segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Ocupe a sala de aula?


Hoje, após ter lido na FOLHA o artigo do Bresser-Pereira em que cita um texto de Dani Rodrik   publicado anteriormente no VALOR, o comentário despertou a minha curiosidade e consegui obter o artigo do Rodrik conforme abaixo. E algumas verdades econômicas, diga-se de passagem.   

No início de novembro, um grupo de estudantes abandonou um conhecido curso de Harvard de introdução à economia, "Ciências Econômicas 10", lecionado por meu colega Greg Mankiw. A reclamação: o curso propaga ideologia conservadora disfarçada de ciência econômica e ajuda a perpetuar a desigualdade social.

Os estudantes fazem parte do crescente coro de protestos contra as ciências econômicas modernas da forma como são ensinadas nas principais instituições acadêmicas do mundo. As ciências econômicas sempre tiveram seus críticos, é claro, mas a crise financeira e suas sequelas lhes deram nova munição, que parece validar as antigas acusações contra as suposições pouco realistas da profissão, assim como sua reificação dos mercados e desprezo pelas preocupações sociais.

Mankiw, por sua vez, achou que os estudantes que protestavam estavam "mal informados". As ciências econômicas não têm ideologia, retorquiu. Citou John Maynard Keynes e destacou que as ciências econômicas são um método que ajuda as pessoas a pensar mais claramente e a alcançar respostas corretas, sem conclusões políticas predeterminadas.

A ciência econômica que precisamos é a do tipo da "sala de seminário" e não a do tipo "geral". Precisamos das ciências econômicas que reconheçam suas limitações e saibam que a mensagem apropriada depende do contexto.

De fato, embora possa entender-se o ceticismo de quem não esteve imerso em anos de estudos avançados de economia, os trabalhos feitos pelos alunos em um curso típico de doutorado em economia produzem uma variedade desconcertante de receitas políticas, dependendo do contexto específico. Algumas das estruturas que os economistas usam para analisar o mundo favorecem o livre mercado, enquanto outras não. Na verdade, boa parte das análises econômicas são voltadas a compreender como a intervenção dos governos pode melhorar o desempenho econômico. E motivações não econômicas e comportamentos socialmente cooperativos são cada vez mais parte dos assuntos estudados por economistas.

Como o grande economista internacional Carlos Diaz-Alejandro, já falecido, disse certa vez, "atualmente, qualquer estudante universitário esperto, se escolher suas suposições [...] cuidadosamente, pode produzir um modelo consistente, recomendando praticamente quaisquer medidas políticas às quais ele fosse favorável inicialmente". E isso foi na década de 70! Um economista aprendiz não precisa mais ser particularmente esperto para produzir conclusões de políticas não ortodoxas.

Ainda assim, os economistas precisam aguentar acusações de que não saem das raias ideológicas, porque eles mesmos são seus piores inimigos no que se refere a aplicar suas teorias no mundo real. Em vez de comunicar todo o arsenal de perspectivas que sua disciplina oferece, eles mostram confiança excessiva em soluções em particular - frequentemente aquelas que melhor se encaixam em suas próprias ideologias.

Vejamos a crise financeira mundial. A macroeconomia e as finanças não carecem das ferramentas necessárias para entender como a crise surgiu e se desenrolou. De fato, a literatura acadêmica está repleta de modelos de bolhas financeiras, informações assimétricas, distorções dos incentivos, crises autorrealizáveis e risco sistêmico. Nos anos que levaram à crise, no entanto, muitos economistas menosprezaram as lições desses modelos em favor dos que tratavam sobre a eficiência e o poder de autocorreção dos mercados, o que, na esfera das políticas, resultou em supervisão inadequada dos mercados financeiros pelos governos.

Em meu livro "O Paradoxo da Globalização", imagino o seguinte experimento. Consiste em que um jornalista ligue a um professor de economia e pergunte se um acordo de livre comércio com o país X ou Y seria uma boa ideia. Podemos ter quase certeza de que o economista, assim como a ampla maioria das pessoas na profissão, se mostrará empolgado em seu apoio ao livre comércio.

Em outra situação, o repórter não se identifica e diz ser um estudante no seminário universitário avançado do professor sobre teoria do comércio internacional. Ele faz a mesma pergunta: O livre comércio é bom? Duvido que a resposta será tão rápida e sucinta. Na verdade, é provável que o professor se sinta bloqueado com a pergunta. "O que você quer dizer com 'bom'?", ele perguntará. "E 'bom' para quem?"

O professor, então, entrará em uma longa e cansativa exegese, que acabará culminando em uma declaração pesadamente evasiva: "Então, se a longa lista de condições que acabei de descrever for cumprida e supondo que podemos tributar os beneficiários para compensar os que saíram perdendo, um comércio mais livre tem o potencial para melhorar o bem-estar de todos." Se estivesse em dia inspirado, o professor poderia até acrescentar que o impacto do livre comércio no índice de crescimento da economia não seria claro e dependeria de um conjunto inteiramente diferente de requisitos.

