sexta-feira, 16 de abril de 2010

BANCO E PETRÓLEO.

Como a economia é uma ciência genial: o Goldman Sachs é acusado de fraude pela Comissão de Valores Mobiliários americana e na Bolsa de Valores de Nova York o barril de petróleo bruto tipo WTI (West Texas Intermediate) para entrega em maio fechou em US$ 83,24, uma queda de 2,65% em relação à quinta-feira.

Nesse caso, a relação banco e petróleo deve ter seus quase 1.001 motivos...

A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2010.

Mais uma vez, diretamente da FOLHA DE S. PAULO, vale ler com atenção “A ECONOMIA DO PAÍS EM DIREÇÃO AO MURO”, do economista e engenheiro LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS.

A aceleração do crescimento econômico no Brasil começa a me assustar. Com base nos dados do primeiro trimestre deste ano, um grupo de analistas já fala em crescimento do PIB de mais de 7% em 2010. Nós, na Quest Investimentos, ainda não chegamos a tal, talvez porque meus colegas sejam mais cautelosos do que eu... O crescimento da demanda interna pode ficar próximo a 10% em 2010. As importações respondem por essa diferença entre PIB e a chamada absorção interna. Mas elas acomodam a demanda aquecida apenas no grupo dos chamados bens "tradables", isto é, aqueles que podem ser comprados em outros países. A maior parte da oferta na economia brasileira é constituída por bens e serviços que não podem ser importados. O mais importante deles é o mercado de trabalho e nele é que está a componente mais ameaçadora que vejo para a frente. Também a infraestrutura econômica não está preparada para acomodar tal crescimento econômico. Afinal, são quase oito anos sem investimentos federais relevantes. Poderemos chegar ao fim deste ano com uma taxa de desemprego da ordem de 6%, mantido o crescimento atual da geração de postos de trabalho. Em março, o número de empregos formais aumentou em 266 mil, número muito forte para o mês. O ministro do Trabalho, encantado com o próprio sucesso, disse ontem que esse número deve se repetir neste mês. Dada a composição da oferta de mão de obra no país, a desocupação ainda elevada esconde uma situação de escassez nas faixas profissionais mais qualificadas. A pressão sobre os salários desse segmento dos trabalhadores já está ocorrendo e deve se acelerar. Na construção civil, um dos pontos mais aquecidos da economia, os salários já estão crescendo a mais de 10% ao ano. Mas outros sinais também alertam o analista mais cuidadoso. São evidências de instabilidade grave. Dou um exemplo: a produção de caminhões da Mercedes-Benz brasileira em março foi o dobro da matriz na Alemanha. Mesmo com a crise na Alemanha esse número é um aleijão para mim. Minha experiência profissional diz que estamos entrando em um daqueles momentos em que a euforia do brasileiro -aqui incluído trabalhadores, empresários e governo- vai nos levar a bater no muro das restrições econômicas. E a inflação é o problema mais grave que vamos enfrentar. Não me surpreenderia se, em poucos meses, estivermos falando de uma taxa de inflação, 12 meses à frente, superior a 6% ao ano. O governo -que teve atuação exemplar durante a curta crise que vivemos- entrou agora na defesa de uma macroeconomia keynesiana utópica e muito perigosa. Segundo a equipe econômica, os investimentos privados estão acontecendo e devem assegurar o equilíbrio entre oferta e demanda. São os eternos canarinhos que voam no universo dos economistas brasileiros. Já vi esse filme no passado e posso assegurar ao leitor que o final será triste. Por outro lado, a dinâmica eleitoral esta criando uma onda de benesses que apenas agrava o quadro de superaquecimento. Contabilizem os aumentos de gastos que estão saindo do Congresso nesses últimos meses e façam as contas. Isso joga mais lenha na fogueira da demanda privada. Para tentar esfriar o entusiasmo de todos, parece restar apenas a atuação do Banco Central. Mas trazer de volta o senso do real nesta altura do campeonato apenas com juros mais elevados será uma tarefa difícil e com prazo longo de maturação.

domingo, 11 de abril de 2010

LUIZ CARLOS NA CHINA!

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS "E uma viagem à China de hoje", direto da FOLHA DE S. PAULO. As impressões do economista diante da populosa CHINA, tão comentada como o país que derrotará os ESTADOS UNIDOS e ser tornará o nº 1 do mundo.

Acabo de de chegar de uma viagem à China. Foram 15 dias conversando com autoridades do governo e visitando algumas fábricas de automóveis e caminhões na região sul do país de Mao. Não foi uma viagem de turista, mas a de um observador da dinâmica econômica desse incrível país.

Uma primeira observação é a de que, mesmo na capital, Pequim, podemos encontrar, lado a lado, a moderna e a velha China. No interior, esse contraste é ainda mais chocante. De um lado, as construções modernas e mesmo futuristas do boom imobiliário dos últimos anos. De outro, os velhos becos com suas casas modestas e empilhadas uma ao lado das outras. Junto aos modernos hotéis, administrados pelas cadeias internacionais mais famosas, podemos encontrar nos bairros mais afastados da milenar capital chinesa ainda os restaurantes populares que vi na minha primeira viagem, em 1984.

