“O Brasil é um País complicado. Quando parecia que as coisas
estavam minimamente se acertando, que a gente ia arrumar um monte de coisas,
acontece isso. Eu queria que o governo Temer fosse até o final e que a gente
tivesse, na sequência, uma eleição tranquila. Fiquei triste com tudo.
Daqui para frente, no
aspecto político, a gente vai ter de ver qual pessoa o Congresso vai escolher.
Precisa ser alguém que tenha alguma sobrevivência no ambiente do Congresso –
que está na penúria – e não seja indigesto para a sociedade. Senão, nós vamos
ter gente na rua indisposta a engolir o cara. Temer vai ter de renunciar. Se
ele se agarrar ao cargo, vai ser mesquinhez. Vai afundar o País. Dadas as
circunstâncias em que tudo ocorreu, talvez também seja difícil manter o
Meirelles (Henrique Meirelles, atual ministro da Fazenda, foi presidente do
conselho de administração da holding J&F, controladora da JBS, dos irmãos
Batista).
O choque político piora a recuperação da
economia. Nisso não há a menor dúvida. As reformas pararam. Não consigo ver de
onde virá ambiente político para votá-las no meio da indefinição. Alguma coisa
vai ser possível tocar depois de cumprido o rito da eleição indireta, de a
gente ver quem foi eleito e qual é a agenda dele.
Na economia, a tendência da atividade é para baixo e o câmbio,
para cima. A resultante disso sobre a inflação ainda é uma incógnita. Em 2008,
tivemos inflação para baixo. Mas, lá atrás, a crise era internacional e agora
ela é só nossa. Por outro lado, estamos numa recessão muito mais profunda. Não
consigo saber se o processo é inflacionário ou desinflacionário. E é isso que
vai definir a velocidade de queda da taxa de juros pelo Banco Central.”
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