A afirmação direta e incondicional sobre os benefícios do livre comércio agora foi transformada em uma declaração adornada com todos os tipos de "se" e "mas". Estranhamente, o conhecimento que o professor transmite de boa vontade e com grande orgulho a seus estudantes avançados é considerado impróprio (ou perigoso) para o público em geral.

O ensino das ciências econômicas no nível universitário sofre do mesmo problema. Em nosso empenho para mostrar as joias da coroa da profissão de forma imaculada - a eficiência do mercado, a mão invisível, a vantagem comparativa - nós pulamos as complicações e nuances do mundo real, tão conhecidas como são na disciplina. É como se os cursos de introdução à física presumissem um mundo sem gravidade, porque assim tudo ficaria muito mais simples.

Aplicadas apropriadamente, com uma dose saudável de senso comum, as ciências econômicas nos teriam preparado para a crise financeira e nos indicado a direção certa para consertar o que a causou. Mas a ciência econômica que precisamos é a do tipo da "sala de seminário" e não a do tipo "geral". Precisamos das ciências econômicas que reconheçam suas limitações e saibam que a mensagem apropriada depende do contexto.

Negligenciar a diversidade de orientações intelectuais dentro de sua disciplina não torna os economistas melhores analistas do mundo real. Nem os torna mais populares.

O poder dos economistas.


LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, especialmente na FOLHA DE S. PAULO de hoje. Publicado, apesar de divergir de alguns tópicos anotados pelo autor. Afinal, estamos em 2012 e este é um blog que busca publicar as diversas visões da Economia.  

Desde os anos 1970 os dirigentes das instituições financeiras e os economistas viram seu poder político crescer, mas o mundo também viu um imenso aumento da instabilidade financeira.

Enquanto financistas ganhavam milhões e milhões, o prestígio e o poder dos economistas aumentava. Enquanto estes, muitos transformados em financistas, aumentavam seus ganhos, as crises financeiras se multiplicavam, e a renda de cada país se concentrava nos 2% mais ricos.

Podemos buscar várias explicações para isso, mas creio que o fato histórico novo que teve papel determinante nessa mudança foi a decisão do presidente Nixon em 1971 de suspender a conversão do dólar em ouro ou, mais especificamente, a conversão das reservas em dólares dos outros países em ouro, se seus dirigentes o solicitassem.

A partir desse momento, o dinheiro perdeu referência com a economia real; a criação, o fluxo e a destruição de moeda passaram a ocorrer com grande facilidade; o endividamento do setor privado saiu de controle e, na falta de uma verdadeira âncora para a economia, as crises financeiras se tornaram, além de mais frequentes, também mais profundas.

O poder dos financistas e dos economistas aumentou porque eles passaram a ter um papel estratégico: seriam os gestores desse novo quadro monetário-financeiro -da "financeirização" da economia mundial. Mas, passados 40 anos, verificamos que fracassaram.

Os financistas, porque se preocuparam apenas em ganhar mais dinheiro para eles e para os rentistas. Os economistas, porque construíram uma teoria matemática -a teoria econômica neoclássica- que "demonstrava" que os mercados eram autorregulados, de forma que não havia por que gerir as economias nacionais e a economia mundial. Os dois, porque, ao desregularem os mercados financeiros, estavam "desgerindo" a economia.

Dani Rodrik informou em artigo recente (publicado no "Valor", 19.dez.2011) que um grupo de estudantes abandonou o curso de seu colega na Harvard University Greg Mankiw, protestando contra o fato de que "o curso propaga ideologia conservadora disfarçada de ciência econômica e ajuda a perpetuar a desigualdade social".

Os alunos foram benignos com a teoria econômica ortodoxa: deviam ter acrescentado que ajuda também a aumentar a instabilidade financeira e causar baixo crescimento.

Rodrik defendeu o colega, argumentando com o seu "paradoxo da globalização": que nos cursos os economistas neoclássicos ensinam uma teoria econômica sofisticada, onde as falhas de mercado são devidamente salientadas, mas, na hora de proporem políticas, adotam um liberalismo econômico simplista. Ele está enganado.

Essa teoria econômica matemática que se ensina nas grandes universidades, baseada nos pressupostos do "homo economicus" e das expectativas racionais e no modelo do equilíbrio geral é essencialmente falsa, porque usa o método hipotético-dedutivo e porque adota como critério de verdade a coerência lógica, não a conformidade com a realidade.

Mas não é uma teoria falsa por engano; o é por arrogância matemática que lhes dá monopólio sobre o saber e porque interessa aos economistas ensinar que os sistemas econômicos são autorregulados, bastando para isso corrigir suas pequenas falhas.

