Para o Brasil, o FMI projeta recuo da economia de 5,3% em 2020 e recuperação medíocre de 1,3% em 2021. O crescimento de 2021 parece muito baixo, mas o número de 2020 é bem próximo do cenário do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), de recuo de 5,4%. E tudo indica que a atividade no segundo trimestre deste ano recuará 10% ante o mesmo período de 2019.
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domingo, 10 de maio de 2020
Folha: Samuel Pessôa e o "Cenário para 2020 e 2021".
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/samuelpessoa/2020/05/cenario-para-2020-e-2021.shtml
domingo, 22 de março de 2020
Samuel Pessôa: Estamos em uma economia de guerra!
Para evitar que a mortalidade com a Covid-19 seja muito elevada, a sociedade decidiu cortar a produção. Ficaremos em casa reduzindo a velocidade de difusão do vírus para não sobrecarregar o sistema de saúde. Não temos a menor ideia de como enfrentar uma crise dessa natureza.
A perda de produto será grande. Suponha uma economia que cresça 2% ao ano. Suponha que nos próximos três meses se trabalhe metade do tempo. Se, nos três trimestres seguintes, a economia voltar ao normal e se, adicionalmente, por meio de horas extras, metade da perda do trimestre for devolvida nos trimestres seguintes, a queda da economia será de 8,5%.
quarta-feira, 17 de abril de 2019
O valor das ideias: Debate em tempos turbulentos - Marcos Lisboa e Samuel Pessôa.
Neste elogio ao debate civilizado em tempos de comunicação truculenta, Marcos Lisboa e Samuel Pessôa discutem as principais questões de nossa agenda política e econômica com outros intelectuais brasileiros. Os economistas Marcos Lisboa, presidente do Insper e ex-secretário de política econômica do governo Lula, e Samuel Pessôa, professor da FGV, estabeleceram um prolífico diálogo com outros intelectuais na imprensa brasileira, tratando de temas incontornáveis de nossa agenda política e econômica. Este livro reconstitui quatro dessas conversas e oferece ao leitor uma discussão plural e de alto nível sobre os rumos da esquerda, o balanço dos mandatos PT e PSDB, a crise da democracia e as controvérsias das escolas econômicas que regeram os últimos governos. Muito mais do que esmiuçar as diferenças entre direita versus esquerda ou desenvolvimentismo versus liberalismo econômico, esta coletânea é um exemplo singular de debate respeitoso em tempos de polarização. Com textos de Ruy Fausto, Fernando Haddad, Marcelo Coelho, Celso Rocha de Barros, Helio Gurovitz, Luiz Fernando de Paula, Elias M. Khalil Jabbour, José Luis Oreiro, Paulo Gala, Pedro Paulo Zahluth Bastos e Luiz Gonzaga Belluzzo. “Este livro é um sonho de consumo intelectual. O que mais falta no universo acadêmico brasileiro é debate sério. Ou seja, entre pessoas qualificadas, com argumentos bons, divergindo, mas se respeitando. Pois é o que temos aqui.” ― Renato Janine Ribeiro
sexta-feira, 5 de abril de 2019
quarta-feira, 3 de abril de 2019
A ambiguidade de André Lara Resende: Samuel Pessoa - FSP 31/03
André Lara Resende tem provocado ruidoso debate ao afirmar que equilíbrio fiscal não tem importância e que o BC pode colocar o juro onde deseja.
Fui ler o texto original, “Consenso e contrassenso: déficit, dívida e Previdência”, e não foi o que lá encontrei.
Entendo que André está correto quando afirma que um Estado que emite dívida em sua própria moeda não enfrenta restrição financeira, mas somente a restrição de recursos da sociedade. Keynes nos ensinou esse fato há 80 anos.
No modelo tradicional, a taxa de juros é o regulador da demanda agregada. O BC a fixa para manter inflação na meta. A política fiscal é determinada para garantir a solvência da dívida pública.
André propõe inverter. Manter a taxa de juros baixa —de preferência abaixo da taxa de crescimento da economia— e empregar a política fiscal para regular a demanda agregada.
No modelo tradicional, um parâmetro importante é a taxa real neutra de juros, aquela que mantém o mercado de trabalho a pleno emprego, e a inflação, estável e na meta.
Ao direcionar a política fiscal para o controle da demanda agregada e fixar os juros baixos para não gerar uma dinâmica explosiva na dívida pública, André está nos dizendo que a taxa neutra não é independente da política fiscal, como estabelece há décadas a teoria convencional.
Há anos tenho escrito que um dos motivos que explicam o fato de a taxa neutra de juros ser muito elevada no Brasil é o gasto primário da União crescer sistematicamente além da expansão da economia.
Entre 2008 e 2014, essa pressão sobre a taxa neutra de juros foi agravada pelo BNDES.