Mas, como disse anteriormente, o meu centro de atenção era a moderna economia chinesa e a forma como está organizada hoje. A presença do Estado é dominante. Em conversas com dirigentes de bancos e outras empresas estatais, isso fica muito claro. Todos estão amarrados a prioridades e metas dos Planos Quinquenais herdados da época do comunismo ortodoxo. E o respeito hierárquico ao quadro de dirigentes políticos do país é absoluto.

Mas aprendi também que, embora o Estado seja o controlador das empresas, existe entre elas uma profunda competição por mercados e eficiência, inclusive lucros. E os resultados obtidos na gestão das empresas é um dos mais importantes indicadores para subir na hierarquia do governo.

A geração atual de dirigentes chineses é quase toda formada por engenheiros que administraram com sucesso a implantação da gigantesca usina hidrelétrica de Três Gargantas. Essa característica de meritocracia - não baseada em bônus financeiros mas de poder na esfera política - talvez seja uma das causas mais importantes por trás do sucesso chinês nesta última década.

Por outro lado, percebe-se que o país de referência para a elite chinesa são os Estados Unidos. Um dos dirigentes com quem conversei longamente me perguntou por que a China é obrigada a comprar a soja brasileira de multinacionais americanas.

Procurei explicar as características especiais da relação comercial e financeira dessas empresas com os agricultores brasileiros, mas temo que não tenha sido entendido. E não por culpa do meu excelente tradutor chinês.

Outra surpresa foi encontrar nas empresas visitadas uma preocupação muito forte com a absorção de tecnologia ocidental e uma busca na melhoria de seus produtos. Fica claro que existe uma diferença muito grande na tecnologia usada nos produtos para exportação e para o mercado local. Mas, no longo prazo, o setor industrial vai superar o atraso atual em relação às economias mais avançadas e assumir a liderança em setores de ponta.
Outro motivo de espanto, em reunião com o dirigente de uma enorme fábrica de motores, foi saber que os operários trabalhavam oito horas por dia, 28 dias por mês. Lembrei-me de que, no Brasil, os sindicatos estão tentando aprovar no Congresso uma lei que limita em 40 horas a semana do trabalhador.
Ainda bem que a economia brasileira está ligada de forma muito forte ao desenvolvimento chinês. Essa vai ser uma das fontes mais importantes para nosso crescimento econômico na próxima década. É só ter juízo.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

AS RESERVAS DO NELSON!

É uma coisa realmente humana: na economia e na vida sempre alguém tem razão e o outro espera o momento de ter. Vendo os saldos anuais das nossas reservas internacionais observo que em 1991 elas estavam em US$ 9.406 milhões. Agora, em janeiro passado, chegamos ao valor de US$ 240.823 milhões. É interessante demais. Quando éramos “pobres” tínhamos o desejo de manter um elevado saldo em reservas. Hoje a pergunta é: será que esses US$ 240 bilhões já não estão trazendo problemas para a economia brasileira? Nem Nelson Rodrigues conseguiria decifrar até onde vai o desejo econômico...

SOROS E O ESTUDO DA ECONOMIA!

KENNETH MAXWELL em sua coluna de hoje na FOLHA DE S. PAULO esclarece “A ambição de George Soros.” Na verdade, existem homens que pensam e fazem enquanto outros nada fazem nem pensam. Na verdade, como tão bem escreveu John Steinbeck em seu famoso livro, isso recorda-me precisamente do título "RATOS E HOMENS". É sempre um excepcional prazer ler quando um homem cria para toda a humanidade um local para alguém estudar ECONOMIA, independentemente de suas convicções.

Nesta semana , o "Times", de Londres, reportou que George Soros vai criar um instituto de economia na Universidade de Oxford. Será, aparentemente, o primeiro de vários que ele pretende bancar em universidades da Europa e dos EUA por meio do Instituto para o Novo Pensamento Econômico, que criou no ano passado em Nova York. O objetivo é criar um espaço alternativo para os economistas que não seja dominado pelos defensores do livre mercado e da desregulamentação, aos quais Soros atribui responsabilidade parcial pela crise econômica mundial. O novo instituto será anunciado em uma conferência inaugural no King's College, em Cambridge, que reunirá importantes pensadores econômicos, entre os quais laureados com o Nobel da disciplina, como Joseph Stiglitz, da Universidade Columbia. Soros, nascido na Hungria em 1930, emigrou para o Reino Unido em 1947. Estudou na London School of Economics, onde se tornou discípulo do filósofo Karl Popper, autor de "A Sociedade Aberta e seus Inimigos". Depois de se transferir para Nova York, em 1956, começou a trabalhar como operador em Wall Street. Não demorou a compreender, no entanto, que estava, na melhor das hipóteses, repetindo as ideias de Popper. Por isso passou a se dedicar à gestão de fundos, atividade na qual se saiu excepcionalmente bem. Soros se tornou conhecido como "o homem que quebrou o Banco da Inglaterra". Em 1992, ele supostamente lucrou US$ 1 bilhão durante a crise cambial que levou o Reino Unido a abandonar o mecanismo europeu de taxas de câmbio, a um custo estimado de 3,4 milhões. Soros fez uma aposta de US$ 10 milhões e ganhou. Neste ano, constava da lista da revista "Forbes" como a 35ª pessoa mais rica do mundo, com patrimônio líquido de US$ 14 bilhões. Em comparação, Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, tem patrimônio líquido de US$ 27 bilhões, de acordo com a "Forbes". Desde 2000, tornou-se conhecido, acima de tudo, como um dos mais ativos e politicamente aventurosos entre os filantropos mundiais, ainda que seu apoio a movimentos dissidentes e sua defesa dos direitos humanos na Europa Oriental datem dos anos 80. Doou somas consideráveis a uma campanha (malsucedida) para derrotar George W. Bush em 2004. Soros acredita que a economia não seja uma ciência propelida por mercados racionais, mas, sim, que ações, títulos e moedas dependam muito mais das emoções dos seres humanos que os compram e vendem. A principal ambição de seus novos institutos será a de oferecer ferramentas conceituais mais amplas e efetivas para explicar a atividade econômica.