Dessa forma eles usam a teoria econômica neoclássica para justificar "cientificamente" o neoliberalismo -uma ideologia reacionária que durante 30 anos (1979-2008) promoveu o atraso e a desigualdade em todos os países que a aceitaram. E, ao mesmo tempo, dizem aos cidadãos desses países que fiquem calados, já que não dominam o "conhecimento" matemático e preciso.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Dilma, ano 1.


Adequado editorial da FOLHA DE S. PAULO neste 1º dia de 2012. 

A administração se saiu bem em vários aspectos, mas falta arrojo para desatar nós que emperram a economia e elevar o padrão da educação.

Sucessora de um presidente que fez bom governo e deixou o cargo sob consagração popular, era natural que Dilma Rousseff pautasse sua estreia pela continuidade. Devia o cargo à indicação de Lula, de quem herdou até mesmo boa parte do ministério.

Um ano depois da posse, porém, é considerável o saldo de mudanças acumuladas. Prevalecendo-se da esmagadora maioria no Congresso (a oposição perfaz apenas 17,5% da Câmara) e da imensa soma de poderes à disposição do cargo, a presidente firmou autoridade própria.

Emancipou-se da sombra do antecessor, que tampouco pretendeu tutelá-la, assim como já repelira, em fins de seu segundo mandato, a tentação autoritária de aventurar-se por um terceiro. Alterações na conjuntura facilitaram essa transição.

O governo adotou uma política econômica mais restritiva no primeiro semestre, a fim de conter o surto inflacionário estimulado pela gastança de 2010, quando o país crescera 7,5%. O gasto público deve ter aumentado 3,5% em 2011, contra quase 9% no ano anterior.

Teve a agilidade de corrigir aquela política em meados do ano, passando a reduzir juros quando uma nova crise dentro da crise que afeta as nações desenvolvidas desde 2008, concentrada na Europa, já freava a economia mundial. O Brasil deve crescer cerca de 3% no ano que terminou ontem, ritmo razoável na conjuntura.

Fazenda e Banco Central atuam de forma mais harmônica que no passado, e a diretriz geral do governo se mostra mais pragmática e flexível, admitindo-se inflação de até 6,5%, estimada para 2011, em nome de manter taxas de crescimento compatíveis com as necessidades do país.

Uma saraivada de denúncias e indícios de conduta irregular derrubou seis dos sete ministros substituídos neste ano, num desenrolar que teve por inesperada consequência favorecer a presidente. Ao contrário do antecessor, Dilma Rousseff mostrou-se pouco complacente em face de "malfeitos" -conforme o eufemismo que celebrizou- atribuídos a auxiliares, os quais não teve problemas para dispensar, até porque pertenciam ao pesado legado alheio.

Embora deixasse intocada a origem do problema -partidos e oligarcas aliados do poder que desde sempre usam a máquina pública como fonte de vantagens e recursos-, a presidente granjeou fama de faxineira severa. Os escândalos deram moral ao Planalto para enquadrar uma base de apoio tão ampla quanto voraz.

Do ângulo administrativo, houve avanços num setor crítico, o dos gargalos na infraestrutura. Alguns dos principais aeroportos devem ser enfim concedidos à iniciativa privada, numa orientação a ser imitada noutras áreas carentes de investimento, como portos, ferrovias e rodovias. A construção das duas grandes usinas no rio Madeira segue em bom ritmo, e Belo Monte, no rio Xingu, outra obra necessária, deverá deslanchar.

No âmbito congressual, o governo prorrogou até 2015 a licença para dispor de 20% das receitas, obteve a flexibilização da Lei das Licitações e aprovou a regulamentação da emenda constitucional número 29, que dificulta a manipulação dos gastos estaduais destinados à saúde. Ameaças de rebelião parlamentar se esvaíram perante uma presidente apoiada por 48% da população e munida dos poderes de um mandato ainda fresco.

Um legítimo processo de negociação deverá redundar numa reforma do Código Florestal aceitável por ambientalistas e produtores. Entendimento semelhante permitiu a constituição da chamada Comissão da Verdade, com poderes para esclarecer o que resta elucidar sobre o confronto entre ditadura e guerrilha, especialmente nos anos críticos entre 1968 e 1974.

Em relação à política externa, uma discreta correção de rumos, aparentemente devida à deliberação presidencial, merece endosso. Aplica-se uma orientação mais universal no que se refere a direitos humanos e democracia, sem a seletividade oportunista que marcou a diplomacia do presidente Lula, além de expressa em linguagem menos estridente.

Se a administração se saiu bem nesses aspectos, decepcionou em outros.