Até alguns anos atrás, as melhores estimativas de taxa neutra de juros no Brasil situavam-na em 6% ao ano.
A contenção do crescimento do gasto real da União desde 2015 e a redução das operações com BNDES já reduziram a taxa neutra. Hoje ela situa-se em torno de 3%.
André está certo e faz parte do saber convencional que diferentes regimes fiscais produzirão diferentes taxas neutras de juros.
Por hipótese, como funcionaria a política econômica se André fosse simultaneamente ministro da Fazenda e presidente do BC, no melhor período que tivemos, os anos Lula, quando crescemos 4% em termos reais? Ele fixaria a taxa de juros real abaixo de 4% e faria a política fiscal compatível com essa política monetária e inflação na meta.
Como aqueles foram anos de pressão inflacionária permanente, mesmo com juros reais praticados superiores a 6%, a política fiscal teria de ter sido mais apertada do que foi. Teria sido necessário aprovarmos uma reforma da Previdência e promovermos o ajuste fiscal estrutural desejado
por muitos em 2005.
O texto de André tem um problema retórico. Para tornar sua proposta mais palatável, não enfatiza as implicações fiscais de sua sugestão de alteração do regime de política econômica.
Ele tem ainda um problema histórico. O regime de André era o desejado, por exemplo, por Keynes, que defendeu contração fiscal para enfrentar o excesso de demanda no Reino Unido em 1937.
A experiência do pós-guerra nos ensinou que a política fiscal é muito lenta, pois depende essencialmente do tempo da política, enquanto a política monetária tem a agilidade necessária para manter a inflação controlada.
Com relação à proposta mais polêmica de André, manter os juros reais bem baixos, é sempre possível. Basta convencer o Congresso a produzir a política fiscal compatível com esse juro real baixo e inflação estável.
André fez muito barulho por nada.
domingo, 4 de junho de 2017
Samuel Pessôa hoje na Folha: Uma aula sobre a previdência, especialmente para quem pensa em 2018!!!
Meu interlocutor argumentou que os benefícios previdenciários no
Brasil são baixos. Que é muito difícil viver com dois salários mínimos.
Respondi que a renda per capita do país é baixa e por isso o
benefício médio da aposentadoria é baixo. No entanto, nosso salário mínimo já
corresponde a 70% do salário mediano do país.
Meu interlocutor respondeu-me que o Brasil não era um país pobre;
era a décima economia do mundo.
Respondi que, para esse tema, é errado olhar o tamanho absoluto da
economia –somos a décima economia porque nossa população é grande. Temos de
olhar a nossa renda per capita. Nesse critério, estamos entre a 60ª e a 70ª
posição. Estranho ter que fazer esse argumento para um economista formado.
Em seguida, argumentei que gastamos com Previdência –incluindo
aposentadorias e pensões, setor privado e público, população urbana e rural e o
benefício de prestação continuada– 14% do PIB (Produto Interno Bruto), despesa
três vezes maior do que a de economias com a mesma demografia do que a nossa.
Adicionalmente, a conta da Previdência responde por 55% do gasto primário da
União, de um Estado com uma das maiores cargas tributárias entre os emergentes.
Meu interlocutor respondeu-me que ninguém olha a conta de juros e
que essa conta é muito maior do que a previdenciária.
Argumentei que a conta de juros é salgada pois os juros reais são
muito elevados no Brasil. O principal motivo de os juros reais serem elevados
no Brasil é que nossa taxa de poupança é ridiculamente baixa, e taxa de
poupança baixa é a contrapartida de um Estado que gasta muito com Previdência.
Adicionalmente, os juros pagos pelo Tesouro Nacional aos
detentores de títulos da dívida pública –os poupadores ou os rentistas, tanto
faz– são muito menores do que algumas contas sugerem. Vários erros são cometidos.
O primeiro é considerar que a amortização da dívida pública
constitui um gasto público. Suponha que um inquilino tenha de deixar o
apartamento em que vive, pois ele foi requisitado pelo senhorio. Entrega o
imóvel e aluga outro. Ninguém em sã consciência considera que ao entregar o
imóvel a pessoa gastou o valor do imóvel. O imóvel nunca lhe pertenceu.
Analogamente, amortização da dívida pública é a devolução de um recurso que
nunca pertenceu ao Tesouro. Não constitui uma conta do gasto público.
Outro erro comum é considerar que a correção monetária da dívida
pública corresponde a um item do gasto público. A correção monetária não é
renda para o poupador (ou rentista, tanto faz), pois somente repõe a perda de
valor da poupança pelo aumento dos preços; logo não é gasto para quem paga.
A conta de juros reais pagos sobe ou desce de acordo com a
política monetária. Ao longo do tempo, é de aproximadamente 3% a 4% do PIB. A
conta é salgada, mas bem menos do que se pensa.
