terça-feira, 21 de abril de 2015
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Brasil: estimativas PIB - Juros - IPCA - Câmbio 2015.
FOCUS - Relatório de Mercado do BACEN estima os cenários abaixo:
PIB: Para 2015, a mediana das projeções para o PIB passou de -1,01% para
-1,03% e sua média se manteve em -1,05%.
Juros: Para 2015, a mediana das projeções para a taxa Selic se manteve
em 13,25% e sua média caiu de 13,28% para 13,27%.
IPCA: Para 2015, a mediana das projeções aumentou de 8,13% para 8,23% e
sua média subiu de 8,16% para 8,22%.
Câmbio: Para 2015, a mediana das projeções recuou de R$/US$ 3,25 para
R$/US$ 3,21 e sua média caiu de R$/US$ 3,23 para R$/US$ 3,22.
sábado, 18 de abril de 2015
sábado, 11 de abril de 2015
O encontro de Dilma e Obama.
Sinfrônio, o mestre do humor cearense, demonstra em uma única
charge, a popularidade de Dilma e seu encontro, na Cúpula das Américas, com o presidente Barack Obama.
Economistas.
O Professor Delfim Netto, na FOLHA, uma aula de Economia.
Há um claro exagero na afirmação de que o desenvolvimento econômico
depende basicamente da política microeconômica. Bastaria fornecer aos agentes a
oportunidade de operarem livremente num ambiente de mercados bem regulados e
que funcionem com estímulos adequados para que o crescimento econômico (a
produtividade da mão de obra) seja maximizado.
A demonstração dessa proposição é uma joia lógica. Na prática, deixa
muito a desejar pelas fantásticas condições econômicas necessárias para
obtê-la. Isso para não falar das condições implícitas sobre a estrutura
política e de poder de qualquer sociedade concreta.
Ainda que a "receita" genérica possa ser parcialmente aceita
para uma sociedade onde a eficiência econômica seja compatível com relativa
independência e razoável igualdade, não é possível dispensar a macroeconomia.
As questões da moeda (que é uma instituição social que condiciona o
comportamento dos agentes), do crédito que liga o futuro opaco ao presente, da
taxa de juro que é a "ponte" entre eles e do sistema financeiro podem
acrescentar ainda mais instabilidade a um sistema produtivo que já tem em si um
desequilíbrio permanente.
É o reconhecimento da enorme complexidade das inter-relações entre os
cidadãos na sua atividade econômica que dá relevância ao economista e torna-o
um cientista social "perigoso", se ele não incorporar a diversidade
de pontos de vista sobre os problemas. Se é verdade, como disse John Dewey
("The Public and Its Problems", 1927), "que toda ciência do
homem deve preocupar-se dos seus efeitos sociais", então nada se compara
aos estragos que podem produzir as políticas econômicas inspiradas apenas no
pensamento único (sempre ideológico) que dispensa a observação empírica
sistemática e cuidadosa.
Um sociólogo, um antropólogo, um psicólogo ou um historiador
"certos" são aplaudidos e reverenciados por seus pares.
"Errados", estimulam ainda mais a pesquisa. Sempre melhoram o
entendimento do mundo sem ganhos ou prejuízos de monta.
Com o economista o resultado é outro. Suas ideias (estejam certas ou
erradas) acabam determinando as políticas econômica e social dos governos:
beneficiam ou prejudicam desigualmente milhões de cidadãos! É por isso que é
preciso alargar o estudo da economia para inseri-lo num modelo em que a
eficiência econômica é submetida ao controle do continuado aumento da relativa
igualdade de oportunidades.
Isso exige, como temos insistido, a integração das contribuições dos
neoclássicos, dos keynesianos e dos marxistas na prática da política econômica.
Joaquim Levy e o PIB de 0,1% em 2014.
"O resultado do PIB em 2014, conforme dados das Contas Nacionais, confirmou a pausa no crescimento econômico no ano.
Por outro lado, a revisão das estatísticas decorrente de aprimoramentos
metodológicos incorporados pelo IBGE revelou um quadro de maior expansão da
atividade econômica desde 2012, como já evidenciado para 2011, de participação
mais elevada do investimento na economia e de melhores indicadores de solvência
do País.
Numa visão prospectiva, não obstante a evolução desfavorável da atividade
no curto prazo, os ajustes macroeconômicos em curso tendem a construir bases
mais sólidas para a retomada da confiança e do crescimento econômico".