Apesar da contenção tópica nas despesas correntes, nenhuma reforma estrutural nos grandes agregados do Orçamento, como dispêndios com previdência e funcionalismo, foi nem sequer esboçada. Somente com poupança pública será viável baixar o patamar de juros, incrementar o investimento e eventualmente reduzir a onerosa carga tributária.

O governo permanece atado ao manejo do cotidiano, tendência agravada pela inclinação centralizadora e detalhista da presidente. Seu comportamento pessoal sóbrio, parcimonioso nas manifestações, exigente com auxiliares e correligionários, não compensa a falta de planejamento de mais envergadura. Desatar os nós que ainda emperram o empreendimento econômico e elevar os padrões de educação pública, dois objetivos estratégicos, demandam muito mais arrojo do que sua gestão parece capaz.

Até março a presidente deve realizar reforma na equipe de governo, apta a conferir fisionomia própria à administração. Seria um sinal auspicioso caso convocasse nomes merecedores de respeito pela expressão e capacidade, reduzindo drasticamente o excessivo número de pastas e o demasiado peso da política fisiológica no governo.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Keynes estava certo.


PAUL KRUGMAN, em sua coluna no The New York Times, aqui publicado pela Folha de S. Paulo, neste 31.12.2011. 

O teste tem vindo de países europeus como Grécia e Irlanda, que tiveram que impor austeridade fiscal

"O momento de expansão, e não de retração, é a hora certa para o Tesouro Nacional ser austero."

Foi o que disse John Maynard Keynes em 1937, quando o BC americano estava a ponto de provar que Keynes estava certo ao tentar equilibrar o orçamento cedo demais, fazendo a economia americana entrar em profunda recessão.

Um governo que adota política de cortes numa economia em depressão faz a queda ser pior; a austeridade deve esperar até que a recuperação esteja bem encaminhada.

Infelizmente, no fim de 2010 e início de 2011, políticos e governantes em muitas partes do ocidente acreditavam que sabiam mais, e que nós deveríamos focar em deficits e não em empregos, ainda que nossas economias tivessem acabado de se recuperar da depressão pós-crise financeira. Agindo de forma anti-keynesiana, acabaram provando que Keynes estava certo mais uma vez.

Ao declarar que a economia keynesiana foi vingada, estou indo contra o saber convencional. Especialmente em Washington, a incapacidade do pacote de estímulos de Obama de gerar grande número de empregos é geralmente vista como prova de que gastos governamentais não conseguem produzir empregos.

Mas aqueles de nós que fizeram as contas corretamente perceberam desde o início que a Lei de Recuperação e Reinvestimento de 2009 era restrita demais, dada a profundidade da queda. E também previmos o consequente retrocesso político.

Portanto, o verdadeiro teste para a economia keynesiana não veio dos tépidos esforços do governo americano para impulsionar a economia, que foram largamente contrabalançados por cortes em níveis estaduais e municipais.

O teste tem vindo de países europeus como a Grécia e a Irlanda, que tiveram que impor severa austeridade fiscal como condição para receber empréstimos de emergência -e têm sofrido perdas econômicas do mesmo nível da Grande Depressão. Isso não deveria acontecer, segundo a ideologia que domina grande parte do nosso discurso político.

Em março passado, a parte republicana do Comitê Econômico Conjunto do Congresso divulgou relatório que ridicularizava as preocupações de que cortes em um momento de queda poderiam piorar a situação, argumentando que os cortes aumentariam a confiança de consumidores e de mercados, e isso sim poderia levar a um crescimento mais rápido, não mais lento.

A insistência em cortes imediatos continuou dominando o cenário político, com efeitos maléficos sobre a economia. É verdade que não houve novas grandes medidas de austeridade do governo federal, mas vimos muita austeridade "passiva" à medida que o pacote de estímulos de Obama saiu de cena e governos estaduais e municipais sem liquidez continuaram fazendo cortes.

Você poderia argumentar que Irlanda e Grécia não tinham escolha quanto à imposição de austeridade a não ser fazê-lo ou declararem-se inadimplentes e deixar o euro.

Mas outra lição de 2011 foi que os EUA tinham e têm uma escolha; Washington pode estar obcecado com a questão do deficit, mas os mercados financeiros estão, sim, sinalizando que nós deveríamos tomar mais empréstimos.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sucesso e fracasso.


LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, hoje na FOLHA DE S. PAULO, encerrando o ano útil de 2011. Argentina, nada a imitar. O Brasil está no caminho certo. 

Os fatos são suficientemente fortes para mostrar que olhar para a Argentina com inveja não faz o menor sentido

A mídia brasileira e a mundial deram grande destaque ao fato de que o Brasil tomou, em 2011, o lugar da Inglaterra como a sexta maior economia do mundo.

Isso estava previsto para ocorrer somente em 2013, mas a crise europeia e o elevado crescimento brasileiro no ano passado fizeram com que ocorresse agora.