Meu interlocutor afirma que o baixo crescimento da produtividade
no Brasil precisa ser enfrentado como os asiáticos fizeram: estímulo à
indústria.
Não nota que no leste asiático os juros são baixos. Juros baixos
favorecem a indústria e o investimento em infraestrutura física, ambos intensivos
em capital. O crescimento será bem maior.
Os juros são baixos pois lá a poupança é elevada. Esta, por sua
vez, é elevada pois a Previdência é considerada um tema privado. O Estado pouco
gasta com Previdência, e a carga tributária é baixa.
O círculo se fechou.
domingo, 21 de maio de 2017
Samuel Pêssoa: O choque político piora a recuperação.
“O Brasil é um País complicado. Quando parecia que as coisas
estavam minimamente se acertando, que a gente ia arrumar um monte de coisas,
acontece isso. Eu queria que o governo Temer fosse até o final e que a gente
tivesse, na sequência, uma eleição tranquila. Fiquei triste com tudo.
Daqui para frente, no
aspecto político, a gente vai ter de ver qual pessoa o Congresso vai escolher.
Precisa ser alguém que tenha alguma sobrevivência no ambiente do Congresso –
que está na penúria – e não seja indigesto para a sociedade. Senão, nós vamos
ter gente na rua indisposta a engolir o cara. Temer vai ter de renunciar. Se
ele se agarrar ao cargo, vai ser mesquinhez. Vai afundar o País. Dadas as
circunstâncias em que tudo ocorreu, talvez também seja difícil manter o
Meirelles (Henrique Meirelles, atual ministro da Fazenda, foi presidente do
conselho de administração da holding J&F, controladora da JBS, dos irmãos
Batista).
O choque político piora a recuperação da
economia. Nisso não há a menor dúvida. As reformas pararam. Não consigo ver de
onde virá ambiente político para votá-las no meio da indefinição. Alguma coisa
vai ser possível tocar depois de cumprido o rito da eleição indireta, de a
gente ver quem foi eleito e qual é a agenda dele.
Na economia, a tendência da atividade é para baixo e o câmbio,
para cima. A resultante disso sobre a inflação ainda é uma incógnita. Em 2008,
tivemos inflação para baixo. Mas, lá atrás, a crise era internacional e agora
ela é só nossa. Por outro lado, estamos numa recessão muito mais profunda. Não
consigo saber se o processo é inflacionário ou desinflacionário. E é isso que
vai definir a velocidade de queda da taxa de juros pelo Banco Central.”
domingo, 15 de maio de 2016
Samuel Pessôa: "Estrutural horrível, o ciclo ajuda".
Domingo é o dia dos jornais, das revistas semanais e de muita coisa boa para ler. Como regra, o economista Samuel Pessôa, na FOLHA DE S. PAULO, é leitura obrigatória pelo texto inteligente e competente ao explicar o momento econômico, conforme bem exposto abaixo para uma leitura bem atenta. Sua análise dos meses que virão reflete o resultado das opções políticas que fizermos agora e, com otimismo, alguma luz haverá de surgir ao final deste túnel. Oremos.
O momento atual pode ser caracterizado pela expressão "estrutural horrível, o ciclo ajuda".
A situação estrutural da economia é horrível, pois estamos em plena crise fiscal estrutural e a solução requererá repensar todo o desenho de nosso Estado. A lista de medidas que precisam ser adotadas é longa e interferirá na vida de quase todos.
No entanto, o ciclo ajuda. O elevadíssimo custo social, na forma de desemprego e perda de produto, que a sociedade já pagou até o momento, sugere que nos próximos trimestres o ciclo econômico será favorável: a inflação vai cair, a taxa Selic deve iniciar um ciclo de baixa na virada de 2016 para 2017 e a economia deve voltar a crescer no segundo semestre do ano que vem.
Todo esse cenário otimista tem uma condicionante: o mercado não pode ficar melindrado com a dívida pública testando limites de 75% a 80% do PIB até 2018.
Se o mercado não aceitar a piora do endividamento público, em algum momento à frente o risco e o câmbio serão pressionados e, com eles, as expectativas de inflação. A piora do cenário inflacionário abortaria o ciclo de baixa de Selic, e o espaço para recuperação da economia encolheria.
Essa última possibilidade me parece ser o cenário mais provável. Nele, o governo Temer reproduzirá a trajetória observada na passagem de Joaquim Levy pelo Ministério da Fazenda, iniciada com uma lua de mel.
Conforme se evidenciam os sinais de dificuldades de aprovação de medidas que encaminhem nosso problema fiscal estrutural, os mercados voltam a olhar a evolução do endividamento público. Em algum momento eleva-se a percepção de risco de rolagem da dívida pública. Nessa hora, o câmbio desvaloriza-se e o ajuste cíclico vai para as calendas.