Fonte: BACEN.
domingo, 5 de abril de 2015
Fernando Henrique: Oposição e reconstrução.
Para reflexão, Fernando Henrique Cardoso, hoje no "O Estado de S.Paulo".
Nas últimas semanas tenho dado entrevistas aos jornais e às TVs, talvez
mais do que devesse ou a prudência indicasse. Por quê? A mídia anda à busca de
quem diga o que pensa sobre o "caos" (a qualificação é oficiosa, vem
da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) em que
estaríamos mergulhados e é necessário que vozes da oposição sejam ouvidas.
A crise atual marca o fim de um período, embora ainda não haja percepção
clara sobre o que virá. Em crises anteriores as forças opostas ao governo
estavam organizadas, tinham objetivos definidos. Foi assim com a queda de
Getúlio em 1945, quando a vitória dos Aliados impunha a democracia; idem na
segunda queda de Getúlio, quando seus opositores temiam a instauração da "República
sindicalista"; o parlamentarismo, igualmente, serviu de esparadrapo para
que Jango pudesse tomar posse; em 1964 as "marchas das famílias pela
liberdade" aglutinaram as forças políticas aos militares contra o
populismo presidencial e, posteriormente, entregaram-se a práticas
autoritárias; deu-se o mesmo, por fim, quando a frente de oposição, liderada
pelo PMDB, em aliança com dissidentes da antiga Arena, pôs fim ao regime criado
em 1964.
Em todos esses casos, previamente ao desenlace houve o enfraquecimento da
capacidade de governar e os opositores tinham uma visão política alternativa
com implicações econômicas e sociais, embora se tratasse fundamentalmente de
crises políticas. Mesmo no impeachment de Collor, a crise era política e a
solução, idem. Naturalmente, ajustes econômicos foram feitos em seguimento às
soluções políticas, basta lembrar a dupla Campos-Bulhões nos anos 1960. Ou,
ainda, os Planos Cruzado e Real, que se seguiram à Constituinte e à derrocada
de Collor.
No que se distingue o "caos" atual? Em que ele é mais
diretamente a expressão do esgotamento de um modelo de crescimento da economia
(como também em 1964 e nas Diretas-Já), embora ainda não se veja de onde virá o
novo impulso econômico. Mais do que uma crise passageira, o "caos"
atual revela um esgotamento econômico e a exaustão das formas
político-institucionais vigentes. Será necessário, portanto, agir e ter
propostas em vários níveis. Embora haja alguma similitude com a situação
enfrentada na crise de Jango Goulart, nem por isso a "saída" desejada
é golpista e muito menos militar. Não há pressões institucionais para derrubar
o governo e todos queremos manter a democracia.
Explico-me: a pretensão hegemônica do lulopetismo assentou-se até a crise
mundial de 2008 na coincidência entre a enorme expansão do comércio mundial e a
alta do preço das commodities, com a continuidade das boas práticas econômicas
e sociais dos governos Itamar Franco-Fernando Henrique Cardoso. Essas práticas
foram expandidas no primeiro mandato de Lula, ao que se somou a reação positiva
à crise financeira mundial. Ao longo do seu segundo mandato, o lulopetismo
assumiu ares hegemônicos e obteve, ao mesmo tempo, a aceitação do povo (emprego
elevado, Bolsa Família, salário mínimo real aumentado) e o consentimento das
camadas econômicas dominantes (bolsa BNDES para os empresários, Tesouro em
comunicação indireta com o financiamento das empresas, Caixa Econômica ajudando
quem precisasse).
Só que o boom externo acabou, os cofres do governo secaram e a galinha de
ovos de ouro da "nova matriz econômica" - crédito amplo e barato e
consumo elevado - perdeu condições de sustentabilidade. Isso no exato momento
em que o governo Dilma pôs o pé no acelerador, em vez de navegar com prudência.
Daí que o discurso de campanha tenha sido um e a prática atual de governo,
outra. Some-se a isso a crise moral, na qual o petrolão não é caso único.