Nos próximos anos -entre 2013 e 2014- será a vez da poderosa França ser ultrapassada pelo Brasil nessa competição entre nações emergentes e países desenvolvidos que já dura uma década.

Com a Europa entrando em um período longo -talvez mais de cinco anos- de ajustes estruturais e o Brasil surfando um crescimento continuado, talvez até a poderosa Alemanha fique para trás antes que a década atual termine.

Mas, nesta minha última coluna do ano, quero chamar a atenção do leitor para as economias emergentes perdedoras e que, por erros próprios, estão fora dessa arrancada de crescimento.

Entender por que países como a Argentina estão caminhando na direção oposta da do Brasil é uma forma de fortalecer o caminho que estamos trilhando desde que FHC assumiu o poder em 1995.

Até porque temos entre economistas brasileiros, muitos deles ligados ao governo, os que insistem em apresentar a política econômica peronista da família Kirchner como modelo a ser seguido.

Em 1980, entre as 20 maiores economias do mundo, a Argentina ocupava a 10ª posição e o Brasil, a 16ª. Vinte anos depois essas posições tinham se invertido, com o Brasil na 10ª posição e a Argentina na 16ª. Em 2010, o Brasil já era a 7ª economia no mundo e a Argentina estava fora da lista das 20 maiores. Um desastre completo nestes 30 anos.

Nas projeções do FMI para 2015, o Brasil já será a 5ª economia do mundo, ultrapassando a França, e a Argentina estará relegada à 27ª posição. Que fracasso...

Certamente o leitor vai concordar comigo que os fatos são suficientemente fortes para mostrar que olhar para a Argentina com inveja não faz o menor sentido. Pelo contrário, é fugir das ideias básicas que sustentam o modelo de política econômica no nosso vizinho como o diabo foge da cruz. E quais são os pontos de divergência entre a maneira brasileira de administrar a economia e a argentina?

Para mim a questão principal do modelo argentino é a constante intervenção do governo, sempre na busca de resultados econômicos e políticos de curto prazo, nas regras fundamentais de funcionamento dos mercados. Com isso não existe um futuro para as decisões empresariais fora das relações especiais com o governo. Cito a seguir alguns dos pontos centrais do modo argentino de gerir uma economia de mercado e que são resultantes da intervenção do governo.

A repressão financeira, que destruiu o mercado de crédito privado e de capitais, fez com que não exista oferta de recursos acima do prazo de um ano na economia e, mesmo assim, a taxas de juros nominais negativas. A Bolsa de Buenos Aires é uma piada quando comparada com a BMF/Bovespa.

A política de juros menores do que a inflação destruiu o sistema interno de poupança e provocou a exportação para o exterior das economias dos argentinos. Outro resultado perverso da constante intervenção do governo na economia privada é a falta de confiança dos agentes econômicos nas regras de funcionamento de vários mercados e que, por única decisão do governo, podem ser alteradas a qualquer instante.

Como resumo, podemos dizer que o sucesso brasileiro dos últimos anos vem de certa sabedoria - política e técnica- de equilibrar liberdade de mercado com uma intervenção limitada do governo. Já na Argentina a mão pesada -quase fascista- do peronismo destruiu as forças vivas que se desenvolvem em uma economia de mercado e criou um corpo deformado de monopólio de poder do Estado.

Manter esse equilíbrio no Brasil, respeitando as novas demandas por liberdade e racionalidade dos mercados na medida em que nossa economia se desenvolve, será a grande responsabilidade do governo Dilma nos próximos anos. Já a Argentina parece que não tem mais jeito.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Brasil, Reino Unido, 6ª economia: não é bem assim!


VINICIUS MOTA, secretário de redação da FOLHA DE S. PAULO, ajuda a colocar uns pontos nos is sobre esse assunto de 6ª economia global. Vamos separar emoção de razão. 

O Brasil vai se tornar a sexta maior economia mundial por três motivos, em ordem de importância: inflação, alta da produção doméstica e valorização do real.

De cada US$ 100 adicionados ao valor do PIB nos últimos dez anos, US$ 68 decorrem da soma do primeiro e do terceiro fator -variação de preços internos e câmbio. A alta física do produto responde pelos US$ 32 restantes.

No mesmo período, a trajetória do Reino Unido, a ser ultrapassado pelo Brasil, foi bem diferente. A elevação da produção física foi responsável por 67% da alta do valor do PIB em dólares. Inflação e variação cambial explicam 33% do resultado.

De 2001 a 2011 -tomando a projeção do FMI para este ano-, o PIB brasileiro em dólares (PIB "nominal", no jargão) aumentou 355% (multiplicou-se por 4,5). Já o PIB real, sem os efeitos dos preços e do câmbio, cresceu 46%.