No cenário otimista, Temer consegue aprovar duas ou três medidas importantes, que sinalizam enfrentamento do problema fiscal e que em alguns anos a dívida pública estabilizar-se-á como proporção do PIB. A perspectiva de estabilização da dívida pública mantém o câmbio no patamar atual, e o ciclo, que é favorável, segue seu curso normal: a inflação cai, inicia-se ciclo de queda de Selic e a atividade recupera-se. A economia poderia crescer forte em 2018.
O júri será dado pela política. Ela determinará o espaço que há para aprovações de medidas difíceis, mas necessárias, para encaminhar o problema fiscal estrutural.
Há, portanto, dois cenários políticos. O cenário pessimista lembra que Temer não foi eleito. Não houve um processo de discussão franco e aberto pela sociedade de nossos problemas fiscais. Não há, portanto, delegação para Temer e o Congresso aprovarem medidas duras, mas necessárias. Quando ficar clara essa incapacidade, o risco-país subirá e, com ele, o câmbio e os juros.
O cenário político otimista assevera que os políticos que votaram favoravelmente ao impeachment da presidente Dilma Rousseff vincularam seu futuro político ao sucesso do governo Temer. Particularmente, um retorno de Lula em 2018 seria muito ruim para eles.
Esses políticos olham o futuro. Se forem convencidos por Temer de que a aprovação de medidas difíceis é necessária para a economia estar bem em 2018, eles as aprovarão. O custo político agora será mais do que recompensado pela elevação da popularidade de um governo Temer, se a economia e o emprego estiverem bem melhores em 2018 do que estão agora.
Façam suas apostas.
domingo, 3 de abril de 2016
Samuel Pessôa no Estadão: situação catastrófica no Brasil.
O Economista Samuel Pessôa no ESTADÃO, alerta que "para sairmos da crise, todos terão que perder".
Trecho de uma de suas respostas:
É assim: já estamos dentro de uma catástrofe. O PIB (Produto Interno Bruto) caiu 3,8% no ano passado. Na nossa conta no Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), que é uma das mais otimistas, vai cair 3,4% neste ano e 0,4% no ano seguinte. Ou seja, em 4 anos, a gente vai ter um perda de PIB per capita de 10%. Se isso não é uma catástrofe, eu não sei o que é. Perda de 10% de PIB per capita é motivo para ir à guerra. A taxa de desemprego vai atingir 12,5% no fim do ano. Na Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), 12,5% é mais do que na PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que só cobre regiões metropolitanas. Dos anos 1980 ao início dos anos 2000, medíamos o desemprego nas regiões metropolitanas. Na época em que tínhamos desemprego de 12% nas regiões metropolitanas, com a PME, o desemprego no País era 9%. Se pegar a Pnad anual em 2002 e comparar com a PME da época, vai ver essa diferença.
O sr. está dizendo que vamos viver um desemprego recorde?
Estamos caminhando para isso. Se chegar a 12% na Pnad Contínua, que é todo território nacional, será um desemprego nunca visto na história.
domingo, 26 de abril de 2015
Por que não somos japoneses.
Uma aula de Economia hoje na Folha de S. Paulo com o Professor Samuel Pessoa.
Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", na quinta-feira
passada, a professora da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da
Universidade de São Paulo) Leda Paulani, decepcionada com a alteração do regime
de política econômica no segundo mandato da presidente Dilma, fez a seguinte
pergunta:
"Qual é o problema de um país como o Brasil, pobre ainda, tendo de
se construir como nação, fazer um deficit público de 6,7% do PIB? Por que o
Japão pode ter 9% de deficit nominal e ninguém acha que o Japão está quebrado,
acabado, destruído, descontrolado, sem condição?".
A resposta à pergunta da professora é que a inflação no Japão é próxima
de zero, e a taxa de juros, também. Juros e inflação baixíssimos sugerem que há
carência de demanda agregada. Nosso caso é exatamente o oposto. Temos inflação
elevadíssima, que deve fechar 2015 na casa de 8,5% ao ano, apesar de os juros
reais serem altíssimos. Ou seja, temos excesso de demanda agregada.
Se perguntarmos por que há carência de demanda agregada por lá e excesso
por aqui, chegaremos à taxa de poupança. A taxa de poupança no Japão será em
2015, segundo a mais recente avaliação do FMI, de 23% do PIB. Para o Brasil,
segundo a mesma fonte, o número será de 15%.
A diferença de oito pontos percentuais entre o Japão e o Brasil é enorme!
O motivo é que o Japão tem uma população muito envelhecida e taxa de
crescimento populacional negativa. É natural que a taxa de poupança seja
relativamente baixa para economias com relativamente muitos idosos.
O Brasil, ao contrário, do ponto de vista demográfico, encontra-se no
período em que a taxa de poupança deveria ser máxima. Assim, a taxa de 15% do
PIB hoje é ridícula comparada à de 20% que tínhamos nos anos 1970, quando a
proporção de crianças era muito maior.
