Leio na FOLHA de S. PAULO, o otimismo de Delfim Netto, embora não acredite em tudo que o mestre escreveu.
Na
última semana, alguma coisa se moveu. No campo político, assistimos à redução
de dois estresses institucionais que devem trabalhar na direção de diminuir a
angústia depressiva que se apropriou da sociedade.
Primeiro,
a presidente tomou a iniciativa do diálogo e diminuiu a tensão entre o
Executivo e o Legislativo, que ameaçava tornar-se um cabo de guerra na
apreciação de cada projeto e de seus vetos. Segundo, o Supremo Tribunal Federal
reconheceu que pode eventualmente condenar membros do Legislativo, mas que a
cassação do mandato obtido na urna deve ser feita pelo Congresso.
Dois
movimentos no sentido do mútuo respeito à independência harmônica dos Poderes
da República e, portanto, no sentido da consolidação institucional.
No
campo econômico externo algumas notícias como a aceleração das exportações
chinesas e coreanas, e o aumento dos indicadores de compras industriais nos EUA
e Europa, parecem dar alento a uma recuperação ainda que lenta da produção. No
interno, tem havido uma mudança no comportamento do governo em relação à
cooptação do setor privado para competir nas obras de infraestrutura cuja
eficácia será testada nos próximos leilões de concessões de rodovias,
ferrovias, portos e energia.
Talvez
nada indique melhor a confusão que está levando os agentes econômicos a cultivarem
um desânimo devastador do que a sua reação à situação externa mencionada acima.
Em resposta ao que pode ser um movimento pontual aleatório das exportações
chinesas, a Bovespa subiu 3,12%. Até a ação da OGX-ON subiu 9,25% (infelizmente
para R$ 0,50!).
Isso
revela que boa parte do pessimismo é, seguramente, exagerado. É claro que nossa
situação não é confortável: crescimento medíocre por falta de investimento
público e dificuldade de cooptar o do setor privado; taxa de inflação no teto
superior da "meta" e um déficit em conta corrente de mais de 75
bilhões de dólares. Mas deve ser claro, também, que não há qualquer ameaça à
estabilidade de nossa economia.
Recentes
mudanças na política econômica: 1º) a melhoria da interlocução do governo e o
reconhecimento de que ele deve melhorar a qualidade dos leilões nas concessões;
2º) o reconhecimento de que não há mais espaço para a política fiscal e que
empréstimo interno do Tesouro não é recurso, a não ser quando financiado com
superavit fiscal; 3º) a nova disposição do Banco Central de buscar a
"meta" da inflação num prazo adequado, mas não indefinidamente
prorrogável e 4º) Tudo isso e mais a flutuação da taxa de câmbio, que deverá
aliviar a indústria, sugerem que estamos nos preparando para melhorar.
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