,04% em 2017, em comparação com 2016, segundo o  Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado hoje (19) pelo Banco Central (BC).

O indicador foi criado pelo BC para tentar antecipar, por aproximação, a evolução da atividade econômica. Mas o indicador oficial é o Produto Interno Bruto (PIB), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que será divulgado em março.

O valor aproxima-se da projeção do governo para 2017, divulgada em dezembro do ano passado, de 1,1%. A expectativa do mercado financeiro, de acordo com o boletim Focus, do BC, é de 1%.

Em dezembro, o nível de atividade econômica no país continuou a registrar crescimento, de 1,41% em relação a novembro. Esse foi o quarto mês seguido de alta do indicador. O crescimento mensal refere-se ao IBC-Br dessazonalizado, ou seja, ajustado para o período.

O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira e ajuda o Banco Central a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O índice inclui informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos.

Edição: Graça Adjuto

Bacen: Focus 16/02/2018.


A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...