Também é ridícula se compararmos com mais de 30% de taxa de poupança
que o Japão apresentava quando estava sendo construído e com os 23% que o
envelhecido país tem hoje.
Para entendermos a carência de demanda agregada no Japão e o excesso de
demanda agregada no Brasil, temos que olhar não somente a elevada poupança lá e
a baixa cá mas também o investimento --que, relativamente à poupança doméstica,
é baixo lá e elevado aqui. A taxa de investimento no Japão será em 2015,
segundo o FMI, de 21% do PIB, abaixo da taxa de poupança de 23%. Para o Brasil,
o investimento será, segundo a mesma fonte, de 19%, bem acima da poupança, de
15%.
Lá temos elevada poupança, investimento baixo, apesar de superior ao
brasileiro, juros baixos e inflação baixa. Aqui temos poupança baixa, investimento
(relativamente) elevado, juros elevados e inflação alta. A produtividade do
trabalho lá é quatro vezes a nossa, e a posição líquida internacional de
investimento do Japão é credora. Fica evidente o porquê de eles poderem ter
deficit de 6,7% do PIB lá e nós não podermos aqui!
Nos seis anos que vão de 2009 até 2014, tentou-se baixar os juros na
marra e aceitar um "pouquinho" mais de inflação, além de inúmeras
outras medidas. O receituário defendido pela professora na entrevista, a nova
matriz econômica, foi adotado por seis longos anos.
Alguns analistas, entre os quais me incluo, atribuem os desequilíbrios de
nossa economia e o desempenho ruim no período 2008-2014 relativamente aos
demais países da América Latina à nova matriz econômica. Outros, entre os quais
a professora, pensam que a responsabilidade é da crise internacional. Debate em
aberto na academia.
A entrevista da professora sugere que a alteração do regime de política
econômica foi forçada pelo terrorismo do mercado. Longe disso. O tempo da
política não espera os acadêmicos pacificarem suas divergências. Os políticos
petistas, liderados por Lula, forçaram a alteração da política econômica.
Entenderam que a nova matriz econômica deu com os burros n'água e estão
tentando salvar 2018.
Na democracia, os políticos têm a penúltima palavra, a última fica com os
eleitores. A professora precisa se perguntar por que os economistas ditos de
esquerda perderam o debate após seis anos de experimentalismo. A teoria
conspiratória do "terrorismo do mercado" não cola.
domingo, 12 de outubro de 2014
Bruna Marquezine e a retórica petista.
Reconheço que o
domingo de hoje é um dia com muitas festas, no entanto este blog procura,
sempre que possível, manter-se atualizado com o mundo da economia e, isso
posto, não poderia deixar de publicar o excelente artigo do colega SAMUEL
PESSÔA, formado em física e doutor em economia pela
USP, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV e que escreveu esta
coluna na Folha de S. Paulo de hoje.
Com o início da campanha do segundo turno na
quinta-feira, o programa eleitoral da presidente Dilma Rousseff apresentou
diversas manchetes de jornais com vários dados referentes à década de 90 e outros
referentes à década de 2000. Há nesta estratégia uma série de truques de
retórica.
Ao primeiro chamaremos de "efeito Bruna
Marquezine". Circula na internet um divertido meme com a foto da criança
Bruna nos anos FHC, e outra, da bela mulher em que se transformou, nos anos
Lula. A brincadeira é que a retórica petista sugere que a transformação é
consequência das políticas dos governos petistas.
Inúmeras melhoras ocorridas na sociedade
brasileira nos últimos 30 anos são avanços vegetativos associados à evolução
natural da sociedade. Boa parcela da queda da desigualdade na última década
segue da melhora educacional --que tem ocorrido desde os anos 40, com forte
aceleração em seguida à redemocratização-- em associação ao fim de nossa
transição demográfica. Pela primeira vez somos uma sociedade com escassez de
trabalho. Nada disto deve-se ao PT no governo.
A propaganda petista gosta de apresentar
números impressionantes que fulguram ante cifras bem menores da era FHC. Em
muitos casos essas comparações representam a evolução natural de programas e
realizações a partir de largadas necessariamente modestas na fase que se seguiu
ao fim do caos hiperinflacionário. Foi um período no qual o país teve de
concentrar recursos escassos e energia política nas penosas reformas
estruturantes, que foram a base para os avanços posteriores e contra as quais o
PT lutou com todas as forças.
O segundo truque retórico é a
descontextualização da informação. Por exemplo, a dívida pública no governo FHC
cresceu. O que não se fala é que mais da metade do crescimento da dívida
pública no período resultou da assunção de dívidas passadas que não estavam
contabilizadas. Este fato está bem documentado no texto para a discussão de
janeiro de 2004 do Ipea "Os Passivos Contingentes e a Dívida Pública no
Brasil: Evolução Recente (1996-2003) e Perspectivas (2004-2006)".
