A edição de dezembro da VIAGEM E TURISMO
divulgou que Fortaleza é o destino de desejo número 1 do Brasil. Um estado que espera receber quase UM MILHÂO de turistas no período entre dezembro/2011 e fevereiro/2012, o que deve resultar numa renda de R$ 2,4 bilhões na cadeia de turismo, merece ter um Estado mais atento a determinadas demandas sociais.
Ontem, lamentavelmente a cidade estava mais para um velho faroeste americano. Excelente a visão de Sinfrônio, hoje no Diário do Nordeste.
Abaixo, matéria de capa na FOLHA DE S. PAULO de hoje, relatando a situação de medo em pleno verão turístico.
Policiais militares e bombeiros do Ceará
ignoraram a ordem da Justiça de voltar ao trabalho e cumpriram ontem o quinto
dia de greve geral que deixou Fortaleza, em plena alta temporada turística, com
ares de cidade fantasma.
Durante todo o dia, o medo tomou a
capital cearense, apesar do reforço no policiamento feito por homens da Força
Nacional de Segurança e do Exército desde a sexta.
No fim da noite, enquanto as negociações
indicavam que a greve poderia acabar, os policias civis também decidiram parar.
Ontem, lojas em ruas de áreas nobres e
do centro, incluindo o turístico Mercado Central, fecharam as portas.
Creches, escolas municipais e estaduais
-em reposição de aulas após greve-, repartições municipais, postos de saúde, o
Tribunal de Justiça e o fórum encerraram o expediente mais cedo.
Algumas agências da Caixa não abriram.
Outras encurtaram em duas horas o horário de trabalho. Os Correios
interromperam o serviço de entrega e os agentes de trânsito ameaçavam parar por
falta de segurança.
A reação em cadeia foi provocada pelo
temor de arrastões e assaltos que começaram a se alastrar -pelo boca a boca e
pelas redes sociais- na noite de segunda-feira.
Ao meio-dia, as principais artérias e
zonas comerciais estavam praticamente vazias.
Luiz Brito, 65, dono de uma loja no
centro, resolveu fechar as portas às 9h. "Começou a gritaria: 'Lá vem o
arrastão'. Fechei e esperei. Não sei se vou trabalhar amanhã [hoje], vamos ver
as condições."
O Mercado Central, o principal centro de
compras voltados para o turismo na capital de 2,5 milhões de habitantes,
fechou, mas, segundo os próprios comerciantes, não houve registro de assaltos.
Jornais e rádios locais confirmavam o
assalto de um supermercado no bairro de classe média do Montese, na noite de
segunda, e de tentativas de assalto em zonas nobres, como Aldeota e Seis Bocas.
Com medo de tentativas de resgate de
presos, policiais civis fecharam as delegacias e se recusaram a fazer boletins
de ocorrência. Uma mulher atingida por um tiro de raspão na cabeça não pôde
fazer o registro no 25º DP, segundo o inspetor Lourival Lima. "A delegacia
estava fechada por receio da segurança", disse.
O clima de tensão também afetou a praia
do Futuro, a principal da cidade, cheia na terça ensolarada de férias.
Pouco antes do meio-dia, garçons
orientavam os clientes a encerrar contas e reproduziam rumores de arrastão.
Nos hotéis, a orientação aos turistas
era sair pouco e não levar objetos de valor. Operadores do cinco estrelas
Marina Park e do hotel Mareiro informaram que não registraram cancelamento de
reservas.
Segundo o Comando da 10ª Região Militar
do Exército, 813 militares e 204 homens da Força Nacional de Segurança
auxiliavam na segurança do Estado ontem. Era prevista a chegada de mais de cem
militares.
Em nota, o governo do Ceará disse que a
segurança estava sendo "garantida" pelos reforços e que "muitos
boatos" estavam sendo propagados. Não divulgou, porém, o número de crimes
registrados desde o início da greve.