Daí se conclui que, não fossem a inflação mais alta e os ganhos do real diante do dólar, o Brasil iria demorar muito mais tempo para ultrapassar a economia britânica.

O objetivo de medir o PIB é chegar a uma cifra que expresse o volume produzido por um país em certo período. Simplificando, o desafio é exprimir a quantidade de carros, edifícios, geladeiras etc. fabricados num ano.

O resultado pode ser comparado aos de períodos anteriores e então se sabe se o PIB, o volume da produção, caiu ou cresceu -e quanto.

Convém expressar o PIB numa unidade de conta comum, dinheiro corrente, desde que se tome cuidado com os efeitos da inflação.

Suponha o leitor que o faturamento da indústria aeronáutica, num exemplo meramente ilustrativo, subiu de R$ 100 bilhões para R$ 110 bilhões de um ano para o seguinte. Este último valor, acusando alta de 10%, vai compor o PIB nominal brasileiro.

Mas digamos que a quantidade de aviões produzidos tenha ficado igual nesse período -e tudo o que houve foi alta de preços. Então a contribuição do setor aeronáutico para a variação real do PIB terá sido zero.

No Brasil, que apresenta inflação mais alta se comparado a países desenvolvidos, a discrepância entre crescimento nominal do PIB e sua alta real costuma ser grande.

Em 2009, o PIB real brasileiro caiu 0,3%, enquanto o nominal cresceu 6,8%. Em 2010, o real aumentou 7,5%, contra 16,4% do nominal.

Quando a tarefa é expressar em dólares esse PIB nominal -a fim de comparar o desempenho de várias nações-, surge a dificuldade adicional da taxa de câmbio.

Tome-se de novo o exemplo dos aviões, agora supondo que R$ 1 valia US$ 1 no primeiro ano e US$ 1,10 no segundo. Como foi visto, o PIB nominal em reais daquele setor aumentou de R$ 100 bilhões para R$ 110 bilhões só em virtude da inflação.

Coloque-se na conta o efeito da valorização do real, e o resultado será o PIB nominal em dólares passando de US$ 100 bilhões para US$ 121 bilhões de um ano para outro, alta de 21%. Isso a despeito de a variação real da produção de aviões ter sido nula.

Esse duplo efeito, da inflação e do câmbio, foi acentuado nos últimos anos. O IBGE mostra que a inflação embutida no cálculo do PIB -chamada de "deflator implícito"- teve alta de 138% entre 2001 e 2010. No mesmo período, tomando-se a cotação média anual, o real valorizou-se 25% em relação ao dólar.

Em outros períodos da história, inflação e desvalorização cambial caminhavam juntas, uma alimentando a outra. Se a inflação elevava o PIB nominal, a desvalorização o podava na hora de convertê-lo em dólares.

Esse padrão se alterou na década passada, porque o Brasil passou a acumular superávits expressivos no comércio e nas finanças internacionais -em razão sobretudo da alta na cotação de produtos, como minério de ferro e comida, que o país exporta em abundância.

Esse fato inverteu as regras do jogo, alimentou a valorização do real e ajudou a conter a inflação -mas não a ponto de impedir que, pelo efeito da alta moderada dos preços, o poder de compra internacional do Brasil aumentasse substancialmente.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Faltam deveres de casa para o Brasil.


Realista editorial do O GLOBO de hoje sobre a 6ª maior economia do mundo e a 73ª em IDH. Realmente Mantega, vamos ultrapassar os vinte anos... 

Não é desprezível o PIB brasileiro ter ultrapassado o da Inglaterra, com US$2,51 trilhões, e o país ser agora a sexta maior economia do mundo. Mas, antes que bravatas nacionalistas prejudiquem a percepção da realidade, cabe relativizar o feito, sem reduzi-lo de importância. Bem fez o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao lembrar que, para o brasileiro atingir o padrão de vida inglês, serão necessárias mais uma ou duas décadas de crescimento contínuo. Pois, se a renda per capita brasileira é de US$12.916, a inglesa está em quase US$40 mil. Algo semelhante acontece com a China, segunda potência econômica mundial, mas com uma renda per capita de US$5.183, menos que a metade da brasileira.

O PIB - o valor de tudo o que é produzido num país - é um indicador relevante, mas apenas um indicador. Para se ter uma ideia abrangente de um país, é necessário reunir uma série de dados. Mais ainda quando se trata do Brasil, terra de grandes disparidades - regionais, de renda, sociais, etc. Há vários outros índices que mostram como o Brasil ainda precisa avançar. Um deles é o do Desenvolvimento Humano (IDH), bem mais abrangente que o PIB. É sugestivo que a sexta economia tenha apenas o 73º IDH.