domingo, 4 de abril de 2010

"O QUE MAYNARD DIRIA?"

Diretamente da FOLHA DE S. PAULO de hoje, LUIZ GONZAGA BELLUZZO, professor titular de Economia da UNICAMP, pergunta “O QUE MAYNARD DIRIA?’

Dizem os os frequentadores que, nas salas e corredores do King's College, em Cambridge, Inglaterra, ainda ressoa a indagação da professora Joan Robinson, uma das herdeiras intelectuais de Keynes: "O que Maynard diria?".
Maynard, o leitor já sabe, é John Maynard Keynes.
Maynard, imagino, estaria aflito com a mudança nas regras que definem o preço do minério de ferro. Os preços fixados nos contratos anuais de fornecimento deram lugar a um regime de revisão trimestral visando dar maior peso aos valores formados no mercado "spot". A finança global, ainda convalescente de suas façanhas e percalços, lambe os beiços diante da perspectiva de alta das operações de "swap". O mercado espera alcançar US$ 200 bilhões em 2020 (hoje, US$ 300 milhões).
O editorial de quinta feira do "Financial Times" reconhece que, "no novo regime é inevitável uma maior volatilidade do preço (...), o problema surgirá certamente quando um declínio na demanda chinesa ou um aumento da oferta provocarem uma queda no preço "spot". Nesse caso, novos contratos deverão ser adotados para encorajar um desenvolvimento consistente (?) do sistema".
Quanto ao mercado de "swaps", os acontecimentos recentes mostram que eles tendem a exasperar a volatilidade dos preços diante de possíveis desequilíbrios momentâneos entre oferta e procura. Esses derivativos ateiam gasolina ao fogo nos períodos de alta e, na baixa, jogam mais água do que o necessário na fervura.
Seja como for, Maynard ficaria chocado com uma mudança que poderá ampliar assustadoramente os intervalos de flutuação do preço de uma commodity importante como o minério de ferro. Pouca gente sabe, mas Keynes advogou, no espírito da Nova Ordem Econômica Internacional do pós-Guerra, a criação da Commod Control destinada a atenuar as excessivas flutuações de preços de commodities, lesivas aos países produtores e consumidores e danosas à estabilidade das economias.
Isso seria feito via uma política de gestão de estoques, coordenada por um comitê de especialistas com representantes dos países produtores e consumidores. "Uma agência internacional seria constituída, a Commod Control, com representantes dos governos dos principais países produtores e consumidores.
A Commod fixaria os preços em um nível mínimo razoável [garantindo a renda dos produtores e o conforto dos consumidores - LGB] e esses valores seriam modificados de tempos em tempos, com base na tendência observada na variação de estoques, para cima ou para baixo. Não seria tecnicamente difícil estabelecer uma relação entre os valores "básicos de sustentação" e o complexo de preços atuais, porquanto os movimentos de preços nos mercados futuros sinalizariam a atuação correta para o comitê de especialistas."
Keynes reconhece que a formação de preços deveria decorrer da interação entre as informações do mercado e a agência internacional incumbida de manejar os "estoques reguladores", com o propósito de aplainar as flutuações agudas e garantir a estabilidade das expectativas nos mercados de commodities.

PÁSCOA NA IGREJA!

Neste dia especial para todos os católicos, uma boa Páscoa para os meus quase ainda fiéis dois (milhões de) leitores. E para nossa alegria, nestes tempos também eleitorais, um pouco da irreverência de SINFRÔNIO, lá do CEARÁ, diretamente do DIÁRIO DO NORDESTE!!!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A ATUALIDADE DE SIMONSEN!

Considero MARIO HENRIQUE SIMONSEN, um dos melhores economistas brasileiros em todos os tempos. Na verdade, foi um gênio, que conhecia desde a matemática à ópera, da boa comida à economia. Recordando dele hoje, lembro que em 1990 ele já alertava que antes de tudo o Brasil deveria investir em educação. E quando do lançamento do Plano Real lá estava ele comentando que a estabilidade econômica depende de uma reforma do Estado.
Após tantos anos, o país continua sem ouvir e seguir os conselhos do grande Mestre. Quando finalmente chegaremos ao 1º mundo, num mundo de Dilma e Serra?

AMÉRICA: FINALMENTE, UMA LUZ!

After more than two years in which over 8 million jobs were lost, the country’s nonfarm payrolls surged in March. Employers added 162,000 jobs last month, and employment numbers in the previous two months were revised upward. Nationwide, the unemployment rate held steady at 9.7 percent. To many ordinary, out-of-work Americans, the recovery may finally start to feel real.