As oposições devem começar a desenhar outro percurso na economia e na
política. Como a crise, além de econômica e social, é de confiabilidade (o
governo perdeu popularidade e credibilidade), começam a surgir vozes por
"um diálogo" entre oposições e governo. Problema: qual o limite entre
diálogo político e "conchavo", ou seja, a busca de uma tábua de
salvação para o governo e para os que são acusados de corrupção? A reconstrução
de uma vida democrática saudável e uma saída econômica viável requerem
"passar a limpo" o País: que prossigam as investigações e que a
Justiça se cumpra. Ao mesmo tempo há que construir novos modos de funcionamento
das instituições políticas e das práticas econômicas.
As oposições devem iniciar no Congresso o diálogo sobre a reforma
política. Em artigo luminoso do senador José Serra, publicado no Estadão de 26
passado, estão alinhadas medidas positivas tanto para a reforma eleitoral como
para práticas de governo. Iniciar a proposta de voto distrital misto nas
eleições para vereador em municípios com mais de 200 mil eleitores é algo
inovador (o senador Aloysio Nunes fez proposta semelhante). Há sugestões de
igual mérito na área administrativa, como a criação da Nota Fiscal Brasileira,
e ainda a corajosa e correta crítica ao regime de partilha que levou a
Petrobrás a se superendividar. De igual modo o senador Tasso Jereissati
apresentou emenda moralizadora sobre o financiamento das eleições, impondo
tetos de doação de até R$ 800 mil para os conglomerados empresariais e
restrições de acesso ao financiamento público para as empresas doadoras.
Partidos que até agora apoiam o governo, como o PMDB, também têm propostas a
ser consideradas.
Sei que não basta reformar os partidos e o Código Eleitoral. Mas é um bom
começo para a oposição, que, além de ir às ruas para apoiar os movimentos
populares moralizadores e reformistas, deve assumir sua parte de
responsabilidade na condução do País para dias melhores. Deste governo há pouco
a esperar, mesmo quando, movido pelas circunstâncias, tenta corrigir os rumos.
Tanto quanto popularidade, falta-lhe credibilidade.
sábado, 4 de abril de 2015
O economista de Dilma Rousseff: Thomas Piketty.
Thomas Piketty continua na lista dos livros mais vendidos no Brasil,
agora com dois livros.
Além do já mundialmente famoso “O Capital no Século XXI”, na lista temos o
seu “A Economia da Desigualdade”.
Segundo o site http://glamurama.uol.com.br/sabe-qual-foi-o-livro-que-dilma-devorou-durante-sua-campanha/, "O Capital no Século XXI" foi o livro de cabeceira da presidente Dilma Rousseff
na campanha eleitoral de 2014, tendo a presidente lido em inglês, em apenas um
final de semana.
Em pesquisa por este blog se Joaquim Levy também já devorou o seu Piketty.
Doutorado em Economia no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) em Belém.
Parabéns a equipe do NAEA em Belém pela excelente notícia abaixo.
Aconteceu na terça-feira, 31 de março, a Cerimônia de abertura e aula
inaugural do primeiro Doutorado em Economia ligado ao Programa de Pós-Graduação
em Economia (PPGE), no auditório professor doutor Armando Mendes, no Núcleo de
Altos Estudos Amazônicos (NAEA). O Doutorado em Economia é o primeiro da
Amazônia Legal e dará início às atividades com área de concentração e pesquisa
em Desenvolvimento Econômico Regional.
O professor doutor Emmanuel Tourinho, da Pró-Reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação (PROPESP), representando o reitor Carlos Edilson Maneschy e os
professores Sérgio Rivero, coordenador do PPGE; Armando de Souza, diretor da
Faculdade de Ciências Econômicas; e Carlos Maciel, diretor do Instituto de
Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), estiverem presentes na cerimônia de
abertura.
O pró-reitor Emmanuel Tourinho destacou a alegria de viver o início de um
novo doutorado para a Universidade, além de ser uma conquista muito importante
para a Instituição. O pró-reitor ainda parabenizou a todos e afirmou que tão
importante quanto abrir um doutorado é mantê-lo com excelência.
O professor Armando afirmou que os objetivos do Programa são promover e
estimular o debate crítico. “O grande desafio do curso de economia é ser
disciplinar, mas ao mesmo tempo buscar dialogar com a sociedade. No contexto
amazônico é importante dialogar com outras áreas do conhecimento. Trazer os
debates atuais para a nossa realidade”, concluiu o professor.