Por exemplo, afirmar que a inflação foi mais
elevada com FHC do que com o PT é não reconhecer que antes de FHC havia
hiperinflação e que a sociedade melhorou: 7% ao ano no período FHC é conquista;
7% hoje é derrota.
O terceiro truque retórico, que remete ao gênio
da comunicação nazista Joseph Goebbels, é repetir uma mentira até que seja
verdadeira. Por exemplo, repetir que FHC quebrou o país três vezes quando
naquele período nunca quebramos. Monica de Bolle na seção "Tendências e
Debates" da Folha de sexta-feira (10) elucida a questão.
O quarto truque retórico é escolher
estatísticas e bases de comparação de forma oportunista. Este é o caso quando
se afirma que o desempregou caiu 7,6 pontos percentuais, dos 13,0% de 2003 para
os 5,4% de 2013. Esta informação de desemprego refere-se à Pesquisa Mensal de
Emprego do IBGE. Abrange somente seis regiões metropolitanas. A taxa de
desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do
IBGE, que abrange todo o território nacional, apresenta redução de 3,2 pontos
percentuais, de 9,7% em 2003 para 6,5% em 2013.
Se tomarmos como base de comparação 2002,
último ano de FHC, o desemprego caiu 2,6 pontos percentuais, de 9,1% para 6,5%.
Queda bem menos brilhante se considerarmos a dinâmica demográfica muito
favorável.
O quinto truque retórico é simplificar um
debate ao máximo de forma a demonizar seu adversário e incutir medo na
população. Esta estratégia foi empregada à larga para desconstruir Marina
Silva.
Fui recentemente alvo dessa estratégia. Na
coluna de 29 de junho abordei o tema da cobrança de mensalidade em
universidades, públicas ou privadas. O tema foi tratado de forma conceitual e
no contexto das dificuldades de financiamento da USP e do reconhecimento do
enorme sucesso do Fies, uma das vitrines, com todos os méritos, do atual
governo. Na retórica petista eu quero privatizar as universidades federais,
algo que nunca passou pela minha cabeça.
O arsenal retórico do PT pode ajudar a reeleger
Dilma. Em nada ajuda a evolução da sociedade.
domingo, 12 de maio de 2013
A lei da demanda.
SAMUEL PESSÔA , doutor em economia e pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, escreveu neste domingo na FOLHA sobre a lei da demanda sobre escolhas morais.
Em geral, a
elevação do preço de um bem reduz a quantidade consumida desse bem. Esse
princípio geral é conhecido por lei da demanda.
É possível
que haja exceções. A mais famosa é a demanda de alimentos baratos de elevado
valor calórico e baixo conteúdo proteico.
Pode ser o
caso de arroz na China de hoje; batatas na Irlanda ou pão na Inglaterra, ambos
no século 19; farinha de mandioca no sertão nordestino na segunda metade do
século passado etc.
Nesses casos,
a maior parcela do orçamento familiar é comprometida com o consumo do alimento
barato com elevado conteúdo energético e baixo conteúdo proteico.
Devido às
necessidades calóricas mínimas diárias, a elevação do preço do alimento rico em
calorias reduz muito a renda disponível para aquisição de alimentos de maior
qualidade. A demanda pelo alimento mais barato (apesar de este ter ficado mais
caro) sobe, dado que a família não tem renda suficiente para adquirir proteína.
Os bens que
não obedecem à lei de demanda são chamados de bens de Giffen. O debate
brasileiro em torno de escolhas morais sobre diversos assuntos aparentemente
está povoado de bens de Giffen.
É comum
lermos que a redução da maioridade penal elevará a criminalidade entre jovens,
que a descriminalização do aborto reduzirá o número de abortos, que a
liberalização das drogas reduzirá o consumo de drogas e que a criminalização da
prostituição elevará a prática do comércio sexual.
Em todos
esses casos, o preço de um bem subiu (ou desceu) e o consumo, segundo alguns
analistas, elevou-se (ou reduziu-se).
Tenho
dificuldade de imaginar que a elevação do custo ao menor que cometer crimes
eleve a quantidade de crimes praticados pelo menor infrator ou que a elevação
do custo do comércio sexual aumente seu consumo.
É igualmente
difícil racionalizar que a redução do custo de cometer aborto ou de consumir
droga reduza o número de abortos ou o uso de drogas.
Nada impede
que as alterações legais elencadas tenham outras consequências e que estas
possam ser empregadas como argumentos contrários ou favoráveis à alteração
legal.
É possível
que a descriminalização do aborto reduza o número de mulheres mortas em função
de procedimentos médicos inadequados.
Também é
possível que a legalização do consumo e do comércio de drogas reduza a
violência e o número de homicídios ou que a criminalização da prostituição
aumente a criminalidade.