Speaking in Charlotte, N.C., President Obama called Friday’s report “the best news we’ve seen on the job front in more than two years.”

AINDA O CÂMBIO.

Diretamente da FOLHA DE S. PAULO, novamente DELFIM NETTO, comenta sobre o CÂMBIO.

O professor Carlos Antonio Rocca apresentou no Centro de Estudos de Mercado de Capitais, do IBMEC (em março deste ano), um interessantíssimo trabalho, com o título "Fatores da Taxa de Câmbio do Real: Uma análise Estatística". Nele, revela, como de costume, a sua integridade intelectual, a sua competência técnica, o seu pragmatismo e a sua cuidadosa modéstia nas conclusões.

Apenas para dar um exemplo das dificuldades de tais estudos, tomemos a moeda chinesa, o yuan. Há uma convicção generalizada, formada a partir de trabalhos com modelos apriorísticos e do uso de econometria sofisticada, de que ele está fortemente desvalorizado, o que facilitaria a invasão das exportações chinesas. Nos EUA, o Congresso, para atender à fúria dos sindicatos num ano eleitoral, está forçando Obama a declarar que a China "manipula" o seu câmbio.

Ocorre que a dúvida é geral. Basta dizer que a Goldman Sachs, cujo conhecimento dos mercados e competência são comprovados, estimou as taxas cambiais ("BRICs Monthly", 10/02, March 16, 2010) e concluiu que "o yuan, contrário à crença popular, não parece subvalorizado contra o dólar"! Quanto ao Brasil, diz o mesmo documento: "O real é uma das moedas mais sobrevalorizadas dos emergentes (cerca de 40%)".

O trabalho do professor Rocca não se aventura na tentativa de estimar a sobrevalorização do real. O seu objetivo secundário é tentar encontrar quais são as variáveis que provavelmente "explicam" a formação da taxa de câmbio real/ dólar e tentar medir a importância de cada uma delas. E, a partir do modelo, atingir seu objetivo principal: tentar medir o efeito da imposição do IOF de 2% sobre os investimentos estrangeiros.

O trabalho testa oito especificações e seleciona duas "melhores", que "explicam" mais de 3/4 das variações da taxa de câmbio real/dólar: 1) o próprio valor do dólar em relação a uma cesta de moeda; 2) o diferencial de juros EUA x Brasil; e 3), alternativamente, ou os investimentos na conta financeira total, ou os investimentos em carteira.

Em relação ao seu objetivo principal (o possível efeito do IOF), o trabalho afirma: "Não há razão para acreditar que a tributação do IOF sobre os investimentos estrangeiros em carteira tenha sido eficaz para reverter a tendência de valorização do real".

Em relação ao seu objetivo secundário (o que "explica" a taxa de câmbio), a conclusão é que "a principal variável doméstica na determinação da taxa de câmbio é o diferencial das taxas de juros Brasil x EUA". Logo, "ações voltadas para a redução sustentável dessa taxa são mais eficazes para evitar a valorização efetiva do real".

UM LUGAR NO PARAÍSO!

Que todos tenham um ótimo feriado!!!

O BACEN CONTINUA COM MEIRELLES!

Entendemos que a manutenção de HENRIQUE MEIRELLES no BACEN, oferece um pouco de segurança nestes tempos de eleições vale tudo.

Hoje, direto da FOLHA DE S. PAULO, Marcelo Moura, professor do Insper e especialista em bancos centrais, comenta que Henrique Meirelles tem feito um "excelente" trabalho como presidente do Banco Central, mas a instituição ainda precisa conseguir que o país viva em estabilidade de preços com juros menores.

FOLHA - Qual é a sua avaliação da gestão Meirelles no BC?

MARCELO MOURA - O BC foi eficiente. Em 2003, quando o Meirelles assumiu, o regime de metas de inflação estava sendo questionado. Os índices de preços haviam ficado acima do desejado, e ele conseguiu reverter essa alta.

FOLHA - Muitos especialistas dizem que não era preciso usar uma dose tão forte de juros.

MOURA - No começo do mandato do Meirelles, a taxa Selic estava na casa dos 20% ao ano; hoje, encontra-se em 8,75%. A tendência de longo prazo, portanto, sempre foi de queda. Comparei as políticas do BC com as dos seus pares na América Latina e vejo o brasileiro como um dos mais agressivos para controlar a inflação e reduzir os juros. Nos últimos anos, a autoridade monetária fez o melhor que poderia, considerando o histórico de hiperinflação do país.

FOLHA - O fato de Meirelles não ter conseguido a independência do BC, como desejava, deve ser considerado um fracasso?

MOURA - O Meirelles não é responsável por definir esse tipo de coisa, e sim o Poder Legislativo.

FOLHA - E quais deveriam ser as prioridades do BC agora?

MOURA - O trabalho realizado pelo Meirelles foi excelente, porém não está completo. O Brasil ainda precisa conquistar uma estabilidade de preços com juros menores. Acho que o país tem, sim, condições de viver com uma taxa Selic abaixo de 5%.

segunda-feira, 29 de março de 2010

A VIDA COMO ELA É!