Uma agenda de pesquisa para a Amazônia - Em seguida, ocorreu a aula
inaugural “Desenvolvimento Econômico, Território e Meio Ambiente: Uma Agenda de
Pesquisa para a Amazônia”, ministrada pelo professor doutor Francisco de Assis
Costa, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA). Ele iniciou o discurso
mostrando o valor do doutorado para a região. “Representa uma oportunidade
importante para o desenvolvimento da reflexão da Amazônia”, afirmou o professor
Francisco.
Durante a sua fala, o professor Francisco Costa percorreu vários temas,
inclusive a construção do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU), do NAEA, além de ressaltar que as
economias locais e seus sistemas agrários devem ser objetos de investigação,
porque podem fomentar ou depredar a capacidade local.
As linhas de pesquisa da nova pós-graduação são: Dinâmica Agrária e
Desenvolvimento Sustentável; Economia Regional e Urbana e Economia, Sociedade e
Meio Ambiente. A seleção da primeira turma contou com a inscrição de 54
candidatos, destes, 14 foram selecionados. A previsão de formação dos primeiros
doutores em Economia da Amazônia será em 2017.
Texto:
Lorena Saraiva – Ascom/NAEA.sexta-feira, 3 de abril de 2015
sábado, 28 de março de 2015
A morte nos belos Alpes franceses.
Recentemente viajei em um Airbus A320 da companhia aérea Germanwings, uma
empresa europeia de baixo custo, de propriedade da gigante Lufthansa.
Estarrecido com a possibilidade do copiloto Andreas Lubitz, ter propositadamente derrubado nos Alpes franceses o mesmo Airbus
A320 quando fazia a rota entre Barcelona, na Espanha e Düsseldorf, Alemanha, na terça-feira passada, dia 24/03, onde ele e as demais 149 pessoas a bordo morreram, isso apenas confirma
o que todos devem reconhecer:
Apesar de todo o imenso suporte tecnológico disponível, por último, sempre, está a mão do homem. E, como também já conhecemos, é infinita a miséria humana.
Picasso no Brasil.
Para quem está ou viaja à São Paulo até 8 de junho, não deixe de agendar uma visita ao Centro Cultural do Banco do Brasil e conhecer a exposição Picasso e a
Modernidade Espanhola – Obras da Coleção do Museo Nacional Centro de Arte Reina
Sofía - © Succession Pablo Picasso.
Com cerca de 90 obras a exposição evidencia a influência de Picasso na
arte moderna espanhola e os traços mais importantes e originais da
sensibilidade artística que o pintor e seus contemporâneos espanhóis imprimiram
ao cenário internacional das artes.
A exposição faz referência ao percurso de Picasso como artista e como
mito, até chegar à realização de Guernica; à sua relação com
mestres da arte moderna espanhola, como Gris, Miró, Dalí, Domínguez e Tàpies,
entre outros presentes na mostra; e a suas contribuições para uma noção de
modernidade voltada para o tempo presente.
Curadoria: Eugenio Carmona.
Essa exposição foi organizada e realizada em colaboração com o Museo
Nacional Centro de Arte Reina Sofía e a Fundación Mapfre. Exposição
realizada inicialmente na Fondazione Palazzo Strozzi, Florença.
Fonte: CCBB SP.
A caravela Brasil navega sem destino.
Depois de receber o resultado do PIB 2014 em ridículo 0,1%, o brasileiro
tem conhecimento que o novo ministro da Educação é o Professor Renato Janine
Ribeiro, um intelectual respeitado, em que pese algumas críticas, como é comum
na sua área.
Porém, de imediato, toma-se conhecimento que o também novo ministro das
Comunicações é o petista Edinho Silva, que foi tesoureiro de campanha da presidente Dilma Rousseff, para
comandar a poderosa SECOM, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da
República.
Como é possível que um péssimo resultado econômico não faça com que a
presidente Dilma Rousseff finalmente busque o que temos de melhor na sociedade
e construa um ministério de notáveis que trabalhe visando o Brasil e não apenas
o benefício de determinada legenda partidária?
O ministro Joaquim Levy já comentou que o desempenho do Brasil em 2014
terá como consequência uma “forte desacelerada” no início de 2015 e que o Brasil
passa, atualmente, por um período de transição. Como ministro da Fazenda, Levy
deve realmente demostrar à sociedade otimismo, porém todas as análises econômicas,
incluindo a do próprio BACEN indicam que o ano de 2015 será, infelizmente,
ruim.
