O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem
viés.
O cenário básico com que o Comitê trabalha pode ser resumido pelas
seguintes observações:
O conjunto dos indicadores divulgados desde a última reunião do Copom
mostra evidências de que a economia brasileira tenha se estabilizado
recentemente e sinais de possível retomada gradual da atividade econômica. A
economia segue operando com alto nível de ociosidade;
No âmbito externo, o cenário ainda apresenta interregno benigno para
economias emergentes. No entanto, as incertezas sobre o crescimento da economia
global e, especialmente, sobre a normalização das condições monetárias nos EUA
persistem;
A inflação corrente segue pressionada, em parte em decorrência de preços
de alimentos, e vem recuando em ritmo mais lento que o esperado;
As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus para 2017 recuaram
desde o último Copom, mas seguem acima da meta para a inflação, de 4,5%. As
expectativas para horizontes mais distantes já se encontram em torno desse
patamar; e As projeções do Copom para a inflação de 2016 nos cenários de referência
e mercado subiram desde sua última reunião e encontram-se em torno de 7,3%. Nos
horizontes relevantes para a condução da política monetária, as projeções
mantiveram-se relativamente estáveis ou recuaram. Em particular, sob as
hipóteses do cenário de referência, a projeção para a inflação de 2017
encontra-se em torno da meta de 4,5%. No cenário de mercado, a projeção para
2017 recuou para 5,1%.
O Comitê identifica os seguintes riscos domésticos para o cenário básico
para a inflação:
Por um lado, (i) a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa
medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; (ii)
incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na
economia permanecem; e (iii) um período prolongado com inflação alta e com
expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o
processo de desinflação;
Por outro lado, (iv) índices de preços no atacado indicam possível
arrefecimento do choque de preços de alimentos e um eventual efeito favorável
sobre o IPCA; (v) os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais
célere, o que permitiria ganhos de confiança e reduziria as expectativas de
inflação; e (vi) o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação
mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom.
Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de
informações disponíveis, o Copom decidiu pela manutenção da taxa básica de
juros em 14,25% a.a., sem viés. O Comitê avalia que uma flexibilização das
condições monetárias dependerá de fatores que permitam maior confiança no alcance
das metas para a inflação nos horizontes relevantes para a condução da política
monetária, em particular da meta de 4,5% em 2017. O Comitê destaca os seguintes
fatores domésticos: (i) que a persistência dos efeitos do choque de alimentos
na inflação seja limitada; (ii) que os componentes do IPCA mais sensíveis à
política monetária e à atividade econômica indiquem desinflação em velocidade
adequada; e (iii) que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e
implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das
medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação. O
Comitê avaliará a evolução da combinação desses fatores.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn
(Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac
Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le
Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.