Finalmente, é
perfeitamente possível e justo defender posições favoráveis ou contrárias a
esta ou aquela instituição, independentemente de suas consequências.
É possível
ser favorável à legalização do comércio e consumo de drogas em função do
princípio de liberdade de escolha individual.
Analogamente,
é possível ser favorável à redução da maioridade penal em função do princípio
da responsabilização individual.
Novamente
independentemente do impacto da redução da maioridade penal sobre a
criminalidade.
O mesmo
princípio de liberdade de escolha individual aplica-se à manutenção da
prostituição como atividade lícita.
O que não
parece muito útil nem produtivo é enxergarmos bem de Giffen em toda parte.
Confunde e dificulta o avanço do debate.
Os bens de
Giffen são mais raros do que imaginamos. Até hoje os economistas têm dúvidas se
a batata na grande fome na Irlanda no século 19 poderia ser de fato considerada
bem de Giffen!
domingo, 5 de maio de 2013
BC acompanhar superavit é erro.
SAMUEL PESSÔA, doutor em economia e pesquisador associado
do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, em sua coluna na FOLHA DE S. PAULO, escreve que o superavit primário não é o conceito correto
para avaliar o impacto do setor público sobre a economia.
Peço
desculpas ao leitor, mas o tema hoje é particularmente aborrecido. Trata-se, no
entanto, de questão muito relevante para o adequado manejo da política
monetária.
No dia 25
passado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central divulgou a ata
da 174ª reunião, que ocorrera em 16 e 17. Nessa oportunidade, o Copom decidira
(com dois votos contrários e seis favoráveis) que era o momento de iniciar um
ciclo de elevação dos juros. A taxa Selic foi elevada em 0,25 ponto percentual,
de 7,25% para 7,50%. Os interessados podem ler a ata no site do BC
(http://www.bcb.gov.br/?COPOM174).
No 16º
parágrafo, na seção "Avaliação prospectiva das tendências de
inflação", o Copom apresenta para a sociedade o valor com o qual trabalha
para o superavit primário consolidado do setor público.
Segue o
texto: "Em relação à política fiscal, considera-se como hipótese de
trabalho a geração de superavit primário de R$ 155,9 bilhões em 2013, conforme
os parâmetros da LDO-2913 (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Para 2014,
admite-se, como hipótese de trabalho, a geração de superavit primário de R$
167,4 bilhões, conforme parâmetros constantes do PLDO-2014 (Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias)".
Ou seja, o
Copom considera em suas projeções que a meta cheia de superavit primário de
3,1% do PIB será observada.
O superavit
primário é a diferença entre a receita pública total e os gastos do setor
público exclusive juros. Se o primário for maior do que o pagamento de juros, a
dívida pública encolhe em termos absolutos. Se for menor, a dívida cresce.
Nesse último
caso, se o primário como proporção do PIB for maior que a diferença entre a
taxa de juros média que o setor público remunera sua dívida e a taxa de
crescimento do produto, a dívida como percentual do PIB reduz-se. A dívida
pública ano após ano tornar-se-á um fardo mais leve de ser carregado.
Ou seja, o
superavit primário é o conceito relevante para avaliarmos a evolução do
endividamento do setor público. Em particular, a receita pública que resulta da
venda pelo setor público de uma empresa ou de reservas petrolíferas aumenta o
superavit primário.
O problema é
que essa receita pública é diferente da receita de impostos. O imposto é uma
dedução da renda de um indivíduo. Assim, quando o setor público coleta renda de
um agente econômico por meio de um imposto, o setor público reduz a renda
disponível para o gasto desse agente. Com isso, o setor público contribui para
reduzir a demanda da economia.
Quando o
setor público vende uma empresa, não há redução de renda de ninguém. Alguém
tinha recursos monetários que foram transferidos ao setor público. Este, em
troca, transferiu a propriedade da empresa. Essa operação não altera a renda do
setor público nem a renda do setor privado.
Portanto, a
receita de privatização não reduz a renda do setor privado disponível para
gasto. Há diversas receitas que são contabilizadas no conceito de superavit
primário, mas que não contribuem para reduzir a demanda agregada.
Dado que a
preocupação do BC é com o controle da inflação, ele não deveria acompanhar o
superavit primário. Do ponto de vista do controle inflacionário, o BC tem que
saber qual é o balanço líquido entre as ações do setor público que reduzem a demanda,
por exemplo elevação dos impostos, e as ações que elevam a demanda, por exemplo
elevação do gasto público.
Além de o
superavit primário não ser o conceito correto para avaliar o impacto do setor
público sobre a demanda agregada na economia, há algumas possibilidades legais
que tornam a distância do primário de um indicador de demanda do setor público
ainda maior.