Como sabem meus quase dois (milhões... de) leitores, trabalho no interior do estado do PARÁ, cerca de 210 km de Belém, entre as cidades de MOJU e TAILÂNDIA. Recebi hoje a nota abaixo que foi publicada na Folha de S. Paulo, onde é citada a minha vizinha cidade de TAILÂNDIA. Quem desejar passar a Semana Santa por aqui, estamos às ordens!!!

O Espírito Santo é o Estado brasileiro com o maior número de homicídios de mulheres. São 10,3 mortes em cada grupo de 100 mil, bem acima da média nacional, de 3,9 por 100 mil. São Paulo ocupa a 23ª colocação, com 2,8 assassinatos por 100 mil. O índice mais baixo (1,9 morte/100 mil) é o do Maranhão. Os dados fazem parte do "Mapa da Violência", feito a partir de números do SUS, que será divulgado nesta semana.

A pesquisa apontou que, de 2003 a 2007, 51,6% dos 5.564 municípios brasileiros não registraram nenhum homicídio de mulheres. Outros, no entanto, concentraram elevado índice. Os mais violentos são Tailândia (PA), com média de 19,9 mortes por 100 mil mulheres, Serra (ES), com 18,6, Monte Mor (SP), com 16,3, e Macaé (RJ), com 16,1. Os números foram sistematizados pelo Instituto Sangari.

"Se esses municípios fossem países, seriam os mais violentos do mundo para mulheres", diz o autor da pesquisa, Julio Jacobo, que comparou os dados aos de 80 nações. Os líderes do ranking -El Salvador (12,7 homicídios por 100 mil mulheres), Rússia (9,4) e Colômbia (7,8)- têm índices de assassinatos bem menores do que os dessas cidades brasileiras.

domingo, 28 de março de 2010

CHINA COMPRA UNIDADE DA FORD!

Para quem pensa que desconheço o poder $$$ da CHINA, está lá no The New York Times de hoje que “Ford Motor reached an agreement on Sunday to sell its Volvo subsidiary to a Chinese conglomerate, in the clearest confirmation yet of China’s global ambitions in the auto industry. Zhejiang Geely Holding Group, based in Hangzhou, agreed to pay $1.8 billion for Volvo, with $1.6 billion in cash and the rest in a note payable to Ford. The sale of one of Europe’s most storied brands shows how China has emerged not just as the world’s largest auto market in the past year, but also as a country determined to capture market share around the globe. Zhejiang Geely said it planned to retain production of Volvo cars in Sweden, but it is expected to build another assembly plant for them in China, most likely near Beijing or Shanghai. Ford already builds small numbers of Volvos for the Chinese market at an assembly plant in Chongqing. Most of the vehicles output at that factory are Fords and Mazdas for sale in China.”

De qualquer maneira continuo acreditando que a vermelha CHINA já é praticante de uma espécie de “capitalismo vermelho” que substituiu o "velho socialismo", mas que sem liberdade, nunca será uma DEMOCRACIA.

LIBERDADE NA CHINA?

Por que não acredito na potência vermelha chamada CHINA? Um país que continua censurando tudo que não é favorável ao governo, nunca poderá ser uma economia capitalista com um mercado realmente livre para toda a sua bilionária (não de ricos...) população. Um dia o "capitalismo vermelho" derrotará a ditadura comunista. Afinal, uma CHINA que não aceita um GOOGLE livre e bloqueia sites como YOU TUBE, FACEBOOK e TWITTER, fará com que, em algum momento, existirão milhões de chineses nas ruas gritando por liberdade e DEMOCRACIA.

CARLOS PIO NO GLOBO!

O cientista político Carlos Pio, professor de economia política internacional da UnB, pesquisador visitante da Universidade de Oxford e membro do Instituto Millenium, defende uma agenda liberal para que se avance nos ganhos sociais obtidos nos governos Fernando Henrique e Lula. De Londres, onde está morando temporariamente, ele disse ao GLOBO que as políticas adotadas por ambos os governos se esgotaram. Pio é contra o aumento da presença do Estado na economia porque, segundo ele, governos falham. O professor afirma que, apesar dos ganhos sociais evidentes dos últimos oito anos, o governo Lula não tem foco nos mais pobres, porque há benefícios que continuam direcionados aos mais ricos.

Carlos Pio, além de ter sido meu professor na Universidade de Brasília, é um intelectual que defende com ênfase suas ideias, indiferente do pensamento dominante. Espero que a sua entrevista possa servir de fonte para o que vem por aí, sempre com o propósito de fazer o melhor pelo BRASIL.

O GLOBO: O governo defende uma interferência maior do Estado na economia. A crise mostrou que o mercado sozinho não se regula. Qual é a solução?

CARLOS PIO: Em todas as sociedades, há variações importantes no grau de presença do governo na economia.Poucas sociedades realmente desconfiam do discurso dos políticos tradicionais, que prometem fazer o bem sem maiores custos, seja em termos de impostos mais altos, seja em termos de ineficiências e corrupção. Esse traço de desconfiança em relação ao governo — e ao Estado, em última instância — é um dos traços da cultura americana que têm se generalizado em outros países. A expansão do liberalismo nos últimos 20 anos do século XX teve esse traço “neoliberal”. Os governos não são confiáveis?

