Em recente artigo na FOLHA,
ROGÉRIO MORI, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação
Getúlio Vargas (FGV/EESP), analisa a atual política fiscal.
Cada
vez mais a política econômica do governo parece perder consistência do ponto de
vista macroeconômico e se perder em meandros, carecendo de um foco mais claro.
Até
poucos anos atrás, a política macroeconômica brasileira era pautada por um
sólido regime de metas para inflação, tendo como pilares o ajuste das contas
públicas e um regime de taxa de câmbio flutuante. Não sem razão, os fundamentos da
economia brasileira foram bem avaliados internacionalmente.
A recente realidade
dos fatos mostra que esse tripé tem se esfacelado gradualmente.
A política monetária
não tem mais reagido de forma coerente com os desvios da inflação em relação à
meta estabelecida.
As recorrentes altas
das projeções de inflação para 2013 têm feito o Banco Central dar sinais mais
concretos de um aperto monetário coerente com a convergência da inflação de
volta para o centro da meta.
Nem a recente
desoneração de produtos da cesta básica trouxe o esperado alívio no ritmo da
alta dos preços, e a trajetória dinâmica inflacionária segue inalterada.
O
resultado das contas do governo central de fevereiro representa mais um sinal
de alerta para mais um tripé que vai se esfarelando aos poucos, o da política
fiscal.
O
surpreendente deficit de R$ 6,4 bilhões em fevereiro ficou bem acima do que era
esperado para o período.
Uma análise
simplista dos fatos poderia dizer que esse é um evento pontual e não indica
maiores razões para preocupações. No entanto, uma avaliação sob um espectro
mais amplo revela que esse é mais um ponto em um quadro de deterioração fiscal
que vem se desenhando há algum tempo no país.
Nesse contexto,
ainda estão vívidas na memória de todos as manobras fiscais realizadas pelo
governo no final do ano passado para fechar suas contas de forma um pouco mais
positiva.
Ainda no campo
fiscal, deve se considerar que a atividade econômica tem se recuperado de
maneira lenta, o que tem impactado negativamente a arrecadação neste ano. Por
fim, a já mencionada desoneração de itens da cesta básica também terá custos
para os cofres públicos.
O
somatório desses elementos revela um quadro fiscal preocupante em 2013. Será
este mais um pilar da política econômica que se vai?
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