Por exemplo,
decidiu-se há alguns anos que os investimentos do PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) podem ser excluídos do cômputo do primário para efeitos de
atendimento da meta estabelecida em lei. Os gastos com o PAC, apesar dos
efeitos benéficos sobre a inflação no longo prazo, no curto prazo elevam a
demanda agregada e, portanto, devem ser considerados.
É urgente que
o BC construa um indicador do impacto do setor público sobre a demanda da
economia, divulgue sua metodologia e seu cenário para o indicador e o utilize
em suas projeções.
domingo, 16 de dezembro de 2012
Por que os juros caíram?
Hoje, na FOLHA DE S. PAULO, Samuel Pessoa, discorre sobre a queda na taxa de juros.
Desde
agosto de 2011 a taxa básica de juros reduziu-se em 5,25 pontos percentuais. A
queda para valores próximos aos praticados nas demais economias representa o último
passo que falta para que a estabilização macroeconômica da economia, iniciada
com o Plano Real, em 1994, se complete.
A
questão que se apresenta é sabermos os motivos que motivaram essa queda e, a
partir desse diagnóstico, investigar se a queda será perene ou se será
revertida à frente. Minha avaliação é que a queda da taxa básica de juros desde
agosto de 2011, apesar de ser fato auspicioso e longamente esperado por todos,
é sintoma de perda de produtividade e dinamismo da economia.
Se
as condições que produziram a perda de dinamismo persistirem, a queda terá sido
perene. Caso contrário, poderá haver em algum momento forte ciclo de alta de
juros.
Intuitivamente
associamos juros básicos elevados às situações de risco e de desempenho ruim da
economia. O motivo é que durante muitas décadas a taxa de juros era instrumento
utilizado para estabilizar o setor externo da economia.
Explico-me:
o país tinha uma grande dívida externa e apresentava dificuldade para financiar
a rolagem dessa dívida. Os investidores previam que, por conta dessa
dificuldade, haveria uma forte desvalorização do câmbio, que faria com que sua
riqueza aplicada no Brasil, medida em dólar, se desvalorizasse muito.
Respondiam, portanto, tentando retirar sua riqueza do país.
Para
contrabalançar, os juros domésticos elevavam-se para compensar os investidores
pelo risco percebido de desvalorização e, portanto, "convencê-los" a
não transferir seus recursos para fora do país.
Ou
seja, mesmo em momentos em que a inflação não estava em elevação, os juros
podiam subir. Esse mecanismo foi claríssimo no primeiro mandato de FHC antes da
alteração do regime cambial, em razão dos diversos choques externos
experimentados pela economia. Minha avaliação é que, desde 2004, quando o
regime de política econômica implantado no segundo mandato de FHC consolidou-se
no primeiro mandato de Lula, a taxa de juros deixou de oscilar em razão dos
riscos percebidos de perda patrimonial e passou a responder aos excessos de
demanda sobre a oferta da economia.
Na
linguagem da profissão, diz-se que desde 2004 a taxa de juros passou a
responder aos fundamentos do mercado de bens e serviços.
Por
que motivo o juro real foi tão elevado entre 2004 e 2010? Minha resposta é que
esse foi um período em que a demanda agregada -a soma de consumo e
investimento- cresceu a taxas superiores à taxa de crescimento do produto,
gerando uma situação de permanente excesso de demanda que pressionava preços e
mantinha a inflação permanentemente elevada, o que requeria a subida dos juros
para esfriar a economia e combater a inflação.
Se é
verdade que esse foi um período de forte avanço do consumo (de 2004 a 2010 o
consumo cresceu 5,5% ao ano para uma expansão do produto de 4,3%), a alta do
investimento no mesmo período, de 8,7%, foi ainda maior. No período mais
recente, de 2010 até 2012, o avanço do consumo continuou sendo superior ao
crescimento do produto, mas expansão do investimento ficou abaixo: 4,6% ante
4,4% anuais.
Assim
o fraco crescimento do investimento, aquém do produto, contribuindo para reduzir
a demanda, explica a redução dos juros domésticos desde agosto de 2011.
Esse
processo de juros em baixa deve persistir por mais uns trimestres: a projeção
no Ibre-FGV é que o investimento continue crescendo aquém da produção ao menos
no quarto trimestre de 2014, quando deve registrar o sexto trimestre seguido
com crescimento negativo.
A
questão é: os juros subirão se e quando o investimento voltar a crescer
fortemente? Há duas possibilidades para que não ocorra a subida dos juros.
A
primeira é que, com o retorno do investimento, a poupança doméstica cresça na
mesma medida, de forma a não ser necessário recorrer à elevação da poupança
externa para financiar a elevação do investimento.
A
segunda é que a política econômica aceite uma elevação da absorção de poupança
externa e, consequentemente, uma valorização do câmbio, quando o investimento
retornar. Isso terá consequências não triviais para a indústria.
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