A trajetória cumprida pela sociedade depois da redemocratização, em 1985, lançou as bases para o país chegar ao ponto atual. Em 1994, com o Plano Real, veio a estabilização da economia, sem a qual nada seria possível. De 2003 a 2010, Lula resistiu à tentação de "mudar tudo isso que está aí", manteve os conceitos básicos da política econômica anterior e conseguiu combater a miséria - seria impossível se a inflação voltasse. Atingido o patamar de sexta "potência", o Brasil tem de se lançar sobre uma agenda da qual tenta escapar nos últimos nove anos. Para repetir em outros índices o crescimento do PIB, com inclusão social, terá de fazer reformas como a da Previdência. Ela é vital a fim de impedir um futuro europeu para aposentados e pensionistas brasileiros, e ainda abrir espaço nas contas públicas com o objetivo de se ampliar os gastos em educação, chave para o crescimento ter sustentabilidade. E se também aperfeiçoar a arcaica legislação trabalhista, o país ampliará ainda mais a formalização no mercado de trabalho, fonte de financiamento do próprio sistema previdenciário.

Também com o mesmo objetivo de mudar a composição dos gastos públicos, Brasília precisará abrir de fato portas de saída para beneficiários do grande sistema assistencialista montado nos últimos 16 anos. Ele só terá êxito quando liberar pessoas para o mercado de trabalho.

Gastos públicos proporcionalmente menores - um estado do tamanho de 40% do PIB precisa ser menos pantagruélico -, permitirão, ainda, o aumento da taxa de poupança, hoje na faixa dos 20% do PIB, cinco pontos aquém do necessário para a economia se manter em crescimento sem sustos.

Ministra de Lula, Dilma Rousseff viveu parte dessa história por dentro. Deve saber que seria ruinoso repetir a falácia da ditadura militar de tentar crescer com inflação. Depois do Plano Real, o Brasil precisa de novo salto: crescimento equilibrado, juros "normais", com um sistema educacional de bom padrão, infraestrutura ampliada e modernizada, para o que será necessária uma maior participação privada no setor e, portanto, menos preconceito ideológico em Brasília. É a missão da atual geração de dirigentes brasileiros.

2012 - tempos interessantes.


ROBERTO ABDENUR, hoje na FOLHA DE S. PAULO e sua análise sobre 2012. Para ele, continuarão a ser fonte de instabilidade as situações ainda indefinidas da Primavera Árabe.

Conforme o antigo vaticínio chinês, estamos fadados a viver, ao longo de 2012, "tempos interessantes". Tempos difíceis, de preocupações, riscos e incertezas. Depois de três décadas de prosperidade, o mundo entrou em 2008 em período de crise econômica com precedentes apenas na Depressão dos anos 1930.

A crise financeira transformou-se em crise "estrutural". Passou a abarcar, ademais dos problemas no setor bancário, as dívidas soberanas de países do euro. Estagnação e, em alguns casos, recessão marcarão o ano na Europa.

Nos Estados Unidos, alguma expansão ainda ocorrerá. Mas subsistem inquietações sobre até onde se conseguirá, com sistema político polarizado e em impasse, obter reativação econômica a curto prazo.

Na China, com a contração dos mercados europeu e americano, exportações e investimentos devem perder força. Enquanto o país procura aumentar o consumo interno, o crescimento cai da casa dos 10% para a dos 8% -índice perigosamente próximo do mínimo necessário para evitar descontentamento. E resta ver até que ponto possa a economia evitar o risco de estouro do que parece ser uma bolha imobiliária.

O Brasil precisa fomentar as forças domésticas para compensar a perda de mercados (sobretudo o de alguns produtos vendidos à China, como minério de ferro) e de créditos externos. Em quadro de generalizadas dificuldades e baixo crescimento na economia internacional, precisaremos esforçar-nos para manter crescimento de entre 3 e 4%.

No plano político internacional, continuarão a ser fonte de instabilidade as situações ainda indefinidas da Primavera Árabe no Egito, Síria, Iêmen e partes do Golfo, como no Bahrein. Novos desdobramentos podem dar-se no conflito entre israelenses e palestinos. E deverão ganhar força as tensões em torno do Irã, por conta do programa nuclear em acentuada evolução e do que representa Teerã como perigo para Israel e para a estabilidade regional.

O futuro do Iraque após a retirada norte-americana se mostra incerto. Não é de todo impossível a eclosão de uma guerra civil.

Uma certa guerra fria já em curso entre Irã e países do Golfo, de uma parte, e EUA, de outra, pode chegar a entreveros militares de graves repercussões para a economia global, pelos efeitos sobre o petróleo.

Com a estagnação nos EUA e na Europa, continuará na direção da Ásia-Pacífico o deslocamento dos eixos principais de dinamismo econômico. Mas a região será também palco de novas tensões. Há a incógnita da agora renovada imprevisibilidade do governo norte-coreano pós-Kim Jong-il. Prossegue a surda, mas crescente disputa por espaços geopolíticos entre a China e os EUA. E, mais ao Sul, entre Índia e China.