Neste início do 2º trimestre de 2015, espera-se que o governo adote
medidas que realmente iniciem o processo de melhoria da economia e que parte da
política podre não consiga dominar a estrutura do estado e transformar este país
em algo pior do que já está.
sexta-feira, 27 de março de 2015
Brasil - PIB 2014: 0,1%.
No ano de 2014, o PIB variou 0,1% em relação a
2013.
A
estabilidade do PIB resultou da variação positiva de 0,2% do valor adicionado e
do recuo nos impostos (-0,3%).
Nessa comparação, a Agropecuária (0,4%) e os
Serviços (0,7%) cresceram e a Indústria caiu (-1,2%).
Em 2014, o PIB
alcançou R$ 5,52 trilhões (valores correntes).
O PIB per capita
ficou em R$ 27.229, com queda (-0,7%), em volume, em relação a 2013.
Fonte: IBGE
sábado, 21 de março de 2015
O que o mundo espera do agronegócio? Marcos Jank responde.
Com excelente conhecimento e didática, Marcos Sawaya Jank na FOLHA DE S. PAULO demonstra "O que o mundo espera do agronegócio".
Ninguém
mais duvida de que o Brasil é hoje uma das maiores potências agrícolas do
planeta. Graças a agricultores competentes e investimentos em tecnologia
tropical, tornamo-nos líderes globais em importantes commodities. Grãos,
açúcar, café e algodão são exportados com base em cotações de Bolsas e chegam a
mais de 200 países.
Mas
a pergunta que fica é: estamos conseguindo entender e atender as expectativas
de nossos consumidores finais? Nosso único papel é vender commodities ou há
outras oportunidades que não estão sendo exploradas?
Vejo
hoje quatro grandes vetores que puxam a demanda do agronegócio no mundo. Nos
países pobres, a preocupação central é a "segurança alimentar" da
população no sentido mais clássico ("food security") --oferta
crescente de alimentos a preços acessíveis.
Quase
1 bilhão de pessoas ainda passa fome no mundo. Na Ásia e na África, mais da
metade da população vive em condições precárias de subsistência em pequenas
propriedades no campo, sem conhecimento, tecnologia e acesso a mercados.
Para
esse imenso grupo, a palavra mágica é "produtividade", obtida pelo
aumento do rendimento e escala da produção doméstica, ou pela maior abertura
para importações competitivas, reduzindo as barreiras que hoje impedem o
comércio. Esse é o segmento em que o Brasil se posiciona muito bem desde que
existe, primeiro em produtos tropicais, depois nas grandes commodities da
alimentação mundial.
Na
sequência, vem outro vetor ainda pouco explorado pelo agronegócio brasileiro: a
questão da "segurança do alimento" ("food safety"). Cresce
o número de países cuja preocupação central não é mais a quantidade produzida
no campo, mas sim a qualidade dos alimentos que chegam à mesa dos consumidores.
Aqui o que interessa não é volume, mas sim sanidade comprovada, armazenagem
adequada, distribuição rápida, certificação, rastreabilidade etc. Em suma, o
consumidor quer ter certeza quanto à qualidade do alimento que vai comer e,
para isso, a palavra mágica é "segurança da cadeia de suprimento".
A
China deve ser o país em que essa preocupação é hoje mais intensa. O Brasil
possui cadeias produtivas consolidadas e bem coordenadas que chegam com
eficiência à mesa do consumidor doméstico. Porém, na exportação, com raras
exceções, ainda não conseguimos ir além da venda de commodities básicas sem
grande diferenciação.
Países
de renda média de América Latina, Leste Europeu e alguns asiáticos se encontram
no terceiro grupo. Aqui a palavra forte é "valor adicionado",
traduzido em segmentação e variedade de produtos, criação de marcas globais,
conveniência, sabores, embalagens e logística eficiente.
Oferecer
ao consumidor produtos confiáveis, acessíveis, saborosos, de alta qualidade, na
hora certa. Este é o estágio em que estamos no mercado interno. Mas no exterior
ainda há muito por ser feito, principalmente entre o processamento e o
consumidor final. Reside aí a maior oportunidade de internacionalização da
cadeia de valor que o agronegócio brasileiro tem hoje.
No
quarto grupo, estão consumidores de renda maior, que, na maioria dos casos,
vivem em países desenvolvidos em que a dimensão preço x qualidade x variedade
já foi conquistada. Para esses consumidores mais ricos, o que interessa são
"novas demandas" do tipo de alimentos produzidos localmente, próximos
à região de consumo, com mínimo impacto ambiental e menor uso de tecnologia
--orgânicos, sem antibióticos, sem transgênicos, sem instalações fechadas.
