O colega economista e blogueiro Mansueto Almeida não está para brincadeira. Em longa entrevista ao BRASIL ECONÔMICO ele é um duro crítico da atual política econômica. Abaixo uma prévia do que ele afirma.
O senhor comunga da ideia
de que o governo abandonou o tripé macroeconômico de câmbio flutuante, meta de
inflação e superávit primário?
Não diria que abandonou,
mas tenho convicção de que a gestão do tripé macroeconômico piorou bastante,
especialmente na questão fiscal e nas metas de inflação. Nos últimos cinco
anos, com exceção de 2009, a inflação vem ficando próxima a 6% ao ano. Antes,
quando a inflação esperada para o ano seguinte se distanciava da meta, o Banco
Central (BC) tomava medidas para aproximar a taxa para o centro.
Nos últimos anos, isso não
ocorreu. Ninguém acreditava que o BC iria tomar as medidas necessárias para
trazer a inflação para o centro da meta. E quando isso ocorre num mercado de
trabalho aquecido, você causa um problema, porque as pessoas vão demandar
reajustes salariais baseados não no centro da meta, mas numa taxa de 6%. O
custo disso é muito alto.
O último dado de inflação
(variação do IPCA em apenas 0,03% em julho), que é muito bom, eu diria que é um
ponto fora da curva. Os preços livres nos últimos meses estão rodando a 8% ao
ano. O que trouxe a inflação para baixo foi o preço administrado. Combustível,
tarifa de transporte urbano. São coisas que conseguem segurar por algum tempo,
mas não por muito tempo.
A última vez que teve
aumento de tarifa de transportes em São Paulo foi em 2011. Ano passado não
teve, este ano não teve, próximo ano é eleitoral, provavelmente não terá. Mas
em algum momento vai ter que reajustar, ou vai causar um prejuízo brutal para o
setor privado. Você tem hoje um fato novo que é a desvalorização do real. E
isso também contribui para aumentar um pouco a inflação.
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