PIO: O que esse liberalismo estabelece não é que “todos os problemas acabarão se os mercados forem inteiramente desregulados”, discurso tão comum entre os críticos. Ele defende que, se é verdade que os mercados falham, é também verdade que os governos falham — e por razões que nada têm a ver com o funcionamento da economia de mercado.

As eleições não corrigem essas falhas?

PIO: Mesmo nas democracias, existem dificuldades intransponíveis ao controle dos governantes pelos eleitorados.

Eleições ocorrem em intervalos relativamente longos (e, neste ínterim, os governantes são relativamente livres para agir), o governo consegue manobrar a fiscalização do Legislativo com incentivos aos parlamentares e partidos, e o voto do eleitor é dado a candidatos que apresentam “pacotes fechados” de preferências que não estão abertas a sua interferência.

O governo falha, e isso normalmente é pior que a falha natural dos mercados.

A resposta está na extinção do governo, então?

PIO: Está em dois pilares. Primeiro, na limitação do governo ao desempenho de suas funções mais elementares — oferta de bens que elevem o potencial de prosperidade de todos, especialmente dos que não podem pagar para obtêlos.

Esses bens coletivos são: segurança e Justiça, saúde e educação básica universais, capacitação de trabalhadores, aposentadoria universal, estabilidade macroeconômica, defesa da propriedade privada e da concorrência privada (doméstica e internacional), oferta de infraestrutura que atenda à maioria da população.

Nada disso precisa ser feito primordialmente por meio de agências ou empresas estatais. Cada vez mais surgem instrumentos (como vouchers educacionais, parcerias público-privadas etc.) que viabilizam a oferta privada desses serviços de natureza coletiva ou pública. E isso nos remete ao segundo pilar: o aumento do controle e da pressão sobre os governantes para elevar a eficiência do Estado na provisão desses bens.

O senhor fala que vivemos uma espécie de esquizofrenia.

Onde está ela?

PIO: A esquizofrenia a que me referi é essa crença de que o governo pode ser o principal agente do desenvolvimento econômico por meio de projetos nacionais que, de um lado, violam a noção elementar de “falhas de governo” e, de outro, implicam relegar a segundo plano a oferta dos bens coletivos fundamentais à melhoria das oportunidades dos mais pobres e que não podem pagar por eles, como pré-escola e ensino médio, em nosso contexto atual.

A renda de milhões de brasileiros cresceu nos últimos anos. Mas o senhor diz que este não é um governo com foco no combate à pobreza.

PIO: Os governos de Fernando Henrique e Lula foram capazes de promover uma efetiva incorporação econômica das parcelas mais pobres da nossa sociedade justamente porque criaram (FHC) e mantiveram e expandiram (Lula) algumas políticas que favorecem o poder de consumo desses setores.

Em particular, o fim da inflação, a ênfase em políticas sociais focalizadas nos mais pobres, como Bolsa Escola e Bolsa Família — algo que começou a ser defendido pelo Banco Mundial como uma necessidade no contexto das reformas liberais dos anos 198090 e que enfrentou forte resistência pelo PT e pelos demais segmentos da esquerda —, e a política de elevar o valor do salário mínimo consistentemente acima da inflação provocaram uma sensível melhora na situação dos mais pobres.

E o que não avançou?

PIO: Não se avançou nada em termos da redução dos “benefícios sociais” primordialmente destinados aos mais ricos, como ensino superior gratuito, aposentadorias e pensões generosas para funcionários públicos, benefícios aos trabalhadores formais que inibem a contratação formal de mais trabalhadores etc. Um governo de esquerda, e especialmente do PT, teria mais legitimidade que qualquer outro para promover esse debate, que infelizmente foi adiado pelo bom desempenho da economia internacional e pela queda do ministro (Antonio) Palocci (da Fazenda), que personificava essa agenda no governo e no partido.

O que fazer para atingir os mais pobres?

PIO: Precisaremos colocar no topo das preocupações e escolhas dos governantes gastos e regulações que melhorem a situação dos mais pobres e, entre estes, especialmente as crianças. É preciso baratear drasticamente os alimentos e medicamentos via importações mais livres e desoneração tributária do consumo desses bens. É fundamental criar incentivos à provisão privada (e mesmo governamental) de pré-escola, para elevar as capacidades de aprendizado dessas crianças e liberar as mães para o mercado de trabalho.

Precisamos direcionar as políticas chamadas de desenvolvimento econômico — que, na verdade, são políticas de incentivo a setores da economia escolhidos pelo governo (sobretudo via BNDES) mdash; para oferecer maiores oportunidades aos setores que empregam mais pobres, nas regiões mais pobres, sem prejuízo à concorrência (doméstica e estrangeira).

Os ganhos sociais têm limites?

PIO: Eles são concretos e devemse a decisões fundamentais tomadas pelos governos Fernando Henrique e Lula. Mas essas políticas já deram o que tinham que dar. Para avançar mais é preciso dar seguimento a uma agenda de reformas liberais (não confundir com eliminar o Estado nem com qualquer ideia ingênua de que o mercado desregulado é uma solução para todos os males), que elimine privilégios a setores minoritários da economia e da sociedade (funcionários públicos aposentados e pensionistas, empresas em setores subsidiados e protegidos da concorrência internacional, jovens de famílias abastadas que terminam o segundo grau e ingressam na universidade gratuita etc.) e que aumente os incentivos ao aumento da eficiência e da produtividade e o acesso dos mais pobres a condições que elevem suas capacidades para prosperar.