Exigências que costumam elevar o preço do produto.
Esses
quatro vetores definem demandas com diferentes comportamentos e velocidades, às
vezes em direções opostas. Por exemplo, enquanto o primeiro grupo busca o
aumento da produtividade por meio da maior tecnificação da produção, o quarto
grupo está disposto a pagar mais por alimentos produzidos com menor intensidade
tecnológica.
Cabe
às empresas entender esse quadro e buscar satisfazer seus diferentes grupos de
clientes e consumidores. Cabe aos países entender as diferentes dimensões da
demanda global por alimentos e gerar as políticas e as regulações adequadas.
Claramente
cumprimos um papel relevante no suprimento global de commodities. Mas será que
estamos nos organizando adequadamente para aproveitar as fantásticas
oportunidades que o mundo nos oferece?
sexta-feira, 20 de março de 2015
quarta-feira, 4 de março de 2015
Taxa Selic 12,75% a.a.: este é o Brasil real.
Copom
eleva a taxa Selic para 12,75% ao ano.
04/03/2015
20:03
Brasília – Avaliando o cenário
macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por
unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 12,75% a.a., sem viés.
Votaram
por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini
(Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles,
Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
A alternativa de Delfim Netto.
ANTONIO DELFIM
NETTO continua na FOLHA com seus textos sempre necessários ao leitor leigo, mas, principalmente, aos colegas Economistas.
Não é preciso ser
um sofisticado economista "ortodoxo" ou "heterodoxo",
classificação que, às vezes, apenas esconde duas igrejas secretas que guardam
para si e seus sacerdotes "verdades" que a outra não vê e que,
legítima e reciprocamente, colocam em dúvida, para saber que qualquer medida de
política econômica tem, necessariamente, dois efeitos:
1-) sobre o nível
da atividade, um aumento ou uma subtração do PIB, isto é, do valor adicionado
pela combinação do capital e do trabalho e 2-) sobre como se distribuirão os
benefícios (no caso de aumento do PIB) e os custos (no caso da subtração) do
valor adicionado apropriado, respectivamente, pelo capital (lucro) e pelo
trabalho (salário).
No momento em
que, pressionados pelas circunstâncias, os países têm de fazer ajustes fiscais,
que, até para efeito de "credibilidade", precisam ser acompanhados de
reformas estruturais, como é o caso do Brasil, um país em rápido envelhecimento
e com péssimas perspectivas para o seu sistema de seguridade social, o sucesso
exige tanto arte política quanto competência técnica.
O novo programa
do governo não pretende ser "ótimo", mas apenas o mais razoável
possível dentro do espaço político disponível. Ele leva em conta os dois
efeitos acima mencionados e tenta calibrá-los sem comprometer o nível de
igualdade de oportunidade que já atingimos (efeito catraca). O seu grande
problema é acordar as esperanças de todos os agentes e mostrar-lhes que a
distribuição dos seus custos tem uma proporcionalidade que lhe garante o mínimo
de moralidade para que não seja politicamente rejeitada. Como é óbvio, a tarefa
só será executada com a compreensão, aprovação e forte apoio de toda a
sociedade.
Honestamente, é
preciso deixar de lado a hidrofobia, enfrentar todos os preconceitos, dar claro
apoio ao programa do governo e confiar na capacidade de execução de seus
ministros.
Deixemos de
tentar saber se há gasolina no tanque, iluminando-o com um fósforo aceso. Há!
Por mais que seja desagradável, é preciso reconhecer que a perspectiva da
tempestade perfeita continua a nos espreitar. A alternativa que resta ao
Brasil, se não tiver ânimo e forças para restabelecer, de fato, a sua
credibilidade fiscal, é aceitar a perda do seu grau de investimento.
A partir daí,
ainda que as agências de risco estejam meio desmoralizadas, será uma questão de
tempo (não de se...) sermos vítimas de um turbilhão pelo qual, acreditem ou não
os "heterodoxos", os famosos mercados dos "ortodoxos" vão
nos impor o seu "ajuste", pouco se importando com seus custos ou com
os seus efeitos. Nos meus 87 anos, já vi muito leão virar gato...
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