Uma China que tenderá a beneficiar-se do distanciamento entre EUA e Paquistão e do possível surgimento de um Afeganistão que não mais terá mais presença americana.

Em meio a isso, a grande incógnita: que desfecho terá a eleição presidencial nos EUA. Se a continuidade, num segundo mandato de Obama, de um mínimo de sobriedade e comedimento no plano externo, ou o retrocesso para posturas unilaterais e agressivas, como pregam pré-candidatos republicanos.

Serão tempos interessantes, sem dúvida.

A luta continua.


MARIO MESQUITA, 46, doutor em economia pela Universidade de Oxford, escreveu este artigo especialmente para a FOLHA DE S. PAULO de hoje. 

A trégua será passageira; no início do ano os governos da Europa voltarão aos mercados para rolar dívidas

De certa forma, 2011 chega ao fim parecendo 2001: naquela época, ninguém no mercado, ou no público em geral, tinha mais paciência com a crise argentina; agora, o fastio refere-se à trama europeia.

Como o risco sistêmico e os recursos envolvidos são incomparavelmente maiores, a tendência é que a crise europeia dure mais tempo do que a argentina. Além do que, gerações de administradores públicos europeus construíram suas carreiras sobre o projeto da união monetária -logo, uma capitulação seria muito custosa.

Os eventos recentes representam uma tentativa de recolocar o problema em um estágio crônico, visto que a fase aguda, se prolongada, tende a levar a um desenlace desordenado.

No que tange ao sistema bancário, foi notável a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de realizar operações de suprimento de liquidez de três anos, reduzir o recolhimento compulsório e, importante, relaxar os critérios para aceitação de garantias bancárias -que podem chegar a incluir empréstimos, em vez de apenas títulos de alta liquidez e de baixo risco.

Tais medidas devem reduzir, ainda que sem eliminar por completo, o risco de um "momento Lehman" europeu. Mas o progresso na direção do reforço das políticas fiscais foi bem mais limitado.

O resultado da cúpula de 8 e 9 deste mês mostrou avanços parciais na questão do aumento da disciplina fiscal, mas não logrou convencer os mercados, em parte porque a estrutura de monitoramento e sanções pode padecer de vulnerabilidades políticas similares às que viciaram a implementação do Pacto de Estabilidade desenhado nos anos 1990.

Mas, em parte, o desapontamento com essa última reunião de cúpula reflete dúvidas mais fundamentais sobre a solvência de diversos países do continente a médio prazo, que estão relacionadas às perspectivas de crescimento muito ruins.

Simplificando: a sustentabilidade da dívida depende da comparação entre a taxa de crescimento do produto nominal (que determina o ritmo de crescimento das receitas) e a taxa de juros cobrada sobre a dívida. Quanto maior for o crescimento do produto e menor for o encargo de juros, mais fácil será estabilizar ou reduzir a dívida.

Comparado com o caso brasileiro, salta aos olhos que o custo do financiamento da dívida de países como Espanha e Itália ainda é relativamente baixo, inferior a 10% ao ano. Ocorre que as perspectivas de crescimento dessas economias são desalentadoras.

A taxa média de crescimento da Espanha foi de 2,4% entre 2000 e 2010, com desempenho bastante expressivo, expansão média de 3,5%, durante o boom imobiliário de 2003 a 2007. Esse é precisamente o problema: os mercados questionam a dependência do crescimento espanhol em relação ao setor de construção.

A situação italiana é mais dramática. A taxa de crescimento média entre 2000 e 2010 foi de meros 0,6% ao ano -ou 1,5%, se quisermos excluir o período da crise. Com isso, não é necessária uma taxa de juros muito elevada para colocar a dívida em uma trajetória insustentável.

Ainda assim, com o BCE atuando como bombeiro, mirando os focos de incêndio mais graves, e tendo a maioria dos países da região já completado seus planos de financiamento para o ano, um período de trégua pode ocorrer.

Mas a trégua pode ser passageira. Já na segunda metade de janeiro, e em especial a partir de fevereiro, os governos da Europa terão de voltar aos mercados. A Itália, por sinal, terá de fazer a rolagem de € 53 bilhões (e a Espanha, de € 14 bilhões) no mês.

Até lá, ou os governos do continente avançam convincentemente em uma agenda de reformas pró-crescimento (leia-se liberalização de mercados de trabalho e produtos, que ferem interesses politicamente poderosos) ou o bombeiro terá de atuar de forma muito mais intensa -a expansão monetária quantitativa europeia pode vir para evitar uma crise maior, e não como fruto de uma estratégia deliberada das autoridades.

Em outras palavras, para o BCE, a escolha pode vir a ser monetizar para não quebrar.

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