Que agenda é esta?

PIO: Ênfase na oferta de bens coletivos que beneficiem primordialmente os mais pobres, ampliação das liberdades econômicas de todos, garantias à propriedade privada, aumento da eficiência do setor público, corte de privilégios astronômicos presentes no chamado “orçamento social”, aumento da concorrência sobre as empresas já estabelecidas no país via liberalização comercial unilateral etc.

sábado, 27 de março de 2010

OS BILIONÁRIOS BRASILEIROS.

Direto da BBC Brasil, lá no ESTADÃO, o registro que o Brasil tem 18 pessoas ou famílias com fortunas acima de US$ 1 bilhão, segundo a tradicional lista anual da revista americana FORBES. (E um deles é o meu patrão, pelo qual trabalho para que ELE fique cada dia mais bilionário...)

O país tem o maior número de bilionários da América Latina. O brasileiro mais rico, segundo a Forbes, é o empresário Eike Batista, que ocupa a 8ª posição geral na lista, com uma fortuna estimada em US$ 27 bilhões. Batista, proprietário de uma série de empresas no ramo de mineração e petróleo, é também o integrante da lista, com mais de mil nomes, cuja fortuna mais cresceu de um ano para o outro - US$ 19,5 bilhões a mais. Na lista do ano passado, ele também aparecia como o brasileiro mais rico, mas apenas na 61ª colocação geral. A relação de pouco menos de 800 bilionários contava com 13 brasileiros.

O empresário mexicano Carlos Slim, do setor de telecomunicações, ultrapassou o americano Bill Gates, fundador da Microsoft, e aparece neste ano pela primeira vez como a pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 53,5 bilhões. Esta é a primeira vez desde 1994 que a lista de bilionários da Forbes não é encabeçada por um americano. Apesar disso, os Estados Unidos ainda dominam amplamente a lista da revista, com 403 cidadãos do país com fortunas superiores a US$ 1 bilhão.

A lista deste ano traz 1.011 nomes de 55 países diferentes, indicando uma recuperação em relação ao ano passado, quando a crise econômica mundial havia enxugado a lista para 793 bilionários. Em 2008, a relação trazia 1.125 pessoas. Segundo a revista, a fortuna acumulada dos dez mais ricos da lista cresceu de US$ 254 bilhões para US$ 342 bilhões no último ano. "A economia global está se recuperando", disse o editor-chefe da revista, Steve Forbes. "Os mercados financeiros também tiveram uma recuperação impressionante, principalmente nos mercados emergentes", afirmou.

Entre os dez primeiros da lista, há quatro bilionários oriundos de países emergentes - além de Slim e de Batista, aparecem os indianos Mukesh Ambani e Lakshmi Mittal, na 5ª e na 6ª posições, respectivamente. Mesmo sem nomes entre os dez primeiros, porém, a China é o país com o maior número de bilionários após os Estados Unidos - 64. Se considerados também os bilionários de Hong Kong, são 89 os chineses da lista. Outro país emergente, a Rússia, aparece como o terceiro com o maior número de bilionários - 62.

Os 18 brasileiros da lista da Forbes têm, juntos, uma fortuna de US$ 84,7 bilhões. O segundo da lista é Jorge Paulo Lemann, sócio da cervejaria belgo-brasileira InBev, com uma fortuna de US$ 11,5 bilhões. Ele aparece na 48ª posição na lista geral. O terceiro brasileiro mais rico, na 64ª posição da lista, é o banqueiro Joseph Safra, com uma fortuna acumulada de US$ 10 bilhões. A família Steinbruch, dos grupos CSN e Vicunha, aparece na 136ª posição, com uma fortuna de US$ 5,5 bilhões. Outros dois sócios da InBev aparecem sem seguida - Marcel Telles (152ª posição, fortuna de US$ 5,1 bilhões) e Carlos Alberto Sicupira (176ª posição, US$ 4,5 bilhões).

Em seguida estão o banqueiro Aloysio de Andrade Faria (201ª posição, US$ 4,2 bilhões), Abílio Diniz, do grupo Pão-de-Açúcar, e Antonio Ermírio de Moraes, da Votorantim, ambos empatados na 316ª posição, com US$ 3 bilhões, o banqueiro Moise Safra (421ª posição, US$ 2,3 bilhões), Elie Horn, da imobiliária Cyrella (437ª posição, US$ 2,2 bilhões), Antonio Luiz Seabra, da Natura (437ª posição, US$ 2,2 bilhões), Guilherme Peirão Leal, também da Natura (463ª posição, US$ 2,1 bilhões), Rubens Ometto, da produtora de álcool e açúcar Cosan (463ª posição, US$ 2,1 bilhões), o sino-brasileiro Liu Ming Chung, radicado em Hong Kong, da empresa de papel Nine Dragons (582ª posição, US$ 1,7 bilhão), João Alves de Queiroz Filho, da Hypermarcas (616ª posição, US$ 1,6 bilhão), Jayme Garfinkel, da seguradora Porto Seguro (828ª posição, US$ 1,2 bilhão) e o banqueiro Julio Bozano (880ª posição, US$ 1,1 bilhão).

IGREJA E ECONOMIA.

Além da triste situação que envolve a Igreja Católica em numerosos escândalos sexuais, existe a bilionária questão financeira, o que, lamentavelmente, envolvem mundos onde fé e o dinheiro não deveriam andar de mãos dadas. O genial SINFRÔNIO, lá de FORTALEZA, no nosso DIÁRIO DO NORDESTE, consegue colocar um pouco de humor num assunto tão NEGRO.

UM GENIAL MATEMÁTICO!

Sou leitor de ELIO GASPARI desde... anos. Apesar de discordar de vários textos seus, o jornalista escreve sobre quase tudo e quase todos. Li com prazer seus quatro livros sobre a ditadura e sua pesquisa realmente tornaram esses livros fonte importante para quem deseja conhecer parte de nossa história. Na FOLHA DE S. PAULO de 24/03/10, ele escreve sobre MATEMÁTICA. Como? Não tenham receio de ler, pois somente ele consegue, em poucas palavras, oferecer uma boa leitura.

Em 2008, quando Lady Gaga gravou seu primeiro álbum, já se tinham passados seis anos do dia em que Grigori Perelman resolvera a Conjectura de Poincaré, um dos maiores mistérios da matemática. Num mundo que consome celebridades, a história de Perelman merece cinco minutos de atenção.

Ele é um matemático russo, de 43 anos, já passou meses sem trocar de roupa, raramente corta as unhas, a barba ou o cabelo. Vive com a mãe em São Petersburgo, tem horror a jornalistas e viveu sete anos praticamente recluso. Nem e-mails respondia. Quando esteve nos Estados Unidos, a base de sua alimentação era pão preto e iogurte. Recusou cátedras nas universidades de Princeton, Berkeley, Stanford e no MIT. É um excêntrico, mas é um excêntrico que tem bastante a ensinar. Até que ponto vive-se melhor parecendo maluco do que deixando-se bafejar pela celebridade?

Superando ciúmes, intrigas e rivalidades, Perelman acaba de conquistar o prêmio dos "Problemas do Milênio", com direito a um cheque de US$ 1 milhão, concedido por uma fundação americana, por ter decifrado um dos sete grandes mistérios da matemática. Em 2006, ofereceram-lhe um honraria considerada equivalente a um Nobel de matemática. Recusou-a.

Para os leigos (como o signatário), a Conjectura de Poincaré é algo incompreensível. Ainda assim, pode-se perceber que Poincaré, um matemático francês que morreu em 1912, deixou para o mundo uma conjectura. Mais difícil será entender o que significa o segundo mistério: "A existência de Yang-Mills e a falha na massa".

Perelman resolveu a conjectura em 2002. Em vez de mandar seu trabalho para uma revista científica, onde um painel de estudiosos estudaria a consistência dos argumentos, simplesmente jogou os textos na internet, num arquivo público de trabalhos acadêmicos. O trabalho não dizia que a conjectura havia sido resolvida, essa tarefa cabia a quem o lesse. (Um matemático gastou três meses para entendê-lo.) A comunidade dos sábios consumiu dois anos estudando, invejando e, em alguns casos, buscando uma falha na explicação. Perda de tempo.

Quando Perelman foi convidado por Princeton, pediram-lhe um currículo. Respondeu que, se não sabiam quem ele era, não deveriam convidá-lo. Como o MIT chamou-o depois que resolveu a Conjectura de Poincaré, recusou porque deveriam tê-lo chamado antes. Num último convite podia ganhar quanto quisesse e fazer o que quisesse durante o tempo que bem entendesse. Respondeu que estava comprometido com seus alunos do ensino médio de São Petersburgo, o que nem era verdade.

Perelman ofendeu-se quando o "New York Times" disse que ele sustentava que resolvera a conjectura para ganhar US$ 1 milhão. Afinal, estudava o problema muito antes de o prêmio surgir e não sustentava coisa alguma. Decifrara a Conjectura de Poincaré, ponto.

Perelman é um matemático excêntrico e, pensando-se bem, Lady Gaga é uma roqueira quase convencional. Assim as coisas ficam fáceis e pode-se ir em paz ao próximo show. Contudo o mundo fica mais interessante quando se sabe que o negócio de Perelman é outro. Os matemáticos podem viver num mundo de liberdade e rigor absolutos. Ele escolheu uma vida de total integridade, sem concessões a coisa alguma. Ninguém manda nele, só a matemática, num diálogo que dispensa outras vozes.

terça-feira, 23 de março de 2010

O CAPITALISMO AMERICANO!

Direto da VEJA desta semana, o professor da Universidade Yale ROBERT SHILLER, diz, entre outras coisas que "Os Estados Unidos possuem uma tradição de respeito aos direitos humanos e à liberdade, antes mesmo da palavra capitalismo ter aparecido." E vai mais longe: "Faz parte da cultura americana manter o governo afastado da vida privada e dos negócios. A IMAGEM DOS ESTADOS UNIDOS COMO LÍDER DO CAPITALISMO SOBREVIVERÁ AOS DANOS PROVOCADOS PELA CRISE E AOS REMÉDIOS ESTATAIS MINISTRADOS PARA DIMINUIR SUA DURAÇÃO."
E ponto final!!!

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...